Portas da Alma

Capitulo 30


Phoenix- Apartamento de Magnus Bane.

Alec podia perceber Jace e Magnus andando de um lado para outro, discutindo, ponderando o melhor lugar para se esconder, até que decidiram ir para uma cabana de um amigo de Magnus, Ragnor, que Alec nunca de fato conheceu.

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Ele estranhou a sensação de conhecimento, era como se ele e Magnus tivessem conversando sobre o homem diversas vezes, mas a sensação foi substituída pela dor da perda de Mary.

O jovem observou Jace se agachar a sua frente e tocar na sua mão, ainda melada de sangue, lançando um olhar compassivo para o amigo.

—O quanto se lembra? –Pergunta analisando-o com cautela.

—O necessário para saber que é uma das pessoas mais folgadas que existem. –Responde suspirando.

—Então, deixou de ter ciúmes de mim? –Pergunta brincando.

—Não estou para brincadeiras hoje, Jace. –Responde, levantando-se e seguindo em direção ao quarto de Magnus, porém Jace o puxa para um abraço apertado.

—Eu sei que está sofrendo... Eu sei que esse não é o melhor momento, mas... Eu senti a sua falta. –Confessa suspirando. –É bom ter você de volta. –Afirma olhando Alec nos olhos e alisando o seu rosto.

—Eu preciso... Preciso tirar esse sangue. –Afirma afastando-se de Jace e seguindo para o quarto de Magnus, aonde ele retira as suas roupas e começa a chorar compulsivamente, seu coração está sangrando, ele amava Mary e ela agora tinha ido e de fato, ela nunca mais voltaria.

O rapaz pode sentir braços familiares em volta da sua cintura e a cabeça de Magnus se aninhar contra o vão do seu pescoço.

—Vem comigo. Vamos tirar esse sangue. –Chama surrando.

Alec concorda com a cabeça e se deixa levar por Magnus. E eles tomaram um banho juntos, nada com conotação sexual, longe disso, Magnus o estava acalmando, tirou todo o sangue de seu corpo e se deixou ser abraçado em baixo da água, enquanto Alec se deixava levar pelas lágrimas.

—O que vai acontecer com ela? –Pergunta, ofegando.

—A família já foi notificada, para eles a causa da morte será por causas naturais, por conta da velhice. –Responde, suspirando. –Nada de sangue, nada de demônios, só uma morte simples e natural. –Garante beijando a testa de Alec.

—Obrigado. –Agradece sofridamente.–Eu quero me despedir. –Confessa murmurando.

—Alec, é... É muito perigoso... –Magnus interrompe-se, quando os olhos de Alec procuram o seu. –Ok querido, nós vamos nos despedir dela. –Afirma roçando o seu nariz no dele.

—Eu posso atrair mais problemas ficando aqui? –Pergunta murmurando.

—Sim. –Responde alisando o rosto do namorado. –Não precisamos ir ao enterro para se despedir de alguém, existem outras maneiras de se despedir. –Garante suspirando, até que Alec suspira e encara a sua mão, encontrando um desenho, encontrando uma runa. –Está é a runa da visão. –Revela encarando a mão de Alec. –Com a sua memoria voltando, elas vão aparecer gradativamente. –Murmura, beijando a mão de Alec. –Espero que a última seja a do parabatai.—Confessa, nervoso.

—Por quê? –Pergunta confuso.

—Se capturarem Jace, eles podem lhe localizar, como eu fiz para te encontrar. –Responde suspirando.

* * *

Idris - Arredores do lago Lyn.

Simon caminhava apressado, precisava chegar à casa de Luke e Jocelyn antes que seus professores dessem sua falta na academia, estava preocupado com Clary, parando para pensar, era estranho que ela estivesse todo esse tempo em Idris e não o tivesse visitado.

Chegou em um bosque florido, a beleza do lugar era magnifica, ficou encantado, olhou ao redor tentando se localizar, sabia que estava nos arredores do lago Lyn, porém não sabia onde exatamente. Uma pequena movimentação a alguns metros à frente lhe chamou a atenção, aproximando-se teve uma visão um tanto curiosa, por um momento achou que seus olhos o estivessem lhe pregando uma peça.

