A caminho do sanatório, Coringa apertava sua arma com força. Desde que soube que ele estava sob ataque, se sentia estranhamente desconfortável, ago além de preocupação, apenas... Mau pressentimento. Isso o fazia dirigir mais rápido.

Assim que avista o sanatório, ele percebe que a rua inteira estava interditada. Havia policiais para todo lado e alguns curiosos, além de várias equipes de reportagens. O mais sábio seria conseguir sua própria entrada, e passando por ela completamente invisível.

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Passando sua arma para a mão esquerda, ele pega o celular com a outra. Ao discar um número, a ligação é iniciada.

— Senhor? — Um dos homens atende do outro lado, ele provavelmente estava próximo a "multidão" que cercava o lugar

— Preciso de uma roupa policial em trinta segundos, estou na esquina oposta ao portão principal. — Coringa desliga o celular

Ele bate seus dedos impaciente no volante, enquanto via os repórteres de longe. Havia até helicópteros que estava rodeando o Arkham. Em menos de um minuto, um de seus homens bate no vidro dele, lhe entregando um conjunto azul e preto.

— Senhor, não tivemos tempo para avisar, mas o Batman entrou.

Coringa encara o homem e fecha os olhos, respirando fundo. Pela primeira vez em sua vida, ele esperava que a Harley esteja segura. Ele balança a cabeça negativamente tentando evitar qualquer sentimento de culpa e começa a se trocar.

— Espere meu sinal. — Coringa diz e o homem dá um aceno com a cabeça, saindo

Ao sair do carro, completamente vestido como mais um policial de Gotham, ele caminha até a multidão. De cabeça baixa e em passos rápidos, seu rosto e cabelos protegidos apenas por um chapéu quepe com o distintivo do distrito, ele chega até a faixa amarela que impedia os curiosos e repórteres de passarem.

Ele pega seu celular novamente e digita "AGORA", enviando o SMS. No mesmo momento, um tiroteio se forma, fazendo a população toda se abaixar e gritar histericamente. Os policiais sacam suas armas e tentam controlar a situação, mesmo nem sabendo o que estava acontecendo. Coringa aproveita a grande distração e passa normalmente para dentro, enquanto todos trocavam tiros lá fora.

Ao entrar, ele só ouvia os tiros e gritaria do lado de fora, ele também ouve um helicóptero que sobrevoava o Arkham se afastar, provavelmente para filmar a confusão na rua. Segurando sua arma e jogando aquela boina ridícula no chão, ele caminha silenciosamente pelo lugar, atento para qualquer pessoa que pudesse aparecer.

— Harley Quinn, você vai apanhar. — Ele sussurra para ele mesmo

Ainda em seus passos silenciosos, ele abre porta por porta atrás de qualquer coisa que se mexesse, mas parecia que o prédio estava vazio. Até que ele ouve um barulho vindo do andar de cima, parecia algumas vozes, mas estavam baixas demais para poder serem reconhecidas. Rapidamente, ele sobe as escadas.

Ao chegar no andar de cima, ele tenta seguir as vozes, mas elas param. Coringa ouve um ruído em uma porta próxima, onde parecia ser uma dispensa. Imediatamente ele encosta sua arma na porta.

— Quem está ai? — Ele pergunta, esperando ouvir um meloso "pudinzinho" e a porta sendo aberta, mas não

Ao invés disso, um grande silêncio paira no ar. Impaciente e irritado, ele atira na maçaneta. Uma voz masculina grita assustada lá de dentro, e a porta é aberta com força pelo Joker. Ele encontra um homem vestindo um uniforme do Arkham, ele tremia muito.

— Onde ela está? — Coringa grita, puxando o homem pela gola da camisa

— Elas estão lá — O homem aponta para o lado direito — Por favor, não me mata.

— E o Batman? — Coringa pergunta novamente, sua irritação continuava

— Eu não sei, ele saiu. Eu juro!

Coringa solta a camisa do homem, que cai no chão. Em passos rápidos, Coringa se aproximava das portas ao fim do corredor. Havia muitas preocupações agora para ele se preocupar em matar aquele homem, ainda mais se o Batman ainda estiver por ai, cada bala conta.

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Ele abre as portas uma por uma, mas não encontrava nada. Até que ele para em frente a uma porta cinza, que tinha uma pequena janela de vidro. Através dele, Coringa consegue ver Harley Quinn deitada em uma mesa, e Hera Venenosa ao seu lado, segurando sua mão. Em um empurrão rápido, ele entra no lugar, correndo até elas.

Hera Venenosa olha para ele sem muita surpresa, seus olhos estavam vermelhos e inchados. Coringa ignora Hera Venenosa e caminha diretamente até a Harley Quinn, que estava deitada. Ele arregala os olhos ao olhar para ela.

Harley Quinn estava mais pálida do que ele, suas veias estavam escuras, roxas, quase pretas. Seus lábios estavam rachados e seus olhos estava quase sem brilho algum. Era como olhar para uma pessoa morta.

