Profundezas

Peças


Rire passara pelos pilares de entrada da colônia enquanto todos dormiam e notou que estava tudo estranhamente silencioso, quieto e desprotegido. Não havia proteção alguma, tampouco guerreiros para evitar outra invasão.

Entrou sorrateiramente na toca de Auho que agora também era sua e viu que a amiga dormia profundamente. Nadara em sua direção, inquieta.

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— Auho, acorde! — ela sacudira a amiga, sem resposta diferente de alguns resmungos. — Auho, sou eu! Precisamos conversar! — nada.

Rire suspirou, cansada. Talvez dormir fosse a melhor solução naquele momento. Assim que sentara-se em seu ninho, como de costume, percebera que também estava cansada e todo seu corpo doía. Não sabia quanto tempo nadara, mas definitivamente havia dormido desconfortavelmente. Optara por falar com Auho quando acordasse e, dessa forma, aninhou-se, mas não dormira por muito tempo. Acordara de supetão sendo puxada para fora do ninho às pressas. Quando a mais velha acordara e a vira, seu instinto imediato após algumas espreguiçadas foi puxá-la imediatamente para fora do ninho pelo braço.

— Ai! Para! Por que fez isso? — Rire desvencilhou-se da mão dela e, emburrada, esfregara os olhos, com sono.

— Desde quando você está aí? — perguntara, exasperada, a dona da toca.

— Desde que tentei acordá-la do seu sono absurdo! — respondera, indignada.

— Desculpe, estou cansada. Veja! — Auho remexera em suas coisas, pegando dois papéis pequenos e deu à amiga um feito de algas claras cheio de desenhos, com certo desespero.

— O que é isso? — Rire não estava pensando direito e sua visão estava embaçando.

— Escritas de globies. Consegui com uma presa jovem, ela não parece ser perigosa. — Rire franzira o cenho e encarara a amiga como se estivesse fora de sua sanidade. — Não me olhe assim, Ri. Entreguei para Kia traduzir e você ficará espantada com o que tem ai; ou o que não tem.

— Eu já imagino. — Rire devolvera os rabiscos impossíveis de entender da globie.

— O quê? Por quê? O que descobriu?

— Uma coisa de cada vez. O que está escrito aí?

Auho entregara o outro, desta vez de Kia, e Rire desdobrou-o.

Não sabemos de nenhuma guerra, invasão ou batalha. Tudo isso é estranho a nós. Nosso grupo, que foi capturado por vossa colônia, estava fora havia tempos a fim de uma visita a uma colônia vizinha, onde temos alguns territórios de caça. Não sabemos o que aconteceu com Aurien ou porque estava vazia; na verdade, temo que sabemos tanto quanto vocês. Sinto que algo de muito ruim aconteceu, pois não abandonamos nossas raízes por nada. Tenham misericórdia, meus filhotes ficaram pra trás! Por favor, peça para que os influentes de vossa colônia parem com a tortura, não sabemos de nada e já não sinto mais meu braço esquerdo! Não queremos morrer.

Desculpe não poder ajudar e perdoe-nos por qualquer mal que minha espécie possa ter feito a vossa colônia.

Joyen”

A mais velha esperava ansiosamente a opinião de Rire, que lia e relia aquelas palavras.

— Auho, ela pode estar mentindo, você sabe, né? — perguntara, sem tirar os olhos do papel.

— Não acho que esteja. Ela está ferida, apavorada e fraca. Os guardas estão dando somente algumas vitaminas para não morrerem de fome. É horrível. No lugar dela, eu diria qualquer coisa para ser solta…

— Pode ser. — Rire rebatera, pensativa, mantendo a tradução consigo. Guardara-a em um bolsinho contido em um cinto, que vestira. — Você conhece Apo?

— Apo? O melhor amigo de Kahan?

— Esse mesmo.

