Claire abria o notebook, colocando os fones no ouvido. Estava em seu quarto. Voltara da delegacia depois de um longo tempo dando depoimento. Decidiu passar o resto do dia de pijamas tomando café e comendo besteiras. Mastigava seu biscoito dando um gole no café quentíssimo que sua mãe acabara de fazer, chamando Alissa por Skype. Pousou o copo de café ao lado na mesinha fixando o olhar na tela do Notebook.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

—Anda, Vaca. Atende.

Alissa apareceu na tela. A Ruiva estava embaixo das cobertas deitada na cama com o Notebook no colo. Parecia no mesmo estado de Claire, exausta e jogada.

—Oi amiga. -Disse ela.
—Oi. Nossa acabei de voltar da delegacia, que inferno. Tava cheio de caras do FBI lá, me senti em "Homens de Preto".
—Que horror.
—Pois é. E Aí, novidades?
—Sim! Uma bem esquisita. Eu tava tomando sorvete com a Juliett hoje mais cedo lá no centro da cidade. E a gente viu uma loja de artigos de festas, sabe?
—Aham.
—Então. Eu lembrei que umas semanas atrás eu e a Juliett, quer dizer, eu vi, porque a Juliett tá sempre com a cabeça na lua. De qualquer jeito, vimos a Jill entrando naquela loja. E presta atenção que agora a coisa fica esquisita.
—Fala!
—Na loja, bem na vitrine, tinha um manequim vestido com a mesma fantasia que o assassino tá usando. Até a máscara é igual.
—É, vendem bastante fantasias naquela loja.
—Então, eu acho que vi a Jill saindo de lá com uma daquelas fantasias na sacola. Não tenho certeza, mas era um tecido preto todo enrolado na sacola da loja.
—Eu hein. Então, lembra quando a gente tava na mansão dos Stone, e acho que foi o Keaton que disse, que ela pediu pra ele instalar o aplicativo? E alguém, não lembro se foi ele comentou "Ah então a Jill deve conhecer o assassino"
—Isso! Foi isso que lembrei.
—Olha. Da Jill... do jeito que ela tava puta da vida não duvido de nada da parte dela. Mas ela morreu.
—Eu sei! Isso é muito sinistro.
—Ah pelo amor de Deus Alissa. Você não tá achando que o fantasma da Jill ta vindo atrás da gente, não é? Amiga, vamos parar com a palhaçada que isso é ridículo.
—Não, Claire. Eu tenho cérebro.
—Graças à Deus. Já pensou se fosse isso? Que merda. Ia ser a pior revelação, seria um plot twist tão ruim quanto os filmes recentes do Shyamalan.
—Com certeza. Ai, vamos mudar de assunto.
—Por favor.
—Hum.. o Marty me mandou mensagem.
—Ué, o Marty?
—Sim. Ele falou que quer contar uma novidade.
—Vesh, então chama ele aí, coloca ele na conversa. Isso se ele estiver online.
—Deixa eu ver... ele está!
—Chama aí então.
—Espera.

Claire dava outro gole em seu café esperando Alissa colocar Marty na conversa.

—Está chamando.
—Atende, Viado! -Claire gritou.

Marty apareceu na tela, com cara de desentendido.

—Oi.. -Disse ele estranhando.
—E aí querido. -Claire balançava as mãos na frente da Webcam.
—Ahm.. o que tá acontecendo? -O Menino levantava as sobrancelhas.
—Reunião online, fofo.
—Oi Marty. -Alissa sorria.
—Que isso meninas? Terapia em grupo?
—Basicamente. -Respondeu Claire. -A gente vai botar os papos em dia. Tá sabendo que a Alissa deu uma de Velozes & Furiosos?
—Não...
—Pois é querido, ela tirou o assassino da estrada lá na Turner Lane. Ele perseguiu ela de carro.
—Eita porra.
—Foi. A Violet e o Dylan estavam berrando no banco de trás, quase que eu perdi o controle da direção.
—Nossa falou a corredora da Nascar. -Claire tirou sarro.
—Vai a merda Claire.

