Try It

Frio entre irmãos


• Osomatsu •

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A certeza de que ainda estava vivo se dava por conta do intenso frio que me cercava. Esfregava uma mão na outra, desesperadamente, com a esperança de aquecê-las. A cada minuto que se passava, eu limpava a neve alva que caia sobre meus ombros. Era simplesmente um loop sem fim.

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Talvez eu merecesse tal castigo; sentar-me em um banco gelado, durante noites congelantes, a esperar que se sucedesse um benévolo milagre. Eu fui um irmão mais velho horrível, inepto. As vezes, sinto que deveria ter cuidado melhor de meus irmãos, talvez deveria ter-me preocupado tanto com o meu futuro quanto com o futuro deles, por isso, sei — ou quase — que minha penitência fora merecida.

Mas então, surge uma questão, uma pequena indagação; se eu pudesse voltar no tempo e, escolher entre viver novamente com meus irmãos ou, vê-los prosperar em suas vidas como trabalhadores e homens de bem perante à sociedade, eu certamente não exitaria em escolher a terceira: vê-los prosperar, juntos a mim.

Lamentar solitariamente durante as altas horas da noite já não era uma novidade para a minha pessoa. Tudo o que poderia fazer era me escorar na parte traseira do banco e torcer para que o dia surgisse brevemente. Afinal, teria eu como fugir de meus pecados? Fugir de meu devido castigo?

Fechei os olhos por sucintos segundos, para então, pôr-me a escutar alguns passos a se aproximarem. Respirei fundo.

“ Não estava com medo. Tampouco sairia do meu banco. ”

— Osomatsu-niisan? — virei meu rosto para verificar o produtor dos passos e dono da suave voz. Meu coração aliviou ao ver quem era.

— O primeiro e único, ou quase! — sorri de maneira idiota. O sorriso idiota; o qual apenas o verdadeiro Osomatsu poderia realizar. Na verdade, eu.

— Hm, eu vejo. Niisan, o que faz aqui esta hora da noite? — perguntou, visualizando seu relógio de pulso. Eu queria um igual!

— Não está acompanhado por garotas hoje? — mudei de assunto, como uma forma de descontração, procurei as inexistentes mocinhas, de um modo brincalhão e inusitado.

— Niisan... — sentou-se ele ao meu lado, e ficara me observando.

Por mais que não parecesse, a ligação mais próxima e fraternal que apresentava com meus irmãos era a que tinha com Todomatsu. Ele me entendia em questões financeiras.

“ Se não fosse um momento inadequado, riria da minha própria comparação boba. ”

Permanecemos sentados por alguns instantes, não conseguia pensar em algum assunto válido à ser discutido. Deduzo que Totty também não conseguia pensar em algo interessante.

Entre um suspiro e outro, passavam-se os minutos, e o frio aumentara. Meus dentes batiam um pouco e meus braços tremiam, assim como minha respiração, aos poucos, estava a se cortar. Todomatsu claramente notou e colocou rapidamente o gorro que usava em mim, o olhei com o cenho franzido.

— Apenas não lhe dou meu cachecol porque foi um presente de uma amiga a quem tenho muito afeto. — Sorriu sem jeito.

— Obrigado. — Balbuciei secamente.

— Sem problemas, Osomatsu-niisan. — Meu irmão encarara a rua em nossa frente e, se encolhera no assento. — Mas diga-me Osomatsu-niisan... Qual o real motivo de estar aqui?

— Nenhum, estou apenas... — Fiz uma pausa, em busca de uma desculpa convincente que pudesse dar. — Eu saí para caçar Pokémon! E... Estou esperando a vinda de algum transporte público.

— Você sabe, não passa ônibus neste horário, está tarde. — Suspirou.

— Olha Todomatsu, eu estou bem.

— Não minta para mim, por favor. Sei que não está tudo bem. — Levantou-se para me encarar. — Niisan, sabe que pode contar conosco...Com seus irmãos, sua família. Queremos seu bem, e inclusive, nos preocupamos com você, desde que nossos pais te expulsaram de casa. — A negatividade tomara conta daquele local quando ele comentara sobre aquele fato, isto estava encerrado, eu já havia me pronunciado sobre isto.

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— Não preciso que se preocupem comigo. Eu sou o irmão mais velho. Cuidem de suas próprias vidas.

— Se está tudo bem, qual a razão deste semblante entristecido? — Seu olhar confuso juntamente com sua personalidade persistente me deixara furioso.

O sangue subira completamente para minha cabeça, cerrei meus punhos e me levantei, para ficar face-a-face com aquele idiota.

— Eu não quero e nem necessito da ajuda de vocês, entende? Se quer fazer algo de bom para mim, some daqui! — Apontei frustradamente para o lado oposto de onde estávamos. — E não preciso de seu gorro estúpido! — Arranquei o adorno e o joguei no chão bruscamente.

— Seu orgulho sempre falou mais alto niisan. Se insiste que está bem, não irei contestá-lo. Até mais ver.

Virou-se e se fora, junto a neve que caia do céu. Senti minha visão pondo-se a embaçar, seguidamente de uma ardência ocular. Me agachara e agarrara o gorro dado por Todomatsu apressadamente e, coloquei-o junto ao peito.

“ Se tanto posso contar com vocês, por que me abandonaram? ”

[ . . . ]

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.