— O que tem ele? — Auho vibrava por dentro com a perspectiva de novas informações, como se tudo não passasse de uma grande brincadeira. Também precisava dizer algumas coisas a Rire. A sensação de inutilidade tomara conta de sua consciência enquanto Rire estivera longe, causando-lhe um peso que, sabia, não lhe pertencia.

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— Auho! — chamara alguém de fora. Quando as jovens viraram-se, encontraram Oreth parado à entrada do ninho. — Esqueceu-se da reunião? — Auho suspirara. Rire parecia muito mais interessante que uma reunião para informarem que nada conseguiram. — Venha. Você também, Rire, por onde esteve? Dormindo, aposto. — dissera, rispido. — Vamos, meninas. Andem logo. — terminara, dirigindo-se ao CT sem esperar resposta.

Rire lançara um olhar indagador a Auho.

— Ele é um dos orientadores das alas de tortura. É melhor irmos e conversarmos depois. Você ficou com a ala S, inclusive. — explicara vagamente a mais velha, enquanto Rire seguia-a para além das tocas.

As jovens foram até o Salão Central, onde trinta e seis nereides reuniram-se, inclusive Kahan e Ihoy. Elas sentaram-se uma ao lado da outra, à grande pedra no centro. Rire notara nas fichas envelhecidas ao lado do líder e em sua musculatura tensa. Kahan levantara-se, dirigindo a reunião sozinho.

Falara sobre a segurança da colônia e a equipe responsável por esta que, Rire percebera, não estava presente, nem na reunião, nem nos postos que Kahan dizia estarem. As palavras de Kahan pareciam vagas, seu discurso era vazio de informações ou qualquer empatia. Tudo aquilo lhe parecia apenas um aglomerado de bobagens, cansando-a mais que o normal.

A reunião fora curta, já que continha apenas informações gerais como organização dos grupos e das alas de laca, a remoção dos corpos de globies, que não resistiram às torturas, e como seriam usados de matéria-prima para armas ou rituais após preparo específico. Kahan parecia, para Rire, um guerreiro sedento de sangue e nada mais, bem diferente da imagem dinâmica e admirável de antes.

Assim que a reunião fora finalizada, a mais nova aproximara-se da caverna subterrânea acompanhada de Auho e sentira sua espinha arrepiar com o cheiro daquele lugar, que misturava sangue e carne putrefata. Entrou na ala S como indicara a amiga, enquanto ouvia os gritos e gemidos de dor da sessão de tortura que já havia começado. Procurara com o olhar seu orientador, buscando por alguma ajuda. O tritão apontou para uma jaula específica e a entregara uma palmatória com espinhos, já suja de sangue. Seu corpo enrijecera-se, negando fazer qualquer coisa daquele tipo. Seu cérebro travou e ela travou.

— Desculpe, preciso conversar com Ihoy. — Rire sempre fora contra aquele tipo de coisa. Tentara sair apressada, mas sentiu uma mão puxando-a de volta, impedindo-a. — Não toque em mim! O que foi? — exaltara-se com aquela situação toda. A tortura, o sangue, os ferimentos abertos, alguns tão fundos que mostravam tendões e deixavam aqueles jovens desacordados. Tudo isso era muito intenso para ela.

— Ihoy está ocupado. Se quiser conversar com ele é necessário que entregue a mim uma ficha preenchida e então, se ele achar necessário, lhe chamará.

— Ele é meu amigo, não meu chefe. Se lhe perguntar, diga que mandei enfiar a ficha num coral.

— Perdão, Rire, não posso deixá-la ir. — seu orientador falava com ela como se fosse uma criança birrenta. — Só estou seguindo ordens de Kahan.

Ela franzira o cenho e erguera o queixo para o tritão. Aquilo lhe soava mais como um desafio do que uma proibição.

Suspirara.

— Ok. Mesmo assim, chega por hoje, não sirvo pra isso. Acho que sou mais fraca do que imaginei e não vou conseguir dormir sabendo que essas criaturas estão sendo torturadas. Posso ir?

