Desenhando Futuros

Capitulo 2


Quando a música começa a tocar Vicky abre o palco com um vestido bordeaux a meia perna de corte irregular. Seguem-se Liam e Valentina. A modelo que Rachel ajudou a vestir, trazia um casaco de cabedal fino na mão, mas Quinn reparou foi nas pantalonas. Aquele modelo não passou indiferente à loira e ela sentiu a necessidade de abrir a sua pochette e tirar de lá um bloco de notas e uma caneta. Rabiscou qualquer coisa e rasgou um sorriso. Russell não passou indiferente a essa atitude da filha.

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— O que estás a fazer?

— Tive uma ideia para aquela indumentária. - disse ela com um entusiasmo contido - Estou só a esboçá-la para depois a criar. - acrescentou com rapidez.

E com a mesma rapidez guardou o bloco e olhou para o seu pai que estava a sorrir.

— Eu disse-te. - respondeu o homem encolhendo os ombros. Quinn voltou a depositar atenção no desfile, mas Russell, embora estivesse a ver o desfile voltou a sorrir. Desta vez o sorriso era calculista e engenhoso. - Tens de conhecer a Rachel. É uma ordem. - Quinn olha para ele confusa.

— Vocês as duas juntas podiam fazer dinheiro. Podiamos todos lucrar com isso. - a loira revira os olhos e volta a pôr atenção no desfile.

Já no final, a apresentadora do desfile diz o nome de Rachel e todos se levantam para aplaudir. É nesse momento que a morena entra em palco a passo largo para agradecer a presença de todos. Ouvem-se assobios e "bravos" entre a plateia, e Quinn repara pela primeira vez que Rachel é uma presença de estrutura baixa mas deslumbrante, e com umas pernas de invejar. A curiosidade da loira agoça-se e inclusive a sua respiração sofre alguma alteração, mas a postura é estritamente cordial e está automatizada para bloquear qualquer suposição que possa querer fazer acerca dos sintomas físicos que aquela mulher desperta nela. Mais inclusive, depois de saber que todas as pessoas que a conhecem lhe tecem elogios intermináveis, até o seu próprio pai.

Depois de todas as luzes acesas, e o desfile terminado oficialmente, Rachel correu a abraçar Kurt. O amigo deu-lhe um abraço tão grande que chegou a levantá-la do chão.

— Que brutal. Tu és a maior. - disse ele entusiasmado. - E a Valentina?! - Rache revirou os olhos de maneira automática. - Não parva! A Valentina trazia a melhor peça de todas. Aquelas pantalonas vão ser um sucesso.

— Sim? A sério? - respondeu ela estranhada. - Tem graça que achei que eram as que menos iam chamar a atenção.

— Como?! Porquê? - o tom de Kurt era de quem tinha ouvido a coisa mais ridícula do dia.

— Porque foram as que menos me custaram desenhar. Tu sabes que normalmente se me custam pouco saem na minha linha pessoal e não as apresento.

— Devias! Estou farto de te dizer que não te contenhas tanto. Se fazes história com o que apresentas, eu tenho a certeza que ficavas para a história com o que não apresentas. Tu vais ser uma daquelas artistas que as suas peças vão valer fortunas depois de morta. E essa tua colecção pessoal, é um desperdício e uma relíquia. - Rachel ri-se com o comentário e volta a abraçar Kurt.

— Peço desculpa, posso interromper? - pergunta um Russell com educação e simpatia. Kurt surpreende-se e Rachel sorri.

— Claro que sim. - responde ela simpática enquanto Russell lhe estica a sua mão em pedido da dela. A morena esboça um sorriso ainda maior e dá-lhe a mão para ele a levar aos lábios e depositar um beijinho.

— Muitos parabéns. - acrescenta Russell ao endireitar-se com um sorriso gigante. Rachel solta uma gargalhada e abraça-o sem pedir autorização. Ele ri-se também e devolve o abraço. Kurt surpreende-se um bocadinho mais do que já estava e olha automáticamente para Quinn que tem a mesma cara de surpresa que ele. - És brilhante. Deixa-me apresentar-te a minha mulher... - disse ele enquanto Judy sorria com carinho. Rachel não foi de meias medidas e abraçou Judy também com um sorriso carinhoso.

