Love Story

A Festa de Gala


Chegou o dia da Festa de Gala do Departamento de Criminalística de Las Vegas. Foram quatro longos dias.

O pessoal não estava muito animado, mas uma festa depois de meses de trabalho duro era sempre bom. Ainda mais se fosse pra ganhar o prêmio por serem a melhor equipe de criminalistas do país.

Em casa, Sara dava uma última olhada em seu visual em frente ao espelho e tinha que admitir, estava estonteante!

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Ela trajava um vestido longo na cor vermelha, busto rendado com flores e algumas pedrarias. A renda ia até a cintura e o resto da saia era lisa em seda, várias camadas finas. As costas do vestido era transparente evidenciando sua escápula.

No rosto uma maquiagem nem tão leve, nem tão forte, mas a sombra clara com delineador gatinho e cílios bem levantados, deixaram a cor de seus olhos bem viva.

— É... Ficou bom mesmo! - pensou alto.

A única coisa que vinha em sua cabeça era se Grissom ia gostar de vê-la assim.

Deu uma última ajeitada no cabelo que estava perfeitamente liso e brilhante, com uma mecha presa pra trás. No meio e não no lado. Pra não ficar partido o meio como sempre usa. Cabelo boi lambeu como diz minha mãe. Mas na Sara fica bonito.

...

— Sarinha! - Greg bateu na porta.

— Já estou indo, Greg! - ela respondeu.

Pegou sua bolsinha, colocou a alça no ombro e foi abrir a porta. Ao fazer isso, Greg ficou maravilhado com o que viu. Ela estava incrivelmente linda!

— Uau!

— Gostou?

— Adorei! Você está linda, Sara!

— Obrigada. - sorriu. _ Vamos?

— Vamos. - estendeu a mão pra ela que segurou, e com a outra fechou a porta.

— Ah, desculpa vir te buscar sem carro, ele quebrou hoje de manhã e ainda não está pronto. Então vim de táxi.

— Tudo bem, Greg, não tem problema. - ela sorriu.

...

No salão...

— Acha que ainda vai demorar pra começar? - Gil estava impaciente. Não sabia o que tinha dado em sua cabeça de chegar cedo.

Grissom só foi nessa festa por educação mesmo, nunca ficava até o final por não dançar e nem beber muito. Porém, naquela noite Sara também estaria presente, e ele estava ansioso para vê-la. Não é todo dia que tem uma festa de gala. Sara com certeza estaria maravilhosa aquela noite. Como ele estava sem par – ele sempre ia com Catherine, mas dessa vez sua amiga fez par com Warrick –, muito provavelmente ficaria ali sentado sozinho, só observando os amigos dançarem. Só iria embora dali quando Sara fosse. Queria ficar a observando se divertir. Era bom ficar olhando pra ela.

— Não. Está quase todo mundo aqui. Só faltam alguns do diurno e os seus CSI’s. - disse Brass que era o único que estava sentado com ele na mesa ao fundo. _ Ah! Catherine e Warrick chegaram, olha ali.

— Menos dois. - suspirou Grissom. _ Uau! - ele disse a amiga assim que Cath chegou perto da mesa com Warrick. _ Vocês estão muito elegantes!

O vestido de Catherine era justo na cintura e no quadril, e solto na saia. Na cor azul marinho com os ombros expostos.

— Ninguém é mais elegante que você nesse terno, Gil! - Catherine comentou sorrindo e foi cumprimentá-lo com um beijo no rosto. Adorava quando Grissom usava terno, ficava muito charmoso. Certamente já estava chamando atenção das mulheres da festa.

— Já está bem cheio aqui. - comentou Warrick.

O salão era amplo e tinha paredes num tom verde claro, bem neutro. Como era a sala de ballet do lugar, tinha um espelho cobrindo uma parede inteira. As janelas da sala foram todas cobertas pelas cortinas, porém tinha ar-condicionado, então ok. Ao fundo da sala havia um pequeno palco que colocaram para serem realizados os discursos, e até a metade da sala tinha mesas redondas cobertas por tecidos brancos e cadeiras da mesma cor. Perto da entrada montaram um bar, e o resto do espaço que sobrou ficou como pista de dança, penduraram um globo de luz e ficou ótimo.

