Abismo da Mente

À beira do abismo


Ela estava correndo. Sem rumo, sem direção, sem noção. Estava apenas correndo. Correndo de algo. Fugindo de algo que nem ela mesma conhecia.

Medo, desespero, desesperança, desamparo. Estes sentimentos começaram a invadir o coração da garota de cabelos negros que fugia desesperadamente. Ela estava sendo inundada pelo vazio. A cada passo que ela dava, sua alma tornava-se mais oca, mais negra.

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Sua pele estava encharcada pelo suor, pálida. Seu rosto estava arroxeado pela falta de oxigenação em seu sangue. Seus pulmões pareciam prestes a explodir, seu coração parecia estar se afogando em amargura e angústia.

O que a perseguia? Do que ela fugia?

Seus pés descalços sangravam por ela ter pisado várias vezes em pedras e espinhos e por tropeçado em muitos galhos. Seu longo vestido branco de tecido leve estava quase negro por conta da sujeira. Seu cabelo, mais negro que a madeira pútrida das árvores, grudava em seu rosto, dificultando sua visão. Sua pele estava repleta de arranhões, cujos eram ocasionados por galhos secos e por arbustos pelos quais ela corria através descuidadamente.

Ela não sabia para onde ir. Estava perdida naquela floresta sombria e silenciosa. O único som que se ouvia era o de sua respiração. Mas ela conseguia sentir que algo a perseguia, e que aquilo não iria desistir.

A garota chegou à beira do abismo. Era o fim da linha. Sua única opção era jogar-se para as águas furiosas abaixo de seus pés. Mas ela não iria se jogar. Não era o que ela queria. Mas o que ela queria? Nem mesmo ela sabia a resposta para aquela pergunta. Ela nunca soube as respostas.

Então ela deu as costas ao abismo e esperou. Esperou que aquilo que estava a perseguindo aparecesse e ela pudesse ver o que ou quem era.

Mas foi aí que ela teve a maior surpresa de sua vida.

Em meio às árvores surgiu uma garota com o seu rosto, mas seus cabelos eram brancos como a neve do inverno e seus olhos como os de uma pessoa cega, foscos como os de um cadáver.

— Quem é você!? — A garota de cabelos negros questionou assustada dando um passo para trás. Grãos de areia desvinculavam-se do chão e caíam desfiladeiro abaixo.

— Eu sou você. — O ser estranho respondeu. — Eu sou tudo aquilo que você teme. Eu sou tudo aquilo que você trancou à sete chaves em sua mente, eu sou a desolação, eu sou o medo, eu sou a sua morte, e agora você me libertou. Agora eu estou livre. — A garota de olhos como cristais disse em um tom frio e debochado, aproximando-se lentamente da outra, como uma cobra prestes a atacar. — E você, doce Alice, não é mais você. — Sussurrou no ouvido de Alice e empurrou-a para o abismo negro e profundo da sua psique. Um abismo sem fundo, infinito.

E nenhum grito que ela soltasse, por mais alto que fosse, conseguiria atravessar a barreira que Alice criou entre a realidade e a sua mente. Ela estava perdida. Ela estava sozinha. E continuaria a cair para sempre, sem nunca ser salva.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.