Durante o Fim

Segundo Dia - Hermione


Quando tudo acabasse, quando os Estados Unidos tomasse as rédeas da situação novamente (isso certamente deveria já ter acontecido), e eles voltassem para suas rotinas, Hermione prometeu que daria um jeito no comportamento de Rose. Teimosa, petulante, revoltada e histérica… não foi esse os valores que a morena esperava encontrar na sua filha adolescente. Ela nem vinha contabilizando aquele caso sórdido em que a menina deu um soco na cara de uma criança de onze anos na escola a semanas atrás. Hermione nunca espancou ninguém na escola, exceto Draco Malfoy, na sétima série quando a doninha provocou Rony chamando a Sra. Weasley de coelha parideira.

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Pensar em problemas tão corriqueiros era uma forma que ela encontrava de não entrar em parafuso sobre as tentativas de morte acometidas contra os Weasley. Uma nave ambulante e um avião. Um avião! Se Rony não tivesse acordado no último segundo eles estariam irreconhecíveis de tão esmagados pela turbina de um avião. Um avião! Hugo toda hora parava de ajudar a mãe a carregar a minivan deles para observar a aeronave e falar “mãe, nunca achei que ia ver um avião no meio da rua da vovó”... Um AVIÃO!

Hermione sentiu o enjoo subir do peito para a garganta, obrigando-a a apoiar-se na pilastra da garagem e vomitar.

ー Mamãe, tá passando mal? ー Hugo questionou-a, muito preocupado, incubido da tarefa de levar uma lancheira de sandwiches enquanto ela carregava a mala maior, repleta de garrafas d’água e bolachas.

A morena colocou os cabelos atrás da orelha, respirou profundamente e disse para seu menino:

ー É só um mal-estar. Tá passando…

ー Tem certeza? Quer que eu chame o papai?

ー Não! ー ela exclamou, se endireitando ー Só entra no carro, filho. Fica no banco de trás que eu vou tirar a gente da garagem.

ー Tá legal ー Hugo assentiu suspirando como um homem adulto resignado por não conseguir deixar seu emprego.

Se eles sobrevivessem à tudo aquilo, no mínimo, Hugo e Rose não seriam mais os mesmos. Rose atravessaria a juventude no pior estilo rebelde sem causa e Hugo ficaria tão traumatizado que algum psicólogo caro de Miami, especialista em estresse pós-traumático infantil, recomendaria videogame para deixar o cérebro do garoto ocupado a maior parte do tempo. Ele diria à Hermione, após ela ter gasto a maior parte do salário dela nessa consulta de alta qualidade, que estudos recentes apontavam os benefícios dos jogos eletrônicos nesses casos. Retornando para casa, seu esposo perguntaria da consulta e quando ela dissesse sobre o mais do mesmo os dois discutiriam feio tendo como tema principal a mania dela de querer sempre o melhor para as crianças, que significava também o mais caro. E assim a vida de casal seguiria até alguém ter coragem suficiente de colocar a rubrica num papel que levasse divórcio no seu cabeçalho.

Hermione se agachou sobre a torneira da garagem e lavou a boca e o rosto para tirar os vestígios de enjoo. Amarrou os cabelos num rabo de cavalo alto, pegou as chaves da minivan e entrou pelo banco do motorista ligando o motor.

ー Colocou o cinto de segurança, filhote? ーindagou ao menino, fitando-o do espelho retrovisor.

ー Humrum ー ele meneou a cabeça afirmativamente.

Não importava se Rony ou Rose precisassem voltar para a casa, ou que restou dela, para usar o banheiro ou beber uma água. Tudo aconteceria na estrada, a caminho de sabe lá Deus onde. Ela não ficaria nem mais um minuto naquele bairro, seu pressentimento gritava de novo e mais uma vez. Afinal eles conseguiram derrubar um avião. Um avião!