Marty ria tampando a boca.

—Vocês duas são doidas.
—Você ainda não viu nada, fofo. -Claire fazia careta.
—Marty... -Alissa já foi logo querendo saber. -Você me mandou mensagem hoje falando que tinha novidades...
—Ué, desde quando vocês dois trocam mensagens? -Claire questionou.
—Desde o que aconteceu com a Stacy. -Respondeu Alissa. -Então, fala menino.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Marty hesitou, dando leves risadas, um pouco envergonhado.

—Vai! Fala logo que eu tô curiosa. -Claire pegava seu café arregalando os olhos.
—Ele tá rindo, desse ser coisa boa.
—Ah pelo menos isso, porque eu não estou afim de falar de desgraça. Me poupe. Vai garoto, desembucha.
—Então... -Marty desviava o olhar da tela, tímido. -Sabe o Keaton?
—Uhum. O Que tem ele? -Claire perguntou com a boca cheia de biscoito.
—Ai.. acho que já sei o que ele vai falar.
—Alissa, a profeta. Vai Marty!
—Então... eu e ele... a gente tá junto.
—Não creio! -Claire exclamou.
—Sabia!!! -Alissa berrou. -Meu Deus, vocês demoraram na minha opinião.
—Quando você falou que era Gay outro dia, eu meio que já suspeitei. Você tava lá deitado no ombro no garoto cheio de mão boba, eu hein.
—Não, mas isso foi recente. Naquele dia não tinha nada entre a gente ainda.
—Hum.. pra você ver, o medo une as pessoas.
—Mas e aí? Vocês dois... -Alissa balançou a cabeça maliciosamente.
—O Quê?.. -Marty perguntou envergonhado.
—Ela quer saber se vocês transaram! -Claire gritou descaradamente.
—Claire!! -Alissa tapou a boca.
—Ué, tá se fazendo de santa por quê? Era isso que você ia perguntar, não era?
—Ai gente..
—Vai Marty, responde! -Alissa se empolgou.
—Ah... sim.
—Ah!!!!! Meu Deus!! Rindo até 2050! -Claire gargalhava.
—Ai Claire, que horror. Deixa eles tadinhos.
—Ai... assim você acabam comigo. Vocês não tem vergonha na cara não? -Retrucou Claire. -Gente, eu jurava que o Marty era apaixonadinho pela Stacy.
—Eu também. -Alissa concordou.
—Acontece que não meninas.
—Ah, de qualquer jeito, parabéns... eu acho. -Claire ainda ria.
—Obrigado.
—A única pessoa com quem eu me casaria, seria com o café. -Claire levantava o copo.
—Tá tô shippando você o café. -Alissa respondeu.
—Hum.. chama o Keaton aí na conversa, que eu quero zoar. -Claire batia palminhas.

Um "Beep" tocou no Notebook de Claire, mostrando que chegara uma notificação em seu Facebook.

—Gente, espera um pouquinho aí. Chegou notificação aqui.

Claire clicou na aba seguinte, abrindo o Facebook. A Notificação indicava "Amelie está ao vivo".

—Alá gente... pronto. Amelie tá fazendo transmissão ao vivo no face. Era só o que faltava. É assim que a gente vê que a pessoa decaiu o nível total.
—Será que é pra chorar em público? -Alissa brincou.
—Não sei.
—Me marca Claire.
—Ok.
—Me marca também! -Marty pediu.
—Okey! Calma apressados.

Claire levou o mouse à sessão de comentários, escrevendo o nome de Alissa e Marty.

—Pronto criaturas.

No vídeo, mostrava a sala da casa de Amelie e Bianca. Aparentemente vazia. Bianca aparecia ao fundo, na cozinha, varrendo os cacos de vidro da porta que fora quebrada. Passava a vassoura furiosa, xingando:

—Foi andar com essas vadias, olha só o que deu! Burra do cacete.

