Malfeito feito

O primeiro teste


Depois que a fumaça do expresso Hogwarts dissipou e o trem voltou vazio em direção ao norte, Lily seguiu até a Rua da Fiação com seus pais e Petúnia. Aquelas ruas de paralelepípedos cobertas com uma fina camada de neve e as casas sempre próximas umas das outras eram uma visão encantadora, que distraia a ruiva de qualquer possível aborrecimento.

— Aquele garoto que mora aqui perto não voltou para o natal, querida? — A Sra. Evans perguntou, enquanto observava as crianças brincando com a neve na rua.

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— Aquele esquisito! — Petúnia já começou a provocar. — Ah é, todos vocês são esquisitos...

— Túnia, pare de falar assim da sua irmã! — O pai repreendeu, enquanto tirava as malas da Lily do carro e as levava para dentro de casa.

— Mas é o que ela é, indo pra uma escola dessas e fazendo essas coisas de magia... Eu sou muito melhor, estou estudando no melhor colégio da região. — Ela falou, de nariz empinado.

— Se eu me lembro bem, você enviou até uma carta para o Dumbledore pedindo para ir para Hogwarts também! — Lily mal havia chego em casa e já estava cansada de ouvir as provocações da irmã.

— Cala a boca, eu nunca quis estudar naquela escola idiota! — Petúnia gritou, já com os olhos cheios de lágrimas, e saiu correndo para seu quarto.

Os pais das garotas tentaram manter uma conversa agradável com a mais nova, tentando evitar falar sobre o conflito entre as duas, que seria uma coisa frequente naquele feriado. Contaram sobre a nova família que havia se mudado para a rua, sobre alguns filmes que Lily gostaria de ver e por fim, discutiram sobre alguns livros que ela e o pai haviam combinado de ler a algum tempo.

Se não fosse por Petúnia, os dias na residência dos Evans seria bem tranquila, mas como nada é fácil, Lily decidiu evitar estar no mesmo cômodo que a irmã. Quando seu pai propôs que os dois fossem à Londres comprar os últimos presentes, na véspera de natal, enquanto as outras duas terminavam os preparativos para a comemoração, ela não pensou duas vezes. Sem a irmã por perto, eles passearam pelas ruas movimentadas da cidade até chegarem perto do Caldeirão Furado.

— Eu imaginei que um presente trouxa não seria tão legal quanto alguma coisa mágica. — O Sr. Evans explicou, ao ver o olhar de dúvida e animação de Lily. — Vamos lá! — Ele sorriu para a garota e pegou sua mão, a levando para o Beco Diagonal.

— Obrigada pai, eu não imagino como seria se vocês não me apoiassem com essa coisa toda... Tem alguns garotos lá na escola que sofrem muito com isso. — Lily pensou em Snape e no pai dele, sempre discutindo. Ela lembrou de alguns boatos que circulavam pelo castelo: os nascidos trouxas como ela poderiam sofrer ameaças se aquele bruxo das trevas convencesse as pessoas de suas ideias de superioridade dos puro sangues.

— É o mínimo que podemos fazer, você e sua irmã tem tanto potencial. — Lily revirou os olhos quando sua irmã foi citada. Eles caminhavam pela larga e cheia rua do Beco Diagonal, desviando de uma porção de bruxos com caixas e sacolas de presentes. — Não fique assim com ela, Lil. Você consegue imaginar o que é ver sua irmã indo para um lugar mágico, viver milhões de coisas novas enquanto você vive a vida como todo mundo?

— É, seria uma droga... Mas eu queria que ela não me culpasse por isso, eu não tenho culpa por terem me chamado, tenho? — Ela tinha lágrimas enchendo os olhos, seu pai a puxou para um abraço.

— Você devia se orgulhar por ter magia dentro de você, filha. Um dia sua irmã vai entender isso tudo, você sabe... Vamos tomar alguma coisa, seu nariz está gelado. — Seu pai enxugou as lágrimas dela e tocou no nariz dela, vermelho por conta do choro e do frio.

— Eu espero que ela deixe de me odiar um dia. — Ela falou baixinho, enquanto os dois pegavam um chocolate quente.

— Lily! — Uma loira veio correndo na direção dos dois, quando os dois saiam da Floreios e Borrões com alguns livros que Lily escolhera.

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— Dorcas, achei que eu fosse a única atrasada com os presentes... Pai, essa é a Dorcas Meadowes. — Os dois se cumprimentaram e seu pai deu um pouco de privacidade para as duas, indo ver os artigos de quadribol, esporte que o deixava completamente maravilhado.

— Na verdade, foi um presente meio repentino sabe... O Remus mandou essa boina super fofa para mim hoje de manhã. — Ela apontou orgulhosa do acessório que combinava tanto com ela, a touca de lã na cor vinho combinava com seu cachecol da Grifinória e contrastava com os cabelos loiros. — Eu tinha que comprar algo legal para ele, sabe? — Mostrou o pacote em sua mão, sorrindo.

