I Wish You Were Here.

O primeiro presente que eles me deram foi aos 13 anos.


Cedric Diggory estava em minha frente e eu o encarava com os olhos semicerrados.

Minha expressão fechada, eu estava sentada em uma poltrona de nosso Salão Comunal e via Diggory andar de um lado para o outro, ele parecia estar um pouco preocupado, o que me fez revirar os ombros e apoiar o cotovelo em meu joelho, deixei meu rosto descansar na palma de minha mão e fechei os olhos levemente, eu queria me desestressar.

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Tentei cinco vezes seguidas fingir que eu estava sozinha, mas os barulhos constantes dos passos do meu querido companheiro de casa me faziam lembrar que eu não estava sozinha e que aquele pequeno incidente não era um pesadelo ou fruto de minha fértil imaginação.

Suspirei pesadamente e me levantei da poltrona, o rapaz que antes andava de um lado para o outro se colocou em minha frente e eu soltei outro suspiro, dessa vez mais alto e que soou como irritação e Cedric inclinou a cabeça levemente para o lado, tentando fazer uma expressão fofa.

— Você não vai dar outro soco em Cho, vai? – a voz dele fez minha expressão se fechar ainda mais, o que fez ele soltar um pequeno suspiro – Lynx...

— Não venha com Lynx para cima de mim... – murmurei irritada – Eu só preciso achar os Weasley e acabar com essa palhaçada. – dei os ombros e tentei dar um sorriso, que pela expressão do menino em minha frente foi algo bem horrível de se fazer – Eu prometo, Diggory. – completei tentando soar convincente.

— E desde quando eu devo acreditar em você? – me perguntou enquanto tinha a expressão vazia.

Pendi minha cabeça para o lado esquerdo e o encarei enquanto pensava em alguma resposta.

— Porque você sabe que eu sei que você fica todo bobo perto de Cho. – falei com um sorriso divertido nos lábios – E que foi exatamente por isso que me afastou dela.

O menino me encarou com os lábios levemente abertos e os fechou rapidamente arrumando sua postura levemente surpresa por minha pequena observação. Deixei meu sorriso se tornar convencido.

— Não fale o que não sabe, Black. – Cedric falou com um tom de voz ríspido, assumindo uma postura rígida.

Dei os ombros e me levantei da poltrona que eu estava sentada.

— Eu não vou contar para ninguém. – comentei ao passar por ele e assim que estava perto do quadro para sair do Salão Comunal, virei meu corpo e sorri para ele – Assim como eu não vou atrás de Cho Chang. – completei verdadeiramente e virei meu corpo novamente, saindo do Salão.

Fechei os olhos levemente assim que adentrei ao corredor que poderia me levar a cozinha. Revirei meus olhos ao ver Fred e George entrando pela porta lateral da cozinha e deixei meu corpo dar meia volta e meus passos seguirem pelo corredor.

Estava andando sem rumo até perceber que eu estava em frente a biblioteca. Sorri com o pequeno pensamento que se passou por minha mente e deixei meus pés me guiarem até a prateleira de livros de Objetos Trouxas. Passei a mão por alguns até achar o exemplar número cinco. Agarrei-o com a mão esquerda e trouxe para perto de meu peito. Dei quinze passos até minha mesa habitual e sentei-me na cadeira marrom de estofado vinho. Coloquei o livro sob a mesa e o abri na primeira folha. Mordi meu lábio ao ver o nome de minha mãe como uma das pessoas que o havia pego e fechei os olhos sorrindo.

Eu queria tanto tê-la conhecido.

Marlene McKinnon.

Toda sua coragem, lealdade e bondade. Todo o seu lado bom e todo aquele lado fuck girl que prima Andy comentava comigo quando eu pedia para ela me contar histórias de minha mãe. Eu queria, desesperadamente, ser como ela. E eu torcia, para que eu conseguisse.

Comecei a folhear o livro e parava para ler vez ou outra as anotações de minha mãe ou de Lily Evans (mais conhecida por mim e por outras pessoas como Lily Potter), eu havia decorado suas caligrafias e até mesmo o que estava anotavam e conversavam no livro, mas era simplesmente um vício reler aquilo quando eu sentia que precisava dela mais perto de mim.

