Acordei no dia seguinte com um choro baixo de Judith, não era o melhor despertador do universo, mas tinha um certo fundo de esperança. Como Daryl já estava acordado e já tinha a maioria das coisas sob controle, me dei liberdade para ir tomar banho, um banho rápido, apenas para tirar o suor e relaxar o meu corpo.

Quando me sentei a mesa para tomar o meu tão esperado café da manhã, Sam se aproximou com um mapa debaixo do braço e o estendeu em cima da mesa, me deixando curiosa e um pouco irritada.

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Não queria fazer nada naquele momento que não fosse comer.

— Olha só, achei esse mapa em uma das cabines de controle. – Ele me disse, olhando do mapa para mim e assim que eu olhei para o pedaço de papel, ele continuou – Aqui, - Colocou seu dedo em cima do mapa e depois com o dedo, fez círculos imaginários em cima de uma cidade um pouco afastada de Atlanta – é onde Harris e eu nos separamos. Ele disse que iria para Mableton, te procurar.

Desviei o olhar do mapa e encarei a minha vasilha de comida. Harris tinha ido para Mableton porque eu disse que estava lá, esperando por ele. Passei a mão pelo rosto e voltei a olhar para Sam.

— Sam, não podemos sair e montar uma equipe de busca. Não agora. – Eu lhe contei, mordendo os lábios – Isso aconteceu a muitos meses atrás e estamos a quase 200 milhas de distância de Mableton. Ele pode ter ido para outro lugar, seria burrice continuar parado num lugar durante todo esse tempo.

Sam concordou levemente com a cabeça e se sentou na minha frente, enquanto virava o mapa para ele e o olhou atentamente.

— Posso ir sozinho se quiser. – Ele comentou, voltando a me olhar – É umas três horas de viagem, se as estradas estiverem boas. Voltarei ao anoitecer.

— Não. – Neguei, balançando a cabeça negativamente

— Não? – Ele repetiu o que eu disse, me olhando perplexo – Como assim?

— Estamos em guerra. – Falei, calmamente, olhando para ele – Não temos o luxo de sair para procurar uma pessoa que nem mesmo sabemos se ainda está lá.

— Ele pode ter deixado alguma pista. – Sam retrucou, um pouco alto – Não está curiosa para saber onde ele está? Cade aquele papo todo de não deixar nossos irmãos para trás?

Fiquei quieta, observando sua expressão facial, a qual não estava nada amigável. As pessoas ao nosso redor estavam nos olhando, curiosos, para saber sobre o que estávamos falando.

Nenhum deles sabia o bastante sobre minha vida antes do vírus.

— Se não queria deixá-lo pra trás, por que se separaram? – Perguntei a ele, ignorando suas perguntas anteriores

— Durante anos, Harris sempre te deu prioridade, e isso não mudou quando o vírus se espalhou. – Sam contou, cruzando os braços enquanto me respondia – A minha prioridade era sobreviver, a dele não. Precisávamos seguir caminhos diferentes.

— Escuta, Sam. - Murmurei, respirando fundo - Sei que você quer encontrá-lo... Acredite, eu também quero, quero muito, mas é como eu disse: Estamos em guerra. Acharemos um tempo para procurá-lo, quando isso tudo com o Governador acabar, mas agora preciso que você tenha foco na nossa atual situação.

Mesmo contrariado, ele concordou com a cabeça, pegou o mapa de cima da mesa e se levantou, se afastando de mim. Sam sabia que estávamos em um momento crítico, mas eu sabia que agora que ele havia se juntado ao meu grupo, faria de tudo para voltar a encontrar Harris cara a cara.

Eu também queria encontrar Harris, queria mesmo e às vezes, chegava a pensar em como seria meu reencontro com ele, mas agora, eu não podia sonhar muito, pois minhas realidades não permitiam distrações.

Terminei o meu café da manhã e designei algumas tarefas para as pessoas que estavam fazendo nada. Fiquei alternando entre tarefas, ajudando os outros e só voltei para dentro do bloco C no final da tarde, para me jogar em cima de uma cadeira e descansar. Apoiei meus cotovelos em cima da mesa e com as mãos, segurei minha cabeça.

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Queria uma massagem.

— Pássaros me contaram que você e meu irmão não estão mais juntos.

Encerei Merle com uma expressão de tédio e o vi se sentar em uma cadeira na minha frente, ele sorria.

— Os pássaros estão certos. – Murmurei, cansada

— Escute, se você tivesse me contado desde o princípio que estava com meu irmão, teríamos evitado os conflitos. – Merle me disse, pendendo a cabeça para o lado

— Não me venha falar de evitar conflitos, caipira. – Resmunguei, olhando para ele – Se tivesse confiado na gente, seu irmão tinha te encontrado naquele mesmo dia e todos iriam estar felizes.

— Não tem como confiar em pessoas que deixam umas as outras para trás, algemadas em um telhado. – Merle retrucou, me olhando com um certo desprezo

— Ah, nem vem. – Falei meio alto, crispando os lábios – Você mesmo procurou por aquilo, pelo que eu me lembro, atacando o T-Dog com seu racismo de merda. E saiba que nós voltamos para te buscar, mesmo você não merecendo. Acontece, Merle, que você não sabe esperar.

Ao fundo, Daryl parou assim que me escutou falar o nome do irmão dele, por cima dos ombros de Merle, eu o vi se virar e nos encarar, esperando para ver no que a conversa ia dar.

Talvez estivesse se preparando para nos afastar em caso de briga.

— Eu sei esperar muito bem. – Merle comentou, se inclinado na mesa, em minha direção

— Cuidado com a aproximação, amigo. – Murmurei, erguendo uma sobrancelha – Um Dixon na minha vida foi o suficiente.

Merle se afastou rindo, eu não aguentei e soltei um riso baixo.

— Olha só! - Merle disse alto, sorrindo - Ela também sorri.

— Ah, cala essa boca. - Murmurei, erguendo a mão e mostrando o dedo do meio para ele

Ao fundo, Daryl franziu as sobrancelhas e pareceu intrigado.

Até eu estava entranhando esse momento. Nunca pensei que teria uma conversa com Merle com direito a risada e tudo.

Quando Rick chegou, ao anoitecer, além de trazer coisas que precisaríamos para vencer a guerra com o Governador, ele trouxe um presente para sua filha recém-nascida. Assim que jantamos, fui me deitar e desta vez, demorei para dormir.

Durante boa parte da noite, senti saudade.

Saudade de dormir abraçada com Daryl.