Daydream (Ruelle)

Lorcan Scamander

O dia estava escurecendo aos poucos enquanto Neville e Remus brincavam juntos no chão do quarto deles. Remus estava no meu colo e Al segurava Neville cuidadosamente. Era um pouco surreal pensar que agora eu e Al não somos apenas maridos... Mas também pais. Nós conseguimos, afinal. Contra todas as expectativas, nós nos tornamos uma família.

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— Meu pai disse que se nós repetirmos a palavra para o bebê, ele aprende mais rápido. – Albus comentou enquanto balançava um boneco na frente de Neville. Eu revirei os olhos, entretido com a preocupação de Al em fazer com que a primeira palavra dos nossos filhos fosse algo parecido com “papai”.

— Albus, você precisa relaxar. Eles vão aprender na hora certa. – Eu respondi, sorrindo para Al.

— Eu sei... Mas não seria nada mal se nós adiantássemos essa hora certa. – Albus murmurou, derrotado. – Certo, pessoal? Papai. Papai. Papai. – Ele repetiu, ignorando completamente o que eu havia dito. Albus observava Remus e Neville com grande expectativa.

— Por Merlin, Al. Por que mesmo eu casei com você? – Eu brinquei, rindo.

— Além da minha beleza inigualável, os meus lindos olhos, da minha inteligência e do meu senso de humor único? – Ele retrucou no mesmo tom, gargalhando. – Não posso imaginar o porquê.

— Você é um idiota. – Eu respondi, balançando Remus no meu colo. Al abriu um sorriso ainda maior.

— Talvez. Mas eu sou o seu idiota. – Eu não podia discutir com isso, então apenas segurei a mão de Albus, acariciando-a.

— É bom que seja mesmo. – Respondi, beijando sua bochecha rapidamente. Antes que Al pudesse responder, um som confuso saiu dos lábios de Remus. Até mesmo eu me inclinei para a frente, curioso.

Papa! – Eu consegui ouvir Remus dizendo. Al abriu um sorriso enorme e sincero, parecendo capaz de explodir de felicidade.

— Eu te disse! Eu estava certo. Remus falou Papa! É praticamente papai. É a coisa mais linda que eu já escutei. – Albus falou tudo isso em um só fôlego, parecendo uma criança pequena animada com um presente.

Eu não estava muito melhor. Apertei Remus em meus braços, ainda não acreditando no que acabara de ouvir. Ele não fazia idéia do que significava a palavra “papai”, mas eu podia sentir que, de alguma forma, Remus sabia o quanto era amado, assim como Neville. Os meus olhos se encheram de lágrimas antes que eu pudesse me controlar.

I waited so long

For something sweet like this

It's where I belong

Beside you in blinding bliss

— Lorcan? Está tudo bem? Espera. Você está chorando? – Albus falou, incrédulo.

— Talvez. – Eu respondi, sem acreditar em como aquilo tinha mexido comigo. – É que... Eu esperei tanto tempo por algo tão doce como isso. Por essa sensação de pertencer, entende? Você sempre foi a minha casa... E, agora, nós somos a casa deles, de Remus e Neville. E eu estava com tanto medo de não ser bom o suficiente para ser o pai deles, mas parece que qualquer dúvida que eu tinha sumiu quando Remus murmurou algo tão simples. É aqui que eu pertenço, do seu lado. – Eu expliquei, limpando as lágrimas que caíram dos meus olhos.

I'm living in a daydream

Nothing that could faze me now

I'm caught up in a daydream

Nothing that could wake me now

What more could a guy want

— Eu entendo. É como se eu estivesse vivendo um sonho. Não porque é tudo perfeito. Eles choram nas horas mais inoportunas possíveis e jogam os brinquedos para todos os lados. E nós ficamos preocupados com todas as doenças que eles podem pegar. E com todas as maneiras que o mundo tem de machucá-los. Não é fácil ou feliz o tempo todo, mas é tão real... É tão incrível viver isso com você. Nada poderia me incomodar agora, eu estou preso em um sonho nesse instante. O que mais um cara poderia querer? – Albus comentou, pousando a cabeça no meu ombro.

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— Mais nada. Eu sei que não quero mais nada além de vocês três. – Respondi, ainda olhando maravilhado para Remus e Neville, que brincavam, alheios aos olhares que recebiam. – E, respondendo a minha própria pergunta. – Eu comecei, sorrindo e levantando a cabeça para olhar para Albus: – Foram os olhos. Foi por causa deles que eu casei com você. Não porque eles são verdes ou lindos, o que eles definitivamente são. Mas porque você é a única pessoa no mundo que realmente me enxerga. Minha mãe dizia que os olhos são a janela da alma. Ela estava certa. Eu olho para você, olho dentro dos seus olhos e vejo tudo o que você é. Exatamente como você faz comigo. – Eu encerrei, beijando Al antes que ele pudesse responder. – Meu idiota. – Sussurrei, sorrindo.

— Só seu. – Al concordou, sorrindo ainda mais.