Varria o chão furiosa, tirando o cabelo da frente, que volta e meia caía sobre seu rosto. Parecia cansada e estressada. Levantava uma pá cheia de vidro quebrado, inclinando-a despejando todos os milhares de cacos de vidro dentro da lixeira. A filmagem aparentemente vinha do celular de Amelie, embora ela não aparecesse no vídeo. O Celular parecia estar parado, encostado sobre algum tipo de mesinha. Pelo que Claire e Alissa conheciam a casa das meninas, o aparelho estava posicionado numa mesa pequena próximo a porta de entrada, dando ampla visão da sala e da cozinha ao fundo com Bianca varrendo o chão aos suspiros e bufadas.

—Ué, vamos ficar assistindo ela bancando a empregada? -Claire perguntou debochada.
—Também não estou entendo... cadê a Amelie?
—É a Bianca? -Marty perguntou.
—A Própria. -Alissa respondeu fazendo cara feia. -Essa imbecil. Ai que vontade de quebrar ela na porrada. Seria muito legal se a Amelie aparecesse aí agora batendo nela.
—Ai que horror.. -Marty comentou.
—Gente, quantos comentários! -Claire exclamou olhando para tela, ouvindo no fone Marty e Alissa.
—Tô vendo aqui. -Alissa confirmou. -Caramba tá todo mundo assistindo. Alá os tarados do último ano comentando da bunda dela. Eu hein, ela nem tem bunda!
—Quem tá filmando? -Marty perguntou.
—Sei lá. Fiquem quietos. -Claire estalou os dedos.

Os comentários abaixo estavam à mil. Grande parte da garotada do colégio de Ashville High assistiam Bianca de shortinho e blusinha curta varrendo o chão. Apreciam frases do tipo:
"Olha só, essa empregada eu quero pra mim!"
"Eita visão boa, Jesus Lol"
"Vcs num tem oq fazer naum?"
"Noss que interessante Ver uma quenga varrer"
"To perdendo minha série por isso?"
"Tira roupa q dá mais audiência! ><"

O Vídeo já estava com 133 likes, e 200 reações. Os três assistiam a tudo curiosos. Marty estava de braços cruzados na frente do computador, Alissa, ainda deitada em sua cama assistia tudo com o dedo na boca. Claire tomava seu café torcendo para que Bianca pagasse o maior mico de sua vida.

—Ela sabe que está sendo filmada? -Alissa questionou.
—Boa pergunta. -Respondeu Claire sorrindo agora com a boca cheia de café. Quando seu sorriso foi desfeito, dando lugar à uma expressão preocupante. Engoliu o café tão rápido que acabou engasgando. Em meio à tosse, ela batia no peito tentando se acalmar e ao mesmo tempo pensando em gritar sem conseguir. -Gente!! (Cof Cof!) Vocês estão vendo isso?!! - Ela tossia se engasgando horrivelmente.
—Ai Meu deus! -Alissa exclamava do outro lado.

No vídeo, era possível ver um vulto negro perambulando pela sala passando na frente da câmera, por um segundo tampando a visão que se tinha de bianca. Ele passava Andando lentamente. Bianca, estando de costas para a câmera ainda varrendo o chão, não percebia o movimento atrás de si. Completamente distraída. No canto direito do vídeo, Dava para se ver um grande sofá branco, voltado para a direita de frente à TV e uma mesinha de centro entre os dois. No meio do vídeo de frente para a cozinha, havia um espaço consideravelmente amplo coberto por um tapete. À esquerda do vídeo, as escadas, paralela com uma parede branca que seguia até a cozinha. E uma porta, do armário de bugigangas, de onde a arma fora roubada hoje cedo, fato que Bianca por sua vez, desconhecia. A Figura estava parada de costas para a câmera próximo à mesinha de centro ao lado do sofá. Mesmo se Bianca se virasse, não o veria por ele estar mais para o canto.

