Malfeito feito

De volta à ativa


— Que bom que vocês se livraram das detenções antes do fim de semana! — Dorcas abraçava um dos braços de Remus enquanto eles andavam para o campo de quadribol, onde os garotos iam treinar. — Eu adoro a vista das arquibancadas...

Aquele era apenas um treino remarcado, já que dois integrantes do time estiveram ocupados com detenções a semana toda, e o sábado estava particularmente frio para uma tarde de outono, então as arquibancadas não estavam muito cheias. As mesmas garotas de sempre acenavam para Sirius e James assim que eles entraram no campo sobre suas vassouras. Um pouco afastada delas, Rose Barton ria e acenava discretamente para James, que se exibia ao máximo para a garota.

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— Oi, podemos sentar aqui? — Dorcas se ajeitou ao lado da garota. — É Rose, não é?

— Rose Barton, Corvinal. — Ela era tão linda quanto James descrevera na mesa do jantar. — Essas garotas são sempre assim? Nunca tinha reparado no quão histéricas elas são...

— Bem vinda a realidade de quem namora um maroto... — Ela riu, observando alguns olhares vindos do grupo de tietes para Remus.

— Ei, isso só acontece com o Sirius e o James! — Lupin levantou as mãos em defesa.

— Nós não estamos exatamente namorando. — Os olhos de Rose, azuis brilhantes, seguiam a goles pelo campo. — Eu acho.

— De qualquer forma, metade dessas meninas querem ser a gente e a outra metade quer nos matar. — Barton riu do comentário da loira, que continuou contando fatos engraçados sobre a convivência com os marotos.

— Você não imagina como era engraçado no segundo ano, por exemplo, quando alguém passava por nós correndo com os cabelos em pé ou coloridos, e depois os quatro passavam de fininho morrendo de rir... — Lágrimas provocadas pelo riso escorriam pelo rosto de Dorcas, lembrando das inúmeras situações esquisitas que os marotos já se encontraram. Rose parecia estar se divertindo e Remus, vez ou outra tentava defender os amigos, mas acabava compartilhando histórias engraçadas também. Ele estava tentando se distrair um pouco, pois a semana seguinte seria complicada para ele como toda lua cheia.

— E aí galera, do que estão rindo tanto? — Marlene vestia um moletom preto, calças jeans escuras, os coturnos de sempre e um cachecol cinza. Para alguém que vinha de família bruxa, ela tinha bom senso na escolha de roupas trouxas. Todos cumprimentaram a garota, que se sentou ao lado de Remus.

— A gente estava contando alguns planos engraçados dos marotos para a Rose.

— Já contou da vez que eles colocaram pó de arroto no chá do Filch? Foi muito engraçado! Acho que isso foi no primeiro ano... — Ela se juntou a eles lembrando das histórias. Quando enfim conseguiram parar de rir, começaram a prestar atenção no treino. — Quem é o novato? — Apontou para um garoto forte e ruivo que estava próximo ao gol.

— Gideon Prewett, precisaram fazer um teste de última hora porque o Eric Blooming foi mandado para casa, o cara quase passou Sarapintose para a escola toda! — Remus explicou.

— Calma aí, então esse é o irmão do Fabian? — O tom de voz de Marlene era curioso. — Eles são bem diferentes para serem gêmeos...

x

No fim do treino, todos os jogadores foram para o vestiário para revisarem as táticas que deram certo em campo e discutirem sobre os próximos jogos. O próximo jogo seria contra a Corvinal, que tinha um goleiro muito bom mas um apanhador lento, se comparado ao James. Não era nada com que deviam se preocupar, diferente do grupo de garotas que os esperava na porta do vestiário.

— Oi garotos... — Elas se insinuavam, sorrindo, acenando e mexendo nos cabelos tentando impressioná-los. Uma das garotas, que costumava sair com James, lançou um bilhete em forma de passarinho para Sirius. Ele guardou o passarinho-bilhete no bolso quando viu Marlene, Rose, Dorcas e Lupin se aproximando.

— Ei gata... — James sorriu e deu um beijo na Rose, fazendo todas as garotas em volta resmungarem. Os garotos seguiram até o castelo e seguiram para o Salão Comunal da Grifinória depois de deixarem Rose perto da Torre da Corvinal. Somente quando estavam no dormitório masculino é que Black abriu, surpreendendo com a remetente:

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Querido Sirius,

Sei que vocês marotos compartilham tudo, inclusive as garotas.

Por isso te convido para se encontrar comigo hoje a noite na sala perto do banheiro da Murta-que-Geme. Tenho certeza que James não vai se importar e que você vai adorar... Nem vai se importar de perder o jantar.

