Vidas cruzadas

Sam e Ruby no passado


Sam estava suado. Seus músculos tesos e vibrantes. Ele estava dando o melhor de si, sem contudo usar força bruta, para não machucá-la. Ela era a mulher mais forte que já encontrara, mas Sam conhecia bem o próprio corpo. Quantas vezes antes não quebrara objetos valiosos, estruturas delicadas, apenas porque não medira seu peso ou estatura? Suas mãos, então, eram enormes. Pena que não podia usar todo aquele tamanho para se defender, por pura ignorância e ojeriza à violência.

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Após algum tempo, tudo terminou, e ele escorregou para seu lado da cama. O cheiro de sabão barato das fronhas puídas do travesseiro fino não o enjoou. O ar condicionado barulhento tampouco o irritou. Para ele tudo estava perfeito. A menina mais bonita da cidade havia aceitado vir com ele até esse motel mixuruca, e havia se entregado a ele, para uma hora de sexo desinibido e satisfatório. Na verdade, e a verdade precisa ser dita, ela o havia trazido aqui, e ela o havia guiado em todos os passos, mas isso não desmerecia a sua performance. Ele agora era um homem adulto na acepção tribal da palavra.

Ruby levantou-se e foi ao toalete limpar-se. Voltou e começou a vestir-se. Sam gostaria de pedir-lhe para esperar mais um pouco, mas não sabia bem o que fazer. Vai ver todos que faziam sexo se arrumavam rapidamente para se afastarem da cena do crime. Ele também foi ao toalete para fazer sua higiene. Ao voltar, Ruby estava sentada na cama, com as pernas cruzadas. As botas de cano médio salientavam suas pernas bem torneadas e sedosas, com a minissaia negra evasê revelando mais do que o recomendado. Sam foi tomado de luxúria, e ele bem que gostaria de voltar no tempo para possuí-la outra vez.

"Apresse-se! Preciso voltar para casa. Tenho coisas a fazer. E é bom juntar um dinheiro, cowboy, não gostei dessa espelunca e não pretendo encontrá-lo novamente aqui."

"Eu não tenho dinheiro, Ruby. Posso arranjar um emprego numa fazenda, mas eles pagam por mês. Tão cedo não terei dinheiro em mãos." Sam baixou a cabeça, humilhado.

Ruby deu uma boa olhada naquele caipira bem dotado e fez um gesto de irritação. "Deus me livre! Nunca pensei que acabaria pagando para me encontrar com um bofe. Ok, bonitão! Depois de amanhã, após a escola eu quero a tarde livre para mim, entendeu?"

Sam assentiu com a cabeça. Ruby aproximou-se e passou a mão languidamente sobre o abdômen dele. Ela ergueu os olhos e encontrou os de seu parceiro, escuros de desejo, que nem os dela própria.

"Oh, merda! Eu não posso me deixar levar pelos instintos. Se esse cara perceber que me tem na palma da mão, estarei perdida. Fica fria, Ruby! O cowboy é um bobalhão. Um pedaço de mau caminho, mas completamente sem noção." Ruby pensou no seu íntimo.

Sam percebendo que ela também o desejava, novamente se excitou e suspendeu a garota fatal em seu colo, tendo fácil acesso aos seus lábios, que ele devorou, demonstrando a sua mestra que ele havia aprendido a lição direitinho. Ruby prendeu-se a ele pela cintura com as pernas, e com os braços em seu pescoço, deixou que ele a cobrisse de beijos e a levasse novamente para a cama, para um segundo round.

Eles pagaram uma hora adicional ao motel.

Algumas semanas depois, eles estavam discutindo.

"Eu não preciso aprender a usar uma arma, porque eu nunca irei usar uma arma. Você nunca ouviu falar em Columbine?" Sam estava possesso. Pela enésima vez, Ruby queria levá-lo para um estande de tiro, sem sucesso.

"Você é um idiota. Ainda será assassinado por um idiota maior ainda, apenas porque se recusa a se defender." Ruby afastou-se com as mãos na cintura. Chutou algumas pedras no chão, e então teve uma idéia. Sorriu para si mesma antes de fechar a cara. Virou-se para Sam e deu um ultimato. "Pois bem, Sam. Eu desisto. Se não é homem bastante para usar uma arma, não é homem bastante para mim. Adeus!" Ruby virou-se e saiu rebolando o belo traseiro.

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Sam não acreditou, até vê-la entrar no carro, foi quando correu atrás dela, gritando. "Ruby! Ruby, espera! Não vá, por favor!"

"Sabe o que quero, cowboy." Ela disse numa máscara de frieza.

"Sei! Eu vou aprender a usar uma arma, Ruby, se é isso o que quer de mim." Sam falou derrotado.

