Sacrifício

Sapatinho Rosa - Parte 1


Como Kimberly previra, os amigos não a procuraram nos meses seguintes.Movida pela curiosidade ela ligou para Trini, mas a garota irritou-se ao ouvir o nome de Jason e desligou o telefone logo. O Pan Global passou e Susan ganhou a medalha de ouro do solo e bronze na barra. De Alameda dos Anjos mais nenhuma notícia.

Agora, aos nove meses de gravidez aguardava o último encontro com a Sra. Mason em sua casa. Já era impossível disfarçar a barriga e preferia e não ir para a rua. A diretora do orfanato chegou pouco depois do meio dia e foi recebia por uma Carol sorridente.

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— Boa Tarde Miranda, muito obrigada por ter vindo.

— Boa Tarde Carol, Kimberly – aproximando-se da garota ela riu. – É ótimo fugir do escritório às vezes.

— Gostaria de tomar alguma coisa?

— Um copo de água, por favor!

Miranda sentou-se na poltrona de frente a Kimberly.

— Tudo bem querida?

— Cansada e dolorida, mas acho que era o esperado – a garota respondeu sorrindo.

— Sim, a qualquer momento agora não é?

Kimberly assentiu com a cabeça. Carol chegou e entregou o copo a Sra. Mason.

— Bom, vamos ao que interessa – murmurou bebericando a água. – Você optou por uma adoção fechada. Os pais adotivos da criança não saberão quem você é e nem você poderá conhecê-los.

— Encontrou uma família? – indagou Kimberly.

— Nós selecionamos três famílias. Mas acredito que encontrei a ideal, eles também preferem que a adoção seja fechada.

— Mas isso é definitivo ou a criança pode procurar os pais quando crescer? – perguntou Carol.

— Isso acontece com frequência. As crianças crescem e querem saber quem são seus pais biológicos, mas como é uma adoção fechada ela não terá acesso a nenhum documento.

Pensativa Kimberly perguntou:

— Será que eu poderia deixar algo para ela, se isso acontecer? Uma carta?

— Naturalmente, eu posso garantir que estará em segurança na Casa Verde. Pode deixar algum objeto também, algumas vezes as mães deixam bonecas – olhando para Kimberly. – Se em alguns anos você quiser alterar o tipo de adoção você pode. Não terá acesso ao nome da criança ou dos pais adotivos, mas pode deixar um endereço no caso de quererem procura-la.

Pela primeira vez em meses os olhos de Kimberly encheram-se de lágrimas e ela balançou a cabeça assentindo.

— Você pode mudar de ideia querida – murmurou Carol.

— A criança fica cinco dias no berçário da Casa Verde depois do nascimento – explicou Miranda ao ver a garota quieta. – Somente depois desse período você poderá assinar os papéis de adoção e daí não terá mais volta. Tanto você como os futuros pais adotivos poderão visitar a criança nesses dias.

— Eu não queria que ela ficasse nenhum dia no orfanato – Kimberly protestou.

— Eu entendo a sua preocupação, mas essa medida é feita para prevenir devoluções. Algumas crianças apresentam doenças congênitas que só são descobertas depois de alguns exames. Esse é o período em que deixamos a criança no orfanato.

— Tudo é muito organizado – murmurou Carol.

— A maioria das agências não tem essas preocupações, mas nós queremos fazer o melhor para as crianças.

— Só cinco dias? – perguntou Kimberly.

— A não ser que ela tenha algum problema de saúde. Nesse caso podem haver complicações, infelizmente, a maioria dos pais adotivos não querem crianças doentes.

— Eu serei avisada? – indagou preocupada. - Se alguma coisa estiver errada?

— Sim, antes de assinar os papéis você saberá de tudo que acontecer com o bebê.

— Ok... – murmurou a garota.

— Outra coisa, vocês compraram alguma coisa para a neném?

— Não! – respondeu Kimberly.

— Sim – disse Carol ao mesmo tempo. – Eu não consegui resistir e comprei um sapatinho.

— Mamãe! – exclamou Kimberly.

— Então, quando os pais biológicos têm condições financeiras nos pedimos a doação de algumas roupas, fraldas e alguns itens de higiene. Não é obrigatório, mas se for possível ajudaria muito.

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— Claro, sem problemas – murmurou Carol.

— Ótimo, aqui esta uma lista – entregou a lista e já preparou-se para sair. – Acho que agora nós vemos apenas no hospital Kimberly.