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— E já tem gente dançando. A festa nem começou.

— Pois é.- Warrick concordou e se sentou.

— Rick, você se importa se eu dançar com o Grissom? Ele precisa dar uma animada.

— Quê? - Grissom fez aquela cara de: “Quem falou que eu quero dançar?”.

— De maneira alguma. Aproveita que a música é lenta. Vai lá, Griss.

— Ah não, Cath.

— Vem Gil! Você tem que melhorar essa cara! - a ruiva pegou na mão dele e o puxou pra pista.

Os dois amigos dançaram ao som da música Hotel Califórnia da banda Eagles e depois voltaram pra mesa.

— Viu só? Essa dancinha fez bem. De nada, Gil.

Grissom sorriu.

Poucos minutos depois, quem chegou nessa bagaça?

Sara, a maravilhosa junto com Greg, o estiloso.

Vale lembrar que todos os homens estavam iguais, o negócio aqui é comentar o look das mina.

Greg e Sara cumprimentaram o povo que eles conheciam enquanto eram observados pelos amigos.

— Nossa! - exclamou Warrick. _ A Sara está linda! É difícil vê-la assim tão arrumada.

— Verdade. - concordou Catherine. _ A Sara é simples, não é muito vaidosa.

— Mas quando ela quer ser, ela arrasa! Olhem só! - Jim também ficou admirado, mas sabia que o mais abobalhado ali era certo supervisor.

Grissom não conseguiu dizer nada. Estava ocupado demais admirando a beleza de Sara. Ela ficava mais bonita a cada dia.

Sara se aproximou da mesa com seu acompanhante de cabelo arrepiado.

— Oi gente!

— Oi! - todos os cumprimentaram.

— Estava aqui comentando o quanto você está linda hoje, Sara!

— Minha acompanhante é a mais linda dessa festa, Rick. Eu sou um sortudo!

Sara riu.

— Obrigada pelo elogio, Rick! - sorriu timidamente. _ E você parece um galã de novela!

Warrick riu.

— Valeu!

— Quase alugo um vestido da mesma cor que o seu, Sara. Foi por pouco. - disse a ruiva.

— Mas eu gostei desse azul. É lindo! Combinou com você.

— Valeu. - sorriu de lado.

Elas ainda estavam meio estranhas uma com a outra desde aqueles mal entendidos com o caso de Julie Waters.

— Cadê o Nick?

— Ainda não chegou. - Warrick respondeu a pergunta de Sara. _ Deve ter pegado trânsito.

— Bom, é a primeira vez que eu venho numa festa dessas. Como é?

Foi a vez de Brass responder a pergunta dela.

— Vamos ouvir alguns discursos, vocês vão receber o prêmio de melhor equipe do ano e depois vamos estar livres pra dançar e beber. Esse é o resumo das festas do Departamento. A primeira parte é sempre chata.

Todos riram da explicação do capitão, mas tinham que concordar.

Nick chegou minutos depois todo elegante e sem par.

— Ué! Cadê a Mandy? - perguntou Warrick.

— Ficou doente, não pôde vir.

— Ah, que pena. - lamentou Sara.

— Mas tudo bem, não me importo em ficar sem acompanhante. Disse a ela que levaria uns docinhos daqui pra ela não passar vontade.

— Melhor acompanhante que esse, não tem! - a ruiva comentou e fez todos rirem.

— Meninas, vocês estão maravilhosas! - Nick as elogiou.

— Obrigada! - elas agradeceram.

— Greg, se importa se eu roubar sua acompanhante algumas vezes?

— Eu me importo sim! - sorriu.

— Achei que diria isso. - Nick fingiu cara de decepção.

Todos riram.

— Será que mais alguém vai disputar a Sara hoje? - Brass alfinetou Grissom que sentiu a pontada e levantou as sobrancelhas.

Apenas Sara notou e entendeu o porquê de Brass jogar aquela indireta para Grissom. Ele estava na sala quando Gil falou de seus sentimentos no caso de Debbie Marlin, e pelo visto, sabia de quem Grissom estava falando. Dela.

Esperaram mais alguns minutos e o prefeito pediu para que todos se sentassem.

