Oposto Complementar

Capítulo 34


Eu definitivamente fiz uma viagem no tempo. Eu não consigo achar outro nome para esse feito. Eu saí da capital francesa por volta das sete da manhã, depois de uma refeição tão maravilhosa, apesar de ter sido feita sozinha, já que Elena viajou uma hora depois que nos falamos ontem à noite, passei quinze horas no ar e agora estou no Aeroporto Internacional de Denver, às duas da tarde. Como pude me atrever a esquecer dessa coisa de fuso horário? Eu solto um suspiro e vou até a esteira, onde combinei de encontrar meu mais novo anfitrião, além de ter que pegar a minha mala.

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Olho ao redor, querendo encontrar Damon, entretanto, tudo o que eu vejo é uma mulher com o meu nome escrito numa folha de papel oficio. Eu me aproximo dela, um pouco insegura, mas o sorriso que ela me dá, manda tal sentimento para o espaço. Ela é esguia, tem os cabelos castanhos e um pouco atrás dela se encontra um homem, vestindo terno e gravata. Talvez sejam os anjos da guarda que fazem um excelente trabalho com Damon.

— Laila? — Ela questiona, docemente e eu concordo. — É um imenso prazer conhecê-la. — Ela me estende a mão. — Sou Valerie Lane, mas pode me chamar de Val.

— O prazer é todo meu, senhora Lane. — Seguro firme em sua mão. — Damon me falou maravilhosamente bem da senhora.

— Ah, por favor, me chame da Val. — Ela sorri. — E pode apostar que falou igualmente da senhorita.

— Só se a senhora me chamar de Laila.

Valerie faz uma careta e eu rio.

— Esse é o Jamal. — Ela o indica. — O motorista do Damon.

— É um imenso prazer a conhecer, senhorita.

— Igualmente. — Sorrio para o homem de cabelos com dread presos num rabo de cavalo baixo.

— Esse nem adianta pedir para te chamar pelo nome, pois nem a Damon ele chama — diz Valerie.

— Sendo assim, eu gostaria de saber seu sobrenome.

— Desculpe, senhorita. — Jamal pede a mala e eu dou de ombros e lhe ofereço.

— Onde Damon está? Achei que viesse me receber.

— E quem consegue tirar aquele homem do hospital? — Valerie indica o caminho e nós vamos. — Desde que chegou por aqui, na terça-feira, que ninguém o tira de lá. E olha que ele foi ao haras dele, a um para tentar comprar, a empresa, a loja... não parou.

— Mas hoje já é quinta!

— Sim. E disse que vai dormir lá outra vez.

— Jamal, por favor, me leve ao hospital. Ou eu tiro esse homem de lá hoje, ou eu não me chamo Laila Maria do Nascimento Vidal.

Valerie me conta mais alguns feitos do homem de vinte e oito anos, que, de acordo com o que sua governanta me diz, está agindo como um garoto de cinco anos, birrento e eu tento manter a calma. Se ele teimar em dormir no hospital hoje de novo, eu não vou me atrever a ficar no seu apartamento sozinha. Nem morta.

Após ser identificada, receber o adesivo, eu sigo com Valerie em direção ao quarto em que o avô de Damon está hospedado, sob observação. Casper Lundgren tivera uma parada cardíaca ontem, por volta das cinco da tarde e eu aposto que o neto está ensandecido.

Diante da porta, eu dou duas batidas suaves e entreabro, encontrando o loiro de quase um metro e noventa estirado numa poltrona, cochilando. Sua expressão de cansaço grita tal informação e eu decido entrar, cautelosa. Toco o seu ombro suavemente, após fechar a porta e Damon abre os olhos.

Isso acentua as olheiras sob seus lindos olhos azuis, que agora me parecem sem brilho. A barba já dá indícios de que não é feita há mais do que dois dias e seu rosto está com marcas de uma noite naquela poltrona.

— Você veio! — Ele exclama, mesmo com o tom de voz contido para não acordar o avô.

— Claro que sim. — Olho ao redor e encontro um senhor cercado por monitores e fios e tubos. — Seu avô? — Murmuro e ele concorda.

— Vamos sair. — Ele levanta e se espreguiça, fazendo alguns ossos estalarem, o que desperta o senhor. — Oi, vovô. Desculpe acordá-lo.

— Tudo bem. — Seu tom soa rouco e fraco. — Quem é essa mulher tão linda ao seu lado? Sua nova namorada?

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— Não, vovô. — Damon ri baixinho. — É uma amiga.

