Ela era a lei

Capítulo 2


-Senti tanto a sua falta pequena...-Ele acariciava os cabelos dela com tanta delicadeza e carinho que mais parecia que eram fios de ouro.

-E eu então? –Ela ergueu a cabeça e começou a acariciar a barba rala do rapaz. –Só recebi uma carta sua! Imagina como fiquei preocupada?

-Porque foi apenas isso que me permitiram mandar. Uma carta durante todo o meu serviço.

-E os seus pais?

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-Não receberam notícias minhas, eu preferi mandar para você. –Ela sorriu e voltou a abraçá-lo, mas ele se distanciou.

-Pequena, você sabe que não podemos...Se desconfiam de algo eu...

-Shh –Ela o interrompeu –Não vamos nos preocupar com isso agora. Acho que já passamos tempo demais em segredo...

-Do que está falando? Querida...Não entendo, você pediu para escondermos.

-Sim. Mas as coisas mudaram. Meus pais querem que eu me case e...

-Espere –Foi a vez dele interrompe-la – O que?! Que história é essa?!

-Disseram que estou ficando velha, querem que eu me case com o Dr. Suliver... –Ela o encarou nos olhos que lacrimejavam –Não deixe isso acontecer, eu quero me casar com você, com você!

-Não vou, quando eu poderei falar com seus pais? -Ele a segurava pelos pulsos e olhava de um lado para outro para certificar-se de que não havia ninguém.

-Esse sábado pela noite, faremos um jantar. Meus pais querem comemorar sua volta. –Ele assentiu com a cabeça e ela se virou para ir embora. Mas ele a segurou pela cintura e encarou seus olhos.

-Espero não me arrepender disso. –E então ele a beijou fazendo com que ela desse dois passos para trás.

-Você é louco?! –Ela olhava de um lado para outro procurando qualquer sinal de alguém que pudesse ter visto. –Se tivesse alguém aqui nós teríamos problemas!

-Por isso é divertido –Ele sorriu e se curvou –Até amanhã, pequena.

-Até amanhã, nobre soldado. –Ela arrumou a gravata dele e saiu discretamente de perto. Agora depois que tudo havia acontecido ela começou a corar, estava tão vermelha quanto as maçãs do pomar de sua casa.

-Se me veem assim vão querer explicações... –Ela resmungava no caminho de volta para casa mas foi tirada de seus pensamentos quando bateu com alguém.
-Me desculpe, eu não te vi no caminho...-Valentina limpava o vestido branco que havia se sujado de terra. Ela e Alice costumavam ser amigas bem próximas, mas quando o pai de Valentina morreu em um tiroteio ela acabou se tornando enfermeira voluntaria, e desde então tem pouco tempo para ela mesma.

-Tudo bem, eu quem não estava prestando atenção. – Angie sorriu e estendeu o braço –Há quanto tempo, Valentina. Como vai a vida?

A garota apertou a mão de Angie e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha.

-Vai bem. Consegui um bom marido –Ela apontou para a própria barriga –E logo seremos uma família. Acho que meu pai ficaria orgulhoso!

-Oh céus, Valentina! –A garota sorriu e abraçou a amiga –Meus parabéns!

-Muito obrigada! –Valentina riu –E você? Está casada?

-Ah, não...Mas meus pais estão providenciando isso. –Angélica respondeu com amargura na voz.

-Seus pais? É uma pena, você deveria poder casar-se com quem realmente quer.

-Se tudo correr como o planejado eu irei, minha amiga.

-Do que está falando?

-Nada, besteira minha. Agora preciso ir, até mais tarde.

-Tchau, depois marcamos de nos encontrar.

Despediram-se e Angélica voltou para casa onde encontrou Ruby varrendo a sala principal.

-Boa tarde. –A empregada cumprimentou.

-Boa tarde, Ruby. Meus pais estão?

