The Garden of Everything

O espelho / 'a Eternidade


VIII.

O espelho definha

Em algum lugar

Dentro da Eternidade

Milady...

Já é hora de acordar?

Não, mon minou.

Ainda não.

Despertou com o barulho irritante do celular. Resmungou qualquer coisa, buscando pelo aparelho: era Alya ligando.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Não sabia que horas eram; certamente deveria ser tarde. Tudo parecia se arrastar durante todas aquelas semanas. Era muito para que ela sozinha conseguisse absorver, quanto mais lidar.

Mas as pessoas não queriam entender.

— Alya?

O que você pensa que está fazendo?! — Sua voz parecia um tambor em seus ouvidos. Marinette apertou os olhos; a cabeça doía.

Não só a cabeça, a bexiga também. Precisava usar o banheiro de novo — estava se tornando um fardo segurar a vontade esses dias. Os enjoos também não diminuíam, só com remédios. Idem para as tonturas.

— O que deve ser feito, Alya. — Foi tudo o que conseguiu murmurar.

O que deve ser feito um caralho, Marinette! — Outra trovejada. A voz de sua melhor amiga soava ressentida. De certa forma, ela entendia. Afinal, Alya não tinha todos os detalhes. — Você disse que o amava, que ele era a razão da sua vida, mas duas semanas e você sequer pisou nesse hospital para vê-lo!

Ficaram em silêncios por segundos. Marinette piscou — ainda não era o momento de ela estar lá. Ainda havia coisas a se resolverem. Precisava terminar seu depoimento à polícia, precisava prestar contas ao prefeito, precisava fazer os pré-natais, precisava...

Precisava de tantas coisas que nem mais conseguia listar.

A cabeça rodava, o estômago rodava. Tudo era um vórtex espiralando.

Você sequer consegue dar um motivo! Isso é muita cretinice da sua parte!

— Ainda não. — Murmurou, mordendo o lábio. — Ainda não é hora.

­— PARE DE FUGIR, SUA COVARDE!

Desligou e tacou o celular nas cobertas.

Respirou fundo, sentando-se na cama, enfiando o rosto nas mãos.

— Marinette? — Tikki apareceu, os olhos arregalados. Dormia no andar de baixo e, com o remexer da holder, ela prontamente aproximou-se, preocupada.

— Ainda... — Ela parecia engolir o choro. Levantou o rosto, encarando a kwami. Os olhos azuis pareciam carregar toda a insegurança do mundo, mas as palavras eram firmes como uma muralha: — Não é hora.

Cada átomo

Canta a mim

"Liberte-me

Das correntes do físico"

Liberte-me, Liberte-me