— Agora é a parte chata. - Jim sussurrou para Sara que sentou ao lado dele.

Sara sorriu.

Estavam sentados da seguinte maneira... De costas para o pequeno palco estavam Catherine e Warrick – tiveram que virar as cadeiras para olharem pro palco enquanto ele era usado –, ao lado direito de Catherine estava Grissom, seguido de Jim, Sara, Greg e Nick que ficou ao lado esquerdo de Warrick.

O prefeito disse algumas coisas típicas de prefeito, agradeceu a presença de todos assim como parabenizou os mesmos, e deu a palavra ao xerife Rory Atwater.

O xerife não se estendeu tanto e logo já estava dando o prêmio pra equipe de Grissom.

Os cinco foram até a frente ao som dos aplausos, todos elegantemente vestidos e comportados. Grissom fez seu pequeno discurso, pequeno mesmo, e todos voltaram aos seus devidos lugares. O xerife tomou novamente a palavra.

— Bom, agora que já cuidamos dos assuntos principais dessa noite, vocês estão livres para se divertir, mas não tanto porque você são pessoas da lei e tem trabalho amanhã. - disse sorrindo.

Os convidados riram do comentário do xerife e a maioria se levantou. Uns para irem pra pista de dança, outros para o bar, e mais uns poucos para conversarem com o xerife e o prefeito.

A equipe do noturno continuou sentada bebericando suas taças de champanhe.

— Bem, eu vou tomar mais uns drinks antes de ir pra pista. - comentou a ruiva.

— Eu já quero ir. Vamos Sarinha?

— Vamos!

— Eu também vou! - Nick se levantou acompanhando os amigos.

Ao som de Crazy in Love da Beyonce, Greg, Nick e Sara dançavam animadamente. Não tanto, pois era início de festa e ninguém dança tão animado em início de festa.

— Não sabia que Nick e Sara gostavam de dançar. - comentou Catherine.

— Eles dançam bem. Mas é estranho ver o Nick dançando. - Warrick riu. _ Parece algo incomum, sei lá.

Grissom nada dizia, apenas observava Sara. Ela não tirava o sorriso do rosto ao lado dos amigos. Nunca a tinha visto dançar, estava hipnotizado.

— Hey Gil! - Catherine chamou sua atenção. _ Quer alguma coisa do bar? Warrick e eu vamos lá.

— Ah, não Cath, obrigado. - ele respondeu.

A ruiva se levantou acompanhada de Rick, e ambos se dirigiram ao bar.

A próxima música que começou a tocar nas caixas de som do salão foi Yeah! do Usher que tinha pouco tempo de lançamento e já fazia o maior sucesso. O trio de amigos continuou no salão, dançando de um lado pro outro no ritmo da música. O tempo todo sendo observados por Grissom e Jim.

Mas o queixo de Grissom quase caiu ao ver Sara dançando a música de Madonna, La Isla Bonita. Ela balançava o vestido, mexia os ombros e até levava os braços até o pescoço pra levantar o cabelo e dar aquela sensualizada.

Brass quase disse um “seca a baba” para Grissom, mas ia deixá-lo sem graça, então optou por ficar quieto.

Depois dessa começou Thriller seguida de Smooth Criminal, ambas do rei Michael Jackson, e foi aí que eles se animaram mais. Impossível não dançar.

Assim que chegaram ao fim, já foi pra uns flashdances pro pessoal descansar um pouco e ficar só nos passinhos. Foi aí que depois de um flashdance, Nick, Sara e Greg voltaram pra mesa.

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— Vocês gostam de dançar hein! - Brass comentou sorrindo.

— Dançar é muito bom! - disse Greg ofegante.

— Ai, eu preciso de um drink. - Sara também estava ofegante.

— Vou buscar pra gente, Sarinha.

Greg se levantou, acompanhado de Nick. Pra deixar os amigos sozinhos, Brass também se levantou com a desculpa de que iria ao banheiro, restando apenas Gil e Sara na mesa.

