Apenas morna

Já não bastava só eu


Eu pensei que me bastava

Pura existência, pura exigência

Pensei que bastava só eu

Que dava pra ver meu sorriso por detrás de dentes tortos

Que dava pra ver meus olhos por detrás de lentes grossas

Eu pensei que nada disso fizesse sentido

Que não fizesse importância

Que dava pra ver minha empolgação ao contar uma história

Minha devoção ao trabalhar de hora em hora

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Pensei que dava pra me ver em cores

Que desse pra sentir como se sentem flores

Que por detrás desse manto invisível,

fosse possível me enxergar

Assim, como nasci

Espontânea, sem manhas

Sem neura, inteira

Pensei que fosse dar pra perceber

Que o problema de crescer não era sofrer,

mas viver.