A Viagem de Flowey

Determinação


POV Sunset

— Eu... Eu sinto muito... Desculpa se eu fui muito cética, eu não fazia a menor ideia.

— Está tudo bem. – O tronco respondeu. – Já faz muito tempo...

O céu começou a clarear. Eu não tinha noção de que horas eram até agora...

— Tarde... Ranzinza precisa ir para casa.

— Certo... – Eu cheguei perto dele. – Obrigada por... Nos contar.

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Ele assentiu com a cabeça e abriu seu portal.

— Eu tenho certeza que a Flowey agradece pelo seu aviso. Nós vamos ficar de olho. E, se precisar de alguém para conversar... Pode me chamar.

Ele sorriu e agradeceu antes de ir embora.

— Nós vamos ficar de olho? – Ouvi a voz da Flowey perguntando ao fundo.

— Acho que não custa nada. Nem que seja só por ele. Se bem que... Eu não gostaria que os gnomos te levassem.

— Eles são tão fortes assim?

— Mais que nós, eu garanto. Digo nós, plantas. Não se são mais fortes que você, acho que não.

— Então eu estou segura, não?

— Talvez. Digo isso, falando de um único gnomo. Mas imagine vários. Os da elite, ainda. Se eles se juntarem, eu não tenho certeza se você estaria tão segura assim.

POV Pea

Dei uma freada brusca na minha corrida, e foi o suficiente para as minhas folhas fraquejarem. Apoiei-me em um muro baixo, no meio da vizinhança, e aproveitei a pausa para respirar fundo e tentar afastar a tontura fraca que sentia.

Ele... Não estava lá. O radar tinha falado que ele estava ali, mas não estava.

— Kacto? – Perguntei para o nada, esperando que talvez ele estivesse por perto, mas fora da minha visão. Não obtive resposta.

Ele provavelmente saiu enquanto eu vinha para cá, mas como eu vou encontrá-lo assim?

— Kacto? Você... Está me... Ouvindo? – Perguntei acionando a escuta. Tive que dar algumas pausas para respirar.

— Pea? Onde você está? Os zumbis derrubaram a frente da nossa base e eu não te vi na batalha a nenhum momento!! – Quem me respondeu foi o Kernel.

— E por que a sua voz está assim? – Sunset completou.

— Assim como? – Perguntei de volta.

— Fraca, cansada, ofegante...

— Acho que eu... Corri demais. Estou procurando o Kacto. Ele devia estar... Tomando conta da base... Certo? E se os zumbis... Conseguiram entrar...

— Você acha que alguma coisa ruim aconteceu com ele? – O citrinador indagou.

— Eu não acho, eu tenho... Certeza. Ou ele está aí?

— Não, sem sinal dele...

— Você não acha que os zumbis... Né? – Essa é a voz da Chomper.

— Não sei. Preciso encontrá-lo. Alguém pode... Ver o radar?

— Pea, você mal está conseguindo falar frases completas sem ter que pausar para recuperar o fôlego. – Rose fez o comentário. – Acho que você deveria descansar.

— Ervilha atômica, eu acho que você não vai gostar da notícia... – Citron falou antes que eu pudesse responder a rosa. – Mas o radar diz que o Kacto está bem do seu lado.

Mas... Não tem ninguém do meu lado!

A não ser que isso signifique...

Eu olhei para o chão, e lá estava. Suja de terra e um pouco arranhada.

— Isso... Não é... Bom sinal... – Pensei alto.

— O que você achou? – O citrinador perguntou.

— A escuta dele.

Eu preciso encontrar o meu amigo, e rápido. Alguma coisa aconteceu. Não tenho tempo para descansar.

Soltei o muro. Foi um pouco difícil me equilibrar, minhas folhas estavam moles e minhas raízes estavam doendo, mas eu dei um jeito. No começo estava difícil andar, quem dirá correr, meu corpo não estava ajudando, mas eu sabia que iria ficar mais fácil quando eu pegasse o embalo.

Eu não faço a menor ideia de por onde começar a procurar... E estou com medo...

— Ei ei ei, sua ervilha atômica! Você está começando a correr que eu sei, estou vendo no radar! Pode parar, você vai desmaiar no meio da rua! Eu posso procurar no seu lugar! – A laranja me alertou, mas eu não parei. Já tinha conseguido o impulso, e já estava quase atingindo minha velocidade máxima, parar só iria estragar esse meu esforço para sair do lugar. Também não ousei responder, não queria gastar meu fôlego. Só preciso continuar correndo... Passando por cada lugar que ele possa estar!

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POV Toriel

Frisk chegou à sala de estar ainda de pijama, segurando o prato com o pedaço de torta que eu deixei no chão do quarto dela hoje de manhã em uma mão e o garfo na outra.

