Sacrifício

Despedida


Apesar das saudades de casa, Kimberly não se arrependia por ter deixado tudo para treinar para o Pan Global com treinador Smith. A estrutura que o treinador oferecia a seus atletas era inacreditável, o ginásio muito bem equipado, a equipe competente e amigável. Ao invés de ir a um colégio, as garotas tinham aulas com professoras particulares e dormiam no alojamento ao lado do colégio.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Naturalmente, não eram todas as adolescentes que conseguiam adaptar-se a rotina. Era preciso comer, beber, respirar e principalmente amar a ginástica. Kimberly amava o esporte e sentia o espírito da garça em seu corpo todas as vezes que subia nos aparelhos. Por isso, nos dias que se seguiram a conversa com Zordon e Dulceia ela praticou exaustivamente. Sua mente e corpo pensando em cada detalhe do futuro. Enquanto, seu corpo girava no ar sua mente montou um quebra-cabeças para conseguir colocar seu plano em ação.

Uma das desvantagens de seu alojamento era a falta de privacidade, algumas garotas podiam pagar para ter seu próprio quarto. Nunca ligara muito para isso até agora, não que Susan fosse uma companhia ruim, mas seria muito mais simples se pudesse ficar sozinha. Foi com um suspiro de resignação que ela apertou a secretária eletrônica do seu quarto para ver se tinha novas mensagens.

Beep

— Oie! Aqui é a Susan e a Kimberly não estamos no quarto agora. Deixe o seu recado. Ele é muito importante para nós.

Beep

— Hey Beautiful! Minha mãe avisou que você ligou ontem à noite quando eu não estava. Desculpe, mas eu tive que ficar até mais tarde no Ernie com o pessoal. As coisas estão agitadas. Estou morrendo de saudades.

Beep

— Kimberly, sou eu de novo Tommy. Esqueci de te avisar na última ligação. Já enviei o seu presente. Eu sei que ainda falta um mês para o seu aniversário... mas fiquei com medo de esquecer e não chegar a tempo. Me liga!

Beep

Kimberly não conseguiu evitar um sorriso antes de apagar as mensagens.

— Seu namorado é muito fofo Kimberly – comentou a loira animada sentando-se na cama. – Ele já esta enviando o presente do dia dos namorados, falta quase um mês.

— Ele tem péssima memória. Então, já enviou um dos presentes.

A menina arregalou os olhos e perguntou:

— Ele manda mais de um?

— Eu faço aniversário no dia dos namorados. Ele sempre me dá dois presentes, mas lembrou de enviar só um– Era impossível impedir que o sorriso chegasse aos seus lábios. - Pode apostar que ele vai ligar de novo para avisar que enviou o outro.

— Sério? – a ex-ranger rosa balançou a cabeça afirmativamente. – Nossa, ele tem um irmão para você me apresentar?

— Não, ele é filho único. – Kimberly riu.

— Pena. – a loira se levantou. – Bom, eu vou tomar banho assim você vai ter privacidade para ligar de volta para ele.

— Imagina Susan, não precisa.

— Precisa sim, vocês nunca tem tempo para conversar. E eu estou fedendo. – rindo ela saiu do quarto.

O sorriso instantaneamente saiu dos lábios de Kimberly. Ela sentou-se ao lado do telefone e começou uma ligação.

— Alô!

— Oie Stefan, aqui é a Kimberly será que eu poderia falar um momento com a minha mãe.

— Ah, claro Kimberly só um instante.

— Olá querida, nossa que saudades! Tudo bem com você?

— Oie mamãe. Desculpe, eu tenho ligado pouco...

Carol riu e disse:

— Imagine querida, eu sei que você gasta todo o seu limite para falar com Tommy na Alameda dos Anjos. Mamãe tem que se contentar com as cartas.

A garota riu e murmurou:

— Você percebeu?

— Claro, mas me conte. Tudo bem com você? E o treinamento. Esta precisando de alguma coisa?

— Calma mãe, esta tudo bem com o treinamento sim. Mamãe, eu precisava conversar com você pessoalmente. Será que você não poderia vir para cá no meu aniversário?

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Algum problema Kimberly?

— Eu prefiro conversar pessoalmente mãe. Não precisa me dar nada de aniversário, eu só preciso que você venha aqui.

— Bom, se pode esperar um mês acho que não é tão urgente... – disse Carol em voz baixa. – Preciso ficar preocupada Kimberly?

— Não mamãe, esta tudo sobre controle. Eu só preciso de você aqui.

— Seu pai e eu pretendíamos fazer uma festa de aniversário para você em Alameda dos Anjos e te dar a passagem de presente. – comentou Carol. – Agora acabou a surpresa, podemos nos falar lá?

— Não mãe. Eu não posso deixar os treinos e nada de festa. Será que você não poderia vir sozinha?

— Kimberly Ann Hart! Está tudo bem mesmo? Acho melhor eu ir agora aí.

— Tudo conforme o planejado... – suspirou Kimberly. – Eu só preciso falar com você e não vou ter tempo livre antes do meu aniversário.

— Bom tudo bem. Vou marcar a minha passagem e passar uma semana aí ok?

— Perfeito! Mas por favor, só você. Você sabe que eu gosto do Stefan, mas estou sentindo falta de passar um tempo só com a minha mãe?

— Ok,Kimberly! E o Tommy tudo bem com vocês?

Kimberly sorriu ao falar:

— Está sim, ele acabou de me deixar uma mensagem falando que já enviou o meu presente.