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Clary estava sentada em meio às flores, usava uma camisola branca, tinha uma coroa de flores na cabeça, seus belos cachos ruivos voavam ao vento e a garota parecia conversar com alguém, chegando mais perto Simon pode perceber que ela conversava com uma borboleta, atônito o garoto ficou sem ação por um momento apenas observando a peculiar cena, uma coisa ele tinha certeza, Jace com certeza babaria na cena, chacoalhando a cabeça Simon se aproximou da garota.

— Clary? Tudo bem?

A ruiva virou-se para ele com um sorriso infantil e os olhos brilhando.

— Simon!

— O que está fazendo aqui Clary? E por que está conversando com uma borboleta? - Perguntou confuso, quando Maryse disse que Clary estava esquisita não disse exatamente em que.

— Estou aproveitando o bosque, viu quantas flores lindas? Já desenhei várias delas! - Respondeu sorridente.

— É . . . e por que você estava conversando com uma borboleta. . . só pra saber.

— Porque ela é minha amiga Simon! E eu estava perguntando se por aqui havia patos, Jace não gosta de patos, então se tiver, ele não vem me buscar. Foi ele que te mandou vir me buscar?

— Desculpe,Clary, mas não vejo Jace a um bom tempo.

Os olhos verdes se encheram de lagrimas.

— Acho que ele me abandonou Simon, eu quero o Jace! Quero ele!!! - Disse a garota chorando.

— Clary, calma, Jace jamais te abandonaria, ele deve estar ocupado com Alec. - Disse o garoto tentando acalma-la.

No fundo Simon estava assustado, o que estaria acontecendo ali? Isabelle ferida, Jace e Alec desaparecidos e procurados pela Clave e agora Clary se comportando como uma criança sem controle emocional? Algo estava muito errado.

— Claro que ele está, ele me trocou pelo Alec! Ele só sabe procurar pelo Alec e me deixa sozinha! Mas isso não vai ficar assim, ele vai ver vou troca-lo pelo Magnus! - Disse a garota subitamente decidida.

— Acho que o Magnus não vai querer a troca não, ele prefere cabelos negros e olhos azuis. - Disse Simon rindo, era engraçado ver sua amiga com o cérebro torrado.

— Simon, quero comer alguma coisa, estou com fome!

— Tudo bem vamos pra sua casa e lá te dou alguma coisa.

— Não! Quero alguma coisa do Takis!

— Clary, sua mãe sabe que você está aqui?

— Claro que não bobinho, ela não me deixa sair, ela tranca as portas! - Disse a menina com os olhos arregalados e a expressão mais inocente do mundo.

— Clary, se as portas são trancadas, por onde você saiu? - Perguntou o menino com certa preocupação.

Clary se aproximou dele e disse de um jeito conspiratório.

— Eu sai pela janela. - Disse satisfeita e orgulhosa de si mesma.

— Clary! A janela do seu quarto fica no terceiro andar! Você poderia ter se machucado sua louca! - Gritou o menino.

— Claro que não Simon, sou uma caçadora e além disso, o Jace sempre escala a janela do meu quarto à noite! - Disse a menina como se fosse à coisa mais natural do mundo.

Simon arregalou os olhos e ficou vermelho, Clary só podia estar fora de seu juízo mesmo para dizer às coisas que ela e Jace fazem! Teria uma conversa séria com aquele loiro metido, quem ele pensava que Clary era? Alguma garota atoa para sair entrando no quarto dela a noite? E? como Jocelyn não via essas coisas?

— Maldito Jace, só te ensina o que não presta! Clary da próxima vez que ele fizer isso, você fecha a janela nos dedos dele está bem?

— Por quê? Assim ele vai se machucar e não vai conseguir entrar! - Disse a menina confusa.

— Exatamente! - Disse Simon satisfeito. - Agora vamos, tenho que te levar de volta, você precisa por uma roupa decente.

Dizendo isso Simon segurou a menina pela mão e começou a seguir com ela em direção ao que ele achava ser a casa de Jocelyn.