— Bom dia, mãe! – Ela se sentou na cadeira.

Eu... Já devia estar acostumada com ela me chamando de “mãe”, mas eu confesso, isso ainda me deixa surpresa e com uma sensação de felicidade que eu não sei se tem como explicar direito.

— Bom dia, minha criança!

— Corrigindo as lições de casa?

Olhei para os vários papéis em cima da mesa, na minha frente.

— Sim.

Ela continuou comendo a torta de caramelo e canela, enquanto eu continuei lendo a redação de um dos meus alunos, até que alguém deu duas batidas na porta da frente.

— Quem será? – Minha criança me perguntou, olhando confusa para a porta, assim como eu.

— Vamos descobrir. – Me levantei e andei até a entrada da nossa casa, parando na frente da porta. – Quem é?

— Repete. – Só ouvir aquela voz já me fez abrir um sorriso, talvez tão grande quanto o dele.

— Repete quem?

— Quem? Quem? Quem? Quem?

Caí na risada, e ainda consegui ouvir Frisk, embora se contendo, soltar um “pfff” lá na sala.

— Esses humanos... Eles têm uns livros de piadas bem legais, Tori. – Ele falou, ainda do lado de fora.

Não tardei a abrir a porta, revelando o esqueleto baixinho de moletom azul.

— E aí?

— Sans, o que você está fazendo aqui? Ossol acabou de nascer!

Ele começou a rir também, e ouvi um “MÃE!” acompanhado de risadas lá da sala.

— Pode entrar! Sinta-se em casa.

Sans entrou, e logo foi para o sofá, se jogando nele.

— SANS!! – Frisk veio correndo do outro lado do cômodo para abraçar o amigo.

— Ei ei, vai com calma criança, ninguém nunca te contou que meus ossos são fracos?!

— Tá, desculpa. Você quer um pedaço de torta?

— Nah, não precisa.

— Sans, sem querer dizer que você não é bem-vindo na minha casa, mas... – Voltei para a conversa. – Mal deu sete horas da manhã. Você não é do tipo que acorda cedo, e eu não acho que você viria aqui a essa hora só para me contar uma piada que você aprendeu.

— É mesmo, eu estou morrendo de sono.

— Tem alguma coisa te incomodando?

— Tem sim. Você está certa Tori, eu não vim aqui à toa. Eu quero conversar com a Frisk sobre uma coisa.

— Você quer que eu saia? – Até estava curiosa, não sei o que deixaria uma pessoa tão sossegada quanto o Sans incomodada, mas se ele falou que o assunto dele era com a Frisk... Eu respeito!

— Eu não te enxotaria da sua própria sala, seria muito rude da minha parte. Tudo bem se eu e sua filha formos ali fora um pouco?

— Por mim tudo, desde que não leve ela no Grillby’s. Ela merece cafés da manhã saudáveis!

— Ah... – Frisk se manifestou. – Eu ainda estou de pijama!

— Sério? – Sans se virou para ela. – Bem, eu também. – Quê?

— Mas... Você veste essa roupa quase todo dia!

— Pois é. E você veste suéteres listrados todo dia. Não sei dizer se você acabou de acordar ou se está indo para uma festa chique.

— Mas... Posso colocar uma roupa que pelo menos EU sei que não é pijama?

— Claro, sem pressa. Você não se importa se eu cochilar no seu sofá, né, Tori?

POV Frisk

Fui para o meu quarto e coloquei aquele suéter azul com listras rosa, o mesmo que eu estava usando quando caí no Underground. Também troquei de calça.

Voltei para a sala e encontrei Sans e Toriel contando piadas um para o outro.

— Eu pensei que fosse dormir no sofá. – Comentei.

— Eu ia, mas a Toriel não deixou. Falou que se eu pegasse no sono, só iria acordar meio-dia; e convenhamos, ela está certa. – Ele se levantou. – Podemos ir?

— Mãe? – Olhei para Toriel. Eu sei que ela adora quando eu a chamo de mãe, e eu também, então por que não fazer isso?

— Não me desaponte, Sans! – Ela olhou para ele. – Podem ir.

— Ei, calma. Eu ainda não quebrei minha promessa, e não pretendo.

Começamos a andar na direção da porta, ele na frente e eu seguindo, mas ainda nem estávamos perto dela quando simplesmente aparecemos na frente do laboratório da Alphys.

— Atalhos. – Ele falou.

— Aqui não é o quintal...

— Eu falei que íamos ali fora, não no quintal. Estamos fora, não estamos?

— Acho que sim... Então Sans, o que foi?

Ele se virou para mim, e deu para ver que ele estava bem sério.