“Eu só queria entender seus pensamentos

O que realmente está rolando e o que te faz fugir de mim

Te juro, estou tentando ler seus olhos

Mas percebo que disfarça e não consegue me encarar

Senta aqui um pouco, sem ter pressa

Conta tudo, a hora é essa, fala o que tem pra falar

Não é que eu estou querendo do meu jeito

Eu me ajeito no seu jeito

Basta a gente conversar” ― Marília Mendonça

— Acho que é a primeira vez que te vejo de smoking. - Sara comentou pra quebrar o silêncio – a música que tocava era exceção.

— E é a primeira vez que te vejo com vestido de festa.

Sara sorriu.

— É estranho quando eu me arrumo toda, mas eu gosto de ousar as vezes.

— Vermelho é uma cor que combina com você.

— Você acha?

— Acho. - sorriu de lado.

Ela retribuiu.

“Minha dama de vermelho. Coisa mais linda!”

Todos eles voltaram pra mesa. Conversaram e riram bastante enquanto os flashdances e as músicas animadas tocavam. Eles queriam mesmo era dançar as lentas com seus acompanhantes. E claro que assim que tocou a primeira música romântica, Greg se levantou e estendeu a mão para Sara.

— Vamos dançar, senhorita?

Sara sorriu.

— Claro. - a morena segurou a mão do técnico e seguiu com ele pra pista onde as luzes pararam de piscar e ficou num tom de azul pra dar aquele ar romântico.

Para Grissom foi difícil ver Sara dançando agarrada com Greg. Aquilo lhe causou um ciúme absurdo, então preferiu não olhar muito. Ultimamente ele vem sentindo muito ciúme de Sara, e era horrível não poder dizer pro mundo que ela era dele, porque não era. Ele queria muito ter coragem pra tentar, mas não tinha e ainda achava a ideia errada.

Ela não tirava aquele sorriso maravilhoso do rosto. Aquilo tinha um lado bom e um ruim para o supervisor. O lado bom é que podia apreciar aquela oitava maravilha do mundo que era o sorriso daquela mulher. Mexia com ele de uma forma absurda. O lado ruim é que ele não era o motivo daquele sorriso estar enfeitando o rosto dela, e sim, seu acompanhante palhaço.

Ao final da música Total Eclipse of the Heart da cantora Bonnie Tyler, os jovens membros da equipe voltaram a mesa.

— Gente, vocês não tem noção de como é bom dançar com a Sara. - o garoto comentou.

Sara corou. Queria dançar daquele jeito com Grissom. E como queria!

— Posso ter o prazer, Greg? - Nick, que estava sem par, perguntou num tom divertido.

— Dessa vez eu deixo, Nick. - Greg tocou o ombro do amigo fazendo-o rir.

— Vem maninho. - Sara pegou a mão de seu irmão de outra mãe e foi dançar com ele ao som da música More Than Words da banda Extreme.

Catherine e Warrick também foram pra pista, e Greg, sem perder tempo, convidou alguma moça sozinha ali, porque ele é desses.

Nick e Sara dançavam lentamente enquanto conversavam e riam. Depois Sara apoiou a cabeça no ombro de Nick, e ele disse alguma coisa engraçada que a fez rir, mas seu sorriso foi sumindo aos poucos ao perceber que Gil não tirava os olhos dela. Se ele gostava mesmo dela, ele devia estar incomodado com isso. Sara estava pensando em convidá-lo pra dançar depois dessa música, e parecia que a lista de reprodução daquela festa estava contando com isso.

Claro que Grissom também não deixou de sentir ciúmes ao ver Sara dançando com o texano, porém seu ciúme diminuiu quando no meio da música tinha um trecho no refrão assim: “Then you couldn't make things new. Just by saying I love you”, na hora que tocou a frase “I love you” Sara cantou – sem emitir som – olhando pra ele.

Aquilo significou muito e o fez engolir a seco. Se ele já tinha ficado assim vendo a morena cantando uma música, imagina quando ela dissesse com todas as letras olhando nos olhos dele. Ia cair pra trás.

A música como um todo dizia muita coisa. Quando você está passando por aquela situação a música faz mais sentido pra você. E foi exatamente o que aconteceu, mas não tanto quanto a próxima que mexeria mais ainda com o psicológico. Parece que o cantor te conhece e escreve a música em sua homenagem!

