Sete horas da noite

Alguém bateu a porta.

— Entra.

Fazia uma hora que estava deitada na mesma posição.

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— Legal, você tem uma cama. - Era Akantha

Sentei e sorri para ela meio sem animo. Ela estava com os olhos inchados e vestia uma roupa completamente negra. Tirou os braços de traz no corpo e segurava um grande saco, havia um vestido preto dentro e ela me estendeu ele.

— Fester mandou te entregar. O enterro dele será daqui dez minutos. - Ela colocou o vestido na cama quando eu na me movi para pega-lo. - Não deixe de ir.

— E não deixaria por nada nesse mundo.

Ela saiu do quarto devagar e eu senti uma lágrima escorrer de um único olho. Levantei e fui tomar um banho. O estilo vitoriano do lugar me encantava. Deixei a banheira enchendo enquanto separava minha roupa para o enterro.

A espuma negra na água me fazia pensar em como a minha vida havia mudado nos últimos tempos. Eu estava em uma banheira que custava provavelmente o preço da minha antiga casa, dentro de uma mansão no alto de uma colina perto de uma praia, com um cemitério no quintal. E eu tinha presas e sede de sangue.

Sete horas da noite

Não havia ninguém na casa, desci as escadarias segurando o vestido longo de mangas compridas. Eu estava descalça, não sei, só quis assim. Saí pela frente da casa já que não sabia onde ficava a porta dos fundos e dei a volta até avistar um enorme grupo de pessoas vestidas de preto lá em baixo na areia da praia. Desci a colina devagar observando que alguns cantavam em uma língua diferente, inclusive Akantha. Me aproximei da multidão já tendo visualizado Fester de longe. Estavam cantando em latim. Fiquei ao lado de Fester olhando o caixão preto posicionado ao lado de um buraco com muito mais de sete palmos. Meu coração doía, era a primeira vez que eu perdia alguém.

Segurei a mão de Fester e ele a apertou forte.