Oposto Complementar

Capítulo 25


Mesmo tendo marcado de sair com a Olivia, claro que Harry ficou de tocaia em mim. E é claro que eu lhe provoquei ao máximo. Nathan parecia estar ciente de que não ia rolar nada entre nós dois, mas isso não o proibiu de se juntar a mim no jogo de provocações. E eu cheguei a aproximar nossos rostos perigosamente, chegando a sentir o hálito quente do homenzarrão lindo e gostoso contra meu rosto. O que me fez salivar e desejar um beijo seu com muita, mas muita vontade mesmo. Entretanto, eu me mantive firme.

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Quando cheguei em casa, eu peguei logo uma garrafa de meio litro de água gelada e subi com ela, bebendo absolutamente tudo antes de cair no sono. A última coisa que eu tenho querido é enxaqueca pela manhã. Ainda mais num domingo, quando tem chance de eu ir almoçar com os Carter.

Eu bocejo, viro de lado e grito a plenos pulmões ao ver Harry recostado contra o batente da porta, com os braços cruzados na altura do peito, os cabelos molhados e a cara de quem não dormiu. Puxo o cobertor para esconder a minha nudez e coro só de pensar na possibilidade de ele ter visto alguma parte do meu corpo que não deveria, apesar de minha alma garantir que não houve chance alguma.

— Quer me matar? — Eu sento, segurando firme o cobertor. — Porra, Harry!

— Pensou que fosse o Nathan?

— Pensei que estivesse sozinha. — Inspiro fundo. — Não foi para isso que eu te dei a chave. Para me matar de susto.

— Você estava soltando suspiros quando eu cheguei. — Ele passa a mão pelos cabelos e eu tento parecer imune a esse gesto. — Estava pensando nele?

— Nas oportunidades que deixei passar de o beijar.

— Você sabe que ele tem vinte e oito anos, não é?

— E?

— Idade para ser seu irmão mais velho.

— E? Pode me dar licença? Eu preciso vestir algo.

— Você dormiu pelada?

— É. Sensação maravilhosa. — Sorrio. — E eu não me importo nem um pouco com o fato de Nathan ter idade para ser meu irmão. Ele não é. Então, basta querer para acontecer. — Dou uma piscadela.

Harry simplesmente sai do quarto, fechando a porta. Eu levanto, pelada mesmo e vou ao closet, ciente de que ele já deve estar na sala, me esperando. Visto uma camiseta dois números maiores do que o meu e um short curto, de tecido leve. É primavera. Prendo os cabelos num coque, lavo o meu rosto, calço chinelos e saio do quarto.

E, como previsto, lá está ele, de cara fechada.

— Chegou de que horas?

— Vem cá. Você não deveria estar com a sua namorada? O que faz aqui?

— Vim ver você.

— Não precisa se preocupar comigo.

A campainha ecoa e eu me apresso a atender. Deparo-me com Nathan, deliciosamente gostoso, com um meio sorriso cafajeste de molhar a calcinha. Ele usa uma camisa cinza mescla, de mangas compridas, com gola redonda e botões, que estão abertos. Eu me coloco na ponta dos pés e o cumprimento com dois beijos, me deleitando com o seu perfume com toque de ervas.

— Bom dia.

— Bom dia. — Dou um sorriso tímido.

— Vim te buscar para tomar café da manhã lá em casa.

— Eu vou adorar. Deixa só eu pegar meu smartphone. Entra. Fica à vontade.

— Com licença. — Nathan entra e enfia as mãos nos bolsos dianteiros da jeans preta. — Harry.

— Nathan.

Eu subo a escada rapidamente e não demoro a descer. Saímos do apartamento, deixando o outro moreno sozinho. Caminhamos de braços dados até a escada e descemos só um lance. Entramos no primeiro e eu me surpreendo com a claridade, o que contrasta com o do Harry. A decoração, mesmo sendo industrial, é totalmente diferente de tudo o que eu já vi.

— Nossa! — Exclamo. — Aqui é lindo!

— A casa é sua. — Ele me guia um pouco mais para dentro. — Vem, vamos comer. Eu estou faminto.

***

Eu abro a porta do meu apartamento e o sorriso imenso que eu carregava, após uma refeição agradabilíssima com o Nathan, se esvai do meu rosto imediatamente. Harry continua aqui. Não é exatamente por ele ainda estar aqui, mas sim por parecer que ele não moveu um músculo. Eu entro, deixo a chave na fechadura e me sento na poltrona, a fim de me dar uns minutinhos de descanso, antes de ir trocar de roupa para ir almoçar com os Carter.

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— Como foi o café da manhã? — Ele me olha.

— Maravilhoso. — Eu me espreguiço. — Conversamos e nos divertimos demais.

O toque do meu smartphone impede que ele fale algo e eu o pego, encontrando o nome da minha mãe adotiva.