— É aquela sua amiga flor. Você viu as notícias ontem?

— Não. Depois que cheguei em casa, eu fui dormir. A Toriel gosta que eu durma cedo, você sabe.

— Sei, mas perguntei para confirmar. Bem, você conversou com ela pela UnderNet ontem, não foi?

— Sim, por quê?

— Como ela está?

Sei que a Flowey e o Sans nunca se deram muito bem. Sempre que eu falo de um na frente do outro, eles já assumem uma postura mais agressiva, e às vezes também falam mal um do outro. Eu duvido muito que ele realmente esteja preocupado com ela, embora eu tenha esperança de que isso ainda vá acontecer um dia! E a voz que dele agora... Não é a de alguém que está se importando com o bem estar de outra pessoa. Não... É uma voz bem séria, até um pouco soturna, eu arriscaria dizer.

— Ela me disse que está bem, que está curtindo a viagem. – Mesmo com um pouco de medo das intenções dele por trás da pergunta, resolvi contar a verdade; até mesmo por que não vejo motivos para mentir.

— ‘Tendi... Bem, o que você acha disso?

Ele me entregou o celular dele, desbloqueado. Estava aberta uma página de notícias, e a manchete já me deixou bem claro sobre o que se tratava:

“Flor falante: verdade ou brincadeira?”

Comecei a ler a reportagem animada, curiosa para saber o que as pessoas de fora tinham a dizer sobre a Flowey, mas não demorou muito para perceber que o assunto era mais sério do que eu pensei.

Para resumir, lembram da Anna? Aquela moça que estava no aeroporto, com quem eu deixei a Flowey? Bem, parece que ela fez um escândalo depois de acordar de um cochilo e ver que a flor não estava mais lá. No começo queriam internar ela, falando que ela estava louca. Entendo, acho que poucas pessoas acreditariam em uma flor falante. Mas, depois de alguns outros passageiros falarem que também viram e de um vaso ser encontrado, um que, de acordo com a descrição, é exatamente o que eu e o Papyrus usamos, eles estão investigando.

Tirei os olhos da tela e percebi que o esqueleto baixinho estava apoiado na parede, quase pegando no sono. Acordar cedo deve ter dado trabalho para ele. Aproximei-me e devolvi o celular, ele deu uma acordada.

— Talvez ela tenha entrado no “chão” e aparecido longe. Ela faz isso, e eu acho que ela tentaria evitar a multidão do aeroporto. Conheço a Flowey.

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— E você acha mesmo que ninguém encontraria ela, mesmo com todo mundo procurando e investigando?

— Ela é bem pequena... Deve ser boa em se esconder. – Acho que estou entendendo aonde ele quer chegar, mas... Eu quero confiar na Flowey.

— Você acha que ela estaria “curtindo” a viagem se estivesse se escondendo?

— Acho que não...

— E, se você conhece a Flowey, acha mesmo que ela é de se esconder?

— Também acho que não, mas aonde você quer chegar? – Perguntei mesmo assim, para ter certeza.

— Não quero ser o cara chato, mas acho que ela te enganou. Você e o Paps. – Ele respirou fundo. – Depois que vocês foram embora ontem, a TV continuou ligada e o jornal começou, e quando passou essa notícia, o Papyrus surtou. Ele está bem preocupado com essa amiga de vocês, sabe? E eu estou preocupado também, porque sei que a Flowey é capaz de algumas coisas bem ruins.

— Ela já fez coisas ruins... Mas ela está melhorando! Eu sei que ela pode melhorar!

— Eu acredito em você, criança. Mas eu vim falar com você porque achei que você tivesse alguma informação a mais, que talvez você soubesse onde ela está, mas descobrimos que ela mentiu para você, não?

Eu queria responder alguma coisa, mas acabei só suspirando. Eu quero confiar na Flowey, eu sei que ela está mudando, mas tudo o que ele disse... Faz sentido.

Bem... Sendo isso verdade ou não, eu não vou desistir dela! Isso não vai abalar a minha determinação!

— É por isso que eu te trouxe aqui, Frisk. Eu também vi a Alphys conversar com a flor ontem. E, mesmo que ela não tenha alguma informação importante, podemos fazer no mínimo um brainstorm.

— Eu tenho esperança, Sans! – Tentei animá-lo. – Nós vamos encontrar a Flowey e vai ficar tudo bem!

— Isso é bom. - O sorriso dele voltou a ser genuíno, e deu para perceber que ele se alegrou um pouco. – Estou torcendo por isso. Deixaria eu e o Paps bem mais aliviados.

Saber que nós vamos encontrar a Flowey, descobrir o que aconteceu e, assim, acalmar os skelebros...

... Isso me enche de determinação!

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.