Claire tampava a boca com as duas mãos, de olhos bem abertos. Alissa estava com a boca aberta, incrédula. Marty, assustado, não se movia e não dava um pio. Os comentários iam à loucura:

"Atrás de você O.O!"
"Bianca!!!"
"Alguém avisa ela gente!!!"
"Isso é brincadeira? >< "
"AI MEU DEUS!"
"#SaveAshville"

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Quando lentamente, a figura virou seu rosto para trás, mostrando aos internautas sua máscara. Os comentários ferviam. Era impossível acompanhá-los. Era mais de um por segundo.

"Liga pra ela!!"
"Alguém manda mensagem para ela!!"
"Fala pra ela fugir!!!"
"Isso é sério???!"
"Bianca!!"

As notificações apitavam sem parar. O Pânico se espalhava automaticamente nas redes sociais como uma pandemia. Bianca ao fundo, colocava sua vassoura e a pá no chão, botando as mãos na cintura dando um suspiro de alívio. O Trabalho estava acabado. A Figura mascara dava passos à frente.

—Ai meu Deus!!! -Claire gritava.
—Eu não quero ver isso! -Marty cobria os olhos.
—Gente alguém chama o pai dela!!! -Alissa se sacudia embaixo das cobertas.

Por toda cidade, os estudantes de Ashville High gritavam na frente de seus computadores, celulares e Notebooks. A Face da Morte estava em suas telas. Todos estavam assistindo ao maior show de horror da história.

O Mascarado, ficando de frente à câmera, parado ao fundo da sala, permanecia estático e silencioso, colocando as costas contra a parede virando a cabeça de lado. Na sua mão, a grande faca de caça. Ele espreitava silencioso, esperando que Bianca saísse da cozinha. Assim que ela pisasse na sala, a figura a surpreenderia. Ele aguardava pacientemente encostado ao lado do vão que levava à cozinha.

—Fala pra essa sair!!! -Marty berrava.

O Assassino virou seu pescoço para frente, como se fitasse a audiência. Em seguida, levantou sua mão, acenando para os espectadores. Claire pulava na cadeira batendo com as duas mãos em sua mesa.

—Bianca sai daí sua maldita!!!! Alissa você conseguiu ligar pra ela??
—Só dá ocupado!!!
—Ela vai morrer!!!!

Bianca se virava, dando graças à Deus de ter acabado sua tarefa. Ficou de frente a câmera, sem é claro perceber que o celular que a filmava lá no fundo em cima da mesinha, ao lado da porta da frente. A menina permanecia ao fundo ajeitando os cabelos olhando com cara de desgosto e tédio para a sala, sem nem suspeitar do maníaco mascarado parado à espreita bem do seu lado, se ela desse um passo entrando na sala e se virasse, seriam gritos instantâneos. A menina bufou, se encaminhando em frente, aproximando-se da sala.

—É Agora!!! -Claire estava histérica.

Alissa juntava as mãos cobrindo o nariz e a boca, tensa e apavorada. Marty puxou a camisa para cima cobrindo o rosto completamente. Claire mastigava seu biscoito desesperada sem desgrudar os olhos da tela.

A aflição de todos fora imensa ao ver Bianca vindo em frente transitando para a sala. Aquele era o momento. Já podiam imaginar, assim que ela colocasse os pés no cômodo, a faca desceria em sua cabeça ou algo assim. A espera do momento era revoltante. "Beep" "Beep" os comentários desesperados e aterrorizados inundavam o Facebook. Bianca passou chegando a sala. Mas nada aconteceu. O Assassino permaneceu onde estava, parado, vendo a menina andar em frente deixando-o para trás ainda encostado na parede como se fosse um mero objeto. Bianca já dava seus passos calmos cotidianos transitando pela sala deslizando a mão no sofá, não havia se virado, por isso não notara nada. A Figura Mascarada dava seus passos vagarosos para frente, andando atrás da menina sem que ela percebesse. Os passos do maníaco eram abafados pelo tapete felpudo.

"Atrás de VC! ><!!"
"Se abaixa O.O!!!"
"Corre Bianca!! :"
"Gente alguém faz alguma coisa :( :( :( "

Claire abanava as mãos de nervoso e desespero:

—Ai não!! Ai não!! Se abaixa!!