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— Muito gosto Judy, finalmente.

— Sim minha querida, há muito tempo que te queria conhecer, além do teu pai ter falado sempre muito de ti, o Russell ficou encantado contigo quando te conheceu.

— O Russell é encantador. - respondeu Rachel com carinho. Kurt deu dois passos atrás e afastou-se da reunião. Pensou que alguma coisa não estava bem ali, mas acabou por aceitar que Rachel podia retirar o melhor das pessoas.

— E esta é a minha filha... - acrescentou o homem aproximando Quinn da reunião. Rachel olhou para Quinn e sorriu, mas desta vez o sorriso era diferente, tinha um toque de mistério e de curiosidade. Quinn inspirou fundo e quando ia esticar a mão para cumprimentá-la Hiram chega e interrompe o momento.

— Gostaram? - disse ele orgulhoso, e Russell entusiasmado respondeu que sim de maneira automática e teceu novos elogios a Rachel. Mas Rachel não tinha tirado os olhos de Quinn, até que a loira desviou o olhar porque se sentiu intimidada.

— Desculpem. - disse a morena com simpatia, e estendeu a mão em direcção a Quinn. - Rachel Berry, muito gosto. - Quinn olhou para ela com surpresa e devolveu o cumprimento endireitando-se.

— Quinn Fabray, igualmente. - mas rapidamente centrou o olhar em Hiram, embora não estivesse a tomar atenção a nada mais do que o momento incómodo que Rachel provocou nela.

— As pantalonas foram as minhas favoritas. - diz Judy sem dúvidas.

— Sim, totalmente. Eu fiquei maravilhado com o desenho e com o corte. - acrescentou Hiram.

— É engraçado, estava a comentar com o Kurt que achava que era o que menos gente ia gostar, mas afinal parece que é geral. Incluí no desfile por acaso, porque era um modelo da minha colecção pessoal.

— Tens uma colecção pessoal? - perguntou Russell curioso.

— Sim, o que eu desenho fora do socialmente aceitável, costuro para mim. Tenho uma colecção pessoal quase duas vezes maior que a linha que vocês conhecem. - disse Rachel a rir-se descontraída.

— Estou farto de lhe dizer que é um desperdicio.- responde Hiram.

— O Kurt também passa a vida a dizer-me isso.

— Então devias seguir os concelhos de quem te o diz. Eu estava a comentar com a Quinn que tu és muito inteligente na escolha do que lanças, porque acredito que tenhas muitas coisas que não disponibilizas porque as pessoas não saberiam entender a intenção da criação. - Rachel olhou para Quinn de maneira automática e sorriu. A designer endireitou os ombros e desviou o olhar no sentido do seu pai. Rachel voltou a sorrir mas desta vez de lado e de maneira irónica.

— Eu vi o último catálogo Modern Queen. - disse a morena em golpe baixo. Quinn não teve outro remédio senão olhar para ela. - Desculpa a minha honestidade, mas não tem nada a ver com a imagem que transpareces.

— Toda a gente lhe diz isso. - respondeu Russell sorridente.

— Porquê? - perguntou a loira desafiante. Rachel percebeu e voltou a sorrir.

— Porque é claro que existe muito talento ali, mas é um talento para o inconvencional. Não me referindo à tua beleza física, que é evidente, a tua postura nestes poucos minutos não me parece inconvencional, muito pelo contrário. - e a estilista tocou no ponto certo para despertar desconforto em Quinn ao ponto de a designer sentir a sua intimidade ameaçada.

— Tens razão, poucos minutos é o termo certo. - desengane-se quem pensa que Quinn respondeu com simpatia. Rachel percebeu e preferiu não puxar mais por ela.

Mais afastado, Kurt sentou-se a apreciar o momento e a sorrir ironicamente. ele estava a perceber que Quinn não estava a gostar nada daquela conversa e que Rachel estava a tornar-se uma improvável adepta do perigo.