Harley se esforça para piscar, ao notar a presença do Coringa a sua frente, ela tentava ver se não estava alucinando. Ele permanecia perplexo olhando para ela, Hera já havia soltado sua mão e estava em pé ao lado deles.

— P-Pudin... Pudinzinho? É você? — Harley tenta mover a cabeça em direção a ele

Coringa se abaixa até ela e coloca as mãos no rosto dela, observando-a de perto. Aquele brilho estava se apagando, ele conseguia sentir. Mas estava incapaz de dizer qualquer coisa, era como se alguém o estivesse esmagando lentamente e dolorosamente por dentro.

Harley Quinn sorri, seus lábios se partem. As veias negras começam a subir pelo seu rosto, mas ela apenas encara os olhos verdes do Coringa.

— A-Achei que nunca mais fosse te ver — Harley continua sorrindo, seus olhos se enchem — Se existir um Deus, eu sou grata a ele por isso.

Ela junta suas forças para levantar o braço, passando seus dedos pelos cabelos verdes do homem a sua frente. Coringa nunca havia estado tão perplexo, e o pior, ele jamais ficou sem conseguir dizer algo. Esta foi a primeira vez.

— O-O que... O que você fez? — Coringa pergunta, levando o olhar até Hera Venenosa, que estava tentando parecer forte

— Foi o Batman, ele a envenenou.

— Isso é impossível — Coringa volta a olhar Harley Quinn, que sorria para ele — Ela não pode ser envenenada, nem nada químico consegue machuca-la.

— Esse consegue — Hera Venenosa se abaixa, apontando com os dedos as veias pretas que subiam pelo pescoço de Harley — Está vendo isso? É o veneno, ele está subindo para a cabeça. E-Ela... Coringa...

— Não! Ela não vai morrer! — Coringa grita, Harley olha triste para ele — Você sabe desse veneno? Você pode tira-lo!

— Eu já tentei! — Hera grita de volta, sua voz é apertada pelas lágrimas fortes, ela tenta as segurar para continuar a falar — Isso veio de mim, modificado, mas veio. Qualquer coisa que eu colocar no corpo dela, vai acelerar o processo!

Harley Quinn observa eles, sua visão estava turva e um pouco borrada. Ela já não sentia mais seu corpo, parecia que estava paralisado, uma queimação persistente em seus membros era a única coisa que lhe dava a certeza de que estava viva. Mas conseguia sentir o veneno, sabia que ele corria, ele queimava.

— A-Amorzinho... Eu já entendi... — Harley tenta dizer, os dois param de falar e a encaram completamente, Coringa se abaixa até ela — Eu já entendi... E-Eu, eu vou morrer... — As palavras dela saem como uma facada instantânea no peito do Coringa, ele abre a boca para respirar, devido ao aperto enorme que se formava dentro dele — Eu já fiz o meu trabalho aqui, eu estou pronta par...

— Não! — Coringa grita novamente, apertando seus dentes, ele segura Harley pelo rosto, buscando controle para dizer algo sensato — Você não morrer! Ouviu?

Harley Quinn encara os olhos preocupados dele, os olhos dela se enchem novamente de lágrimas. O rosto pálido dela fica vermelho, o lábio trêmulo dela indica o quanto ela iria chorar. Ela encara o Palhaço, que dobra as sobrancelhas.

— Eu não quero morrer! — Harley diz, liberando suas lágrimas, Hera cobre o rosto com a mão e chora fortemente — Por favor, me desculpe por ser irritante.

Coringa morde o próprio lábio, o maxilar dele endurece. Os olhos verdes do Palhaço começam a ficar vermelhos. As veias negras começam a subir pela bochecha de Harley.

— Obrigada pela aventura, Mr. J — Harley tenta sorrir, suas lágrimas escorrem pelas bochechas

A visão do Coringa se embaça e Harley presencia algo jamais visto. Sim, ele derramou uma lágrima por ela.

As veias sobem pelo rosto de Harley Quinn, Coringa segura sua cabeça entre as mãos. Hera respira fundo para conseguir controlar suas lágrimas.

— Não ouse me deixar. — Coringa diz olhando nos olhos de Harley, apesar das lágrimas, eles estavam se ofuscando

— S-Sua vida não começou quando eu entrei nela, não vai terminar quando eu sair. — A voz de Harley some no final

— Não tem ideia em como está errada. — Coringa aperta a própria mão, o aperto dentro dele quase o impedia de respirar

— Eu sempre vou amar você. — Harley diz, usando toda sua força

Ela sorri e mais duas lágrimas escorrem do rosto dela.

— Eu também. — Coringa finalmente diz, deixando mais lágrimas descerem de seu rosto, enquanto o rosto de Harley se cobria pelo veneno

Harley abre um pouco a boca, devido sua fraqueza. Ela sente a maior felicidade de sua vida, e nem conseguia demonstrar. Por dentro, ela gritava e batalhava para conseguir mover seu corpo para se aproximar dele, mas era inevitável, seu corpo não a obedecia mais.