Alissa puxava as cobertas para cima deixando apenas os olhos, gritando de pavor embaixo do cobertor. A Crueldade seria exposta ao vivo.

Ah!!!!! -Claire gritou. Assim como muitos colegas assistindo o que talvez seria os últimos momentos de Bianca.

O Maníaco levantara seu braço portando a faca, como se mirasse. Aqueles foram poucos segundos de uma eternidade de pesadelo. Ela nem suspeitava, não se virava, não se abaixava. Como se tudo estivesse em câmera lenta naquele momento de horror, os olhos se arregalavam diante das telas. Quando de repente, o braço do psicopata desceu acertando em cheio uma facada no topo das costas de Bianca, que contorceu o rosto em dor escruciante soltando um grito agudo horripilante, despencando no tapete no segundo em que a lâmina era com violência retirada de suas costas. Caindo de bruços, os gritos, não só dela, mas de todos os espectadores ecoavam de dentro das casas nos bairros dos jovens conectados de Ashville assistindo um filme de terror real, ao vivo e a cores. Bianca levantava o torso do chão, quando fora atingida por outro golpe também nas costas. Sua expressão de pavor repentino era quase tão forte quanto aos que assistiam. Ver a faca entrando fortemente nas costas da colega, e sendo puxada de sua carne banhada de vermelho era não só terrível, mas impossível de não deixar de ver. Ghostface não poupava tempo, acertando quase que imediatamente uma terceira facada na garota ainda estendida no tapete sacudindo as pernas em agonia e horror.

Num movimento rápido e bruto, a figura fantasmagórica se curvou agarrando os cabelos da garota, forçando-a a se levantar. Ela era erguida com força bruta levantando os braços tentando tirar as mãos do agressor de si, implorando por sua vida aos prantos com gritos agora mais roucos. Na medida que tentava se soltar colocando as mãos em sua cabeça sentindo a mão do maníaco que a agarrara, Bianca se debatia, sacudia de uma lado para o outro na esperança de ser solta das garras da morte. Ao se sacudir de um lado para o outro aos berros, o assassino respondeu seu comando puxando com mais força seus cabelos, agora era ele quem a sacudia como um animal. No vídeo, o rosto de dor agonizante de bianca era um borrão que ia de uma lado para o outro tentando se manter de pé enquanto o assassino ameaçava arremessá-la para a esquerda, e para direita, a qualquer momento ela seria jogada pelo cômodo.

—Desgraçado!!! Quem é você?!! Quem é você maldito!! -Claire berrava derramando lágrimas chacoalhando o Notebook.

Bianca era jogada contra a parede no canto esquerdo do vídeo. Batendo brutalmente contra ela ainda com as mãos do mascarado em volta de seus cabelos. Em seguida, fora arremessada para o outro lado, ela não parava de gritar. Fora jogada contra o sofá, batendo sua cintura no encosto, dando uma cambalhota involuntária caindo pesadamente em cima da mesinha de centro que se estilhaçou num baque onde inúmeros cacos de vidro e lascas de madeira foram espalhados pelo chão. Lá estava ela, agora caída em cima de todo aquele vidro, debruçada exibindo suas costas cheias de sangue para os internautas horrorizados ao verem a colega ser jogada feito um boneco. Sentindo seus dedos serem perfurados pelos cacos, Bianca se levantava um pouco mole e cambaleante, dava para ver agora o sangue escorrendo de sua perna, devido a um pedaço de vidro pontiagudo cravado em seu joelho. Ela dava passos para trás, vindo na direção da câmera ameaçando cair. Seu braços balançavam moles, era como se estivesse bêbada e desnorteada. O Assassino apenas a observava parado ao lado do sofá.