— Sabem o que me passou pela cabeça enquanto via o desfile da Rachel? - perguntou Russell retóricamente. - Que uma jóia Modern Queen assentaria como uma luva ali. - Rachel desviou o olhar de Quinn e concentrou-se em Russell.

— E passou-te muito bem. Olha que provavelmente seria uma ideia de génio. - respondeu Hiram entusiasmado.

— Vi logo uma possibilidade de negócio ali. A colecção da Rachel é maravilhosa e vai ser um sucesso seguramente, mas podíamos fazer uma parceria estratégica muito vantajosa para ambos.

— A mim parece-me uma ideia muito interessante. - disse Judy enquanto Quinn rezava para que a conversa mudasse de rumo.

— Eu estou dentro. O que achas filha? - perguntou Hiram com mais entusiasmo.

— Se a Quinn ainda quiser voltar a cruzar-se comigo depois de eu ter opinado, não tenho nenhum inconveniente nisso. Até pode ser uma boa ideia. - sorriu ela enquanto olhava para Quinn de novo.

— Que disparate. Não lhe disseste nada que seja mentira, aliás, muita gente já o disse antes. - desvalorizou Russell. Mas Rachel não desviou o olhar enquanto Quinn não respondeu, e a loira sentiu-se na obrigação de o fazer.

— Eu não vejo nenhum inconveniente. - simples e seca, mas sem intimidar a morena que assentiu.

— Até proponho melhor. Esta semana vamos todos jantar e falamos melhor disto. - incentivou Hiram.

— Que boa ideia Hiram, fala com o Leroy e depois diz-me a data certa da semana. - respondeu Russell contente.

— Desculpem a minha intervenção, mas eu preferia falar de negócios na empresa. - disse Quinn sem pudor, mas só Rachel percebeu o tom.

— Desculpa a minha agora, mas negócios comigo só com uma chávena de café e um jardim interior. - respondeu a morena referindo-se ao Imperial e todos riram menos Quinn que não percebeu porque não conhece o espaço.

— Está combinado então. Vamos jantar um dia desta semana, falamos nisto por alto, mas a Quinn vai um dia da semana também ter com a Rachel ao Imperial provar aquele café magnifico e disfrutar da decoração, que eu conheço bem, para discutirem melhor as possibilidades. - disse Russell decidido e simpático. Rachel sorriu com um semblante vencedor mas não em tom de burla.

— Parece-me ... - Quinn ia continuar mas Rachel, que percebeu perfeitamente que seria um entrave o tema que a loira ia sacar, decidiu matar a conversa.

— Eu convido Quinn. - e o sorriso agora foi provocador. - Vais gostar de conhecer o Imperial Garden, tem um Mocca Branco fantástico. - a designer apertou os punhos discretamente e mordeu a língua.

—x-

— O que é que lhe disseste no fim? Ela estava capaz de te matar. - disse Kurt já sentado no sofá do apartamento de Rachel enquanto se ria à gargalhada.

— Admito que a provoquei um bocadinho, mas ela pôs-se a jeito, e foi muito fácil. - respondeu Rachel no mesmo tom e com a mesma gargalhada.

— Mas agora tens de privar com ela.

— Não acredito que ela vá.

— E se for?

— Que venha. - respondeu Rachel despreocupada. - Eu até gostava que viesse. Aquele convencionalismo todo é só uma capa.

— Eu bem vi... - disse Kurt insinuante.

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— O quê? - perguntou a estilista confusa.

— Rebentaram fogos de artificio quando vocês se cumprimentaram. Daqueles com papelinhos de corações.

— Estás a delirar! - disse a morena surpreendida.

— Desculpa mas a tensão sexual sentia-se na estátua da liberdade. - afirmou Kurt com descontração.

— Liberdade dou-te eu. Se a tua amiga fosse ela, ias ver a liberdade que tinhas para dizer tanto disparate junto.

— Ela?! Ela não tem amigos! - Rachel olhou para ele, mas desta vez Kurt não soube decifrar a expressão da sua amiga.