— Laila Vidal. — Apresso-me em me apresentar, com a mão estendida e ele me cumprimenta, fracamente. — É um imensurável prazer o conhecer, senhor Lundgren.

— O prazer é meu, senhorita Vidal. E pode me chamar de Casper. — Seu sorriso é débil e eu sinto meu coração trincar.

— Como desejar. — Dou um imenso, o que o faz querer ampliar o dele ainda mais. — Como se sente? — Beijo o dorso da sua mão.

— Melhor, querida, obrigado por perguntar e você?

— Muito bem, obrigada. — Eu olho o loiro e percebo que ele está mais aliviado agora. — Pode pegar um suco de laranja para mim, por favor?

— Claro. — Damon sorri e sai, fechando a porta.

— Eu espero que o senhor não se importe, mas eu vim para levar o seu neto para casa.

— Eu espero que você obtenha resultado. — Casper coloca uma mão sobre a minha, que ainda segura a sua. — Eu estou tão preocupado com ele aqui. Já basta não estar com a namorada que ele tanto ama.

— Pode apostar que ele vai embora hoje. Damon precisa descansar e o senhor também. Valerie ficou de ligar para alguém vir substituí-lo.

— Eu agradeço, filha. — Casper estica a mão levemente trêmula e afaga o meu rosto. Eu sinto meus olhos marejarem diante de tanto carinho por mim, que acabo de chegar em sua vida.

— É o mínimo. Eu adoro o seu neto. Ele é um homem maravilhoso.

— Por favor, cuide dele. Eu sei que não deveria lhe encarregar, mas, assim que ele e Emi voltarem, passe essa tarefa para ela, por favor.

— Eu dou a minha palavra, senhor. — Beijo sua testa.

— Aqui está — diz Damon.

Eu me arrumo e pego o copo de suco de laranja.

— Como se sente? — Eu o olho e bebo um pouco.

— Um pouco cansado, mas eu estou bem. — Seu sorriso deixa muito claro o estado dele.

— Podemos conversar um pouco?

— Eu não quero deixar o vovô sozinho.

— Prometo que serei breve.

Damon hesita e olha o avô.

— Vá, filho. — O mais velho incentiva.

— Eu não demoro. — Damon boceja e então saímos do quarto.

— Já se olhou no espelho? — Eu questiono, assim que ele fecha a porta atrás de si.

— Estou evitando fazer isso desde que cheguei. — Ele cruza os braços, cansado.

— É o seguinte: ou você vai para casa comigo agora ou eu volto para Londres.

— O quê? Laila, não faz isso comigo, por favor.

— Eu não tenho escolha, Damon. Seu avô está preocupado com você. É isso que você quer?

— Não.

— Então, vamos para o seu apartamento, porque se eu tiver que dormir sozinha ali, eu nem vou.

Damon solta um grunhido e eu vejo Valerie se aproximar e ele olha por sobre o ombro.

— Claire estará vindo até as três — diz, prontamente.

— Você armou para mim? — Ele me olha.

— Se não quiser que eu fique, posso voltar sem problema algum. — Ergo a guarda e ele suspira.

— Está bem, mas eu volto amanhã.

— Depois do jantar. Tudo bem.

— Você é uma garota muito malvada. — Damon fecha a cara e eu dou de ombros.

— Novo adjetivo adicionado com sucesso — digo, automaticamente.

— Eu vou sair daqui para ir assinar a compra do novo haras e então iremos para casa.

— Como desejar.

***

Eu estou impressionada com a facilidade com a qual eu obtive resultado com Damon. Sinceramente, eu acho que ele cedeu mais pelo cansaço físico e mental mesmo, já que não dormiu bem enquanto esteve aqui e o fato de eu ter lhe dado um ultimato foi a gota d’água para que ele cedesse. Já nos despedimos do senhor Lundgren e eu gostaria de ficar no lugar de Damon, porém, somente quem é da família que pode. A tal Claire não demora a chegar. E muito menos a me deixar boquiaberta. Que mulher divina. Eu queria ser como ela, que, mesmo usando somente jeans skinny preta, uma camisa levemente folgada cinza grafite e sandálias rasteiras, arranca suspiros de todos que estão no corredor enquanto ela se aproxima, com óculos escuros, numa postura impecável.

Eu preciso ser discreta ao secar a baba no canto dos lábios, a fim de não deixar tão claro e sorrio para ela, querendo parecer à vontade diante da sua presença.

— Finalmente apareceu alguém para enfiar um pouco de juízo nessa sua cabeça — ela diz, o que faz o homem ao meu lado bufar.

— Não começa, Claire.

