How I Met Your Mother

Capítulo IV


Capítulo IV

2011

— Merda - eu murmurei, sem perceber que ainda estava com o telefone ligado.

— Acho que isso quer dizer que sim, Remus?

— Eu... Eu te ligo de novo, mamãe.

— Não desligue assim, Remus, converse direito comigo e...

— Até depois, te amo - eu disse, apressadamente, antes de encerrar o mais rápido que meus dedos permitiam a chamada.

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Fiquei alguns segundos encarando a tela do meu celular. Ted, eu nunca fui de participar nos eventos da minha família, então era de se esperar que eu não soubesse o nome da noiva do meu primo que eu não via a sabe-se lá quanto tempo. O fato de Emmeline não me reconhecer provavelmente significada que ou ela levou a sério o negócio de esquecer o ex, ou que meu primo também não comentava muito sobre mim – apostava na última, pra ser sincero.

O problema era que minha mãe – ah, você conhece sua vó, até a Victoire concorda – ela é conservadora. Seria o fim para ela encarar a família (ela sim, ela se importava com as opiniões deles) não só com o filho esquisito, mas também com a nova namorada que por um acaso terminou o noivado de uma maneira um pouco radical com o sobrinho.

“O que você quer dizer com um pouco radical?”, você me pergunta (Teddy dá de ombros, desistindo de dizer a cada momento que ele não perguntou coisa nenhuma). Com um pouco radical quero dizer que ela deu um fora no meu primo através de um recado dado por uma das damas de honra, enquanto ele a esperava de terno no altar de uma igreja lotada. Sua avó contou essa história muitas vezes – mas como eu ia saber que era Emme?

— Moony? – James cutucou no meu ombro, chegando na sacada, com Lily nas pontas dos pés com a cabeça aparecendo por sobre seus ombros e Sirius logo a seu lado – Tá tudo ok?

— Você tá tipo aqui parado já faz uns cinco minutos – Sirius completou.

— Não é tão ruim Hope ficar sabendo de vocês, Remus – Lily comentou – É só você dar uma enrolada e se, por um acaso, você sentir que está na hora das duas se conhecerem, você leva Emme lá, ou chama sua mãe aqui. Não é o fim do mundo.

— Lembra aquele meu primo que a noiva deixou ele?

— Cara, como não – Sirius disse, já trocando um olhar divertido com James – Quer dizer, levar um pé na bunda no altar já é muito, agora além disso levar esse pé na bunda através de um recado de outra pessoa...

— Sua mãe nos conta isso toda vez que a gente se vê, é hilário (provavelmente não pro seu primo, mas...) – James comentou, coçando a nuca no fim e dando de ombros.

— Ah não, Remus, mas você não tinha como adivinhar – Lily disse se aproximando de mim, parecendo ser a única a ter entendido o intuito que eu tinha ao trazer a tona a história.

— Sim, eu nem ligo muito com isso, o problema é a minha mãe e, bem, ela. E se ela ligar?

— Comenta por cima com ela, mas acho que não, Remus... Família é complicado, mas vocês nem se encontram!

— OK, o que a gente perdeu mesmo? – James e Sirius se encaravam confusos, tentando acompanhar a conversa que acontecia entre os dois.

— Emmeline é a ex-noiva do Matthew.

Os dois só abriram a boca com uma concordância que saiu sem som e – seria cômico em outro momento – cruzaram os braços e pigarrearam no mesmo momento. James pareceu se recuperar mais rápido.

— Ah, mas a Lily tem razão, cara, não é nada demais. Você nem vai em evento de família, passa todos os feriados com a gente, no máximo sua mãe vem.

— Não é como vocês três fossem se encontrar no mesmo ambiente – Sirius completou, sorrindo pra mim.

2040

— Vocês se encontraram, não é? – Victoire perguntou ao mais velho.

Ela parecia, honestamente, estar muito mais interessada que o próprio filho do homem, que havia escorregado pelo sofá e encarava um ponto do teto e apostava consigo mesmo quantos anos levaria para aquilo se transformar em uma goteira.

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— Você tem alguma dúvida? É a vida do meu pai que a gente tá falando, Vic – foi a única resposta que Teddy ofereceu para a garota.

2011

Todos nos arrumamos para ir a apresentação de ballet de Emmeline que foi no final daquela semana – Sirius até mesmo tinha vestido sua jaqueta de couro para-eventos-importantes – e eu até mesmo tinha conseguido me controlar e estava tudo indo bem com ela.