Hera Venenosa abre a boca assustada pela declaração, vendo o modo como Coringa falava e olhava para ela. Ela se arrepende amargamente por tudo que fez para separa-los, estava óbvio que Harley estava certa.

Coringa se abaixa e se aproxima do rosto de Harley, que estava gelado. Ele segura o rosto dela e encosta seus lábios, pressionando-os. Uma lágrima desce pelo rosto do Palhaço, enquanto a beijava.

Harley sorri por dentro ao sentir a única pessoa que ela verdadeiramente amou estar ali, com ela. Ela estava feliz e pronta para partir.

Coringa se afasta e abre os olhos, ao encara-la, ela estava imóvel, com os olhos abertos, encarando o nada.

— Harley? — Ele balança devagar o rosto dela

Todas as veias dela estavam negras, a pele extremamente branca. E seus olhos... Eles já não tinham vida.

— Não, não — Coringa balança mais o rosto dela, se desesperando — Não, você não pode fazer isso!

Inesperadamente, Hera dá um forte empurrão em Coringa, fazendo-o ser jogado no chão. Ele se levanta irritado e vê a mulher se aproximando do rosto de Harley.

Imediatamente, Hera Venenosa pressiona seus lábios contra os de Harley, fazendo Coringa olhar para aquilo indignado. Uma fúria toma conta da mente dele e ele saca sua arma, apontado-a para a mulher. Hera Venenosa grita e cai no chão, se contorcendo fortemente.

Coringa corre para perto delas e vê Hera Venenosa gritando histericamente e se debatendo no chão, a pele dela soltava uma fumaça branca e seus olhos se queimavam, estando completamente vermelhos, como se estivesse prestes a explodir. Hera puxa seus próprios cabelos de dor, arrancando boa parte deles. Coringa continua encarando a cena chocado e sem entender o que estava acontecendo, Hera racha o piso devido a força em que se debatia.

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— Coringa! — Hera grita alto, os gritos dela estavam tão altos que era provável que até do helicóptero dava para ouvir — Atira!

Hera se debatia, gritando desesperada. A pele dela começa a se soltar, caindo no chão junto com seu sangue. Coringa, ainda confuso, aponta a arma para ela.

Hera grita alto, quebrando seus próprios dedos com a força em que os apertava.

— Atira! — Ela implora gritando mais uma vez

Coringa mira na cabeça dela, trêmulo por tudo que estava acontecendo. Hera grita mais vez, mas é calada pelo tiro disparado pela arma do Coringa.

A bala faz um furo perfeito na cabeça da mulher, se prendendo ao chão. Hera para imediatamente de se debater, mas sua pele continua se queimando. Ele olha para o corpo dela, que estava se deterionando ali na hora.

Ao conseguir ligar os pontos, ele corre para a mesa onde Harley estava deitada. É bem óbvio o que Hera fez, ela usou suas habilidades para retirar o veneno do corpo de Harley, inevitavelmente o enviando para si. Seus lábios eram responsáveis por transportar venenos, só podiam ser eles para fazer isso.

O corpo de Harley ainda estava imóvel, mas Coringa se anima ao notar que as veias negras haviam desaparecido. Apenas a pele dela continuava pálida e gelada.

Ele pressiona suas mãos contra o peito dela, fazendo uma massagem cardíaca.

— Vamos, vamos. — Ele pede fazendo os movimentos

Ele repete as palavras mentalmente, enquanto fazia os movimentos, tentando reanimar o coração dela.

Inesperadamente, Harley Quinn levanta seu peito, puxando todo o ar que conseguia. A cabeça dela se vira para trás e ela abre a boca, buscando mais ar.

Coringa para os movimentos e olha para ela, incrédulo. O corpo de Harley Quinn cai novamente na mesa, e ela começa a tossir. O vazio dentro do Coringa é preenchido e todo o aperto parece se soltar, o maior alívio que alguém poderia sentir, ele viveu naquele momento. Imediatamente, ele segura o rosto de Harley entre as mãos, constatando que ela estava mesmo lá, e viva.

— Pudinzinho! — Harley grita chorando e abraça Coringa, fechando seus olhos

Coringa afunda seu rosto nos cabelos de Harley, a apertando com força. Dane-se tudo que já aconteceu, ele estava mesmo ali chorando por ela estar bem.

Eles passam longos minutos abraçados, se apertando e chorando. Dessa vez, de felicidade.

Harley Quinn se afasta com seus olhos inchados e rosto vermelho, ela encara o Palhaço, que estava da mesma forma. Ele ainda a encarava sem acreditar, enquanto via os olhos dela brilhando totalmente de novo. Harley sorri e se joga em cima dele, o beijando calorosamente.

Coringa beija Harley Quinn desesperado, naquele momento, era a melhor coisa do mundo. Era tudo que ele precisava, não via mais sua vida sem ela, e estava comprovado isso agora. Apesar de tudo, não será a morte a os separar.