Dormitório 801

Lituânia


Tohemmet suspirou e abriu os olhos, bocejou sentindo seus sentidos despertarem, olhou para relógio da parede. Que estranho. Tinha fechado os olhos por apenas meia hora. Xingou-se mentalmente por despertar de um sonho tão bom e pensou em voltar a dormir, mas seus olhos deslizaram para baixo e encontraram os de Guz abertos, encarando-o; uma onda de prazer aqueceu seu corpo.

— Ainda acordado? — murmurou baixinho.

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— Não consegui dormir. — o loiro admitiu deslizando sorrateiramente sua mão direita para a nuca do moreno e puxando-o para um beijo.

— O que foi isso? — Tohe perguntou e engoliu a seco.

— Eu... não sei. — Guvensiz suspirou e se apoiou com um cotovelo na cama. — Tohe, eu...

— Você o quê? — questionou quando o silêncio se estendia excessivamente.

O armador observou o amigo. Guvensiz estava com os cabelos dourados desarrumados, seus olhos estavam tristes - e pareciam estar mais tristes com o passar dos dias, seus lábios estavam semi abertos, o garoto estava sem camisa e sem short, mas o moreno conseguia ver apenas até o quadril dele, o resto do corpo estava coberto por um lençol grosso que ambos compartilhavam. Tohemmet retirou seus olhos dos do amigo e desceram até o peitoral dele, a pele branca e lisa estava marcada por uns pontos vermelhos, denunciando os chupões e as mordidas que preencheram a noite poucas horas atrás. Os olhos do armador voltaram para os claros de Guz, mas o garoto desviou o olhar.

— Eu... estou sem sono.

— Ah, sim. — sentiu-se um idiota por ter sentido uma pequena esperança. — Quer conversar para ver se o sono vem?

Guz sorriu e se sentou.

— O quê vai fazer quando terminar o colégio? Já achou alguma faculdade, Tohe?

O armador tentou ignorar o sentimento de intimidade que preenchia-o toda vez que Guvensiz o chamava pelo apelido.

— Ainda não sei. — admitiu. — Mas vou decidir na Nova Zelândia.

— Vai voltar para lá? — o loiro perguntou e desviou o olhar novamente.

— É o que pretendo. Você vai voltar para a Lituânia, não vai?

— Vou... — murmurou. — Falando nisso, Tohe. Você podia me visitar. Meus pais te adoram, você sabe, eles iam amar você lá. Pode aproveitar e ficar para a Páscoa*, sei que a minha mãe adoraria você lá, principalmente no primeiro dia.

— Ver as cegonhas. — Tohe disse ignorando o embrulho do seu estômago.

— Ver as cegonhas. Passear de balão. — Guz abriu um grande sorriso e voltou a olhar o moreno. — A Terra dos Lagos. — o garoto suspirou lembrando de casa. — Você vai adorar o Lago Sartai, antes ocorriam corridas de cavalo sobre as águas congeladas, já imaginou? Mas pararam porque era muito perigoso. Me admira terem começado. E os bosques de lá são de tirar o fôlego. Podemos nos perder em algum deles. — deu a Tohe um olhar pervertido, mas logo riu. — Nós temos que visitar o Castelo da Ilha Trakai, eu nunca me canso de lá. Ah, e Tohe, as pessoas de lá simplesmente amam basquete. Colírio para os seus olhos, não? Só não se empolgue muito. Vai ser tão divertido, não acha? — o loiro mordia os lábios e seus olhos brilhavam de empolgação.

— Guz, — Tohemmet o chamou, sentou-se também e alcançou os lábios dele, o loiro correspondeu prontamente o beijo, arrastando sua língua por toda a boca do armador como se aquele território fosse seu e mordeu o lábio inferior do moreno quando ele se afastou. — Você sabe que eu não posso ir.

O sorriso de Guz morreu.

— Por que não?

Tohe suspirou e olhou para o teto.

— Eu quero, Guz, tanto que você não faz ideia. Mas eu não sei se suportaria... fingir que eu não sinto nada. Eu estou no meu limite, pakera. E todo dia eu me apaixono mais um pouco.

Guvensiz segurou sua respiração, parecia que alguém tinha jogado todas as emoções num caldeirão e depois dado um banho no loiro com elas. Mas um sentimento ele conseguia distinguir. Felicidade. Estava tão feliz. Mas também tinha tanto medo, era definitivamente um covarde.

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— Eu.. eu acho melhor ir dormir na minha cama. — o garoto murmurou e se levantou, deixando Tohemmet só.