— Oi, mãe. — Atendo de imediato.

Oi, filha linda. Está disponível para um almoço?

— Com você e o papai, sempre.

O seu irmão está aí?

Eu sorrio maliciosamente e o olho.

— Irmãozinho, mamãe quer saber se você aceita almoçar lá.

— Primeiro: eu não sou o seu irmão. Então não me venha com esse seu humor, cheia de provocações, porque eu não estou para gracinhas.

— Não vem você descontar suas frustrações em mim, está bem? Eu não tenho nada a ver com você e seus problemas. — Volto à ligação. — Mãe, é melhor você saber com ele porque eu não quero estragar a manhã maravilhosa que tive.

Eu vou ter uma conversa séria com vocês dois quando chegarem aqui.

— Isto é, se ele for.

— Eu vou — diz, irritado.

— Problema seu. Mãe, mais tarde nos falamos. Tenho algo muito importante para te contar.

Certo, meu amor. Vejo vocês mais tarde. Beijos. Amo você.

— Beijos e eu também amo você. — Encerro a chamada e enfio o aparelho no bolso outra vez.

— O que você tem?

— Você quem veio com grosseria para o meu lado. — Eu levanto. — Estou dentro do meu apartamento. Não tenho que passar por algo assim. — E subo a escada, entrando no meu quarto e closet em seguida.

Eu pego um vestido de manguinhas, cinza mescla, na metade das coxas e justo, uma camisa de mangas compridas e botão jeans e tênis branco, separando para o almoço. Decido tomar um banho, a fim de relaxar, escovo os dentes e ao fim, eu me visto, aplico batom e rímel. Arrumo uma bolsa branca, de alça tiracolo, de couro, com meu smartphone, reprodutor de música, batom, carteira com documentos e dinheiro. Calço meus tênis, solto os cabelos e saio do quarto, com a toalha em mãos. Estendo na área de serviço.

— Aonde vai? — Harry questiona.

— Vou para a casa dos nossos pais. — Vou até a cozinha, onde eu bebo água.

— Não vai esperar por mim?

— Você teve tempo de se trocar. Não foi porque não quis. — Deixo o copo no escorredor.

— Eu vou de carro.

— Eu não me importo. — Vou até a porta, onde eu pego as minhas chaves. — Tenho dinheiro, posso pagar um táxi, tenho o endereço, ainda falo inglês e não estou louca. — Abro a porta e saio. — Tranca tudo, por favor. Se eu não estiver pedindo demais.

Eu fecho e vou até o elevador, o chamando. Harry sai do meu apartamento e eu não me dou ao trabalho de o olhar. Estou chegando ao meu limite com essa palhaçada toda. Entro assim que as portas se abrem e ele vai para o seu apartamento. Aperto o botão para o térreo, irritada.

Saio do prédio e caminho um pouco, rezando para que não chova. Gesticulo para o primeiro táxi e fico feliz quando ele para. Entro, dou o endereço da mansão Carter e me recosto. Pego meu iPod nano, cinza espacial, ligo e conecto os fones, colocando nas orelhas. Aperto o play, continuando com a playlist.

Eu observo a paisagem ao redor, perdida em devaneios. Quando o táxi para, eu pego a carteira, retiro o valor da corrida e saio, caminhando em direção à entrada. Cumprimento o pessoal da portaria, passo pelo portão de pedestres, guardando o iPod, e sigo até a porta, que é aberta pela Eleanor.

— Cadê o Harry? — Ela franze o cenho, me abraçando.

Eu retribuo.

— Estava estressado demais para me fazer companhia. Deixei-o para trás, vim de táxi e espero que isso não seja um problema.

— De maneira alguma, desde que se entendam. — Ellie me puxa para dentro. — Como foi o fim de semana?

— Maravilhoso. — Vamos, de mãos dadas, até o sofá. — Como você está?

— Bem, querida. — Sentamo-nos. — Eu só não estou gostando desse clima tenso entre você e o Harry.

— Desculpe. Ele tem sido um grosso comigo. Eu não vim a Londres para passar por esse tipo de coisa. Basta o que a minha família já me fez.

— Como você está?

— Ah, mãe, eu não sei. Eu não estou gostando do modo que Harry tem me tratado, sabe? Ele está tão arisco. Nós não éramos assim.

— Vamos, realmente, ter uma conversa.

— Lalinha. — George desce a escada. — Bom dia, querida.

— Bom dia, pai. — Eu levanto e vou até ele, o abraçando. — Como você está?

— Bem, e você? Eu não estou nem um pouco feliz de ver esse rostinho assim.

Suspiro.

— Estava justamente falando com mamãe sobre isso. — Volto para o sofá e me sento. — Mas, eu quero fazer uma pergunta a vocês.

