Oposto Complementar

Capítulo 27


Eu não poderia ter um fim de noite mais agradável do que o que eu tive. Após o jantar, Damon e eu viemos caminhando, conversando sobre Emily e ele e quando eu cheguei, só tive tempo de trocar de roupa e caí na cama. Devo admitir que fiquei surpresa com o fato de não ter encontrado Harry em lugar algum. Talvez ele tenha percebido que o clima entre nós dois não estava muito bom. O que demorou para acontecer. E devo admitir igualmente que fiquei triste por tal coisa. Talvez ele tenha saído com a namorada. De qualquer maneira, eu tive uma noite de sono maravilhosa.

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Agora, eu estou debaixo do chuveiro de água morna, retirando o condicionador, louca para tomar o meu banho, me vestir e ir para o estúdio, finalizar a tatuagem. Quando finalizo o banho, eu visto o roupão, enrolo os cabelos na toalha e saio, parando no closet. Eu pego um cropped preto, justo e de manguinhas, uma calça de cintura alta, de mesma cor e justa e um conjunto de lingerie vermelho, e fecho a porta, diante da possibilidade de Harry aparecer aqui. Visto-me, volto ao banheiro, onde eu seco os meus cabelos e ao fim, os prendo num coque. Calço um par de chinelos e saio do quarto.

O toque da campainha me faz franzir o cenho e eu vou até a porta e a abro. Encontro um imenso ramalhete de tulipas vermelhas, as mais lindas que já vi na vida e eu as pego de imediato, sem me importar com o fato de que podem estar na porta errada e enfio o nariz, me deleitando com o delicioso cheiro.

— Perdoa-me? — Questiona Harry e eu o olho, o encontrando completamente de preto e eu prendo a respiração. — Eu fui um completo idiota com você nesses últimos dias e não estou nada contente com o fato de estarmos separados dessa forma.

— Harry, você sabe que eu te amo. Muito. Quase tanto quanto a mim mesma. — Eu me afasto, indo procurar alguma coisa para colocar as flores. — Eu só não posso permitir que fique se afastando e aproximando quando bem entende. — Eu o olho. — Não cruzei o oceano para me passar por uma situação assim. Eu posso ser lunática, me perder em devaneios sempre, mas eu quero proteger o meu coração de todo e qualquer imprevisto como esse.

— Eu também te amo. Tanto quanto a mim. Ou talvez mais. Por isso eu estou te pedindo perdão. Por mais que eu não me ache merecedor, eu quero ficar bem com você. E eu sinto muito a sua falta.

— Não vai adiantar você me pedir perdão e dentro de segundos, agir como se isso não tivesse feito diferença na sua vida. — Coloco as flores sobre a bancada. — Então, se suas palavras são verdadeiras, as faça valer o trabalho que se deu vindo aqui.

Harry se aproxima e me abraça, enfiando o nariz em meus cabelos. Eu retribuo, cansada dessa distância entre nós e o aperto em meus braços.

— Eu não quero ter que me afastar de você, Laila. — Ele faz somente o suficiente para me olhar nos olhos. — Eu prometo que vou fazer as palavras valerem a pena.

— Eu te perdoo. — Seguro seu rosto em mãos e beijo sua bochecha. — Agora, me deixa ver um jeito de manter essas flores vivas por mais um tempo. — Afasto-me.

— Eu vou cuidar do café da manhã.

***

— Que tal fazermos maratona mais tarde? — Sugere Harry e eu o olho.

— Que série vamos ver?

— Eu pensei em 13 Reasons Why.

— Nem. — Faço uma careta e saio do elevador no térreo do nosso prédio. — Essa coisa de suicídio não me agrada. E eu soube que a Netflix meio que romantizou isso. De acordo com a ONU, isso é proibido. — Vou em direção ao seu carro.

— Certo. — Harry desativa o alarme. — Terminamos Luke Cage. — Ele abre a porta do carona para mim e eu entro e agradeço. Coloco o cinto e o espero. — Jessica Jones. — Ele entra e coloca o cinto. — E Demolidor. Que tal vermos Punho de Ferro? Continuamos no universo da Marvel. — Harry dá a partida e guia o carro em direção ao portão automático.

— É. Veremos lá em casa ou na sua? — Eu o olho.

— Lá em casa. Você faz a pipoca.

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— Abusado. — Semicerro os olhos e ele ri.

— Como foi a noite ontem com Damon?

— Maravilhosa. Ele é incrível demais. E me divertiu muito.

— Que bom.

— Droga! — Praguejo ao lembrar da continuação da tatuagem. — Hã, eu preciso que me deixe na próxima esquina.

— O que houve? Não vai trabalhar hoje?

— Agora pela manhã, não. Tenho que cuidar de uma coisa.

— Que coisa? Desde quando temos mistério um com o outro?

— No tempo certo você vai saber.

Harry guia o carro para o acostamento e para. Beijo sua bochecha.

— Ligue-me caso tenha algum imprevisto — diz, enquanto eu retiro o cinto.

