pidge já teve o mundo inteiro em suas mãos.
ela vivia uma vida sem defeitos.
seu pai, seu irmão, sua mãe.
todos eles eram incríveis de sua maneira: poderia passar horas e horas (já fez isso, uma vez) compartilhando as histórias mirabolantes de seu primogênito,
ou as conquistas inacreditáveis do seu reflexo mais velho,
ou a força e a paciência da mulher que lhe ensinara a valorizar todos aqueles pequenos detalhes, um por um, para juntar todos eles depois em uma densa coletânea de memórias.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!ela faria isso de novo.
ela reviveria cada um daqueles fragmentos, que eram o quebra-cabeças mais bonito que conhecia, se lhe fosse dada a chance.
uma hora, o mundo deixou de ser o suficiente.
não era apenas a mais nova que tinha aquilo em mente. seu pai tinha. seu irmão tinha. e os ensinamentos de sua mãe — você deve ir atrás dos seus sonhos, mesmo se eles estão bem, bem distantes, nas estrelas — a levaram para longe.
ela encontrou o que procurava.
ela passou pelas nuvens
e tocou a galáxia
e descobriu coisas que pareciam mais brilhantes do que o sol.
pessoas que valiam a pena o esforço de ir até a lua e voltar.
encontrou o garoto que mesclava-se com a escuridão de um céu sem esferas, mas que mostrava-se, cada vez mais, uma grande nebulosa:
o responsável por trazer luz e beleza e novidade para uma vida que já era boa, mais que perfeita.
a sua estrela que transformou o mundinho que tinha na ponta de seus dedos em uma coisa infinitamente maior, uma coisa ainda mais bela, uma coisa que jamais tinha lhe sido ensinada antes.
pidge admirava a sua terra, a sua família e toda a energia boa que lhe cercava, que sempre cercou, sempre cercaria quando lá estava.
no entanto, aquele sentimento novo— a sensação de querer acender o melhor daquele que era uma imensidão de mistério, de tirá-lo do escuro e levá-lo para a sua realidade iluminada; isso era o que queria, agora.
para ter a sua própria história (como vocês ficaram juntos?),
sua própria conquista (o que ele viu em você?),
seus próprios ensinamentos (eu roubei uma estrela do céu, e ele é meu agora, e eu amo ele tanto, tanto)
para, então, remendá-los em sua inacabada, antiga página de lembranças.
falar sobre elas de novo e de novo em uma mesa de jantar com as pessoas que já eram o seu mundo e o rapaz que, agora, fazia parte dele.
"você está em casa, keith."
pidge tinha o mundo inteiro em suas mãos.
uma hora, ele deixou de ser suficiente.
e ela tomou o universo inteiro para si.
Fale com o autor