Durante o Fim

Segundo Dia - Hugo


A excitação pulsava em seu jovem corpo em crescimento e o fazia digerir a notícia com mais curiosidade do que medo. Hugo se sentou corretamente no banco do passageiro, contrário a euforia, após o pai pedir para ele e a irmã aquietarem no assento e praticarem silêncio para sua mãe relaxar.

O garoto espiou o céu diurno, imaginando a cara da besta porcina do Kevin, um bullying insuportável dois anos a frente da sua turma, quando os aliens viessem pulverizá-lo enquanto surrava crianças indefesas na esquina da escola. Ele torcia por dor e pavor.

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Aconteceu mês passado aquele evento terrível envolvendo Hugo. Ele conversava animadamente junto dos amigos sobre os tipos de extraterrestres existentes na Via Láctea, e os graus de hostilidade, segundo uma revista interessantíssima de RPG Sci-Fi que Hermione comprou para ele no shopping. Eles bolavam um jogo rápido, no estilo “bafo”, a partir das informações adquiridas e foi nessa hora que Kevin resolveu se divertir interrompendo os garotos.

A provocação começava igual, o porcino era estupidamente previsível. Ele se aproximava acompanhado de um séquito de imbecis risonhos da mesma classe e ficava fazendo sons de ganidos. Isso era sua obtusa referência ao apelido patenteado exclusivamente para o pequeno Weasley, a “Raposinha Vermelha”, devido, obviamente, a cor dos seus cabelos. Depois, Kevin intrometia a cabeçorra inchada de gordura na roda de amigos do garoto e grunia comentários depreciativos sobre o que estivessem fazendo.

ー A raposinha tá brincando de contatar os Ets, está? ー ele disse naquele dia.

Hugo fez a burrada de responder entre os dentes, rancoroso:

ー Tô escolhendo um pra explodir seu quarto com você dentro!

O bullying gargalhou alto junto dos seus amigos acéfalos.

ー Ah é, raposinha? ー o porcino puxou a revista da mão de William e, agitando entre os dedos gordos, rasgou em milhões de pedacinhos ー Eu não sei se você sabe, mas os Ets não virão atender seu pedido porque homenzinhos verdes não existem. Nem Papai Noel, nem Coelhinho da Páscoa, nem o que mais a mamãe e o papai te dizem que existe.

Kevin olhou para os lados para ver se nenhum professor observava e deu um grande empurrão em Hugo, que o fez cair sentado na grama. Com a dignidade levada, ele sentiu os olhos marejarem de raiva.

ー Vai chorar é, raposinha? Vai é?

ー Não, mas você sim ー sua irmã, que não costumava frequentar aquele lado do pátio no intervalo, cutucou o porcino e lhe aplicou um soco de mão fechada quando ele virou para descobrir quem falava.

Rose acabou parando na diretoria depois do sinal tocar. Ela, entretanto, não contou aos pais sobre o real motivo da briga com o menino, o que deixou Hugo silenciosamente agradecido. A irmã se safou muito bem com uma lábia que o garoto invejava, contando que o menino tentava entrar no banheiro feminino escondido para ver as garotas se trocando. Hermione pediu para filha chamar o professor e não praticar justiça na base da violência. Já Rony ficou horrorizado e furioso, em partes iguais, com a depravação de uma criança de onze anos.

O importante era que agora Hugo estava redondamente certo. Mais certo que sua irmã, genial em todos os aspectos, que duvidou de sua teoria exposta na casa dos avós. E mais certo que aquele porcino idiota, se melando nas calças a essa altura do campeonato.

O menino Weasley ficou desejando que a revista não tivesse sido rasgada e ele pudesse consultar as figuras para tentar adivinhar o grau de agressividade dos alienígenas invasores e saber quais armas poderiam matá-los, assim que se deparasse com um.