Durante o Fim

Sétimo Dia - Rony


De repente parecia aquele sentimento de quando eles eram namorados e ficavam ansiosos por se tocarem. Ele não soube bem como, mas num segundo Hermione estava no seu colo, ele ignorando a fisgada dolorosa que o acertou no tórax durante o processo, e partiram para beijos sôfregos e desesperados. Não havia pressão da terapeuta dizendo que o casal deveria tentar um beijo por dia… Rony e Hermione estavam reparando todos os dias de tarefa não concluída naquela minuto.

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E porque, ele se questionou sentindo a quentura dos lábios dela abocanhá-lo, porque toda aquela briga? Papéis de divórcio… Acusações vazias… Show de mágoa gratuita na frente dos filhos… Porque tudo aquilo se eles podiam ter isso? Ser isso?

Rony mergulhou a mão dentro da blusa dela e acariciou diretamente suas costas, sua pele, deliciado por poder tocá-la da forma como gostava. Amava a temperatura do corpo da sua esposa, e a textura, e o sabor. Logo, os lábios de ambos trabalhavam em outras partes, ela no pescoço dele, e ele no ombro dela, após puxar a manga da sua blusa para baixo. Hermione deixou um gemido pequeno escapar e os pelos do braço do ruivo se arrepiaram ao escutar aquilo. Na sua cabeça pessimista, ele estava certo que nunca mais poderia fazê-la soltar esses sons.

Voltaram para os lábios. Diversas intensidades. Lentos, vigorosos, conciliatórios… Era como se tivessem nascido com as bocas coladas e nada mais pudesse separá-los. As dores das lesões ficando em segundo plano, assim como as dores das acusações injustas. Tudo se desenvolvia como uma catarse explodindo em cada célula de Rony.

Ele não queria perdê-la. Não iria perdê-la. Hermione era sua desde a primeira vez que pôs os olhos nela na escola. A garota mais sabe-tudo da turma. Sua. Sua.

ー Eu te amo ー ouviu a frase escapar da boca dela, quando eles interromperam a sessão de beijos e se abraçaram forte ー Eu te amo…

Recuou um pouco o rosto para que pudesse vê-la dizendo aquilo nos olhos dele.

ー Repete, por favor.

ー Eu te amo, droga ー ela bufou, segurando um nó na garganta.

ー Eu te amo tanto, Mione ー ele sorriu voltando a abraçá-la, um aperto realmente intenso.

Com Hermione no seu colo, entrelaçados como uma pessoa só, o casal experimentou a paz que aguardavam há séculos. Apenas ficarem ali, unidos e quietos, mas juntos, sendo muito mais do que o suficiente para ambos. Rony buscou, sem grande esforço, manter a mente vazia e o coração leve. Obviamente, muito deveria ser discutido e avaliado… só que parecia nítido que agora fariam isso de peito aberto, lutando por mais daqueles instantes valiosos.

A mão da morena subiu até a nuca do ruivo e produziu carinhosos toques circulares próximo a raiz dos cabelos. Em retribuição ele massageava-a delicadamente na cintura.

ー Estou com medo, Ron… Não quero morrer… Nem ver nossos filhos ou você morrer.

ー Também me sinto assim. Cada dia que passa parece mais difícil pensar… ー confidenciou para ela, afinal não havia nada pior do que ficar dizendo exaustivamente como tudo ficaria bem sem nenhuma certeza sólida.

ー Será que meus pais estão bem?

ー Não sei. Quero acreditar que sim, como a minha família… Mas realmente não temos como saber.

Não tardou e ela se pôs a chorar. Ele voltou a trazê-la contra seu corpo, protetor, permitindo que Hermione descarregasse seus anseios nos ombros dele. Esta era outra sensação única compartilhada pelo casal. Durona no trabalho e na educação dos filhos, era somente nos braços de Rony que sua morena se deixava desmoronar.

A madrugada já ia alta quando Hermione acabou adormecendo no ombro dele. Rony estava muito cansado, as costas queimando de dor, mas não queria quebrar o momento. Se estivesse encostado numa parede era bem capaz de dormir também. Enquanto se decidia entre aguentar naquela posição ou retornarem para os colchonetes, um barulho ensurdecedor seguido de tiros o sobressaltou. Sua mulher se levantou no mesmo instante.

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ー O que foi isso?

Um clarão absurdo semelhante a fogo vazou pelas janelas altas, respondendo aos dois que nada ia bem.


ー As crianças! ー eles exclamaram em uníssono correndo dali.