— Pode deixar. — Saio do carro antes que ele fale mais alguma coisa, arrumo a jaqueta e me apresso a gesticular para o primeiro táxi.

A minha sorte é que ele tem uma reunião de grande importância essa manhã, então eu não o terei em meu calcanhar. Conheço Harry bem o suficiente para saber que ele seria capaz de me seguir. Dou o endereço do estúdio de tatuagem e me recosto, esperando que essa seja a última parte do martírio.

***

— Que maravilha é ver vocês dois assim — diz Eleanor, se colocando de pé e vindo até nós dois, que estamos de mãos dadas. — Ai que felicidade imensurável. — E ela nos abraça.

— Oi, mãe — Harry diz.

— Como estão? Entenderam-se? — Ela se afasta a beija minha testa.

— Estamos bem, não é? — Eu o olho e ele concorda e beija a minha cabeça.

— Perfeitamente bem.

— Já não era sem tempo — diz papai e eu o olho por sobre o ombro. — Eu não estava suportando ver vocês daquele jeito.

Cumprimentamo-nos e sentamos à mesa. O garçom se aproxima e nos oferece os cardápios.

— Terminou o trabalho? — Mamãe questiona e eu concordo.

— Ficou perfeito.

— Sabe que eu preciso dar meu aval, não é?

— Sem dúvidas.

— Do que estão falando? — George questiona e eu o olho.

— Sexta-feira você saberá, querido — diz mamãe, por mim e eu concordo.

— Vai me deixar curioso até lá? — Ele franze o cenho e eu concordo novamente.

— Exatamente. A ideia é justamente essa.

— Harry, querido, já encontrou sua roupa para o coquetel?

— Eu uso qualquer coisa, mãe — diz ele, olhando o cardápio.

— Como? — Eleanor ergue as sobrancelhas.

— Eu vou ver algo assim que sair da empresa, está bem? — Ele a olha. — Prometo. Laila vai comigo para garantir.

— E onde está a Olivia? — Ela muda de assunto.

— Eu não sei. — E volta a olhar o cardápio.

Mamãe pede para nós duas, e dessa vez, eu observo o que ela pediu, sorrindo ao perceber que não tem pimentão ou anchovas. Para a minha felicidade. Olho ao redor e vejo a mesa dos três poderosos, enquanto eles conversam animadamente. É bom ver o Damon mais à vontade. A vez em que ele esteve aqui, na semana da conferência, ele estava tenso e visivelmente incomodado com algo. Eu vi o trecho de uma matéria que falava que ele fora noivo da Lily Thomas, herdeira dos negócios Thomas, um dos dez maiores daqui, e o relacionamento chegou ao fim porque ela o traiu. Como alguém pode trair um homem desses?

Damon não é apenas lindo. É muito inteligente, divertido, tem uma risada impossível de não querer acompanhar além de um sorriso de tirar o fôlego de qualquer mulher, e eu não estou imune de maneira alguma. Ainda não sei o motivo de ele e Emily terem terminado, mas seja qual for, eu continuo shippando muito os dois. E torço para que tudo dê certo, no fim das contas.

***

— Como eu estou? — Harry se vira para mim e eu seguro o queixo.

Eu jamais imaginei que fosse sentir tanta saudade dele. E que ele ficaria tão gostoso usando um smoking, apesar de ser um modelo simples. O que me tira o fôlego é ele estar com os cabelos compridos bagunçados, depois de um dia de trabalho tão cheio, a barba por fazer complica ainda mais e o tom de preto lhe cai tão bem que deveria ser pecado. E Harry realmente é o meu pecado.

— Maravilhoso — digo, depois de me situar. — Dá uma voltinha. — Gesticulo e ele faz. — Sob medida. Vai precisar de algum ajuste? — Olho para o alfaiate, querendo me manter sã.

— Um pouco. — Ele indica onde, precisamente e ao fim, Harry retira a peça.

Ele não deveria ter tanto efeito sobre mim dessa forma. E a estabilidade mental se vai quando ele passa a mão pelos fios compridos. É um fim de tarde ameno e tudo o que eu quero é tomar um banho, comer alguma besteira e me permitir desfrutar um pouco da companhia do Harry.

Entramos no carro e ele dá a partida, pegando o trajeto para o nosso prédio.

— O que você e mamãe estão aprontando? — Harry questiona, de repente.

— Aprontando? — Eu o olho. — Acha que eu tenho idade para essas coisas?

Harry ri e é como se eu estivesse ouvindo a melodia pela primeira vez e eu sorrio de imediato, balançando a cabeça em negativa.

— Você sequer tem duas décadas, meu doce.

— Senti falta disso, sabia?

— Disso o quê? — Ele me olha rapidamente.

— Você me chamando assim.

Harry segura a minha mão e beija o dorso.

— Desculpe pela distância.

— Tudo bem. Você já se desculpou. — Afago o dorso da sua. — São águas passadas e elas não movem moinhos.

— Tem razão.

Ele não demora a estacionar e eu saio do carro.