A Menina se virou, ficando de frente ao público. Ainda sem conhecimento de que estava sendo filmada. Os comentários eram inundados com Emojis de choro, raiva, mas ninguém de fato fazia nada. Ninguém levantou a bunda da cadeira para ir ajudá-la. Os olhos da garota se fechavam, sua boca inchada, o sangue escorrendo por sua perna e por suas costas. Ela esticou o braço, apoiando-se em pose e pernas tortas na parede onde estava a TV. Sabia que não conseguiria correr. O Assassino, tirava de seu manto negro, um celular, dando passos à frente da câmera, deixando Bianca ensanguentada encostada na parede se engasgando com a dor da morte que estava mais próxima do que nunca. A Máscara infame tomou conta do vídeo, encarando a covardia dos espectadores que não fizeram nada para ajudar uma garota indefesa que estava prestes a ser assassinada. Ele segurava o celular na altura da orelha olhando fixamente para a tela, como se observasse à todos.

Claire, derramando lágrimas ouviu seu celular tocar. Ele vibrava na sua mesinha. Ela o fitou, logo voltando seus olhos para a tela, já entendendo tudo. Pegou o aparelho, respondendo a chamada, mas sem dizer nada. Permaneceu em silêncio. A Voz do mascarado ecoou na linha.

—Hello, Claire.

Ela permanecia em silêncio, soluçando sem respondê-lo.

—Assuma seus atos. Ou este filme de terror não terá um final feliz. Você não pode salvá-los. Tudo o que pode fazer... é assistir...

Ele desligou. Claire atirou seu celular contra a parede num grito de raiva. O Mesmo se despedaçou em dezenas de pedaços. Com seus olhos em chamas de ódio, ela ainda assistia os minutos finais do show.

Bianca encostava a cabeça na parede, tentando respirar. A Dor era absurda. Suas pernas davam sinais de que não aguentariam mantê-la de pé por muito tempo. Em poucos segundos, ela estaria estirada no chão. Haviam várias manchas vermelhas enormes por debaixo de sua camiseta clara, ficando bem evidente a quantidade absurda de sangue que a menina perdia a cada segundo. Soluçava tentando respirar, seus olhos estavam meio abertos, meio fechados. O Sangue escorria até seus pés, que se entortavam enquanto ela lutava para se manter de pé, a ponto de ficar desacordada. A Figura mascarada se afastou da câmera, dando passos para trás.

Ele se posicionou devidamente, exibindo sua faca. Se virou, ficando de frente à Bianca, que mal se aguentava à poucos metros diante dele. Ele no canto esquerdo do vídeo e ela no direito. Uma contagem regressiva da morte começara. Todos se preparavam para o pior. Após um segundo hesitante, o mascarado empunhou sua faca correndo em disparada cruzando a sala, na tela ele aparecia correndo da esquerda para a direita indo de um ao outro canto do vídeo numa velocidade aterradora. Bianca levantou a cabeça rapidamente, e no último segundo que abriu os olhos, viu aquela figura como um vulto avançando para cima de si. Um grito em conjunto, dela e de todos assistindo se deu quase que ao mesmo tempo quando o mascarado se jogou de frente à garota, enfiando sua faca profundamente em seu peito num golpe em cheio. Bianca bateu contra a parede, estremecendo, tendo sangue passando por entre seus dentes e escorrendo pelo seu queixo. O fantasma abaixava a cabeça, deitando sua máscara no ombro da garota, aguardando que ela caísse morta. Com a boca aberta, em expressão de agonia, Bianca fechou os olhos. Sua cabeça pendeu para o lado, mole. A Faca fora retirada num movimento rápido, e no mesmo segundo, o corpo da menina despencava no chão deslizando as costas contra a parede, deixando de cima para baixo uma mancha espessa de sangue.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

"Esta transmissão ao vivo foi interrompida" -Apareceu marcando na tela. O Vídeo congelou. E Não mais se via nada.