Te espero às 7 p.m., Hestia Jones.

— James... — Sirius chamou o garoto, que passava a toalha pelo cabelo molhado, deixando-o ainda mais bagunçado. Mostrou o bilhete para o amigo, que fez questão de ler em voz alta para todos do dormitório ouvirem.

— Não achamos que é uma boa ideia, Sirius. — Remus e Frank concordaram.

— Por que? Eu e a Lenny sempre ficamos com mais pessoas! — Ele estava sentindo falta de beijar outras bocas, para falar a verdade.

— Mas isso foi antes de vocês dormirem juntos. — Frank falou na lata. — As meninas se importam bastante com isso, se quer saber. — Frank era muito discreto e passava a maior parte do tempo com Alice ou nas estufas estudando Herbologia, mas era um cara legal e sempre que podia, tentava ajudar os garotos.

— Como você... Você e a Alice já... — Peter ficou boquiaberto. Aqueles caras não perdiam tempo mesmo, era triste pensar que ele seria o último da turma, mesmo saindo as vezes com a Mary.

— Bem, faz só alguns dias. — Frank parecia um pimentão enquanto passava a mão na nuca, sem graça. — Mas elas levam isso bem a sério, acho que você devia falar com a Marlene sobre isso, Sirius.

— Ou contar para ela depois... — James, inconsequente, provocou Sirius.

— Rabicho, você ter o voto de Minerva. Eu devo encontrar a Jones? — Black perguntou, fazendo-o tremer com a pressão da escolha. "Se fosse ele, o que ele faria?", pensou, "Ele nunca teria duas garotas o desejando...Mas se tivesse...".

— Sim! — Deixou o pensamento escapar e acabou decidindo por todos. Remus e Frank balançaram a cabeça em negação, mas James e Sirius comemoraram abraçando Peter e lhe dizendo que ele era demais. Ele pensou que talvez não tenha sido uma escolha ruim, mas foi. Só que ninguém sabia disso ainda.

x

— E então meu irmão participou do seu primeiro treino de quadribol? — Fabian sorria para o irmão, que era alguns centímetros mais alto que ele e incrivelmente mais forte.

— Parabéns Gideon! — Lily sentou-se com os garotos na mesa. Antes, os gêmeos não se sentavam perto dos marotos, mas depois de Fabian começar a namorar a Lily e Gideon entrar para o time, eles começaram a sentar mais próximos.

— Você é bom, garoto... Devia ter entrado para o time mais cedo! Não teríamos perdido o último jogo para a Lufa Lufa! — Marlene estava sentada de frente para Lily, do outro lado da mesa, e havia um lugar vazio ao seu lado.

— Onde está o Sirius? — Lily franziu a testa para o espaço vazio ao lado da amiga.

— Ele ficou dormindo depois do jogo. — James respondeu imediatamente, aparecendo atrás dela e lhe dando um susto. Remus balançou a cabeça em negação e revirou os olhos.

— É, ele estava muito cansado! Jogou tão bem no treino hoje... — Peter contou, sentando-se entre Mary e Frank, que pigarreou um pouco bravo. Alice, ao lado dele, contava radiante sobre algo que os pais dela enviaram pelo correio.

Marlene passou o jantar intrigada. Os garotos sabiam mentir, mas com aqueles anos de convivência ela sabia identificar alguns sinais de falsidade na voz deles, como a urgência na voz de James. Tinha algo de errado e ela descobriria de uma vez por todas.

Ela resolveu dar uma volta para tentar encontrar Sirius e enquanto caminhava pelos corredores pensou que talvez ele estivesse enfrentando Regulus sozinho, de irmão para irmão, depois daquela noite e das detenções. Ele nunca deixava de ir jantar se não fosse para ficar com ela, só poderia ser por causa de seu irmão idiota.

Quando estava quase subindo as escadas para o segundo andar do castelo, a porta de uma das salas do corredor se abriu e o que Marlene viu foi surpreendente até para Sirius: ele estava com a camisa por fora da calça, o cinto solto e o zíper meio aberto, seus cachos estavam desarrumados como um ninho de corujas e o pior, ele estava de mãos dadas com uma garota, que não estava num estado muito melhor que o dele.

— Eu posso saber o que é isso, Sirius? — Marlene cruzou os braços, a voz um pouco exaltada.

— Lenny... — Os olhos azuis brilhantes dele passaram de Hestia para Marlene e voltaram para Hestia antes de irem para a ponta de seus coturnos, que pareceram muito interessantes por um segundo. — Achei que não tivesse problema sair com outras pessoas. — Não deixou que o silêncio constrangedor pairasse pelo ar por muito tempo e vendo que não tinha muito como se defender, contou a verdade. Escondida um pouco atrás dele, Hestia soltou um risinho.

