Love Story

"—... Deve ser horrível perder um amigo."


Madrugada, 21°C às cinco da manhã. Algo dizia que o dia ia ser quente.

Pior era para Sara que além do calor naquela madrugada, suava por conta do pesadelo que teve naquele momento. Diacho de sonho ruim que não lhe largava! Pior ainda que isso, era que sempre acordava sozinha. Somente ela e ela. Sentia muita falta de Rayle, sentia saudade de seus pais quando estavam em seus momentos de sanidade, queria ter Grissom ali pra cuidar dela, queria que seu coração não doesse tanto, queria paz, queria e sentia tantas coisas, mas nenhuma delas estava ao seu alcance.

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Precisava sair um pouco, com alguém que lhe fizesse bem. E por que não passar um tempo com seus melhores amigos?

Pegou seu celular sem se importar com a hora e ligou para o primeiro.

— Alô!

— Oi Greggo!

— Sarinha? Me ligando às cinco da manhã? Estava sonhando comigo?

— Palhaço! Não perde uma, não é?

— Nunca! - ele riu. _ Está tudo bem?

— Está sim. - mentiu. _ O que está fazendo?

— Assistindo um filme. Pra quem trabalha no turno da noite, dormir esse horário é complicado.

— Verdade, já nos acostumamos.

— É. E você? O que faz de bom aí?

— Nada. Acabei de acordar, tive um sonho ruim. Não tem nada de legal pra fazer aqui.

— Vem pra cá assistir filme comigo, tem um monte de besteira pra gente comer. - ele riu.

— É só o que tem na sua casa! - Sara riu também.

— Nick acabou de me mandar uma mensagem, fica me perturbando aqui!

Sara riu novamente.

— Ah! Bom saber que ele está acordado, eu queria ficar com vocês dois um pouquinho.

— Fechou! Vou ligar pra ele enquanto você troca seu pijama! - ele riu.

Despediram-se e Greg tratou de ligar para o amigo.

Sara levantou, tomou um banho rápido pra se livrar do suor, se vestiu com uma roupa confortável por conta do calor, calça jeans e regata vermelha com detalhes brancos, pegou as chaves do carro e foi para o apartamento de Greg.

Assim que estacionou na entrada, Nick estava fazendo a mesma coisa.

— Olha só! Que pontual! - Sara brincou com ele de longe.

— Aqui é o símbolo do pontualismo, queridinha!

Sara gargalhou com o modo dele de dizer tais palavras e se aproximou dele.

— Idiota!

— Me dá um abraço que eu estava morrendo de saudades de você! - a abraçou pelo ombro enquanto andavam e a apertou.

— Nick, nos vimos ontem à noite. - Sara sorriu e abraçou a cintura dele. _ Só tem umas oito horas.

— Shiu! - ele bagunçou o cabelo dela que ainda estava molhado por conta do banho que tomou, as ondas no cabelo dela já estavam visíveis, ficava assim quando não escovava.

— Ai! Não faz isso!

— Fresca!

— Aí, você se inscreveu pra promoção, né?

— É, na semana passada, mas ainda não sei de nada.

— Eu também não.

Estava tendo uma promoção no laboratório, era uma grande oportunidade para serem promovidos e assumirem mais responsabilidades. Nick e Sara são dois dos “concorrentes” do turno da noite e precisavam de pontos pra terem mais chances, tipo solucionarem casos importantes, e isso vai trazer alguns probleminhas num futuro próximo.

Pegaram o elevador e logo já estavam batendo na porta do amigo.

— Vamos Cinderela! - Nick zombou dele. _ Não temos o dia todo não!

Sara riu baixinho.

— Cala a boca, Cruela! - ele gritou de lá de dentro.

Sara gargalhou.

— Toma!

Viram a porta ser aberta por um ser com o cabelo todo desalinhado!

— Desenho errado, bestão!

— Foi só por causa da aparência dela mesmo, oh trouxa! Entrem. - deu espaço à eles.

Os meninos trocaram alguns toques de mão e em seguida Greg deu um abraço em Sara.

— Santo cristo! Que muquifo é esse, Greg?! Deus tenha misericórdia!

