Village

O barulho de muitas vozes de pessoas a fez acordar, parecia uma multidão, ela levantou sem muito pensar, Lucy não estava mais na cama.

No seu interior ela pediu para que aquilo tudo fosse um sonho.

Antes de descer para saber o que estava acontecendo, ela lavou o rosto, acordando de vez, pegou uma espécie de casaco de lã preto que havia na velha cômoda no canto do quarto. Pegara o arco e flecha e já estava com a aljava nas costas, como se fizesse parte de si.

Já estava descendo as escadas para a entrada principal, quando ao olhar de relance ela reparou que realmente tinham varias pessoas ali, ela andava vagarosamente ate o salão, um tanto assustada, eles estavam murmurando coisas como “o que vamos fazer" ou “quem vai nos liderar" e todos eles tinham algo em comum, as raízes no pescoço.

Ela se misturou na multidão, eles praticamente cercavam da árvore até a ponte, deveriam ser umas 500 pessoas só naquele cômodo, mais algumas para fora do castelo, que ela obviamente não conseguia ver.

O barulho da multidão cessou e ela foi atraída pelo som de alguém pedindo silêncio no topo das escadas, já próximo ao lustre, um James gritava a plenos pulmões pedindo silêncio, Lucy e Alvo estavam atrás dele.

— Vocês precisam se acalmar – Ele falava alto, aparentava cansaço – Para que resolvamos isso – Ele comentou suspirando vendo que a multidão tinha se acalmado

A menina saiu desviando das pessoas ate chegar aos pés da escada, para ouvir mais claramente.

— Precisamos de pessoas ajudando aqui no castelo e na vila – James continuou com a voz firme – Alvo e Lucy os ajudarão a se acomodarem na vila – Ele apontou para os dois

Alvo e Lucy se entreolharam sorrindo amarelo.

— Os que ficarem aqui no castelo podem falar comigo, vamos nos ajudar para que isso possa funcionar – James exclamou

— E como vamos nos defender? – A voz de alguém gritou na multidão e todos concordaram em uníssono.

A ruiva observou enquanto James esboçava um sorriso quase de deboche.

— Vocês tem magia – Ele respondeu rindo – Se querem se defender deles, acreditem em si mesmos, vocês são muito mais poderosos do que imaginam, talvez um dia eles tenham nos derrubando, pisado em cada um de vocês por milhares de anos e lhes faltou uma única coisa que ninguém lhes deu, esperança.

Os primos Weasley se entreolharam chocados com o discurso do menino.

— E eu dou isso para vocês, esperança, acreditem nisso, acreditem em si mesmos – Ele suspirou pesadamente – Nós vamos treinar todos e ninguém vai se quer encostar um dedo em vocês, quem dirá uma espada – O menino riu.

Todos estavam felizes com aquilo, com os olhos brilhando eles observavam o moreno falar.

— Só peço que tenham um pouco de calma que tudo vai se encaixar – Ele sorriu – Vamos quebrar essa roda.

Ela sorriu maravilhada vendo a multidão ovacionar e aplaudir o garoto, logo todos começaram a dispersar, uns esperando os três descerem as escadas e outros indo em direção a vila, a ruiva subiu as escadas rindo consigo mesma, Lucy e Alvo também estavam com expressões risonhas.

— O que? – James perguntou rindo desconcertado – Vocês deixariam eles falando sem parar por mais cinco horas!

— Eu tenho que confessar que estou ficando cada vez mais admirada com você – Lucy comentou colocando as mãos na cintura arrancando gargalhas de Alvo.

Rose parou ao lado de Lucy acompanhando a risada do primo.

— Rose... – James cumprimentou sorrindo de canto, rapidamente encabulado.

— James... – Ela respondeu corando.

— Ih – Alvo olhou para os dois confuso – Que que houve aqui? – O menino ergueu uma sobrancelha

— Nadinha – Lucy respondeu brevemente agarrando o braço do primo e o puxando escada a baixo – Temos muito pra organizar, Al – Ela riu dando uma ultima olhada para trás e piscando para a prima.

Rose corou mais do que já estava.

— Você vai querer ajudar aqui ou...

— Aqui – Rose interrompeu sorrindo levemente.

Ele retribuiu o sorriso.

[...]

Hermione recusou novamente a comida, Rony cansara de insistir e deixara a bandeja do lado da cama, em cima da cômoda.

Rony voltou para a cozinha passando a mão no cabelo nervosamente.

— Ela não come nada – Ele comentou despertando Hugo e Kyla

Os dois o olharam tristes.

— Eu posso falar com ela, pai – Hugo comentou, porem antes que pudesse levantar Kyla segurou sua mão

— Eu vou – Ela afirmou relutante, Hugo assentiu franzindo o cenho.

A menina estava receosa em conversar com Hermione, mas ela precisava daquilo agora.

Kyla passara muitos dias pensando como reagiria a uma conversa séria novamente com aquela mulher, sua mãe lhe contara o que havia acontecido no episódio que a mesma tinha ido ate lá com Rose... Rose... Essa era sua maior fraqueza...

Ela entrou no quarto, encontrou uma Hermione encolhida debaixo de um edredom pesado, com os olhos inchados quase fechados e a pele pálida, ela parecia estar doente. Kyla se sentou na poltrona perto da cama e as duas se encararam.

— Eu sei que deve estar doendo... – Kyla começou respirando fundo

— Eu estou pagando pelo meu erro – Hermione sussurrou desviando o olhar

— Você não pode se culpar por isso – Kyla murmurou sem saber ao certo quais palavras usar – Você precisa comer, Hermione...

— Não, não sem ela aqui...

— E como você vai estar viva ate que ela volte desse jeito? – Kyla rebateu

— Eu quero a minha menina de volta – Hermione se encolheu na cama, cobrindo o rosto com as mãos

— Rose vai voltar, Hermione, eu sei que vai – Ela respondeu firmemente – O universo não faria isso com você sabendo que me trouxe de volta.

Kyla se arrependeu nos segundos seguintes de ter dito aquilo, parecera ter piorado toda a situação, ela queria bater na própria testa por essa.

A menina levantou da poltrona e andou ate a cama, sentando bem próxima ao pé, ela fitou o chão e tomou uma respiração profunda.

— Eu perdoo você – Ela sussurrou, Hermione rapidamente ergueu os olhos para a menina – O que é nosso de verdade sempre volta, sabe?

Hermione conhecia bem aquelas palavras, agora elas faziam todo sentindo, ela podia sentir na pele a dor de Astória na pele, Astória caiu dentro de si profundamente depois daqueles acontecimentos, se ela ao menos soubesse que Kyla estava viva...

E era tudo que ela queria agora, saber se sua menina estava viva, não importava muito o resto das coisas, mas o que Rose diria se soubesse que ela ficara na cama chorando o tempo todo que ela estava desaparecida? Rose não gostaria disso, sua Rose não aceitaria isso.

Hermione apreciara aquilo, os Malfoy eram realmente bons em perdoar, ela não podia dizer o mesmo de si mesma, mas daquela vez, só por algumas horas, ela queria ser boa também, por Rose.

A mulher puxou a bandeja para si enquanto seu estômago roncava, Kyla abriu um grande sorriso ao ver aquilo.