A morena ergue os óculos e me olha da cabeça aos pés e eu resisto à vontade de me deitar no chão, em posição fetal, com o dedo na boca. Eu estou de minissaia preta, com a barra desfiada e cintura média, uma camisa branca de botão e estampa de âncoras azul marinho e tênis, além da minha bolsa da Louis Vuitton.

— E você é? — Ela retira os óculos e coloca no decote da camisa.

— Laila Vidal. — Estendo a mão e ela me cumprimenta. — Amiga do Damon.

— Claire Lundgren. Prima.

— É um grande prazer a conhecer.

— Igualmente. Foi você quem conseguiu o convencer?

— Sim.

— Parabéns pelo trabalho. Somos mais de cinquenta e nenhum de nós obteve resultado com esse teimoso. — Ela o olha. — Nem mesmo a mulher da vida dele conseguiu.

— Vocês não tinham que ter enfiado Emily nessa. — Damon fecha a cara.

— Vai descansar. Quando eu quiser, você volta. Tchau, Laila.

— Tchau, Claire. — Aceno e dou um pequeno sorriso.

Afastamo-nos, com Valerie em nosso calcanhar, de guarda alta. Eu pude ver o quanto ela se preocupa com o homenzarrão ao meu lado. No estacionamento do hospital, entramos no carro e ele pede a Jamal que nos leve ao haras que vai comprar.

— Você está bem? — Valerie questiona, quando já estamos no tráfego.

— Como posso estar bem, Val? Eu tenho medo de vovô não resistir.

— Ei, vai ficar tudo bem. — Afago seu braço.

— Eu não consigo ser tão otimista assim. Vovô parece tão cansado, segurando somente mais algumas horas. Vovó apareceu mais cedo. Chorou demais. Eu quase desidratei.

Eu teria rido se a situação não fosse preocupante.

— Desculpe tê-lo tirado daquela forma do hospital — murmuro.

— Não, Laila, não precisa pedir desculpas. — Damon segura em minha mão e beija o dorso. — Você só me fez enxergar que eu estou precisando descansar, até porque, eu ainda estou sob o efeito do jet lag.

Eu bufo.

— Nem me fala nesse bendito.

— E Elena?

— Ela me ligou durante meu voo. Disse que o sogro está melhor.

— Que bom.

— Quer dizer que você vai comprar mais um haras?

— É. A quantidade de pessoas que está solicitando uma vaga no meu me obrigou a fazer. Eu não imaginei que fosse acontecer.

— Não acha que vai ser mais responsabilidade?

— Não. Porque eu me desfiz de algumas sociedades em Londres, então ainda estou dentro do aceitável para me manter saudável.

— Por que não vai primeiro para casa?

— Porque eu falei com o senhor Robson que viria hoje.

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Ficamos em silêncio por um tempo e eu observo a paisagem. Que lugar fabuloso. Eu só não vou comentar qual é o problema, no meu ponto de vista, para não ser deportada. Felizmente eu não tive problemas para entrar, se tratando do fato de que eu estou sob a custódia de dois grandes nomes de Londres.

Diante de uma porteira de madeira, Jamal estaciona o carro e sai, abrindo a porta para mim. Eu agradeço e caminho ao lado de Damon, que abre a porteira e gesticula para eu entre, sendo seguida por ele. Vamos em direção à uma casa, eu acho e quando entramos, eu me deparo com uma recepção. O local não está tão bonito e me parece bem velho. Eu sei que não entendo nada sobre isso, mas é bem visível.

— Boa tarde, senhor Lundgren. — A mulher de cabelos crespos e pele negra atrás da mesa sorri, convidativa. — Senhorita.

— Boa tarde. — Dou um pequeno sorriso.

— Boa tarde, Lysa. O senhor Robson está?

— Ele o aguarda.

— Obrigado.

Continuamos por um corredor até uma porta à direita e Damon gesticula para que eu entre após abrir. Eu entro e encontro dois homens, cada um de um lado da mesa. Eu olho ao redor, encontrando algumas fotografias espalhadas de maneira aleatória, mas a maioria tem cavalos.

— Senhor Lundgren. — O mais velho se coloca de pé e estende a mão para Damon, que se encaminha até a mesa para o cumprimentar.

— Como vai, senhor Robson?

— Bem, obrigado e o senhor?

Eu sinto um par de olhos em mim e encontro o homem mais novo me fitando. Eu me mantenho inexpressiva.

— Também, obrigado. E então, o que decidiu? — Damon cruza os braços.

Ele está de camisa preta, jeans escura e os cabelos dourados bagunçados. Eu tento não olhar para a sua bunda, porque o ambiente não me permite tal coisa. O problema é que ela é tão atrativa...