— Eu fiquei tão feliz por ele ter finalmente tomado alguma atitude, você fará bem para ele. — Lily sorriu, pensando nos conflitos que afligiam o amigo. — Vocês vão se encontrar antes das aulas voltarem?

— Acho que não... Os quatro estão na casa do James, de acordo com a carta que eu recebi. Já vou, mãe! — Uma senhora a chamou e as duas se despediram. — Bem, tenho que ir... Eu envio seu presente assim que chegar em casa, feliz natal!

Na casa dos Potter, o natal parecia ser o evento do ano. A Sra. Potter, para os íntimos Euphemia, havia decorado a casa com guirlandas, arranjos e uma enorme árvore de natal. A casa estava com um cheiro maravilhoso, mas nem mesmo o aroma do almoço prendeu a atenção dos marotos. Os quatro decidiram bisbilhotar na pequena biblioteca do pai de James e encontraram um livreto sobre animagos.

— Tem esse aqui: "Animagia: feitiços e transformação". — Peter virou o livro de ponta cabeça para tentar ler a assinatura. — escrito por Pandora Lovegood... É meio pequeno, parece mais um caderno com anotações. — Peter pegou o caderninho e o levou até os amigos. Juntos, eles folhearam, até que encontraram os feitiços que faltavam para começarem a praticar.

— Eu já ouvi meu pai falando sobre essa mulher, é uma bruxa que acabou de se formar em Hogwarts e vive dando problema para o Ministério por feitiços mal executados ou pequenos acidentes. — James explicou, como se o fato da maioria dos feitiços que essa tal Lovegood fazia darem errado fosse completamente normal.

Os quatro garotos planejavam esperar que o natal passasse e, assim que tivessem uma chance iriam fazer um pequeno teste de transfiguração. Alguns dias antes do ano novo, o Sr. Potter foi convocado para ajudar numa missão do Ministério e a Sra. Potter foi com ele até Londres, dando a chance que todos esperavam.

Logo, correram para a área externa da casa dos Potter. O jardim tinha algumas árvores, uma delas tinha um balanço pendurado nela, o gramado estava forrado pela neve fofa.

— Vamos apostar para ver quem vai ser nossa cobaia. — James propôs, torcendo para que não fosse ele, e como sempre a sorte estava a favor dele e contra Peter, que acabou sendo o escolhido.

— Para de fugir, Peter! Você perdeu a aposta. — Sirius tentava enfeitiçar o garoto gordinho que desviava de todos os feitiços que iam em sua direção.

— Vocês tem certeza que isso vai dar certo? — Ele tremia e se encolhia todo.

— Não! — James, Sirius e Remus falaram em uníssono.

Dando-se por vencido, Peter voltou para o meio do jardim e deixou James e Sirius tentarem o transformar sob supervisão de Remus, que estava encostado numa árvore consultando o livro sobre animagos e dando as instruções que já tinham anotadas. De repente, houve um relâmpago, Pettigrew deu um gritinho agudo e logo os três amigos viram uma das cenas mais engraçadas de todas: das bochechas salientes do garoto saiam bigodes compridos e um rabo de rato saia de sua calça, era uma mistura de rato com um adolescente gordinho.

— Ei, está bem bonito hein? E esse rabicho aqui? — Sirius ria, dando voltas no amigo e observando curioso aquela calda. — Esse é um bom apelido, Peter.

James não conseguia parar de rir, ele já estava rolando no chão quando Remus, tentando segurar o riso, o obrigou a levantar para ajudá-lo a desfazer a transformação.

— Pessoal, o bigode sumiu, mas o rabo ainda está aqui... — Remus coçava o queixo, intrigado.

— Ai não, o que vamos fazer agora... Eu sabia que essa era uma má ideia! — Peter guinchava, agora mais parecido com um rato do que nunca.

Eles tentaram vários feitiços para fazer Peter voltar a forma totalmente humana, mas mesmo depois de alguns estalos e leves relâmpagos, o maldito rabo ainda estava ali.

— Eu não queria ter que admitir isso, mas vamos precisar de ajuda... — James concluiu. — Peter, dá um jeito de esconder esse rabo até voltarmos para Hogwarts.

— Você não está pensando em... — Sirius olhou em reprovação.

— Vamos ter que falar com a nossa mais querida e adorável professora de Transfiguração.

— A Minnie vai querer matar a gente! — Remus lamentou, usando o apelido carinhoso que os garotos deram para a Minerva McGonagall.

— Só ela vai conseguir dar um jeito nesse rabicho aqui... — Sirius bateu nas costas de Pettigrew, que concordou desesperado.

Rabicho! — James voltara a rir descontroladamente.