— Ele é um bom rapaz. – murmurou Carol.

— É sim mamãe. Mas agora eu preciso desligar mamãe. Promete que vem para o meu aniversário? Eu não vou poder mais ligar esse mês.

— Prometo sim filha, mas você jura que não tem nada de errado aí no treinamento?

— As coisas estão diferentes mãe, mas eu estou bem.

— Tudo bem querida. Se cuide! Eu te ligo assim que conseguir marcar a passagem.

— Obrigada mãe, eu te amo!

— Também te amo querida. Tchau.

Kimberly suspirou e desligou o telefone. Olhou para o relógio e murmurou:

— Quase dez minutos... é eu definitivamente não tenho mais limite para falar no telefone esse mês.

Trim… trim…

O telefone tocou assustando-a. Levando a mão ao coração ela atendeu.

— Mamãe?

— Hum… Kim sou eu o Tommy.

As mãos de Kimberly tremeram um pouco, mas ela respirou fundo e respondeu rapidamente.

— Oie Tommy. Desculpe, eu estava falando com a minha mãe e pensei que ela tinha ligado de volta para perguntar alguma coisa.

— Ah, então é por isso que estava ocupado. Que bom te encontrar em casa, pensei que não conseguiria falar com você hoje de novo. Estou com saudades.

— Eu também… suspirou Kimberly. - Mas com os treinamentos e a escola nunca estou em casa. As coisas também andaram agitadas por aí não é?

— Demais, você esta sozinha no quarto?

— Sim, Susan está no banho. Incrível a Aisha ter se mudado para a Africa?

— Sim uma loucura… mas voltar a ser criança foi mais doido ainda. Conseguiram sentir alguma agitação aí?

— Nada… o feitiço foi perfeito ninguém se lembra de nada. Eu mesma só tenho ligeiras lembranças de ter achado os aparelhos de ginástica altos. Mas acredito que a maioria das pessoas não percebeu que vivemos quase um mês a mais como crianças. - Kimberly não conseguiu evitar uma risada cristalina.

— Que bom. Aqui as coisas estão bem mais complicadas. Você e a Aisha não estão mais na cidade, Billy sem poderes é tudo muito estranho. Eu estou usando vermelho…

Kimberly riu e falou:

— Que pena que eu não estou aí. Adoraria te levar ao shopping.

— Kat e a Tanya me levaram. A minha mãe simplesmente não entendeu a mudança radical.

— Hum… - murmurou Kimberly.

— Algum problema?

— Não nada… só gostaria de estar aí. Tommy eu preciso te avisar eu tive uma emergência e precisei ligar para a minha mãe. Não vou poder ligar mais esse mês. Só posso enviar cartas.

— Algum problema Kim?

— Não, só tive algumas dores nas costas e precisava da autorização dela para alguns exames?

— Se machucou?

— Não… talvez seja o excesso de treinamento. Mas o médico daqui já examinou e não viu nada. Como não posso usar medicação por causa dos jogos ele pediu alguns exames.

— Kimberly… você tem que se cuidar.

— Aí Tommy, eu nunca me cuidei tanto…

— Ok, eu vou ver com a minha mãe para ver se eu posso ligar mais. Mais ou menos nesse horário para te encontrar em casa.

— Isso, eu vou escrever sempre ok.

— Vou estar esperando ansioso. Mas sempre que for algo importante ou sobre os rangers envie para o Ernie. A minha mãe ainda têm mania de abrir as minhas cartas.

— Às vezes eu não entendo a sua mãe… ela me conhece a séculos.

— Nem eu… vai ver acha que você vai me escrever pedindo para nos mudarmos para o México ou falando que está grávida. Inacreditável né?

Kimberly arregalando os olhos murmurou:

— Imaginação fértil né?

— Ela sabe que escondemos algo, mas é melhor pensar algo assim do que saber a verdade.

— A culpa é sua. Você é um péssimo mentiroso…

— Não gosto de mentir e você também não pode falar nada. Suas desculpas eram péssimas, não sei como a sua mãe nunca desconfiou

— Eu nunca menti para a minha mãe, só omiti alguns detalhes. Então, ela sempre acreditou em mim.

— E quem duvidaria da minha Kim?

— Zordon?

— Jamais!

— Kim eu esqueci de enviar um dos presentes. Vou enviar amanhã.

— Não precisa se preocupar Tommy, eu ainda nem consegui comprar o seu. Ainda falta um mês.

— Mesmo assim, eu preciso aproveitar enquanto não há muitos ataques.

A porta abriu e Susan entrou cantarolando.

— Aí desculpe Kimberly! Pensei que já tinha terminado.

— Imagina Susan, nos falamos demais mesmo.

Voltando ao telefone ela disse.

— Susan chegou preciso desligar. Já está tarde e preciso de um banho.

— Bons sonhos Beautiful e lembre-se que eu te amo.

— Também te amo Tommy…

Murmurou Kimberly desligando o telefone.

A loira suspirou e girou no ar pulando na cama.

— Desculpe por ouvir o final, mas juro que a minha inveja é boa e não mata.

— Imagina Susan. Desculpe por monopolizar o telefone. Vou para o banho.

A aura de animação desapareceu do rosto de Kimberly quando ela saiu do quarto. No banho ela finalmente permitiu que as lágrimas rolassem misturando-se com a água do chuveiro. Aquele telefonema fora uma despedida.