Let me know

Garota de sorte


Chat Noir pensou que as gotas geladas de chuva despertariam a garota em seus braços, mas estava enganado. Ela estava exausta demais, acomodada em seus braços enquanto ele corria sob a chuva para o hospital mais próximo.
Alguém os perseguia, mas quando as ruas se abriram no centro, Chat já não ouvia ninguém. Desacelerou a corrida, tomando cuidado para não escorregar nas poças de água. Procurou saídas alternativas e atalhos que o fizessem chegar mais rápido. Não demorou muito estava em frente a um grande prédio.
— Você vai ficar bem, my lady. — Chat sussurrou, adentrando o hospital.
Cabeças se viraram em direção a eles. Uma mulher baixinha saiu de trás do balcão e se apressou em socorro a garota.
— Marinette Dupain-Chang. — Pronunciou o gato sem tirar os olhos da garota.
Enfermeiros surgiram trazendo uma maca fria de tecido azul. Chat a deitou sobre a maca e apertou sua mão de leve antes de empurrarem a maca para a emergência.
— Chat Noir, havia mais desaparecidos? — A mulher baixinha perguntou. Outras pessoas o olhavam com expectativa. — Você encontrou mais alguém?
Chat não havia sequer pensando nos outros desaparecidos quando viu Ladybug. Em sua cabeça só havia a garota que fazia seu coração acelerar.
— Não. — Respondeu recebendo olhares decepcionados e tristes. — A senhorita Dupain-Chang conseguiu escapar de quem quer que fosse o sequestrador e eu apenas a encontrei na fuga.
A mulher assentiu e baixou a cabeça, seguindo para detrás do balcão novamente, pegando o telefone. Algumas pessoas na sala ainda olhavam o gato quando ele saiu pela grande porta em uma caminhada lenta, sem olhar para trás. Não que ele realmente fosse sair do hospital. Não enquanto sua Ladybug estivesse ali.
***
Marinette acordou desnorteada em um quarto estranho. Quando conseguiu ajustar os olhos à claridade que vinha da enorme janela, cujas cortinas permaneciam abertas, ela viu o pai dormindo na pequena poltrona do quarto.
Os bips ao lado de sua cabeça a fizeram perceber que estava em um hospital. Tentou se mexer, mas o corpo parecia pesado e até mover os pulmões em meio a respiração era difícil. Pelo menos ela estava a salvo.
— Marinette? — Sr. Dupain se levantou assim que viu a filha virar levemente a cabeça para olhá-lo. — Está acordada.
A garota sorriu de leve e mexeu os dedos para que ele os pegasse. O pai apertou sua mão de leve e suspirou aliviado. Marinette não segurou as lágrimas quando elas vieram. Havia conseguido fugir e agora segurava.a mão do pai, sentindo a segurança que ele transmitia.
— Papai... — Ela disse com a voz rouca, em meio aos soluços baixinhos — Era tão horrível.
— Eu sei, meu amor. — Disse, segurando os dedos da filha com uma força que Marinette sentiu que era necessária. Para os dois.
Sem dizer mais nada, ele a deixou chorar, também com lágrimas nos olhos. Os dois ficaram assim até o coração se acalmar, depois de sentirem que as lágrimas haviam lavado parte de seus medos, fazendo-os perceber que agora estaria tudo bem.
Uma enfermeira entrou no quarto para trocar o soro e verificar se estava tudo certo.
— Olá, Marinette, sou Anelise e serei sua enfermeira diurna, tudo bem? — Anunciou enquanto olhava o nível do soro. — Você é uma garota de sorte, viu?
— Não sinto como se fosse. Parece que cai de um prédio. — Falou, tentando parecer leve, mas gemeu quando uma pontada de dor quase a fez revirar os olhos. — E de cabeça.
— Não se preocupe, logo vou trazer analgésicos. — Anelise mexia na máquina dos bips. — Certo, vamos ao diagnóstico. Você tem uma costela quebrada, raladuras por todo corpo, um pé torcido e uma concussão.
Marinette abriria a boca surpresa, caso não doesse. Era mesmo uma garota de sorte, mas pensou que poderia ser pior.
Sr. Dupain a olhava preocupado.Parecia grande demais para aquela pequena poltrona desconfortável, mas ainda sim toda sua atenção estava na filha.
— Como conseguir chegar aqui? Só lembro de ter saído de... — Mas ela não se lembrava. Recordava apenas de escapar da primeira parte do labirinto gigante sob Paris e de correr por corredores escuros. Nada mais. — Eu não me lembro direito agora.
— É normal isso acontecer depois de uma concussão como a sua, aliada ao trauma que passou enquanto esteve em cativeiro.
A garota apenas assentiu.
— Chat Noir a encontrou. Ele que a trouxe para cá. — Continuou Anelise, enquanto anotava ao na folha que tinha presa à prancheta.
— C-Chat Noir? — Pelo menos a voz rouca conseguiu disfarçar sua surpresa. Marinette tossiu.
— Ele mesmo. — Anelise olhou a garota e sorriu. — Já trarei alguns remédios e algo mais consistente para você comer, ok? Até mais.
Pouco depois que a enfermeira saiu, Sabine Chang entrou no quarto. Arregalou os olhos quando viu a filha de olhos abertos.
— Marinette, querida, que bom que acordou. — A mãe se aproximou da cama e depositou um beijo na testa da garota. — Eu estava entrando em colapso com a demora. Seu pai então...
A Sra. Chang sempre foi mais controlada, mas Marinette percebeu que naquele momento estava sendo difícil para ela não pular de alegria ou chorar de felicidade em ter a filha por perto.
Quando a enfermeira retornou, pediu que os dois deixassem Marinette descasar mais um pouco e que podiam ir para casa fazer o mesmo, agora que ela estava acordada. Relutantes, os dois se despediram da filha, prometendo que logo estariam de volta.
Depois de tomar os remédios, Marinette dispensou a comida. Não sentia fome, mesmo que seu estômago parecesse vazio. Sabia que se colocasse algo ali, logo retornaria. Pediu a enfermeira que deixasse o prato ali, caso mudasse de ideia.
— Estou faminta. — Tikki saiu de seu esconderijo, seja lá qual fosse, e provou a sopa. — Uma delícia! Só tenho comido biscoitos pela noite, quando seu pai dormia.
— Tikki! — Marinette sorriu. — Você parece tão... Bem!
— Consegui me recuperar nesses dois dias que você dormiu. Fiquei tão preocupada com você, Marinette. — O kwami voou para abraçar a bochecha da garota.
— Dois dias!?
— Sim. — Tikki voltou ao prato. — Mari, também não lembro de nada que aconteceu depois que conseguimos transformar. Usamos muita energia... Não lembro nem como chegamos aqui com Chat Noir, como a enfermeira disse.
— Espero não ter danificado nada do Miraculous, Tikki.
A kwami olhou para a janela e fez uma careta.
— Vem vindo alguém. — Sussurrou e se escondeu sob as fronhas do travesseiro da amiga.
Mesmo com o aviso, Marinette se assustou quando o gato pulou para dentro do quarto através da janela.
— Você acordou. — Chat Noir falou olhando a garota na cama. Seus olhos verdes brilharam na luz opaca da manhã nublada.

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