"Ótimo! Suba aí!" Ruby destravou a porta de seu Rover e Sam sentou ao lado dela, obediente.

Sam aprendeu a atirar, e passou a andar com uma arma na perna. Descarregada e travada, mas ele nunca contou isso a Ruby. Ela também o obrigou a ter aulas de defesa pessoal, que ele ia a contragosto, mas aprendeu alguns golpes. Não dava para se profissionalizar, mas daria um bom susto em quem quisesse surrá-lo daquele dia em diante. Beber foi outra coisa que teve que aprender, e a primeira lição foi um porre fenomenal. Ruby, muito contrariada, teve que cuidar dele, enquanto vomitava as tripas no banheiro de um outro motel barato, por onde passaram. Sam ficou horrível e descomposto, mas Ruby achou que valia a pena acompanhá-lo naquele vale de ressaca, se no fim da jornada ele se tornasse o homem que ela desejava.

Ele se submeteu a tudo isso apenas por causa dela, despindo-se de seus valores e crenças, adquirindo novos hábitos e praticando tudo contra o qual lutara durante sua vida, porque ele achava que ela valia a pena. Durante sua desconstrução e esforços para se transformar num homem melhor, ele se apegou a Ruby como a uma tábua de salvação, como a uma fada ou uma mãe, que o abraçava e lhe dava forças para prosseguir. O novo homem em que se tornou não era nada sem ela. Ele vivia para amá-la e servi-la.

O pai de Ruby estava muito contrariado.

"Você vai fazer o que lhe digo, menina, ou vou despachá-la para a casa de sua avó." O velho homem, envolto em terno fino, jóias, e perfume sofisticado, a olhava com o cenho franzido, enquanto se apoiava pesadamente em sua bengala estilizada.

Ruby sentiu um calafrio. Ela não tinha medo daquele homem, nem da megera da sua avó, mas algo na sua expressão a deixou apreensiva. Ela já o tinha visto naquele estado de ânimo antes, e cabeças haviam rolado naquele dia. Ela não queria provar o pior do velho Espinoza. Talvez fosse a hora de bancar a submissa, ainda que exteriormente.

"Está bem! Eu faço! Quando devo encontrar o seu sócio?"

"Meg lhe entregará as passagens de avião. Um carro a apanhará em Connecticut. Não volte para casa antes de uma semana, ouviu bem?" O velho ainda a fuzilava com os olhos ao dizer essas palavras, com certeza lembrando do comportamento de Ruby no passado.

Ruby estava passada, trabalhar como escort era algo que abominava, mas o asqueroso sócio de seu pai havia pedido exclusivamente por ela. A lembrança de um incidente no passado lhe veio à mente. Um nojento endinheirado havia chamado a adolescente Ruby, ainda magrinha e inocente, para sua cobertura. Após o canalha avançar sobre ela, recebeu um vaso de cristal na cabeça, com direito a uma poça de sangue no tapete persa, e perfeitas rosas vermelhas arranhando sua caratonha sonsa. Ruby havia escapado para casa, mas seus pais a convenceram a calar-se sobre o caso, pois teriam muito a perder, caso o safado pedófilo fosse preso.

Ruby ainda odiava seu pai por isso, mas se o velho considerava o assédio a sua filha café pequeno, é porque estava envolvido em sujeira da grossa, e enquanto ela vivia à sombra dele, não era prudente cutucar aquele enxame de abelhas.

Uma semana depois, Ruby estava de volta ao Texas. Ela foi ávida ao encontro de seu cowboy ingênuo e inocente. Ele a inquiriu sobre as marcas no corpo, e por muito pouco não foi até a casa de Ruby, para tomar satisfações com os pais dela, quando a garota deixou escapulir que este era um problema familiar.

"Eu lhe digo uma coisa, Ruby, quando nos casarmos, ninguém mais encostará a mão em você, pois eu sou capaz de matar o maldito." Sam falou no calor da indignação.

Ruby pensou que ela teve a mesma reação que seu namorado. A lembrança do corpo do velho asqueroso com um buraco de bala na barriga lhe veio à mente. Seu pai havia ficado enfurecido com o ocorrido, o que lhe rendeu uma surra. É claro, o velho safado sobreviveu, e seu pai pagou por todo o tratamento médico. Se ao menos Ruby pudesse se livrar daquela família abusiva. Nesse momento, ela percebeu que Sam podia muito bem ser a solução para sua vida complicada. "Você faria isso mesmo, Sam?"

"Claro que sim, confie em mim. Você é quem eu mais amo no mundo."

"Você seria capaz de casar comigo, Sam Winchester?"

O rapaz comprido ajoelhou-se no mesmo instante, diante da mocinha e tirou o chapéu da cabeça, solenemente. "Ruby Espinoza, aceita ser minha esposa?"