Laila! Eu me repreendo internamente e tento não me perder em devaneios. As vozes graves se tornam fundo e eu olho a hora no relógio em meu pulso. Quase cinco da tarde. O que me desperta é o som de duas batidas contra a porta e Damon abre.

— Desculpem a demora — diz uma mulher, de cabelos castanhos e olhos azuis.

Eu seguro o queixo. Qual é? Só tem mulheres lindas por aqui? Ela se aproxima da mesa e cumprimenta os outros dois homens. Ela usa um terninho preto, com camisa interna bordô e está com os cabelos presos num coque. O outro homem levanta para que ela e Damon sentem e antes de ele se aproximar de mim, meu smartphone toca.

— Com licença. — Peço, sem graça e o pego, encontrando o nome do Harry. — Damon, é o Harry. Vou atender lá fora.

— Certo.

Eu saio da sala, deslizo a tela e atendo.

— Oi. — Meu tom de voz soa derretido.

Boa noite, meu doce.

— Boa tarde. Quase noite. — Afasto-me um pouco da porta.

Droga. Eu esqueci da diferença de horário.

— O que faz acordado a essa hora? — Questiono, depois de fazer um cálculo rápido e me dar conta de que é quase meia noite em Londres.

Eu estava trabalhando aqui e jamais poderia dormir sem te desejar boa noite. Eu sinto tanto a sua falta.

— Eu também estou com muita saudade de você. — Meu tom soa derretido outra vez.

O que está fazendo?

— Vim com Damon a um haras que eu acho que ele vai comprar. — Eu me abraço. — Parece que o original está lotado e as pessoas estão querendo contratar.

Eu entendo. E como ele está?

— Exausto, aparentemente. Desde que chegou, na terça-feira, estava no hospital com o avô. O senhor Lundgren teve uma parada cardíaca ontem. Não foi fácil tirar o Damon de lá.

Eu imagino.

— Vá dormir. Está tarde demais e eu não quero que fique cansado.

E como vamos nos falar amanhã?

— Eu te ligo, amor. Não se preocupe.

Assim que acordar?

— Olha, eu nem sei de que horas vou dormir por causa do jet lag. — Mordo o lábio inferior e Harry bufa.

Que droga, hein?

— Sim. Desculpe-me.

Ei, meu doce, não precisa se desculpar. Damon estava precisando de alguém tão maravilhoso ao seu lado e não vejo pessoa melhor do que você.

— Eu já disse que te amo?

Hoje, não.

— Eu te amo. Muito.

Eu também te amo, meu doce. Bem, agora eu vou dormir.

Eu bocejo.

— Durma bem.

Você também, quando for.

Encerro a chamada e suspiro. Viro-me e dou um gritinho ao ver o homem que estava dentro da sala, me fitando.

— Quer me matar de susto? — Levo a mão ao peito.

— Desculpe. Eu não tive a intenção.

— Tudo bem. — Enfio o aparelho na bolsa e me aproximo da porta, o que resulta numa aproximação dele também. Abro e encontro Damon de pé, cumprimentando o outro homem.

— Muito obrigado, senhor Robson — diz o loiro.

— Sucesso para o senhor.

— Obrigado. — Damon e a mulher se aproximam e eu fico aliviada. — Camila, essa é a minha amiga, Laila. Lalinha, essa é minha advogada.

— Camila Roberts. — Ela me estende a mão.

— Laila Vidal. — Cumprimento-a.

— Seja muito bem-vinda.

— Obrigada.

Caminhamos em direção à saída e eles dois conversam sobre o negócio que fecharam.

— Assim que ele me mandar os documentos, eu te aviso — diz ela, altamente profissional.

— Obrigado, Camila.

— Sempre que precisar. — Ela me olha. — Até mais, Laila.

— Até. — Aceno e Camila vai até um SUV impressionante.

— Sabe o filme: Advogado do Diabo? Foi o título dela.

Eu rio.

— Para com isso. Você é um homem maravilhoso.

Vamos até o seu carro, um sedã preto e saímos do haras.

— Vamos dar uma passada breve no BRH e depois vamos para casa. Que tal irmos jantar no TRH? Eu aproveito para ver como estão as coisas.

— Se for para você trabalhar, eu dispenso conhecer seu restaurante.

— Boa, Laila. — Valerie apoia.

— Então jantamos em casa mesmo e amanhã saímos.

— Certo.

Não demoramos a parar num haras muito mais bonito. Acima da porteira de madeira está o nome: Brown Roadster Haras, com o logotipo e as cores são muito bonitas. Jamal estaciona outra vez e abre a porta para mim. Damon logo gesticula para que eu o acompanhe.