Tudo fora congelado. Assim como as dezenas de jovens de não se mexiam, boquiabertos e aterrorizados na frente de suas telas.
—-----------------------------------------------------------------------------------

Edward abaixava o celular, incrédulo com o que acabara de assistir. Não só o choque por ter visto o assassinato, mas também os pensamentos que perambulavam sua cabeça o desconstruíam. Amelie acabara de perder a irmã e talvez nem soubesse. O que seria dele se perdesse Dylan? Ou se ele morresse, como Dylan lidaria com isso?. Jogado no sofá na casa de seus pais, ele olhava em volta ainda com as imagens frescas na mente. Podia ser ele sendo arremessado daquele jeito, morto brutalmente. Poderia ser a casa dele, seus pais. Dylan estava de costas para ele, ao fundo lavando a louça. Ed fitava o irmão de olhos tristes. Não conseguindo tirar o vazio do peito que seria perder um ente querido tão próximo. A ideia era assustadora o suficiente para que ele se levantasse, deixando o celular para trás. Caminhando silenciosamente ele queria ter certeza de que ao seu redor naquele momento tudo estava bem. Tocou no ombro de Dylan, que se virou todo inocente sem entender muito bem o olhar triste e a cara pálida de quem de fato havia visto um fantasma.

—Ed, que foi?

Edward não respondeu. Apenas o abraçou forte. Dylan, ainda não compreendendo, retribuiu o abraço, enquanto dentro da mente de Edward, um verdadeiro filme de terror rodava sem parar. Imaginava involuntariamente um dos dois mortos, se sentindo fraco, o medo era intenso a ponto de seu rosto ficar tão branco branco quanto a máscara usada pelo assassino.
—--------------------------------------------------------------------------------

A Viatura estacionava na frente da casa. Xerife Nicholas corria às pressas para fora do carro, vendo seu jardim lotado de outros oficiais e agentes do FBI. Uma ambulância também estava lá, e com a porta da frente aberta, via-se sua sala recheada de peritos que fotografam. Os flashes piscavam de dentro das janelas. A Rua estava coberta de vizinhos e outros jovens que assistiram ao assassinato online. Amelie, que já estava assustada, passou o dia todo na delegacia junto de seu pai, não queria ficar em casa o dia todo sem Bianca após a residência ter sido invadida. Nicholas passara o dia todo levando esporro do FBI sendo segurado em seu escritório obrigado a responder perguntas das quais nem ele sabia a resposta. Sendo julgado e humilhado pelos federais. Amelie ficara o dia todo lá sozinha no meio daquele caos na delegacia, tendo esquecido seu celular em casa ao sair às pressas com o policial que chegara atendendo a ocorrência de invasão hoje mais cedo. Ela se retirou com ele poucos minutos após confirmarem que não havia ninguém na casa. A Confusão com o FBI era tanta, que ela só conseguiu comunicar a invasão para seu pai à pouco tempo quando já estava anoitecendo, dado ao fato de que ele estava impedido de sair de seu gabinete e cercados por arrogantes agentes. Bianca provavelmente voltara para casa sozinha depois de passar o dia deus sabe onde, encontrando a residência sozinha e abandonada em entender o poque da porta da cozinha estar arrebentada. A Pobre menina estava completamente avulsa à situação.

Agora, Nicholas era controlado mais uma vez. Sendo segurado pelos braços por 4 homens com distintivos do FBI que não o deixavam se aproximar de sua casa. Amelie com medo não se movia, ficou em pé ao lado da viatura chorando sendo atingida pelos os gritos desesperados de seu pai que pareciam golpeá-la como tiros de metralhadoras. Seu coração congelou ao ver a maca sendo puxada para fora de casa, onde um corpo coberto por um lençol branco com manchas de sangue era empurrado pelo jardim por dois paramédicos. Ela sabia que era sua irmã. Seus braços e pernas não a contiveram, se lembrando das últimas palavras que trocara com a irmã. Palavras de que nunca se perdoaria. Tudo aquilo foi golpe de machado em seu coração, Amelie não conseguiu se segurar, desmaiou ali mesmo na rua, quase que ao mesmo tempo em que seu pai despencara aos prantos no gramado, perdendo todas as forças físicas e psicológicas. Nada poderia prepará-los para aquela noite. O Fantasma atacara de novo, levando a vida de Bianca. Irônico fato da garota conhecida como "CNN" ser assassinada ao vivo para o público.