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— O que você está fazendo? – uma voz me tirou de meu transe e eu encarei Lino.

Lino era amigo de Fred e George. Suspirei ao encara-lo e mordi o lábio inferior rapidamente. Vi ele se sentar na cadeira em frente à minha e olhei para o resto da biblioteca, percebendo que outras cadeiras e mesas estavam vazias. Minha expressão se fechou novamente quando vi os gêmeos tentando se esconder atrás de um grande livro. Provavelmente a única coisa que eles não contavam é que eu reconheceria aqueles cabelos ruivos sem pentear em qualquer lugar.

Até porque Percy Weasley penteava seus cabelos, e eles não.

— O que eles te pediram para me falar? – perguntei seca deixando minha atenção voltar para o livro.

— Eles? – Lino se fez de desentendido e eu revirei os olhos ainda encarando as anotações do livro – Eu vim aqui lhe desejar feliz aniversário Lynx – voltou a falar com um sorriso forçado nos lábios – Não posso?

— Jordan... – o chamei pelo sobrenome e levantei meu rosto, encarando-o com um pequeno sorriso nos lábios – Você não se sentaria em minha frente com tantos lugares vagos na biblioteca somente para me desejar feliz aniversário. – dei os ombros e deixei minha cabeça se inclinar para o lado esquerdo – Você me desejaria no corredor rapidamente se nos esbarrássemos entre uma aula ou outra.

— Ou eu fugiria de você para não lhe parabenizar. – ele soltou levemente me fazendo sorrir.

Soltei o ar levemente e o encarei por um longo minuto.

— O que eles querem? – perguntei novamente.

— Fred e George querem conversar com você. – suspirou e deu um sorriso culpado para mim – E eu realmente acho que você deveria tentar conversar com eles.

— Tudo bem. – murmurei.

Lino Jordan me encarou com um pouco de choque em seus olhos.

— Tudo bem? – ele indagou e eu concordei com a cabeça – Por Merlin, eu achei que seria muito mais difícil. – murmurou muito mais para si do que para mim.

— Onde eles querem conversar? – perguntei encarando o menino em minha frente.

— Salão Comunal da Grifinória. – ele falou – As sete horas.

— Tudo bem. – lhe respondi novamente e o vi se levantar, virando seu corpo e começando a andar em direção aos gêmeos.

— Ah Lynx? – ele me chamou com o tom de voz um pouco mais alto e eu o encarei – Feliz aniversário.

Deixei meus lábios darem um pequeno sorriso para Lino e meus olhos irem até os Weasley. George me deu um sorriso e Fred me deu seu melhor olhar culpado. Eu suspirei e dei os ombros para os meninos, mostrei o livro rapidamente e voltei a ler. Falaria com eles as sete horas, não agora.

Agora eu tinha que me preparar para conseguir conversar com eles. E só eu sabia o quanto eu deveria ensaiar para não perdoar eles antes de ouvir o que eles tinham para me dizer. Porque a verdade era que depois que eu dei o soco em Cho Chang... Pude perceber que eu não sabia nem metade da história e aquilo me fez entender uma coisa: eu sequer sabia o porquê ela estava com aqueles itens.

Mas a única coisa que eu sabia e entendia com toda a força que existia em mim é que aqueles dois ruivos não fariam qualquer coisa para me ver mal.

[...]

Olhei para o quadro da Mulher Gorda e suspirei pesadamente. Ela me encarava com a mesma intensidade que eu a encarava, seu rosto tinha uma expressão fechada e ao mesmo tempo tentava esconder algum tipo de diversão.

— Qual a senha? – ela me perguntou e eu fechei os olhos tentando lembrar.

— Argh, eu não lembro. – reclamei.

Deixei meu corpo dar meia volta e comecei a dar alguns passos vagarosos.

— Mimbulus mimbletonia. – a voz da Mulher Gorda murmurou e eu virei meu corpo lhe dando um sorriso cumplice.

— Mimbulus mimbletonia. – falei com convicção e ela bateu palmas me encarando com felicidade.

Dei uma pequena risada ao ver o quadro se abrindo e dei cinco passos até estar dentro do Salão Comunal da Grifinória. As luzes estavam apagadas e eu soltei um suspiro pesado.

— Uma festa surpresa? – eu perguntei com a voz divertida.