— Faça. — George arregaça as mangas compridas da camisa e cruza os braços, diante de nós duas.

— Eu posso fazer uma tatuagem? — Olho dele para Ellie e eu observo as sobrancelhas dela se erguerem de imediato.

— Amor, precisa pedir aos seus pais.

— Vocês são meus pais. Os do Brasil... — Eu balanço a cabeça em negativa. — Eles nem se importam comigo. E eu temo mais decepcionar vocês do que a eles.

— O que pretende fazer? — George questiona.

— Um ramo de flor na lateral do seio. É um lugar discreto. E se eu não puder, avise.

— Por mim, não tem problema — diz ele. — Harry fez uma sem nos comunicar nada com antecedência. Agora, eu estou pensando no que seus pais vão pensar.

— Eu nunca prestei para eles. — Dou de ombros.

— Não diga assim, querida. — Ellie coloca o meu cabelo atrás da orelha.

— E você, me permite fazer a tatuagem?

— Claro que sim. Eu posso ir com você?

— Eu vou adorar! — Abraço-a. — Obrigada. Vocês são incríveis.

— Não precisa nos agradecer. — George afaga meus cabelos.

— Por favor, não contem ao Harry. — Afasto-me, a fim de os olhar.

— Nem se preocupe, querida. Isso cabe somente a você dizer.

— Desculpem a demora — diz ele, entrando. — Olivia apareceu lá em casa, quando eu estava saindo.

— Tanto faz — mamãe murmura e levanta, indo até ele. — Como você está, querido?

Eu me desligo deles, não me importando nem um pouco com o Harry e o fato de Olivia ter ido lá. Agora, só falta eu lembrar o nome do tatuador que fez o trabalho nele, para eu ir lá, fazer o orçamento. A imagem que Mia e eu encontramos é linda demais. Eu já anseio para saber como vai ficar. Estou ciente de que vai doer como o inferno, por se tratar de algo feito apenas sobre ossos, mas eu sei que vai ficar lindo.

— Não vai falar comigo? — Harry questiona e eu o olho.

Desgraçado. Eu sei muito bem o que você está querendo, Harry Carter, mas você não vai ter.

— Ah, você chegou. — Dou um sorriso sem expor meus dentes e o desfaço sem cerimônia. — Mãe, você já acertou tudo para o coquetel? — Eu a olho.

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— Não. Eu preciso da sua ajuda.

— Mesmo? — Ergo as sobrancelhas.

— Sim, amor. — Eleanor se aproxima. — Claro que sim. Você tem um excelente gosto e é minha filha.

Eu sorrio imensamente, enquanto percebo Harry sentar ao meu lado.

— Eu serei sua assistente.

— Eu vou adorar. O problema é que não achamos o seu vestido.

— Isso é o de menos. Ontem, eu falei com uma vizinha da Mia, dei o modelo que eu quero e ela disse que terminaria ainda essa semana.

— Eu achei que fosse querer algo da Louis Vuitton ou da Ellie Saab.

— Ah, eu não achei nada que me agradasse. Não que eles não trabalhem bem, eu só não quero algo que custe tão caro, porque eu ainda não encontrei seu presente. É nisso que eu não tenho limites para gastos.

— Sabe que não precisa se preocupar com meu presente. — Ellie senta ao meu lado.

— Sabe que não adiante me dizer que eu não preciso me preocupar, pois isso está me matando desde o dia em que eu soube do seu aniversário.

— Ah, Laila. O que eu faço com você e essa sua cabecinha? — Ela me abraça de lado e beija meus cabelos.

— Então, eu acho que vou pegar o vestido na sexta-feira pela manhã. É coisa simples, ela me garantiu que não demoraria muito tempo.

— E quanto custou? — George questiona, sentado na poltrona.

Eu hesito. O lado bom de ser pisciana desligada é que sempre que eu faço isso, significa que eu estou tentando lembrar.

— Ih, pai. — Faço uma careta. — Agora eu não lembro. Aconteceram tantas coisas de ontem para cá e você sabe que a minha mente é fraca.

— Não diga assim. — Ele me repreende.

— Mas você sabe que eu estou falando sério.

— Certo. Certo. Quando lembrar, me diga.

— O senhor não vai pagar.

— Quem disse que não?

Eu olho para Ellie.

— Nem me olhe. Vocês que são teimosos que se entendam. — Ela ergue as mãos.

— Pai, não. Eu estou trabalhando para ser uma pessoa independente.

— Mas você já é. Eu apenas quero lhe dar de presente.

— Eu já ganhei presentes demais de todos vocês. Chega por hoje e por enquanto. E por alguns meses.

— É o que vamos ver amanhã — diz mamãe e eu a olho.

— Não. Por Deus. Parem com isso e vamos logo focar no assunto principal: o coquetel.