* * *

Phoenix- Necrotério de Phoenix.

Mesmo com todos os protestos de Jace, aqui estavam eles no necrotério de Phoenix, Alec estava se despedindo de Mary, enquanto Magnus e Jace vigiavam o portal e as entradas.

Não poderiam permitir que houvesse um ataque e eles não estivessem preparados.

Todas as evidências da estadia de Alec no prédio foram apagadas, já haviam aparecido mais três runas em Alec, a do seu pescoço, bloqueio e a de lealdade.

—Temos que ir Magnus. Ela é uma mundana. –Lembra Jace nervoso.

—Eu sei que temos... Mas ele... Ele precisa disso. –Revela seguro. –Foi à única pessoa que ele conseguiu ter uma conexão real no mundo que nós demos a ele. Ele a ama e se sente culpado pela sua morte, então, tenha um pouco de compaixão com ele. –Pede murmurando.

—Eu tenho, eu só não o quero morto. –Confessa nervoso, observando Alec vir em sua direção, enquanto limpava as lágrimas que teimavam em escorrer pelos seus olhos. –Catarina já lhe deu a confirmação? –Pergunta encarando Magnus.

—Não. –Responde, negando com a cabeça.

—Que confirmação? –Pergunta Alec ofegando.

—Vamos descobri se o seu pai está mesmo metido nisso tudo. –Responde Magnus secando as lágrimas de Alec. –Vamos? Não podemos mais ficar aqui. –Afirma, observando-o concordar com a cabeça e lançar um último olhar para o corpo de Mary, que estava intacto, Magnus o deixará intacto.

* * *

Idris - Arredores do lago Lyn.

Catarina andava apressada pela clareira, tentando achar um maldito lugar onde seu celular tivesse sinal. Amaldiçoou até a décima geração de nefilins, como eles ainda viviam de passado sem antenas de celulares? Quando finalmente encontrou um lugar onde as barreiras eram mais fracas e seu celular deu sinal, discou rapidamente o numero de Jace, no primeiro toque o loiro atendeu.

— Catarina? Tem noticias?

— Eu estou bem Jace obrigada por perguntar. - Disse irônica.

— Desculpe, mas esperei sua ligação o dia inteiro, Magnus também está aqui e não se cabe de curiosidade, você conseguiu chegar perto de Robert? - Catarina percebeu que o menino estava visivelmente ansioso.

— Quando cheguei lá Robert estava muito machucado, alias estava desacordado, por eu ser uma feiticeira me deram passe para examina-lo.

A feiticeira ouviu um arfar duplo e logo deduziu que Jace estava no viva voz.

— E-então Robert realmente é culpado? — Dessa vez foi Magnus quem perguntou, confirmando a suspeita de que a ligação estava no viva voz.

— Eu não disse isso, disse que ele estava muito machucado, alias estava deplorável.

— Droga Catarina, isso só comprova que meu pai quer a cabeça do próprio filho! — Desse vez ouviu a voz de Jace irritada.

— Não prova nada, nenhum dos machucados dele foi feito pela magica de Magnus, eu mesma examinei seus ombros, não havia sinal de sua magica nele Magnus.

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— Mas então o que houve com ele? - Perguntou o feiticeiro confuso.

— Parece que ele acabou falando o que não devia, os guardas ouviram ele e Maryse discutindo e ele afirmando coisas horríveis sobre Alec e dizendo que Jace mereceu o castigo por ter mentido, Maryse perdeu a cabeça e o atacou com o chicote de Isabelle, ela estava com bastante raiva só pelo estado em que ele se encontra.

A feiticeira pode ouvir as gargalhadas de Jace e Magnus, não conseguiu conter o sorriso que se formou em seus lábios, o caçador estava em um estado terrível, Maryse não negava a quão boa caçadora era.

— Minha sogrinha sabe causar quando quer! - Disse Magnus em meio a risadas.

— Catarina, como estão Clary e Izzy? — Quis saber Jace, pela voz estava ansioso.