Eu não tinha a visto tanto no final daquela semana, porque ela estava em ensaios em todos os momentos possíveis. Ela era a protagonista de Quebra-Nozes, afinal.

— James, pelo amor de Deus, vamos logo – Lily gritava da sala, enquanto conferia na sua bolsa se estava tudo ali.

O engraçado dos seus tios, Teddy, era que o atrasado da relação nunca era a Lily. Era sempre seu tio James. E eu honestamente não entendi isso – quer dizer, ele ficava meia hora na frente do espelho tentando ajeitar aquele cabelo e, quando surgia, aparecia com o cabelo aparecendo que tinha acabado de levantar da cama.

— Prongs, o táxi já chegou – Sirius gritou da porta – A gente tá descendo, se você não chegar até a gente entrar no carro, pega outro depois.

Nós três começamos a descer as escadas e, nem acabamos o primeiro lance, quando ele apareceu correndo ajeitando o paletó nos ombros.

— Vocês são insuportáveis – ele resmungou.

— Nós te amamos, James – nós três respondemos em uníssimo, rindo em seguida.

***

Eu nunca tinha ido a uma apresentação de ballet. Na verdade, acho que, de nós quatro, só a sua tia já tinha ido a uma. Afinal, não é algo que caras da faculdade combinem de ir – a não ser que tenha algum interesse atrás disso. Mas, Teddy, naquele dia, eu descobri que ballet é muito mais que um monte de pessoas dançando igual, ou uma só rodopiando no centro do palco. É muito mais – e, por mais que seu Padfoot não vá nunca dizer que isso realmente aconteceu, eu posso te jurar que ele estava chorando.

Não só eu, mas Lily e James também viram que, no final da quarta cena, ele discretamente secou os cantos dos olhos. Quando o questionamos, ele disse ter entrado um cisco. Claro, um lindo cisco conhecido como Emmeline Vance interpretando Clara.

Quando a apresentação acabou e Emme ficou lá no centro daquele palco, com o vestido claro e a saia armada – tutu, obrigada Victoire –, sorrindo e agradecendo pela presença de todos, ela podia ser um anjo. Não era um ballet grande, afinal, ela não era bailarina profissional – era uma apresentação pequena da cidade, mas tudo feito com tanto esmero e tanta dedicação de cada um daqueles bailarinos que também eram nutricionistas, contadores, professores – mas ela demonstrava tanta alegria, que eu podia jurar que ela estava se apresentando nos palcos de uma grande companhia russa ou na grande academia francesa. Depois de receber os agradecimentos, as luzes se apagaram e ficamos esperando por ela parados no hall de entrada do local.

— Não achei que você fosse mesmo vir – ela comentou, com um grande sorriso no rosto, ainda com as roupas que usava na apresentação.

— Não perderia por nada – eu ia me abaixar para beijá-la mas, aparentemente, na ponta das suas sapatilhas ela conseguia ficar alta o suficiente para me beijar.

— Oi gente, obrigada por terem vindo – ela sorriu em direção aos meus amigos, no que Lily correu para abraça-la com seus olhos lacrimejantes, parabenizando Emme tantas vezes que perdi a conta.

— A gente podia ir comer uma pizza... – James comentou, depois de também dar os parabéns para a loira. Ele, de forma alguma, se contentou com o que era servido no intervalo do primeiro para o segundo ato.

— Sim, claro – Emme comentou, animada – Eu só preciso trocar de roupa.

— Vamos te esperar lá de fora – Sirius disse, depois de tossir e disfarçar sua voz de choro.

Pouco tempo depois ela voltou já com roupas normais, inclusive sapatilhas que não eram de ballet e a deixavam em sua estatura – bem mais baixa que eu – normal. Perto dela, nós estávamos incrivelmente arrumados – Lily com um vestido chique e sapatos com um salto, James e eu de paletós, Sirius, bem, Sirius – mas não parecia ligar nem um pouco.

Pedimos um táxi – uma pequena manobra para cabermos todos e uma gorjeta a mais para o taxista aceitar a todos – e pouco tempo depois já estávamos sentados na mesa de nossa pizzaria preferida. Era a primeira vez que Emme ia conosco e quando ela sugeriu justamente o que sempre pedíamos – meia quatro queijos, meia bacon e calabresa – eu não pude segurar o riso.