— Tudo bem, mas não conseguirá contato com Ihoy se é isso que está planejando.

— Já entendi, vou descansar um pouco. Fique tranquilo. — a jovem sorrira e nadara em direção as tocas. Quando chegou próxima às grandes pedras, olhara para trás, averiguando se foi seguida. Deu a volta pela pedra de Auho, indo até a toca de Ihoy e pegando algumas frutinhas no caminho.

Espantou-se ao perceber que o tritão estava lá quando deveria estar no CT.

— Ihoy! — o tritão virou-se para a jovem e piscara, confuso. — Está tudo bem?

— Poderia estar melhor. — dissera, cansado. — O que você está fazendo aqui?

— Não que seja meu costume invadir tocas, mas… estão dificultando o contato com você pedindo fichas técnicas e — ela dera de ombros. Ihoy franzira o cenho e interrompera a jovem.

— O quê?

— Fichas. Querem que façamos fichas para enviarem a você e…

— Eu não exigi nada disso! — Rire inclinara a cabeça, confusa. — Quem disse isso?

— Bom… foi o orientador da ala S, mas, você sabe, eles apenas recebem ordens e… — ela não queria dar problemas a ninguém. — Olha, foque em mim um pouco, sim? Preciso falar com você, depois vemos isso, ok?

Ihoy nadava inquieto em sua grande toca com duas saídas paralelas, uma bem menor que parecia funcionar como janela.

— O que houve, Rire?

— Seja sincero, o que você acha sobre o uso do lacar?

— Inútil e cruel.

A jovem, então, entregara-lhe o papel que Auho mostrou a ela mais cedo. Ihoy parecia estressado ao ver aquilo. Leu em silêncio, devolvendo-o a Rire. — O que é isso?

— Tradução de um bilhete escrito por uma globie. Eles também estão confusos. O que você pensa disso?

— Que estamos ferindo inocentes.

— E se for mentira?

— Até agora quatro morreram de fome e ferimentos. Os corpos foram deixados em jaulas como exemplos e não conseguimos nada. Não parece ser mentira. Chega disso. — ele ajeitou sua postura enquanto virava-se para Rire, decidido.

— Você tem meu apoio, Ihoy.

— Resolverei isso ainda hoje e irei devolvê-los a Aurien.

— À parte disso — continuara Rire, aproximando-se do nereide. — Descobriram alguma coisa? — ele baixou o olhar e negara. — Talvez eu saiba de algo. — Ihoy a encarou e relaxou os ombros, curioso. — Mas preciso de mais tempo.

— Tome o tempo que precisar, mas tenha cuidado. — o tritão não estava fazendo questão de esconder sua preocupação. Rire pensou que, talvez, ele estivesse cansado demais para isso. A jovem despedira-se de Ihoy. Desconfiava que alguma coisa estava acontecendo por trás daquela força toda que ele tentava demonstrar.

Ela dirigiu-se ao CT, para tentar conversar com Kahan, porém parecia que Auho pensara nisso antes. Rire, sabendo que sua amiga lhe contaria tudo depois, escondeu-se atrás de uma rocha próxima.

— Você deveria cuidar mais de si, sabe? — Kahan dissera a Auho, em um tom efusivo.

— Já disse, Kahan, estou bem. — insistira a outra, parecendo exausta da conversa.

— Você não parece bem. — Kahan ignorara a falta de ânimo de Auho.

— Talvez porque Marama tenha sido assassinado na minha frente? — Auho lançara, ríspida. Aquilo doeu em Rire de uma forma que ela jamais conseguiria expressar em palavras. Sua melhor amiga sofrer pela morte de um amor era algo terrível, não havia empatia suficiente no mundo que fizesse ela sentir o vazio que preenchia Auho.

