Vulpes vulpes

Vulpes vulpes


Aquela era uma manhã normal, pelo menos até as nove e vinte e cinco, quando, pelo rádio, Garramansa alertou que havia um caso de resgate próxima a Avenida King Lion. Rapidamente, a agente Hopps acelerou com o carro e partiu para o endereço indicado.

Nick reclamou, ao deixar cair o café em seu uniforme, enquanto a caixa com rosquinhas rolava para o banco de trás.

Em poucos minutos a viatura policial chegou na Avenida King Lion e eles encontraram um grupo de animais ao redor de uma árvore. Judy pediu que todos se afastassem para que eles pudessem trabalhar.

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— Policiais, socorro, por favor, ajudem minha filha que subiu em cima da árvore e não quer mais descer.

Wilde tirou os óculos escuros e olhou para a gata que implorava pelo socorro.

— Senhora, porque não chamou os bombeiros para tirar sua filha de cima da árvore?

Antes que Nick pudesse receber a resposta, Judy tomou conta da situação e decidiu subir em cima da árvore para convencer a gata descer. Diante da atitude amigável da policial Hopps, os curiosos começaram a dispersar e Nick decidiu terminar de comer uma das rosquinhas enquanto sua parceira fazia Marrie, a gata de oito anos, descer da árvore e ir embora com sua mãe.

— Pobrezinha, ela está com problemas na escola e por isso se sentia mais segura em cima da árvore. — Judy cruzou os braços, observando mãe e filha se afastar. — Devemos ir até essa escola para alertar o diretor que...

— Ninguém liga. — Nick revirou os olhos. — Vamos indo, está quase na hora do almoço, e eu estou muito a fim de comer um sanduíche de almôndegas daquela lanchonete que abriu perto do departamento.

Judy olhou para o amigo, com um sorriso sarcástico.

— Você é muito bom em esconder seus sentimentos, durão. — Ela deu um soquinho no ombro de Nick. — Vamos, vai dar tempo almoçar e passar na escola.

Quando Judy não estava olhando, Nick sorriu.

Ser o parceiro de uma coelha tagarela e bastante proativa, seria um verdadeiro pesadelo para o Nick Wilde do passado. Entretanto, o atual Nick estava passando por uma fase diferente de tudo o que já viveu. E ele viveu muitas coisas nos últimos anos.

Era o dia de sua folga, e Nick estava bebendo refresco, sentado na cadeira de praia em frente à escada do prédio que morava. Ele observava os filhotes de panda brincavam de pular corda do outro lado da rua, embora elas só conseguissem saltar poucos milímetros do chão e a corda enrolava em suas patas.

O celular vibrou e Nick pegou o aparelho mais rápido do que poderia imaginar se possível. Wilde olhou o nome de Judy piscar na tela do celular. E, por isso, ele parou para pensar alguns segundos no que estava acontecendo. Suas orelhas estavam erguidas, em alerta. O coração acelerado e seu focinho tremia. De repente, a raposa largou o aparelho, que vibrava sem parar. Se ele não atendesse, era capaz que Judy aparecesse ali em alguns minutos.

Por um momento a ideia pareceu ser boa. E isso deixou Wilde ainda mais nervoso.

— Vamos, garotão, isso não tem nada a ver. Vamos, para de bobagem. — Nick pegou o celular e decidiu responder a mensagem de sua parceira. E quando viu, a mensagem durou mais do que algumas trocas de emoticons aleatórios.

Judy: Como está o dia? Se divertindo muito?

Nick: Estou me divertindo demais, você nem imagina.

Judy: Que inveja, eu ainda nem almocei.

Nick: Muito trabalho?

Judy: O Chefe Bogo decidiu organizar os arquivos.

Nick: Então é melhor eu deixar você trabalhar, porque eu tenho que curtir o sol.

Judy: Você vai comprar algum picolé gigante para revender?

Nick: Qual é, cenourinha, você sabe que eu não faço mais essas coisas.