A garota balançou a cabeça assentindo.

— Boa sorte querida!

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Kimberly deitou-se cedo contrariada, a mãe fez questão de lhe mostrar todas as roupas que comprara. Sabia que ela fazia de propósito para fazê-la mudar de ideia, mas era impossível. Se ela pudesse ficar com a filha teria amado escolher cada peça de roupa, cada móvel e enfeite para o quarto. Agora era uma tortura olhar para as coisas da neném.

Desde pequena sonhava com o dia em que fosse mãe. Pensara em nomes, no quarto, nas roupinhas e nos brinquedos... Agora, isso jamais aconteceria! Ela teria uma filha, mas não iria cuidar dela ou vê-la crescer. Seus únicos momentos com a menina eram agora com ela em seu ventre, assim que ela nascesse a perderia. Nunca seria mãe.

Um soluço angustiado varreu seu corpo e ela abraçou o travesseiro e deixou as lágrimas caírem. Chorou até adormecer de exaustão e em seus sonhos a garça e o pterodáctilo gritavam.

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No Centro de Comando, Zordon estava sozinho observando a antiga ranger rosa dormindo. Sofria ao ver a angustia da garota, segundos depois a forma etérea de Dulcea apareceu a sua frente.

— Zordon!

— Fico feliz que possa ter vindo Dulcea!

— Era preciso, o canto da Garça esta tão alto que não consigo sentir os outros espíritos.

— Falta pouco agora.

— Essa criança é muito abençoada. Precisamos fazer tudo para mantê-la segura.

— Kimberly está sofrendo... não sei se ela ira se recuperar algum dia.

— Sua Ranger Rosa é uma mulher forte. Seu sacrifício irá manter a criança segura.

— O preço é muito alto e a culpa é minha. Não permitirei que isso aconteça novamente.

— O que pretende fazer Zordon?

— Deixarei a Terra em breve. Irei procurar novos rangers e poder para proteger meus pupilos.

Dulcea olhou-o e disse:

— A sua energia no espaço irá chamar atenção de entidades muito mais poderosas que o Império e Zed. O equilíbrio do universo é tênue quanto mais energia positiva acumular maior a energia negativa irá atrair.

— É esse o plano.

— Não entendo Zordon. Mas ajudarei no que for preciso.

— Cuide da criança quando eu estiver ausente.

Dulcea sorriu pela primeira vez:

— Claro, a Garça estará sempre com ela e eu sentirei sua essência de qualquer parte do universo.

— Ótimo. Consegui recuperar os poderes do pterodáctilo, depois que a criança nascer ele protegerá Kimberly.

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Kimberly acordou assustada ao ouvir a Garça e o Pterodáctilo gritarem juntos. Instintivamente levou as mãos ao ventre para sentir o bebê. Sentiu uma energia pulsando em seu corpo e sentiu a primeira contração.

— Mãe! – colocou a mão no ventre e seu corpo contorceu-se de dor.

Carol entrou correndo no quarto e viu a filha tentando levantar-se da cama.

— Está na hora? – A garota balançou a cabeça afirmativamente, gotas de suor escorriam de seu rosto.

Em segundos, ela estava ao lado da filha ajudando-a a se levantar:

— Fique calma querida, nós vamos para o hospital agora!

A bolsa estourou no carro e a dor intensificou-se. Toda a força e sensatez dos últimos meses desapareceram e ela sentiu-se apavorada. As palavras de consolo da mãe misturavam-se com o canto da garça, silvo do pterodáctilo deixando-a confusa. Só tinha certeza da dor insuportável.

Logo, ela se viu na cama do hospital com o médico e a enfermeira tentando acalmá-la. As contrações eram fortes e próximas, seu corpo abrindo-se para deixar sair a nova vida. A energia da criança era forte e ela conseguia senti-la agora, forte e pura como uma estrela. Ela gritou novamente de medo que mais alguém a sentisse, abriu os olhos e pode ver o espírito protetor da garça sobrevoando o quarto.

Ao seu lado, a mãe e a médica não podiam ver nada em um soluço ela implorou:

— Por favor ajude! – a Garça brilhou.

O médico chamou a sua atenção dizendo:

— Está quase acabando, empurre só mais uma vez.

Kimberly gritou pela última vez e um choro de criança foi ouvido no quarto. Exausta, ela olhou para a filha nas mãos do médico. O canto da garça soou novamente e ela viu o pássaro envolver a criança em suas asas antes de adormecer.