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— Olhe bem, você é uma das nereides mais lindas que conheço. — começara o tritão, nadando ao redor de Auho, lentamente. — Você é inteligente e agradável. Muitos nereides dariam um pedaço de sua cauda para tê-la como acompanhante durante a vida ou pequenos momentos. Então, preste atenção: sofrer por Marama é um erro. — ele parou, muito próximo de Auho, à sua frente. A nereide não cedera, tampouco fraquejou o olhar. Rire arriscara uma olhadela e percebera que sua amiga não estava nada contente com aquela situação. — Marama foi um ditador, muitas das alterações feitas foram decididas por ele, bem como o assassinato de alguns guerreiros. Tive que enfrentá-lo e denunciá-lo a nosso pai, mantivemos ele preso por uns tempos, mas é claro que ele nunca diria isso a você. — Auho permanecera quieta, mas isso não desmotivara Kahan. — Desconfio que quem roubou a bomba há duzentos anos tenha sido ele, não temos provas de nada, se tivéssemos ele não teria sido morto, já que estaria preso. Sabe a responsabilidade pelos ovos? Ideia minha, pois me preocupo com a administração da colônia. Por ele, cada nereide colocaria ovo onde bem entendesse. Você é jovem demais, não viu tudo isso e é normal que julgue-o perfeito.

— Mas tudo bem você ser bom demais para ser verdade, não é? — Auho sentia a raiva percorrer suas veias e pulsar pelo seu corpo. Kahan estava muito próximo e era ousado, argumentando como ele era melhor que seu irmão morto. Aquilo não era um consolo para a jovem; ele nunca poderia tomar o lugar de Marama.

Kahan sorrira com a resposta. Não conseguira tocá-la como gostaria e aquilo atiçava seus instintos.

— Estou apenas lhe abrindo os olhos, Auho, para o seu bem. Espero que use essas informações sabiamente. — finalizara, afastando-se de uma Auho tensa e imóvel. Quando ela passara pela pedra que Rire estava, a mais nova aproximara-se rapidamente.

Não havia o que pudesse dizer, dessa forma, seguiram juntas em silêncio até a toca. Rire comia suas frutinhas que Auho negara quando foram oferecidas.

A primeira coisa que Auho fizera assim que chegaram foi pegar uns moluscos para comer, emburrada. Rire sentara-se a seu lado. Não podia deixar de notar que todas as escamas da mais velha estavam eriçadas, seu maxilar estava rígido e toda vez que engolia, repuxava o músculo do pescoço como só ela conseguia fazer. Seus movimentos com os moluscos e as conchas eram inquietos e rápidos. Abria as conchas e removia a parte comestível com a maestria de uma alimentadora. Ela suspirara, baixara as mãos e, com o rosto tenso, fitou a parede de sua toca.

— Desde quando você estava ali? — sua voz estava rouca e fraca, quase como se seu corpo se negasse a conversar.

— Não ouvi muita coisa, se é o que quer saber.

— Então vou lhe contar. Ele cortejou-me. Como não retribui…

— Kahan tentou te desmotivar quanto a Marama… — arriscara a mais nova. — Mas quando perguntei sobre a segurança da colônia, os planos e como estavam indo as investigações, ele mudou de assunto. — a respiração de Auho denunciava sua irritação. Rire não se lembrava de vê-la dessa forma antes. A mais velha sempre fora paciente e amigável.

Ficaram ali um tempo, até a adrenalina baixar e Auho conseguir pensar melhor.

— Ri — ela chamou, baixinho. Rire a fitara. — O que sabemos, afinal?

— Bom, quando Kahan me contou sobre Marama ser um assassino, ele não havia falado no plural. Os globies não parecem saber o que está acontecendo em sua colônia e Ihoy não sabe de nenhuma ficha de comunicação como estão exigindo os orientadores por ordem de Kahan. Os presos serão libertos e entregues com segurança em Aurien. E tem Apo.

— É, mesmo! O que tem Apo?

— Você o conhece?

— Sim! Quer dizer, não sou amiga dele, mas sei que é um guerreiro 4 estrelas, que é o status máximo de guerreiro pelo que entendo.