— Vamos jantar antes da maratona?

— Por que não pedimos pizza? — Harry sugere, enquanto vamos em direção ao elevador.

— A noite das guloseimas? — Eu o olho e ele concorda.

— Exatamente. Pizza e depois, pipoca e brigadeiro.

— Certo. — Eu entro na cabine após ele gesticular. — Eu vou somente tomar banho e depois me encaminho para o seu apartamento.

— Tudo bem.

— Eu não consigo acreditar que o ator é o Finn Jones. — Eu saio.

— É. — Harry vem em minha cola. — Ele fez o Loras Tyrell em Game Of Thrones.

— Acredita que eu ainda não vi?

Game Of Thrones?

— Sim.

— Em que planeta você vive?

— Na Terra. Eu só disse a mim mesma que só veria depois que lesse a saga.

— Sabe que os criadores da série não seguiram nada à risca, não é?

— Claro que sei. Assim você me ofende. — Fecho a cara.

— Desculpe, meu doce. — Harry beija a minha testa.

— Eu só queria ler os livros antes.

— E por que ainda não leu?

— Porque eu não tenho. E não comprei nenhum livro ainda. Os que eu trouxe do Rio são de autores nacionais.

— E são bons?

— Claro que sim. A maioria é mulher e todos escrevem muito bem, além de terem as idades próximas à minha.

— Podemos comprar a saga GoT.

— Eu bem que gostaria, mas ainda não achei o presente da mamãe e o aniversário dela é amanhã. — Solto um muxoxo.

— Podemos resolver isso amanhã. Chegaremos um pouco mais tarde na empresa, mas só iremos trabalhar quando encontrarmos algo à altura da mamãe.

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— Promete?

— Pela minha vida. — Eu ganho outro beijo na testa. — Agora, vá tomar o seu banho e eu vou pedir a pizza.

— Até breve. — Beijo sua bochecha e me apresso ao meu apartamento.

Eu tranco a porta, corro escada acima e entro no meu quarto, me despindo de imediato. Entro no banheiro de chinelos, me coloco sob a cascata de água morna e tomo o banho. Ao fim, procuro por algo que não revele a minha tatuagem antes da hora. Pego um body preto e de costas nuas, um short jeans claro, de cintura alta e uma calcinha. Visto, prendo os cabelos num rabo de cavalo e calço outro chinelo.

Saio pego meu smartphone da bolsa, coloco no bolso e saio do quarto e apartamento. Vou ao do meu vizinho e toco a campainha.

— Não sei porque você ainda faz isso — diz, assim que abre a porta.

— Já pensou que eu posso ser educada?

— Já pensou em usar a chave que eu te dei?

— Fiquei com preguiça de pegar. — Faço uma careta e entro.

A imensa televisão já está conectada na Netflix, com a opção de ver Punho de Ferro aberta. Eu vejo duas caixas de pizza sobre a mesinha de centro e vou de imediato ao sofá, me sentando e pegando uma de frango com catupiry.

— Ainda bem que eu não preciso mais dizer para você ficar à vontade. — Harry fecha a porta e se aproxima.

— Ainda bem. — Eu mordo e me deleito com uma das melhores pizzas que provei na vida. Se não a melhor. — Essa é a melhor pizza do mundo.

— Não é, não. Já provou a minha?

Reviro os olhos.

— Desculpa se feri o seu ego. Coloca logo play nisso.

Harry senta ao meu lado e faz o que eu mandei.

Depois de oito episódios, eu já estou tombando de sono, e só não caí ainda porque estou recostada contra o peito do Harry, com ele fazendo carinho no meu antebraço. E é justamente isso que está me deixando sonolenta.

— Mas que porra é essa?

O tom de voz alterado da Olivia nos assusta e Harry e eu olhamos para a porta, onde a encontramos furiosa.

— O quê? — Ele questiona.

— Eu passo um dia ocupada e você se joga nos braços dessa vagabunda?

— Eu sou a vagabunda? — Ergo as sobrancelhas, surpresa.

— Não se faça de sonsa, sua vadia. — Olivia vem em nossa direção e ela me puxa pelo braço, me arranhando.

— Ai, Olivia, você está me machucando. — Eu tento me soltar, mas ela as enfia ainda mais na minha pele.

— Tire sua mão da Laila e retire já o que disse. — O tom de voz do Harry me causa calafrios e eu me desvencilho da negra furiosa.

— Harry e eu não fizemos nada de mais. — Tento me defender e olho o machucado do meu braço. — Eu não cruzei o oceano para passar por algo desse tipo. Com licença. — Vou em direção à porta.

— Já vai tarde, vadia.

— Olivia, peça desculpas a Laila.

Eu simplesmente saio do apartamento, volto ao meu e me tranco, deixando a chave na fechadura somente para que Harry não venha atrás de mim. Eu permito que as lágrimas escorram, frustrada e decepcionada diante de tanta humilhação. Eu nunca passei por isso na minha vida e, definitivamente, não vim ao mundo para passar por outra dessa.