Voltaram pra mesa, e como Greg estava empolgado com a moça que tinha acabado de conhecer, Sara aproveitou que Nick foi ao banheiro e apenas Jim estava com o supervisor na mesa. Se aproximou de Gil e estendeu a mão para ele sorrindo de lado, convidando-o para uma dança. A próxima música não tinha começado ainda, parecia que só estava esperando Grissom segurar na mão dela. Ele fez cara de tímido, seguida de um sorriso discreto, mas aceitou e se levantou. A música começou nesse exato momento, com aquele contato. Parecia que só existia os dois ali.

O toque do começo da música One Woman One Man da banda Magic! foi o tempo que eles estavam andando até a pista. Quando a primeira frase foi cantada, Sara virou pra ele e passou os braços em torno do pescoço dele. Grissom estava bem nervoso pela proximidade e um pouco intimidado. Sara nem tanto, mas seu coração estava batendo forte e as borboletas no estômago estavam presentes. Sempre ficava assim quando estava muito perto dele. E quando Grissom pousou as mãos em sua cintura, ela sentiu um arrepio em sua espinha e respirou fundo.

Não conseguiam desviar o olhar um do outro, parecia que um imã puxava cada vez mais. Palavras não eram necessárias naquele momento mágico.

Eles estavam muito perto, a vontade dela era beijá-lo ali mesmo, sem se importar com o lugar ou com as pessoas. Sara desviou um segundo seu olhar para os lábios dele, ele aproveitou e fez o mesmo. O batom vermelho naqueles lábios irresistíveis era uma tentação. Sara voltou seu olhar para o dele ... Aquele mar era hipnótico, podia se perder ali sem esforço algum.

O perfume dela era um escândalo de bom e Grissom até fechou os olhos ao aspirar. Momento esse quando Sara encostou o rosto no dele e levou uma das mãos a sua nuca. Coisa que Grissom quase saltou de tão arrepiado que ficou.

Eles balançavam no ritmo da música de um jeito muito suave e deixavam a letra embalá-los por completo, fazendo-os refletir enquanto estavam ali juntos. Era um momento único, um momento deles.

O capitão observava tudo com um sorriso no rosto. Era uma coisa muito bonita de ver, mesmo que Gil e Sara não tivessem nada. Seu amigo parecia se entregar a música quando estava junto a Sara. Com Catherine ele não fez isso, deu pra ver.

Uma das coisas mais maravilhosas que Grissom sentiu. Era muito bom estar nos braços dela. Se pudesse ficaria ali pra sempre.

O irônico era que ele podia ficar nos braços dela pra sempre, era só ele ter coragem pra tentar. Mas cadê que ele tinha?

A música acabou e Sara mexeu o rosto para olhá-lo.

Sorriu de lado e ele retribuiu.

Sem dar tempo de se separarem, o toque de I Don't Wanna Miss a Thing do Aerosmith saiu das caixas de som do ambiente.

— Mais uma? - por incrível que pareça, foi Grissom quem perguntou, quase num sussurro por conta da proximidade deles.

— Por que não?!- ela sorriu.

Sara então pousou as mãos nos ombros dele, diferente da primeira vez, e voltou a balançar no ritmo da música. Em determinado momento da música, no refrão, foi citado a frase “'Cause I'd miss you, baby” e Sara pensou em como seria ruim se o perdesse. Se o perdesse pro medo, pra insegurança. Sentia falta da amizade que eles tinham e foi exatamente o que ela disse a ele quando estava com o queixo apoiado em seu ombro.

— Sinto sua falta.

Ele foi pego de surpresa. Não resistiu em aspirar mais uma vez o perfume do pescoço dela, e em seguida disse:

— Mas eu estou sempre perto de você.

— Não está não, Gil.

“Gil”, ah como era bom ouvir! Ainda mais quase num sussurro, que era o modo como eles conversavam enquanto dançavam.

Como ele não disse nada, Sara voltou a ficar com o rosto de frente pro dele.

— Quando foi a última vez que me abraçou?

Grissom desviou o olhar dela, um olhar culpado. Fazia bastante tempo. Se não se enganava, foi bem antes de fazer sua cirurgia no ouvido. Também sentia falta do abraço dela e da amizade dela. Sentia falta dela.

— Faz tempo... não é? ...

Ela assentiu.