— O que você sabe sobre guerreiros 4 estrelas?

— Eles são escalados por vitórias e lutas. Kahan é um guerreiro 4 estrelas, por exemplo. Já Marama — Auho engolira em seco. — Marama era 5 estrelas. O pai deles é o guerreiro-chefe porque Ihoy é um guerreiro-coral, está acima de estrelas.

— Onde aprendeu isso? — perguntara Rire, espantada. Auho dera de ombros.

— Você acha que eu só sirvo para comer e dormir, é? — a mais nova riu. — De qualquer forma, sei que a partir do status 2 estrelas cada guerreiro ganha um codinome.

— Codinome, é?

— Sim. Uma letra e um número. Não sei bem como isso é disposto, porém.

— Então, preciso que você descubra quem é o G-791.

A mais velha encarou Rire. Percebeu que as perguntas da amiga não eram retóricas.

— O que você sabe? — lançara a nereide de cabelos curtos, apertando os olhos, curiosa.

— Nada. — dissera a outra, roubando da amiga uma concha. — Ainda.

Rire sentia-se cautelosa perante os acontecimentos. Queria ter certeza de que não esqueceria de nenhum ponto crucial, mas também não queria colocar Auho em perigo. Era necessário que ela soubesse primeiro o que é verdade e o que é mentira. Precisava tomar cuidado e pesquisar melhor. Assim que possível, saberia mais sobre Apo, o misterioso nereide G-791, Kahan e suas ordens que afastavam Ihoy das investigações e se afinal Marama havia mesmo matado alguém, quantos exatamente haviam sido e porquê.

Ela sabia que Marama não era mau. Se ele fez algo tão drástico, tão fora de sua conduta, havia um motivo. E se ele não fizera, então ela precisava descobrir porque Kahan dizia isso. Talvez ele tivesse sido enganado por Apo ou esse G-791. Eram muitas possibilidades e teorias. Rire tentara focar-se no presente. Agora, o importante para ela era que os inocentes fossem soltos. Já descobriram que é um grupo isolado de Aurien e não a colônia toda quem invadira Hapori. Só restava-lhe descobrir a motivação desse grupo.

Ihoy estava tão ou mais perdido que as duas amigas e só poderiam contar com ele para que não fosse prejudicado por burocracias inúteis que nunca fizeram parte de Hapori.

As amigas estavam nervosas. Seja lá o que estivesse acontecendo, no fundo sentiam medo. Não viam solução, as informações tinham ruídos, nada parecia ser coerente.

— Sabe, Ri, crianças estão desaparecendo. — Auho comentara, como quem lembrava de um ingrediente para uma receita, perdida em seus próprios sentimentos e pensamentos.

— Isso nunca aconteceu.

— Não enquanto Ihoy mandava em tudo sozinho. — Rire entendera o que ela estava insinuando. Kahan não parecia um bom líder para a colônia.

— E o que faremos?

Auho a observara, incrédula.

— E você pergunta a mim?

— Temos que proteger os filhotes.

— Mas não podemos. O que faremos? Guarda? Eu e você? Sozinhas? Porque Ri, estamos sozinhas nessa.

Ela sabia que Auho tinha razão e essa impotência revoltava-a.

— Certo. — pegara mais conchas do bauzinho de comida da amiga. — Então não faremos nada, apenas observaremos. Qual é o plano?

— Falarei com Kia para realocarmos as crianças e você falará com Ihoy sobre aumentar a proteção da colônia. — Auho dissera, espreguiçando-se.

— Não há proteção, Auho. Não há ninguém nas fronteiras. Eu cheguei aqui sem maiores problemas. — Auho enrijecera-se. — Pensando bem, quando você viu guerreiros nas fronteiras? Esse grupo não existe, mas só quem sai e volta percebe, porque dá pra ver de longe.

— Então avise Ihoy. Ele precisa saber disso.