A feiticeira suspirou cansada sem realmente querer dar a noticia para o garoto.

— Clary ainda está sob o efeito da poção de Magnus, alias eu estou indo a casa dela para lhe dar o antídoto, Jocelyn já percebeu que isso tem dedo seu Magnus, vou trazê-la ao normal.

— Mas é seguro para ela? Quero dizer, eles me fizeram segurar aquela maldita espada tentando arrancar a verdade, como vamos saber se não farão isso com Clary? - Perguntou Jace preocupado.

— A clave tem outros assuntos para lidar no momento, acho que até esqueceram-se de Clarissa. Quanto a Isabelle, bem ela foi atacada em um beco no Brooklyn, junto com a Consulesa, seu estado não é muito bom.

— Como assim? O que diabos ela estava fazendo no Brooklyn?! - Gritou Jace.

— Isso eu não sei, mas suspeito que ela estava tentando acha-los.

— Cat, obrigado por sua ajuda, mas agora vou tentar acalmar Jace antes que ele acabe quebrando a cidade toda, além disso, ele pode acabar dizendo para Alec e isso não seria bom, ele já teve problemas emocionais suficiente por hoje, não sei se ele aguentaria mais um. Mantenha-me informado sobre o estado de Isabelle, além disso, estou indo para a cabana de Ragnor, vou levar Alexander e Jace para lá, com a memória de Alec voltando aos poucos não é seguro para ele ficar aqui. Além disso, os ataques chegaram muito perto dessa vez.

— Tudo bem, cuide-se. Vou até a casa de Clary, precisamos trazê-la de volta.

— Verdade, além disso, podemos precisar dos dons dela. Cuide-se, Cat.

Após desligar Catarina continuou seu caminho, porém uma cena muito curiosa lhe fez parar, Simon tentava puxar Clary que estava apenas de camisola, de perto de um formigueiro, a menina se debatia tentando chegar ao formigueiro.

—Solte-me, Simon! Eu quero ver a rainha das formigas! - Gritou a menina.

— Clary não diga asneiras, você vai ser picada se chegar mais perto!

— O que está acontecendo aqui? - O perguntou Catarina se aproximando.

Clary arregalou os olhos quando viu os cabelos brancos e a pele azul da feiticeira.

— Que linda! Simon quero ser azul também!

— Clary, você não pode ser azul, apenas feiticeiros podem. - Disse cansado. - Catarina que bom te ver, não faço ideia do que houve com a Clary, porém ela está se comportando de forma completamente louca!

— Tudo bem Simon, eu ia exatamente levar o antídoto para ela.

A feiticeira se aproximou de Clary e lhe entregou um pequeno frasco com um liquido rosa.

— Beba, meu anjo, isso é muito bom é docinho e vai te fazer muito bem.

— Ebaaaaaaaa! Eu adoro doces!!! - Disse a menina sorridente bebendo todo o conteúdo.

Não demorou muito para a ruiva se sentir tonta e perder os sentidos, Simon a amparou antes que ela fosse ao chão.

— O que houve com ela? - Perguntou preocupado.

— Nada, é apenas o antídoto surtindo efeito, logo ela vai acordar, melhor esperarmos aqui.

A bruxa estalou os dedos e dois tapetes macios apareceram, Simon depositou Clary ainda desacordada em um e se sentou ao lado dela, viu quando a feiticeira sentou no outro.

— Então . . . Catarina, eu estou meio desatualizado, será que você poderia-me por apar da situação?

Catarina passou as próximas duas horas narrado para Simon tudo o que houve enquanto ele estava na academia, ambos ouviram um leve gemido e logo focaram a atenção na ruiva que começava a acordar. A ruiva abriu os olhos verdes e tentou focar a visão, porém a claridade estava irritando seus olhos e sua cabeça doía como nunca.

— Mas que droga! - disse Clary fechando os olhos com força.

— Clary tudo bem? - Perguntou Catarina.

— Não! Aquele maldito Magnus não me disse que essa droga de poção me daria uma sensação de ressaca. - Gemeu a menina, escondendo o rosto entre as mãos. - Vou mata-lo!