Durante o Fim

Terceiro Dia - Hugo


ー Olá, qual o seu nome, garotão? ー a moça de vestimenta militar perguntou para Hugo.

O menino, curiosíssimo, olhando o grande galpão, repleto de colchões espalhados pelo chão e seres humanos coabitando o mesmo espaço, respondeu:

ー Sou Hugo.

ー Hum, belo nome! ー ela sorriu gentil e escreveu o nome dele com caneta preta na pulseirinha azul que foi engatada ao seu pulso.

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A próxima na fila era a mãe. A mulher perguntou o nome dela, escreveu e colocou outra pulseira da mesma cor. A família estava em fila indiana, junto de outros desconhecidos, para receber as primeiras orientações sobre a acomodação. Pulseira azul significava ala azul. Aparentemente não havia nenhuma discriminação entre as cores, a moça-soldado disse que era apenas para o caso deles terem que organizar uma saída estratégica em grupos ordenados.

ー Podem ir para aquele lado ー ela apontou para um espaço do galpão ー Já vamos servir a refeição.

ー Moça… Ela precisa de cuidados médicos, o tornozelo está muito inchado ー o pai, que apoiava a mãe pela cintura, exigiu.

A soldado fitou o ferimento inchado na perna da morena e anuiu.

ー Se desloquem para lá que em breve mandaremos nossa equipe médica para vocês.

ー Em breve? ー Rony ergueu as sobrancelhas, exasperado.

ー É, em breve, senhor. Agora façam a fila andar.

A contra gosto os pais seguiram para alguns colchonetes vagos no chão e Rony depositou Hermione com cuidado sobre o local, enquanto ela tentava não apoiar a perna ruim. Hugo observou atentamente como andava o ferimento dela, não sabia que estava tão grave, afinal andaram sem problemas durante grande parte da noite.

ー Eu vou procurar a droga do médico ー o ruivo resmungou depois de acomodar algumas almofadas atrás das costas dela.

ー Eu disse que estou ótima, você andou vendo documentários demais na Discovery, Rony ー a mãe rebateu, calma, embora Hugo acreditasse que deveria estar sentindo algum tipo de dor.

ー Tá certo, Hermione, pense como quiser ー ele disse enérgico ー Volto logo.

O pai começou a se distanciar deles. Rose sentou de pernas cruzadas no colchonete que pegou para si e comentou:

ー Cadê a droga da comida?

ー Paciência, filha. Paciência ー a mãe soltou o ar pela boca, exausta.

ー Tá doendo, mãe? ー Hugo, encolhido ao lado da mulher, quis saber. Ele apontava para o tornozelo arroxeado.

ー Nem tanto. Seu pai é um exagerado ー sorriu cansada, o rosto macilento ー De toda a forma, obrigada pela sua preocupação, meu principezinho.

ー A mamãe vai ficar bem ー Rose se intrometeu, otimista ー Alguns analgésicos vão melhorar isso aí.

ー Sim, com certeza ー a morena concordou ー Vou fechar os olhos um pouco, tudo bem, crianças? Filha, fique de olho no seu irmão para mim um segundo? Hugo, obedeça ela.

Terminando as recomendações Hermione acomodou a cabeça na almofada puída oferecida no abrigo e dormiu quase que instantaneamente. Hugo e Rose se olharam, cautelosos, e então cochicharam um para o outro:

ー A mamãe tá bem, mesmo? ー o menino perguntou aos murmúrios.

ー Eu só acho que ela está muito cansada… Vem, deita aqui do lado e tenta dar uma dormida também ー a irmã deu uma palmadinha no espaço vago entre elas ー Ficarei aqui atenta, caso a comida chegue.

Hugo, fatigado demais para ficar contrariando ordens, se acomodou sobre o estofado fino e o chão duro. O galpão estava muito cheio, repleto de gente falando e zanzando para todo lado, além da luz forte do sol se infiltrando pelas amplas portas de correr da entrada.

ー Acho que não vou conseguir dormir ー concluiu, se sentando como Rose.

ー Então vamos ficar aqui. Eu olho para ver se acho a comida e você se concentra em tentar ver o papai voltando de algum lugar.


ー Tá bem ー respondeu, satisfeito por estar sendo um pouco mais útil.

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