— Esse é o prédio principal — diz, orgulhoso. — Aqui é a recepção. — Ele indica as meninas e as cumprimenta. Vamos por um corredor e ele indica as portas como enfermaria, sala da contabilidade e do diretor ao fim do corredor. — Boa tarde, Bonnie.

— Boa tarde, Damon. — Ela sorri. — Senhorita.

— Boa tarde. — Sorrio igualmente.

— Paul? — Ele questiona.

— Está numa ligação. Mais alguém solicitando vaga. — Bonnie encolhe os ombros e ele suspira.

— Obrigado. — Damon abre a porta e gesticula para mim.

Eu entro e encontro um homem de cabelos castanhos e muito bonito por sinal, apertando a ponte do nariz, enquanto segura o telefone com a ajuda do ombro e anota algo. Ele logo pega o aparelho e desliga.

— Diz para mim que você conseguiu comprar. — Ele se coloca de pé e Damon ri.

— Relaxa, cunhado. Tudo vai ser resolvido amanhã e segunda-feira começamos a reforma do outro.

— Eu poderia te dar um beijo agora mesmo.

— Sua mulher é ciumenta.

— E quem é essa jovem tão bonita? — Ele me olha.

— Laila Vidal. — Estendo a mão.

— É um prazer, senhorita Vidal. Sou Paul Green. — Ele me cumprimenta.

— O prazer é meu. — Dou um pequeno sorriso.

— Kate?

— Deve estar vindo. Disse que ia dar uma passada na loja de cupcakes e me pediu para levar Summer para casa.

— Certo. Eu vou somente esperar a minha loirinha chegar e irei embora.

— Eu pensei que não fosse sair nunca daquele hospital.

— Fui obrigado.

— Eu não lhe obriguei — digo, quando me dou conta da culpa caindo sobre meus ombros. — Eu até dei opção.

— Claro. — Damon ironiza e ri.

A porta é aberta.

— Pai! — Exclama uma voz infantil e eu olho por sobre o ombro, encontrando uma loirinha de olhos azuis. — Que bom que você saiu do hospital.

— Oi, amor. — Damon a pega nos braços quando ela se aproxima o suficiente.

— A Laila conseguiu essa façanha — diz Paul.

— A peixinha? — Ela me olha, com os olhos brilhando de felicidade. — Muito obrigada, Laila. Ouvi muito a seu respeito.

— E eu ao seu, loirinha. — Eu sorrio.

— Sou Summer Eisinger. — Ela me estende a mão.

— Laila Vidal. — Eu a cumprimento.

— Você é tão linda.

— Eu pedi para você não sair correndo — diz uma voz feminina e eu olho na direção. — Damon! Conseguiram tirar você do hospital, irmãozinho?

A loira tem os cabelos curtos, os olhos igualmente azuis como os dos outros dois loiros presentes e uma discretíssima barriga de grávida, julgo eu.

— A peixinha conseguiu — diz Summer e eu rio.

— Você é? — A mais velha ergue uma sobrancelha.

— Laila Vidal. — Estendo a mão e ela me cumprimenta.

— Katherine Lundgren, mas pode me chamar de Kate.

— É um prazer. Você é tão linda.

— Você também é. — Ela sorri docemente para mim e vai até o Paul. — Oi. — Dando um beijinho nele.

— Oi. Como estamos? — Ele afaga a barriga e ela suspira.

— Tive um enjoo infernal. Pensei que fosse virar do avesso de tanto que eu vomitei.

Eu controlo a vontade de rir. Não da desgraça dela, mas pelo exagero. O irmão, por outro lado, gargalha abertamente.

— Você não ficou assim da Summer — diz ele, depois da crise de riso.

— Pois é. — Kate faz uma careta. — Inferno de vida.

— Amanhã eu vou ao TRH com a Laila. Hoje vamos comer em casa mesmo e dormir.

— Certo. Eu não sei se vou preparar, porque tem coisas que me deixam enjoadíssima somente em sentir o cheiro. — Ela fecha a cara. — Bom descanso para vocês.

— Obrigada. — Dou um pequeno sorriso.

Damon se despede da família, eu somente aceno e então saímos.

— Depois eu te mostro tudo por aqui.

— Não tenha pressa. Eu ainda não sei quando volto.

— Dentro de uma semana, pelo menos.

Eu o olho, boquiaberta e ele sorri e me dá uma piscadela.

— Se você me aguentar até lá, tudo bem.

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— Que grande sacrifício. — Ele ironiza.