Durante o Fim

Segundo Dia - Rose


Então não eram os russos, eram os aliens. Rose nunca pensou estar viva quando o cenário de “O Último Homem na Terra” não fizesse mais parte apenas das telas de cinema. Era in-crí-vel. Para não utilizar palavra pior. Seu pai dirigia há quase duas horas e eles só cruzaram com um único carro em toda a rodovia até então. A cada montanha íngreme que ela avistava, ficava tensa, supondo um Tripods estar oculto, esperando por vítimas. Em outros momentos, tinha a insana vontade de poder testemunhar as coisas que pilotavam as naves.

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Todos os livros escolares precisariam ser refeitos. O holocausto nazista não seria mais o pior genocídio da história lembrado, e haveria muito mais conteúdo nas avaliações para estudar.

Estudar? Como Rose divagava sobre estudo quando não havia certeza se a raça humana sobreviveria dali um mês ou uma semana? Ela estava sendo ingênua. Na vida real nada acabava bem. Fora da ficção seus amigos já deviam ter sido obliterados a laser e seu gato jazia soterrado.

Era uma caçada aos idiotas dos homo sapiens. Era dominação e controle como Sauron para a Terra Média, como o Império Galáctico para a Aliança Rebelde, como Coringa para Gothan City. Era uma situação que por fora a adolescente achava muito empolgante, mas por dentro corroia de medo.

ー Vocês estão com fome? ー a mãe virou-se para trás e perguntou aos dois filhos. A cor tinha voltado as suas bochechas, e ela não parecia tão moribunda quanto mais cedo. Foi o jeito como o pai falou e o beijo que eles deram que a acalmou, a menina supunha. Parecia que Mione e Ron, seus verdadeiros pais, estiveram ali mais cedo.

ー Humrum ー Rose concordou.

ー Um pouco ー Hugo disse, a barriga roncando.

ー Vou pedir pro seu pai encostar o carro para pegarmos alguns lanches que trouxemos da casa da vovó.

ー Vamos fazer melhor ー disse Rony, parecendo de bom humor ー Nessa rodovia há um restaurantinho muito agradável, daqui poucos quilômetros. Que tal pedirmos um lanchão com bastante queijo e batata frita? ー e espiou os dois pelo retrovisor, sorrindo.

ー Mas e se não… estiver funcionando, Rony? ー Hermione perguntou com bastante cautela, como se os donos do estabelecimento pudessem ouvir e ficar ofendídissimos pela simples suposição.

ー Aí nós nos contentamos com nosso lanche e devoramos assim mesmo.

ー Por mim tudo bem ー a garota concordou.

ー Por mim também, e se alguma televisão estiver funcionando lá dentro a gente pode tentar descobrir como esses aliens são.

ー Os repórteres estão muito ocupados tentando salvar suas vidas ー Rose revirou os olhos para Hugo.

ー Não enche, tá Rose. Você viu os aliens, mas eu ainda não.

ー E isso por um acaso é alguma competição? ー a mãe se intrometeu, irritada pela discussão e, principalmente, seu teor ー Parem de mencionar essa coisa de extraterrestre!

Hugo falou num tom muito grave, inclinando o corpo para frente:

ー Mas mãe, eles existem, é pra valer.

ー Tá bem, tá bem. Eles existem só que logo vão deixar de existir. Nosso governo não mantêm aquela tal de Área 51 a toa. Deve ter alguma arma muito potente que vai acabar com todos.

ー E se não tiverem? ー Hugo persistiu.

ー Eles têm. São só Ets. Coisas gelatinosas e pegajosas ー Hermione fez uma careta ー Tiro deve matá-los.

ー Água deve matá-los ー o pai se intrometeu, rindo e lembrando a todos de um filme muito famoso com Mel Gibson.

ー O chulé do Hugo deve matá-los ー Rose entrou na brincadeira, provocando o irmãozinho.

ー Sim, do Hugo e do seu pai. Os dois juntos é uma arma que nem a civilização mais inteligente do universo daria conta se tiverem a infelicidade de ter nariz ー a morena emendou, dando uma boa risada.

ー Ei, sua sabe-tudo ー Rony olhou para a mulher ー Coloque você e a sua filha conversando dos livros que vocês leram ou estudaram nos últimos meses, e matam qualquer cérebro avançado de tédio.

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ー Rony, Seu legume insensível! ー a mãe aplicou um soquinho carinhoso no braço do ruivo, fazendo a família toda rir.

Rose esqueceu por um segundo de temer os Tripods por detrás da próxima montanha.