— Isso foi antes... — Ela não era o tipo de garota que ficava vermelha facilmente ou que chorava por qualquer motivo, mas sentia o rosto esquentando e os olhos lacrimejando numa mistura de decepção e raiva. Apesar disso, seus olhos estavam fixos nos de Sirius, mostrando claramente como estava desapontada com ele. — Não acredito que você fez isso.

— Lenny! — Ele soltou a mão da outra garota e deu um passo na direção da amiga, mas ela se afastou, correndo em direção as escadarias.

— Deixa ela, Sirius. O que podemos fazer se ela não sabe dividir? — Jones passava a mão pelos cachos de Sirius, mas ele não estava mais prestando atenção nela.

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— Será que a Lenny achou o... Marlene?! — Lily falava enquanto abria a porta do dormitório e se espantou ao ver Marlene deitada na cama com os cabelos sobre o rosto e o travesseiro molhado. — O que foi que ele fez? — O rosto da ruiva enrubesceu e os olhos de esmeralda arregalaram-se de raiva. Alice e Mary correram para a cama da amiga, mas Lily tinha uma coisa muito importante para fazer.

Desceu correndo as escadas até o Salão Comunal, tinha acabado de deixar Fabian e Gideon com alguns amigos e os marotos foram para perto da lareira, onde Sirius estava sentado como se nada tivesse acontecido, largado no sofá com a cabeça jogada no encosto.

— O que foi que você fez, Sirius Black III? — Ela chegou intimidando e empurrando Peter de lado para ficar de frente para o garoto, um furacão ruivo como sempre.

— Acho que nem eu lembrava que você era o terceiro... — James comentou, segurando o riso e considerando usar isso para zoar o amigo depois.

— Por que a minha amiga está lá em cima chorando depois de ter ido procurar você, Sirius? — Ela apontou a varinha para ele, o rosto vermelho como se fosse explodir.

— Ela me viu com... — Sirius respirou fundo, olhando em volta podia ver algumas pessoas prestando atenção neles. — Com outra garota. — Admitiu, levantando os braços, indefeso.

— Eu não acredito. — Ela balançou a cabeça em desaprovação. — E vocês encobriram ele?

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— Eu e o Frank votamos contra. — Remus comentou da poltrona, livrando-os da culpa. Os olhos de Lily voltaram-se para James, que percebeu que sobraria para ele.

— Como você pode estar namorando e incentivar seu amigo a trair a namorada desse jeito? — Ela pegou uma almofada do sofá e jogou na direção dele. Ele estava se esquecendo de como era divertido ver Lily Evans irritada.

— Não estamos namorando. — Potter e Black responderam juntos.

— Você... — Apontou a varinha para Sirius. — não está mais e a culpa é sua. E você, — Voltou a varinha para James. — achei que estivesse saindo com a Rose Barton.

— Está sabendo bem para alguém que tem namorado, não é? — James balançou a cabeça na direção de Fabian, que jogava Snap explosivo do outro lado do Salão Comunal. — Já cansou do ruivinho ali? Se está interessada na vaga de namorada é só dizer...

— Cala a boca, Potter! — Gritou, atraindo ainda mais a atenção dos que restavam no Salão Comunal da Grifinória. — Você deve desculpas a Lenny, mas não espere que ela vai querer falar com você, Sirius. — E com isso, Lily voltou para o dormitório onde as meninas conseguiram tirar de Marlene a explicação sobre Sirius. Seus cabelos estavam molhados, o que indicava que as meninas tiveram que apelar para o Aguamenti para conseguirem atenção. Após alguns resmungos, Marlene se recompôs e começou a contar:

— Eles estavam desarrumados, as roupas fora do lugar como a gente fica quando... Vocês sabem. — A voz não estava mais chorosa, e sim séria. Isso podia ser um pouco preocupante para quem conhecia Marlene McKinnon. — Ele disse que achava que podia ficar com outras pessoas e, bem, esse era nosso combinado antes mas... Eu não esperava por isso, sabe?

— Entendemos você, Lenny, mas você não é dessas que chora por garotos. — Dorcas segurava firme a mão da amiga. — Ficamos preocupadas...

— E eu não vou ficar chorando. — Enxugou o que restava de lágrimas no rosto e falou com confiança, olhando para Lily com um sorriso vingativo no rosto que assustaria qualquer um. — Eu quero que você me apresente o Gideon.