Reciprocidade

Subconsciente.


O tilintar agudo do sino avisou que a porta fora aberta e antes que Nami pudesse fechá-la, uma senhora apareceu no balcão para lhe atender. Apesar de simples, a loja era bem ornamentada e as peças íntimas certamente faziam o gosto da navegadora. Havia mais alguns manequins além dos expostos na vitrine de fora e duas bancadas ocupavam o espaço central com calcinhas de diversas cores e estampas. Mais ao fundo ela avistou a seção de sutiãs, que era a principal razão da sua ida ao comércio da ilha naquela tarde.

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Instantes depois, o sino tornou a soar avisando que alguém entrara. Nami não se deu o trabalho de virar-se quando reconheceu a voz de Vivi desejando uma boa tarde à atendente. A princesa guiou-se até ela e passou juntamente a olhar as peças.

— Onde está o capitão? — Tirou um sutiã do cabide, colocando-o sobre o busto a fim de medir o tamanho.

— Ele ficou na barraca de comida ali do lado — falou sem prestar muita atenção. —, e disse que você veio comprar coisas chatas que não o interessam. Ele não quer ficar conosco.

— Era para ser somente nós duas, nem mesmo o Sanji-kun quis atrapalhar. Ele veio porque é um imbecil. — Lançou-lhe um revirar de olhos.

— A ilha é pequena e não tem muito além do vilarejo, duvido que ele consiga se meter em problemas. — Vivi segurou o queixo, comentando pensativa.

Nami só conseguiu rir em resposta, a herdeira de Alabasta estava a realmente pouco tempo com a tripulação para dizer algo inocente como aquilo. Luffy não apenas causava problemas, ele era o problema.

A ladra voltou sua atenção aos sutiãs, observando de soslaio Vivi se afastar. Ela decidiu olhar outro canto com peças aparentemente mais caras. Não trouxera muito dinheiro para gastar, além dos outros também precisarem de roupas, ainda haviam as despesas básicas do navio, ela como responsável pelas finanças tinha plena consciência do quão importante era economizar.

Seus passos preenchiam o espaço com o salto sobre o assoalho, a mão estendida permitia seus dedos roçarem o tecido dos sutiãs suspensos ao caminhar. Antes que terminasse a fileira, passou por um diferente de todos que vira, voltando um passo atrás para analisá-lo. Trabalhado em renda, o sutiã tinha alça espessa que lhe garantiria melhor sustentação, e era vermelho. Nami comprimiu os lábios por um instante, refletindo sobre o valor e no que acarretaria comprá-lo.

— Você gostou desse, Nami-san? — Vivi perguntou aproximando-se curiosa.

— Acho que sim.

— Experimenta! — disse empolgada juntando as palmas das mãos. — Você demorou para achar um.

Nami deu as costas para a princesa, dirigindo-se ao provador ainda duvidosa. A peça íntima era mesmo cara, mas ela poderia exigir um desconto caso gostasse.

— Esse sutiã te lembra o Luffy-san? — A princesa recostou-se à bancada de braços cruzados, certa de que ela a ouviria.

— O quê?! Não! — Pega de surpresa, Nami mal formulou o que contrapor além de uma clara reação indignada. — De onde você tirou isso? — Girou o tronco para encará-la enquanto entrava no trocador.

— Pela cor. — Vivi balançou os ombros descontraída, mas a navegadora não viu pelas cortinas já fechadas da cabine. — Tem tantos sutiãs aqui, você parecia não querer nenhum até encontrar um vermelho como o colete do capitão.

A ruiva não redarguiu. Tirou a blusinha e desfez o fecho do sutiã que usava em absoluto silêncio. Ocupava-se por inteira em questionar se o que a amiga dissera fazia algum sentido. Não saber a resposta era como ser traída pela própria mente, se ela houvesse de fato escolhido aquele sutiã somente pela cor semelhante ao seu capitão, então fora um ato inconsciente. Bufou irritada quando ouviu Vivi rindo baixo, tinha se deixado levar pelas palavras da mais nova naquela teoria que sequer tinha sentido. Deslizou as alças da peça etiquetada pelos braços juntando as tiras nas costas por fim, permitiu-se apreciar no espelho.

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O sininho da porta tocou mais uma vez e passos alvoraçados correram em direção a princesa. Nami não precisou ver para saber de quem se tratava.

— Cadê a Nami?! — Luffy lutava em conter uma exasperação absurda, fazia parecer que sua vida estava em risco.

— Está se trocando.

As palavras da amiga o levou a reparar na loja, fazendo careta imediatamente após lembrar-se que ela comprava roupas íntimas.

— Mas onde tá ela? — perguntou mais tranquilo, encarando feio as manequins seminuas no corredor.

— Na cabine, ali. — Apontou sem muito se importar.

O capitão se guiou até o provador, sem certificar-se de que ela estava vestida e abriu a cortina.

— Preciso de quinhentos berries para pagar o tio da barraca. — A ruiva cobriu o busto assustada, nem esperando o pior do companheiro ela imaginaria que ele faria algo do gênero. — Oh! Estamos combinando! — comentou olhando para a própria camisa e depois a ela, e foi tudo que pode dizer ao vê-la somente de sutiã.

— Luffy! — Vivi o puxou pelo colete, tirando-o da frente do trocador com a navegadora exposta e emprestando o dinheiro que precisava para o calar. Quando voltou, Nami permanecia na mesma posição, incrivelmente corada, ela mal tivera uma reação diante do capitão. — Acho que eu estava certa. — riu vendo uma lágrima tímida escorrer da amiga.

— Idiota! — Fechou a cortina esperando que desaparecesse ali dentro.