Quando ela passou o número de uma colega para Sirius, dizendo que ela havia perguntado quem era o cara bonito de jaqueta de couro com quem Emme conversava quando acabou a apresentação; ela ganhou Sirius. Quando ela começou a conversar com Lily sobre um artigo novo que associava a importância da alimentação adequada para um bom desempenho psicológico de crianças na educação primária; ela ganhou Lily. Quando ela comentou sobre vários episódios Criminal Minds com James; ela ganhou James. Quando ela conseguiu, em uma noite, conquistar todos os meus amigos sem parecer forçada e se encaixou na nossa dinâmica; ela me ganhou.

E daí que ela havia sido noiva do meu primo? E daí? Emmeline Vance era incrível – e eu não ia desistir dela por uma história já acabada.

***

— Desculpa o atraso, desculpa, desculpa! Mas olha o que eu trouxe! – Emme entrou no apartamento de Lily e James com vários pacotes de M&M’s em uma sacola – Um paciente atrasou e quando eu já ia saindo ele chegou, tive de atender. Desculpa pessoal.

— Se trouxer chocolate sempre que atrasar, pode atrasar todos os dias – James disse, com a boca já cheia de M&M’s.

James e Lily deitaram no sofá, Sirius ajeitou-se na poltrona, eu e Emme deitamos no tapete.

— Como foi o encontro com a Liv? – Emme perguntou pro Sirius, antes de colocar pipoca na boca.

— Uma palavra. Gostosa pra caralho – ele disse, fazendo pausas com a mão na sua frente a cada palavra.

— Foram três palavras, gênio – eu disse.

— Gostosa-tracinho-pra-tracinho-caralho. Melhorou?

Revirei os olhos quando percebi que todos estavam rindo.

— Só dá play no filme – eu disse, pegando a latinha de refrigerante.

— Você fica um amor todo nervoso – Emme disse, me beijando antes de se acomodar no meu peito.

Ela havia sido convidada não por mim, mas pelos outros para participar da nossa sessão mensal de maratona de filmes. Isso exigia no mínimo três votos de três votos. Quando Lily foi começar a acompanhar nossos encontros, eu e Sirius discutimos muito – mudaria toda nossa rotina masculina de filmes – e só concordamos quando vimos o quanto ela gostava de James. Foi a melhor decisão que já tomamos – embora tivemos de aguentar O Diário de uma Paixão (que nem foi tão ruim assim) em um mês.

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Agora, depois de três meses de namoro meu e de Emme, ali estava ela, para a sua primeira sessão de maratona. Cada um de nós tínhamos direito a escolher um filme – ou seja, ficaríamos ali eternamente, até assistirmos cinco filmes. Mas em nenhum momento, Emme cochilou. Ela aguentou o filme de corridas de Sirius, o filme de tiros de James, o filme clássico que eu escolhi, o drama de Lily e a sua comédia romântica. Todos até o fim.

Quando já quase pela manhã os créditos do último filme subiram pela tela, foi ela quem desligou o aparelho de DVD e a TV, foi ela quem fechou as cortinas da sala e foi ela quem cobriu James e Lily, e Sirius, e nós dois. E foi ela quem dormiu no tapete comigo.

2040

— Pai, você tá tipo apaixonado por essa tal de Emmeline? Porque é o que tá parecendo. Muito. – Teddy começou.

— Claro que não, filho, amo sua mãe. Mas fui apaixonado por Emmeline por cinco anos. E um pouco depois disso também. Foram cinco longos anos e, ao mesmo tempo tão curtos... Vou pensar em algumas histórias pra te contar desses anos... Que tal continuarmos amanhã?

Remus disse, olhando o relógio de parede atrás do filho e percebendo que já anoitecia pela janela.

— Vai lá, você e Vic não iam sair? – ele sorriu.

— Obrigado pai – o menino disse, se aprumando e ajeitando a blusa antes de ajudar Victoire a se levantar.

— Sr. Lupin? – a menina loira sorriu.

— Já disse, Remus, Vic.

— Remus... – ela riu – O senhor se importa se eu continuar a ouvir as suas histórias amanhã? Não tinha nada marcado mesmo, e é domingo.

— Claro, claro. Peço pro Teddy te avisar pelo celular.

— Obrigada – ela disse, antes de lançar um tchauzinho para o mais velho e sair da casa, com o rapaz a seguindo.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.