— Você estraga tudo. – a voz de Nymphadora se fez audível.

— Eu disse que deveríamos ter feito em outro lugar. – George comentou.

— Cale a boca. – Fred ralhou com o irmão.

Ouvi um barulho e logo o Salão Comunal estava iluminado novamente. Sorri para os gêmeos e encarei minha prima, ela tinha um olhar cumplice com os dois ruivos e foi a primeira a dar alguns passos para me abraçar.

— Sinto muito por toda a cena no Jardim. – ela cochichou para mim – Era necessário para você deixar os dois em paz.

Encarei-a em choque e voltei meu olhar para os dois, logo depois olhei atrás deles e vi Cho conversando com Cedric.

— Merda. – murmurei.

— Sinto muito. – ela repetiu e soltou uma risada – Mas pelo menos você mostrou que ninguém pode mexer com você. – Tonks completou e beijou minha testa.

Dei alguns passos até os meninos e os encarei com a expressão fechada. George passou seus braços por meu corpo, abraçando-me rapidamente e eu parei em frente a Fred.

— Vocês me fizeram socar Cho Chang para eu deixar vocês em paz para eu ter uma festa surpresa? – perguntei para ele e ele deu um sorriso divertido para mim.

— Não é como se você fosse deixar a gente em paz hoje. – ele murmurou e eu deixei meu lábio ir um pouco para cima, sorrindo levemente.

— E para nossa defesa. – o outro Weasley começou – Nós são sabíamos que você iria socar Chang.

— Você foi uma péssima menina. – Fred falou colocando o dedo na ponta de meu nariz e eu revirei os olhos.

— E vocês péssimos amigos. – murmurei e então ele me puxou para um abraço apertado.

— Desculpe, Lynx. – murmurou contra meu cabelo e eu suspirei.

— Eu desculpei vocês quando decidi vir para cá. – lhe respondi e ele sorriu, afastando-se de mim.

— Acho que você deveria olhar para fora. – Lino comentou após se aproximar de nós três.

— Antes disso. – Fred me chamou – Acho que você vai gostar da parte número um de nosso presente. – completou ao me entregar uma caixa.

Encarei a caixa e olhei para os gêmeos dando um pequeno sorriso. Abri-a e vi a blusa de minha mãe junto com o pingente.

— Isso não é mais que a obrigação de vocês. – murmurei fingindo irritação e ambos riram.

— Embaixo da blusa. – George falou risonho.

Foi então que eu vi.

Era uma foto de meus pais. Marlene McKinnon e Sirius Black. Com os uniformes do time de Quadribol da Grifinória. Ele tinha o braço direito passado pelos ombros dela. Ela encarou-o rapidamente e ele tinha um sorriso enorme nos lábios.

Meus olhos encheram-se de água e eu deixei a caixa cair assim que abracei meus amigos.

— Obrigada. – minha voz falha disse ao me afastar deles.

Ambos sorriram para mim e apontaram para a janela. Meu sorriso ficou ainda maior quando observei os fogos ao lado de fora do castelo. George ficou ao meu lado e Fred atrás de mim, apoiando seu queixo em minha cabeça.

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— Obrigada. – murmurei novamente e deixei mais um sorriso escapar de meus lábios.

[...]

Uma hora após os fogos estávamos todos sentados nos sofás do Salão Comunal da Gryffindor rindo das transformações de Tonks e de alguma piada que George havia contato alguns minutos antes, o quadro abriu e um Percy pintado de amarelo e marrom apareceu com uma feição irritada.

Ele encarou os gêmeos e a mim e soltou um suspiro pesado.

— Você tem sorte por ser aniversário dela. – murmurou antes de andar até as escadas e subir, provavelmente, para seu dormitório.

Eu encarei Fred que estava sentado ao meu lado e ele deu os ombros com um sorriso maroto nos lábios.

— Ele descobriu uma hora antes da surpresa. – o gêmeo constatou para mim.

— Precisávamos dar um jeito de ele não estragar nada. – George completou sentando-se no tapete felpudo.

Soltei uma leve risada e encostei minha cabeça no ombro de Fred, dando um leve suspiro.

— Percy era um risco. – constatei.

— Percy era um risco. – Fred concordo.

E de alguma forma eu sabia que ele sorria.

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