Reciprocidade

Presente roubado.


Nami acordou com literalmente a tripulação inteira invadindo seu quarto para desejar-lhe feliz aniversário. Sanji preparara-lhe um café da manhã completo e entregou-o deixando claro que era a primeira das muitas refeições comemorativas que ela ainda receberia naquele dia. Robin e Usopp lhe prometeram um dia de princesa, eles juntaram-se para trabalhar em qualquer área de beleza que a ruiva quisesse. Zoro deixou uma garrafa de saquê com uma fita desajeitada sobre a cabeceira da cama junto com o presente de Chopper e deu-lhe os parabéns com um carinho na cabeça, não escondendo a real intenção de bagunçar seu cabelo. Franky aguardava do lado de fora do dormitório, porque não tinha espaço suficiente ali para ele e Brook lhe garantiu que não pediria para ver sua calcinha naquele dia. Luffy por fim apareceu envolvendo-a em um abraço sincero, sem antes dizer nada.

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A navegadora de início não o correspondeu, encarando assustada seus companheiros pelas costas dele. O menino então apertou o abraço e Nami o correspondeu enlaçando sua nuca, não mais acanhada. A tripulação os deixou sozinhos, Sanji saiu arrastado rangendo os dentes, mas sem ousar interromper aquele momento deles.

Ela não marcou o tempo exato, mas passaram minutos desde o primeiro contato deles. O abraço de seu capitão era quente, era confortável estar ali junto ao pulsar de seu coração, tão aconchegante que ela tinha os olhos fechados e o rosto encaixado entre a curva de seu pescoço. Nami não entendeu a princípio o significado daquilo, mas depois ocorreu-lhe que Luffy não tinha a entregado nenhum presente material.

Foi ele quem separou-se. A navegadora comprimiu os lábios sem graça e sem coragem de levantar o olhar, voltando ao recosto de seu travesseiro.

— Feliz aniversário, Nami. — Luffy sorriu ternamente e passou a revirar os bolsos sentado na cama. — Sei que não é muito, mas eu não tinha o que te dar.

A ruiva recebeu um saquinho pesado dele, cheio de moedas e algumas notas de berries amassadas. Ela então suspirou, lembrando que ainda lidava com seu capitão idiota.

— Você abriu seu cofre?

— Sim.

— Nós não tínhamos combinado que ele era uma reserva?

— Sim.

— Então por que você abriu?!

— Porque você ama dinheiro!

Nami pensou sobre aquela frase, ela pensou muito em poucos instantes. Entretanto, era seu aniversário e não fazia mal aproveitar-se um pouquinho da ingenuidade de Luffy.

— Eu amo mais você — disse séria, deixando-o atordoado com a resposta.

Quando ele entreabriu a boca para queixar-se, a navegadora o surpreendeu selando seus lábios nos dele. Dessa vez, Luffy não ficou somente na beirada da cama, Nami o puxou para cima dela. E desajeitado, o garoto levou algum tempo até ajeitar-se sobre a ruiva, mas em algum momento daquele primeiro beijo desastroso, eles ouviram Sanji cantarolar por perto e separaram-se bruscamente.

Nami levantou jogando o capitão de lado, com um leve rubor pelo rosto.

— Toma, leva isso daqui também. — Entregou-lhe o saco com as moedas de volta quando o viu saindo às pressas.

— Mas Nami...!

— Não preciso dessa merreca. Você já me deu seu presente. — Ela riu o chutando para fora do quarto.

Afinal, ela era a Gata Ladra, se quisesse algo, ela roubaria, mesmo que fosse o primeiro beijo de seu capitão.