-Não senhorita. –Ela encostou a vassoura em um canto da parede e pegou um velho pano –Eles saíram, coisas de trabalho. Seu pai tem um encontro com um chefe e vai almoçar com ele.

–Então almoçaremos só nós duas? –Angélica sentou-se no sofá e pegou um livro na pequena mesa no centro da sala.

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-Sim, se não se importar de eu utilizar a cozinha.

–Não quero comer sozinha, e além do mais, você é da família, não deve almoçar nos fundos.

-É que seus pais não gostam, querida. E se ficarem nervosos?

-Não irão. Ninguém irá contar. –A garota deu uma piscadela e Ruby riu.

-Está bem, mas só dessa vez! –Concluiu e começou a esfregar o chão.

Angélica então passou a concentrar-se na leitura.

-“O pequeno príncipe” –Leu o título em voz alta e folheou rapidamente. –É, parece interessante.

Leu por uns 10 minutos até que Ruby a interrompeu.

-Vou preparar o almoço. Quer algo específico?

-Não estou com muita fome. Mas tenho sentido vontade de comer frango.

-Está bem, não estão muito grandes, mas matarei um mais gordo.

-Obrigada, Ruby. Pode ir.

A empregada saiu e Angélica voltou a leitura. Mas depois de algum tempo os seus olhos pesaram e ela acabou dormindo.

Acordou apenas com o grito de Ruby vindo da cozinha.

-Angie, está pronto!

A garota levantou-se meio zonza.Não sabia que horas eram, mas sua sua barriga roncava como o motor de uma locomotiva.

Chegou na cozinha e sentou-se a mesa junto com Ruby. A sua frente havia um belo frango assado. Cheirava maravilhosamente bem e a garota salivou.

-Estou faminta! –Comentou enquanto servia uma coxa no prato com arroz e uma salada.

-Entendo. –A empregada concordou – Mas coma devagar. Terei problemas se você tiver dor de barriga.

-Não irá acontecer nada, fique tranquila. –E voltou a comer apreciando a raridade que era um frango naquela mesa. –E, Ruby, Que horas são?

-Aproximadamente 13:30. Por quê?

-Nada de importante. Só para saber.

-Saíra com ele novamente hoje?

–Não temos nada planejado –Ela suspirou melancólica – Mas amanhã teremos um encontro.

–Angie – A empregada sorriu e segurou as mão da garota – Acho tão lindo esse jovem amor!

-Ruby, assim parece que você é velha! –Angélica riu e afastou as mãos.

-Pois perto de você eu sou sim! Me lembro que tinha a sua idade quando me casei.

-E como vai a família? Você conhece a minha toda, mas nunca me falou da sua.

-Angie...-A empregada encolheu-se e balançou a cabeça. –Não gosto de falar disso.

-Por que não?

-Sua família é incrível, mas infelizmente Deus não me abençoou com isso.

-Ruby, do que está falando? –Angélica sentiu o coração acelerar e um aperto no peito –Conte-me.

-Meu marido morreu com um tiro no peito quando voltava do serviço...E meu filho está extremamente doente. Sem homens na casa, tudo depende de mim e da minha filha de 12 anos que também tem que trabalhar de doméstica. –Os olhos de Ruby lacrimejavam– Ia tudo tão bem...Mas então começou essa maldita guerra e minha felicidade foi jogada no bueiro!

-Sinto muito, eu não sabia...-Angélica aproximou-se de Ruby e abraçou-a –Como eu posso ajudá-la?

-Não pode, querida. Agora é só um milagre...

-É claro que eu posso! Espere aí.

Angélica foi até o quarto e abriu o porta-joias. Tirou de lá um par de brincos de Rubi e entregou para a empregada.

-São seus. Penhore-os e use o dinheiro para cuidar do seu filho e pagar as contas.

-Senhorita Angie...Eu não posso aceitar. –Ela devolveu os brincos para a garota.

–É um presente. E é muita falta de educação recusar um presente.