Padmé acordara indisposta naquela manhã. Ao olhar para a mesa do café-da-manhã, sentiu a náusea se formar dentro dela como uma onda devagar e crescente. Já era o terceiro dia em que não acordava bem, mas hoje seu estômago se revirava com mais força, fazendo com que ela temesse vomitar mesmo o único copo de água que havia bebido. Logo hoje, que ela tinha um encontro com Obi-Wan Kenobi para discutir algumas questões dos Jedi! Mas achou por bem cancelar sua agenda da manhã, e agora respondia impaciente às perguntas de um droide médico, enquanto aguardava atendimento na enfermaria do Senado.

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— Não, eu não tenho nenhuma doença. Não, eu não tomo nenhuma medicação. Não, eu não uso nenhum intoxicante...

A jovem respondia apressada, mal prestando atenção ao que o droide perguntava, ansiosa por passar logo pelo médico. Até que algo a calou no meio do interrogatório.

— A senhora está grávida?

Grávida? Ela e Anakin andavam... bem , se divertindo muito ultimamente. Ela não era tola, sabia o que devia ser feito para não ter um bebê, mas nem sempre os dois tomavam as devidas precauções. Ela sentiu o sangue gelar, a náusea se misturando à dúvida. Grávida! Sua irritação deu lugar à uma intensa vergonha. Ela deve ter passado vários minutos calada, pois o droide teve de repetir a pergunta.

— Senhora, é possível que esteja grávida?

— Eu... eu não sei. Acho que não.

— Náuseas e vômitos podem ocorrer em até 68% das mulheres humanas no início da gestação, principalmente no período da manhã. A senhora usa algum método anticoncepcional?

— Não. Quer dizer, sim. Ah... às vezes... você sabe.

As luzinhas esverdeadas que faziam as vezes de olhos para o droide nem mesmo piscaram. Certamente mulheres confusas quanto à gravidez e anticoncepção deviam ser pacientes comuns. Ele continuou a lhe fazer mais algumas perguntas, e então pediu que ela aguardasse. Assim que o robozinho deixou a sala, ela ouviu batidas na porta. Desceu da maca devagar, pensando que fosse o médico, mas deparou-se com Obi-Wan!

— Mestre Kenobi! O que faz aqui?

Por sorte ela ainda estava usando suas roupas habituais, e não o avental dos pacientes.

— Padmé, vim assim que soube que você estava doente.

Uma semente de fúria formou-se em seus pensamentos, mas logo se desfez. A preocupação no tom de voz do amigo fez com que ela entendesse aquela intromissão e se acalmasse. Possivelmente havia também um toque de Anakin naquilo... Ani passaria dias carrancudo se soubesse que Obi-Wan não fora visitá-la de imediato.

— Não precisa se preocupar, Obi-Wan. Acho que é apenas uma indisposição, só isso. Desculpe ter cancelado nossa reunião.

— Não há o que desculpar, minha cara. Você precisa de algo? Sei que Anakin está em missão, mas podemos tentar alcançá-lo usando o novo retransmissor assim que ele for instalado.

Os olhos azuis a fitavam de modo gentil, com genuíno afeto. Desde que o conhecera, ainda como um padawan, Padmé o considerava um irmão mais velho, sempre pronto a ajudar e aconselhar. Como ela gostaria de poder dividir com alguém o fardo daquele segredo, ainda mais agora que poderia haver uma criança envolvida na história. E Obi-Wan seria a pessoa ideal para isso... sábio, leal, discreto. Mas Anakin não a perdoaria. Sentiu-se sozinha, era mais uma vez a criança-rainha no dia de sua coroação, o pulso acelerado, o medo ameaçando sufocá-la.

Instintivamente, abraçou o amigo. Sentiu que ele se empertigou, mas logo a abraçou de volta, envolvendo-a com seu manto. Ela não foi capaz de conter o choro, afundando o rosto contra o peito dele. Obi-Wan acariciou lentamente os cabelos dela, como um pai confortando uma filha pequena; como ela se lembrava, tanto tempo atrás, de seu próprio pai lhe consolando. Ficaram assim por um longo tempo, calados. Padmé deixou que as lágrimas desabafassem o que ela não podia dizer com palavras. Quando ela finalmente se afastou do abraço, Obi-Wan secou seu rosto usando uma das mangas da longa vestimenta Jedi.

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— Tem certeza de que está tudo bem, minha querida?

Ela assentiu com a cabeça, fungando.

— Parece que isto não tem a ver com a sua... indisposição.

— Não... não tem. Mas obrigada assim mesmo.

— Padmé, você pode contar comigo para tudo o que precisar. Sabe disso, não é mesmo?

— Sim, eu sei.

Padmé sorriu tristemente, para tranquilizar o cavaleiro. Como ela queria que Obi-Wan ficasse até ela saber se estava grávida ou não! Mas seria impossível. Aliás, era melhor que ele fosse embora, antes que o droide voltasse e achasse que ele era o pai da criança! Aquele pensamento lhe trouxe um sorriso mais verdadeiro ao lábios, e Obi-Wan sorriu de volta para ela, seu riso caloroso e otimista de sempre, semi-escondido pela barba avermelhada.

— Fico feliz que esteja melhor. Farei uma visita à noite, para checar se está tudo bem, certo?

— Certo.

Ele a abraçou mais uma vez, rapidamente, apenas para se despedir.

— Que a Força esteja com você.

— E com você também, meu amigo.

Assim que Obi-Wan saiu, o droide retornou.

— Era aquele o provável pai, senhora?

A senadora gargalhou sonoramente, como não fazia há muito tempo.