Eyes On Fire

I (Bônus)


Os gritos de dor, de agonia, de desespero das vítimas, repercutiam por todo lugar entre as sombras. O cheiro de podridão da carne humana em decomposição se misturava ao de sangue que espirrava pelos ares, atingindo as paredes ou escorrendo pelo chão lotado de corpos sem vidas que caiam a cada segundo. Os rosnados famintos e as risadas cruéis dos vampiros recém-criados se misturavam, contrastando horrorosamente com as súplicas dos humanos que clamavam por ajuda.
A alguns metros de distância de toda a matança, no palanque de pedra, o trono forjado a ferro e rubis, estava ocupado pela pessoa responsável por tudo aquilo. O vampiro observava seus homens silenciosamente, o rosto de pedra impenetrável, as pupilas dos olhos dilatadas. Ele tamborilava os dedos pelo trono, pensamentos indo e vindo em sua cabeça que ultimamente andava cheia. Coisas ligadas a Forks. Coisas ligadas aos seus vampiros. Coisas ligadas aos seus objetivos.
O vampiro notou a aproximação de um dos seus homens, que estava fora em missão, e não aproveitando o banquete, e esperou que ele se aproximasse o suficiente. Era um vampiro miúdo, atarracado e com os olhos arregalados, que assim que parou em frente ao trono, prestou uma exagerada reverência.

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— Milorde — Ele deu os cumprimentos, esboçando uma expressão aflita logo em seguida. — Trago notícias para o senhor.


O vampiro no trono, líder de todos os outros ali naquele lugar, parou de tamborilar os dedos, olhando pacientemente para seu serviçal.


— Sim? Conte-me.

— A garota, milorde. Aqueles vampiros a pegaram, os Cullen e os quatro Volturi — Disse o miúdo vampiro, hesitante, temendo a reação de seu senhor com a informação depois de passar três meses vigiando a garota que ele estava interessado. — Pensei que milorde quisesse saber disso.

A fúria dançou silenciosamente pelo semblante dele, que a enclausurou dentro de si. Mas, depois de um segundo, ele retomou a postura, diminuindo o fluxo de pensamentos que se agitaram em sua mente e voltando a focar a atenção em seu serviçal, que o olhava apreensivo.
No entanto, não houve uma reação ao qual todos naquele lugar estavam acostumados. Não houve violência. Nem gritos. Muito menos castigos. O que houve foi apenas um leve murmurar:

— Agradeço pela informação, homem. Com certeza eu iria querer saber disso — O vampiro acenou minimamente com a cabeça, vendo o rosto do outro se encher de alívio. — Agora vá chamar Ecanus, e o mande vir até aqui. Tenho uma tarefa para ele.

O miúdo vampiro atarracado assentiu prontamente, prestando mais uma reverência antes de pedir licença e sair dali, deixando as sombras, o cheiro ruim e os gritos para trás.
"Milorde", como ele gostava de ser chamado, travou o maxilar no mesmo momento, libertando a fúria aos poucos. Agora que tinha novas notícias do que acontecia em Forks, teria que rever seus planos. Mudar suas estratégias. Articular novos ataques. Agora que os dois clãs de vampiros — Cullen e Volturi — haviam entrado em seu caminho, ele tinha novos inimigos. E esses inimigos tinham algo que era dele.

Eles tinham Brooke Evern.

E o vampiro sentado naquele trono forjado a rubis e ferro, precisava dela para o cumprimento de seus objetivos.

E ele a teria.