Judy: Sim, claro :)

Nick: O que essa carinha quer dizer?

Judy: Nada.

Nick: Tá.

Judy: O que foi?

Nick: Nada.

Judy: Ridículo.

Nick: É, você me conhece.

Judy está digitando...

Judy está digitando...

Judy está digitando...

Judy está digitando...

Nick: Uau, você deve estar escrevendo um livro aí.

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Judy: Claro, um livro sobre como você é irritante.

Nick: Desistiu de enviar, cenourinha?

Judy: É melhor conversarmos depois. Vou voltar ao trabalho. Até mais.

Nick: Beleza, até depois.

Nick aguardou que Judy enviasse os emoticons que sempre mandava no final de uma conversa, quando se despedia. Mas ela ficou off-line logo em seguida. Ele então largou o celular, voltando a observar os filhotes de pandas desastrados enrolados das patas até a cabeça com a corda.

O almoço tardio de Nick foi um rolinho primavera, assistindo uma prévia para o início da partida de futebol na TV. Seu time iria abrir a Copa do Mundo de Futebol, e ele estava tentando se concentrar naquele momento importante. Só que, cada vez que o telefone vibrava, suas orelhas apontavam para o céu. Mas nunca era Judy.

— Quem eu quero enganar? Eu sou apenas uma raposa, e ela uma coelha. — Nick desligou o celular e decidiu aproveitar de verdade a sua folga. Foi até um bar, onde poderia ver o jogo, bebendo cerveja na companhia de alguns amigos.

— O-lá, Ni...ck. — Do outro lado do balcão, uma preguiça chamada Tony, encheu o caneco de Nick. A conversa foi vagarosa, e ao contrário do que a raposa pensou, ele não conseguia parar de pensar em Judy. Por isso, quanto mais bebia, mais as palavras saíam de sua boca.

— Ela é divertida, engraçada e esperta. Tem um bom coração, gosta de ajudar as pessoas e está sempre disposta. Sinceramente, Tony, não sei o que vi naquela coelhinha.

— E-u... n-não... te-nho... i-de-i-a.

— Todos os dias, quando eu chego ao departamento, na minha mesa tem um saco de rosquinhas de caju e manteiga de amendoim, são as minhas preferidas. E da última vez que meu time Vulpes vulpes perdeu, ela chegou em casa com uma torta de mirtilo.

— Pa-re-ce... gos-to-so.

— E estava mesmo, eu adoro torta de mirtilo. E eu adoro como ela fala comigo, me dando apoio. E eu adoro quando ela olha para mim com confiança, quando ela me faz sentir parte de algo. — Nick terminou de beber a cerveja e Tony tratou de encher mais o copo. — Eu queria poder dizer tudo o que sinto para ela.

— En-tão... di-ga.

— Não é tão fácil quanto parece, meu amigo. — Nick não terminou sua bebida e deixou o dinheiro sobre o balcão. — Foi bom conversar com você, obrigado pelo papo, Tony.

— Fo-i... u-m... pra-zer.

Nick deixou o bar e retornou para casa. Durante o caminho, as palavras de Tony serpenteavam sua cabeça. “Então diga, então diga”. Conforme ele repetia essas palavras, seus passos aceleraram, até que ele parou diante de um prédio, pegou o celular do bolso e enviou uma mensagem para Judy.

Nick: Você dormiu em cima dos arquivos, ou pode sair essa noite?

Judy: Acabei de chegar em casa e tomei um banho, estava pensando em pedir alguma coisa para comer.

Nick: Claro, você precisa descansar.

Judy: Vamos combinar outro dia, estou querendo assistir um filme no cinema. O que acha?

Nick: Tem certeza de que quer passar algumas horas dentro de um lugar escuro com uma raposa?

Judy: Eu tenho meu spray anti-raposas.

Nick: Esperta.

Judy: Boa noite, Nick.

Nick: Boa noite, cenourinha.

Judy está digitando...

Judy: Go Vulpes vulpes o/

Nick: GO! :D

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.