Samurai NOT

O conto dos dois irmãos 2


Não importa quantas vezes cortasse e matasse, Jirou se sentia vazio. Enquanto o último bandido caía após ser fatiado por sua lâmina, ele encarou a arma manchada de sangue.

É assim que você se sentia, pai? Era tão vazio assim a sensação de obedecer ao Senhor? Matar esse bando de bandidos é o mesmo que sujar minha espada. Eles são lixo que não merece morrer pelas minhas ou as mãos de qualquer samurai.

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Com um balançar, ele limpou o sangue da lâmina e embainhou a espada. É por isso que Yasuhiro-sama deixou sua casa? Porque sentia que havia mais para ele do que isso? Ele virou-se para o líder que matara. Matá-los não trará honra ao meu nome…

Não eram bandidos fracos. Enquanto o tempo passava e a guerra se aproximava, eles cresceram em número e infâmia. Tanto que o novo Senhor, filho do anterior, enviou um grupo de quarenta soldados liderados por um de seus generais para lidar com eles.

Quando ninguém voltou, o Senhor ofereceu uma recompensa por matar o grupo. Jirou se voluntariou para liderar um novo grupo. Ele não precisava do dinheiro. Além de suas necessidades diárias, ele não se importava com riqueza ou luxos. Mas quis a honra de servir ao Senhor. A honra de salvar a região daqueles bandidos.

Porém, quando o samurai chegou, ele percebeu que havia pouca honra em matar aqueles bandidos. Pois a única força deles era a vantagem numérica. Depois que Jirou destruiu tal vantagem, matá-los foi só questão de tempo.

Mas isso não alegrou o samurai. Ele tocou o cabo de Asahi, sua espada. Pai, você sempre falava da honra que era servir ao Senhor, mas isso é verdade? Quanta honra um samurai pode obter matando homens iguais a esses? Quantos anos estarei sujando minha espada com o sangue deles?

Sem perceber, o samurai apertou o punho de Asahi com mais força. Perdoe-me, pai, mas não sou igual a você. Não vejo honra em servir ao novo Senhor… Só consigo ver minha lâmina enferrujando… Enquanto fechava os olhos e pensava, ele escutou algo.

Gritos. Mas não de dor. Não de medo. Gritos de alegria.

Abrindo os olhos, Jirou viu as pessoas do vilarejo corriam até ele. Choravam e o agradeciam por derrotar os bandidos que dominaram o vilarejo deles. Então ele percebeu algo.

Ele não era só um samurai para aqueles camponeses. Era o salvador deles, alguém quem seria lembrado por um longo tempo.

Com um pequeno sorriso, Jirou aceitou o convite deles e se juntou a humilde celebração. Acho que há honra nisso também, certo, pai? Ainda que ninguém jamais saiba. Ele olhou para o céu claro.

Enquanto puder respirar, poderei lutar. Enquanto tenho uma espada em mãos, posso criar meu próprio caminho para honra. Não é mesmo, Yasuhiro-sama?

Pai, por favor, perdoe meu desrespeito, mas acho que você está errado. Honra não é algo que você recebe dos outros. É algo que ganha por mérito próprio.

Após muitos agradecimentos, o samurai e seus soldados saíram do vilarejo. Ele foi até a fortaleza do Senhor para reportar a situação, mas havia algo de diferente nele. Não era mais o mesmo samurai que saíra da fortaleza.

Não hesitarei mais. Usarei minha lâmina como quiser. É o meu caminho samurai.

Era de noite quando eles chegaram.

— Jirou-sama! — O samurai escutou alguém gritar quando os portões ficaram visíveis. — Jirou-sama!

Um dos servos correu até o cavalo do samurai. Ele parou poucos passos do animal e fez uma reverência apressado, mal conseguindo respirar.

— Jirou-sama, tenho… péssimas notícias… — O homem tentou falar antes de recuperar o fôlego. — Seu pai… Daigorou-sama… foi preso… por trair… nosso Senhor!

Jirou sentiu o mundo ficar frio e dormente.

Meu pai… preso por… traição…