— Desculpa.

Ao ouvir esse pedido de desculpas, Sara não resistiu e lentamente o abraçou, ainda balançando no ritmo da música. Grissom abraçou a cintura dela e quase enterrou o rosto no pescoço dela.

Melhor que isso, só o beijo dela.

A música foi encerrada e na sequencia veio Build em sua versão lenta, da banda The Housemartins, mas dessa vez Greg os interrompeu. O pobrezinho já estava meio alterado, já tinha bebido além da conta, mas ainda não era um caso perdido.

Ao fim da festa, como Greg estava bêbado, Nick se dispôs a leva-lo pra casa e Sara iria de táxi sozinha. Mas Nick interveio nessa decisão.

— Não, já está tarde, eu deixo você lá, maninha.

— Não precisa, Nick, você ia ter que dar mó volta. Leva o Greg, ele precisa de mais cuidado que eu. Vou ficar bem.

— Grissom te leva então, ele faz quase o mesmo caminho que você.

— Eu não quero incomodar. - ela respondeu olhando para seu supervisor.

— Incomodo nenhum. Eu te deixo lá, vem. - estendeu a mão pra ela que segurou com um sorriso tímido.

Grissom abriu a porta do carro pra ela e depois deu a volta.

O caminho foi silencioso, cada um perdido em pensamentos. Não demorou muito para chegarem ao apartamento de Sara.

Como um perfeito cavalheiro, Gil saiu e deu a volta pra ajudá-la a descer. Vestido e salto é uma coisa de louco, se não tiver cuidado tu beija o chão, então tem que prevenir.

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Grissom a acompanhou até a entrada do prédio e em seguida ficaram frente a frente.

— Foi divertido. - disse ela.

— Concordo. Dentre todas as que já fui, essa foi a única que gostei.

Por que será, produção? Tenho minhas suspeitas.

— Se todas forem como essa, eu vou adorar comparecer.

É assim que se joga indireta, amores. Aprendam.

— A noite de hoje significou muito... não acha?

Ele assentiu.

— Também te lembrou aquele dia em São Francisco?

— Um pouco. - ele estava muito sem jeito. _ Por quê?

Sara se aproximou mais dele. Gil quase prendeu a respiração.

— Olha nos meus olhos, Gil. Olha bem pra mim.

Grissom fez o que ela pediu meio hesitante, mas fez. Tinha medo de não resistir e acabar fazendo o que não devia.

— Isso...- o fitou também. _ Agora... diz que não me ama.

Grissom respirou fundo e balançou a cabeça com os lábios entreabertos. Nada saiu deles.

— Diz...- ela sussurrou.

— Não posso.

Como ele diria que não a amava? Ele não sabia o que sentia. Não sabia se era amor, se era paixão, se era atração, ou se era tudo junto. Ele não fazia ideia.

— Por que?

Ele não respondeu e suspirou.

— É só dizer...- ela tinha toda a paciência do mundo. Se ele não conseguia dizer que não a amava, então ele sentia o contrário. Era só dizer.

— Eu não consigo, Sara...- ele quase sussurrou.

Sara lhe deu um sorriso triste e resolveu não insistir por hora.

— Tudo bem. - deu um passo curto para trás. _ Obrigada pela carona.

Ele sorriu do mesmo jeito triste dela.

— De nada.

Mas antes de cada um seguir o caminho oposto um do outro, Sara se aproximou mais uma vez, e deu um beijo lento em sua bochecha esquerda tocando a outra ao mesmo tempo.

Grissom fechou os olhos com o toque.

Sara se afastou e antes de entrar, sem perder o contato, acariciou o rosto dele, como daquela vez dois anos atrás. Ao fazer isso, sorriu de lado e entrou no prédio, deixando Grissom parado do lado de fora, digerindo tudo o que tinha acontecido até aquele momento.

“Cada sentimento, cada palavra, já imaginei tudo

Você nunca vai saber se nunca tentar

Esquecer seu passado e simplesmente ser meu

Te desafio me deixar ser sua, primeira e única

Prometo que sou digna de estar nos seus braços

Então, vamos lá e me dê a chance de provar que sou a única

Que pode percorrer com você o caminho até que o fim comece” ― Adele