Sara não aguentou e caiu na risada. Adorava o jeito que Nick falava e normalmente era Greg quem falava desse jeito. Parece que ele fez de propósito. Mas realmente, aquele apartamento estava uma bagunça. Cheio de roupas jogadas, sapatos também, pacotes de salgadinhos e doces pela sala, latas de refrigerante e cerveja...

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— Você nunca tem uma alimentação saudável, garoto?

Greg riu da pergunta de Sara e da cara que ela fez quando falou.

— Às vezes, mas... fora daqui.

— Nick, acho que não vamos assistir filme nenhum.

— É, desse jeito não dá!

— Pode ir se preparando, Greg, porque nós três vamos arrumar essa bagunça! Se sua mãe visse isso, ela ia morrer de desgosto!

— Não está tão ruim assim.

— Ah, pelo amor! Olha isso, Greg! - Sara riu e olhou para Nick. _ Nick! Cuidado com essa...- ela gritou, mas foi tarde. _ ... casca de banana.

Greg riu tanto do amigo caído no chão que doeu a barriga.

— A vingança é tão doce! - voltou a rir depois de pronunciar essas palavras.

— Vingança? - a morena não entendeu e perguntou enquanto ajudava Nick a levantar.

— Nick já botou o pé na minha frente pra eu tropeçar, quando fomos beber junto com o Warrick e a Catherine. Bem feito!

— Que maldade, Nick.

— Vai me dizer que você nunca fez isso com ninguém, senhorita certinha?

— Já fiz com minha amiga Rayle, não vou negar. Foi engraçado! - ela riu ao se lembrar. _ Não foi tão legal depois porque ela deu o troco, mas pelo menos ficamos quites.

— Amiga de infância?

— É.- o sorriso de Sara sumiu ao lembrar que Rayle não estava mais perto dela.

— O que houve com ela? - Greg perguntou.

— Não sei. - sua expressão agora era de tristeza. _ Perdi o contato com ela.

— Foi dela que você me falou aquele dia?

“_ Já não basta o Hank ter feito aquilo comigo... já não basta eu ter perdido minha melhor amiga... agora o homem que eu amo não me ama.”

Nick recordou-se do que Sara lhe disse naquele dia tão triste para ela, e resolveu perguntar se era dessa tal de Rayle a quem ela se referia.

— Sim, foi.

— Sinto muito, Sarinha. Deve ser horrível perder um amigo.

— Nunca perdeu um amigo, Greg? - Nick perguntou surpreso.

— Não, nunca tive amigos de verdade. E é por isso que eu espero nunca perder vocês dois.

— Awn. - Sara o abraçou amando aquela “declaração de amizade verdadeira”. _ Que fofo!

— É, foi fofo mesmo. - Nick se juntou ao abraço. _ Só por esses dizeres eu vou te perdoar por essa casca de banana, ok espertinho?

Os três riram.

— Bom, vamos arrumar este muquifo! - a dama proferiu.

— Vamos nessa! - disse o técnico de laboratório.

— Coloca uma música aí, Greg, pra animar o negócio.

— Mas nada de punk rock, coloca um rock mais suave.

— Clássicos dos anos 80 e 90?

— Melhor ainda! Saudade de ouvir essas músicas, pode colocar. Nick gosta também, não é?

— Claro, melhor época! Só não coloca aquelas que fazem chorar, Greg, por favor, não quero ficar depre logo cedo.

Greg e Sara riram.

— Ok.

Arrumaram o muquifo de Greg só na diversão em duas horas. Limparam tudo. Jogaram o lixo fora, organizaram as coisas em seus devidos lugares, lavaram a louça, varreram o chão, deixaram tudo brilhando, e enquanto faziam isso, cantarolavam e riam. Arrumar uma casa nunca foi tão divertido!

Caíram no sofá ao terminarem.

— Foi legal!

— Pra caramba! - Greg concordou com Sara.

— Mas nem pense em fazer bagunça de novo, Greg, porque a gente não vai vir arrumar pra você.

— É, seu folgado! - Sara brincou.

Os três riram.

O celular de Nick tocou meia hora depois.

— É a Catherine.

O de Greg tocou em seguida.

— Eita. E aqui é o Grissom.

Ambos atenderam os telefones, Greg se distanciou um pouco pra poder ouvir Grissom, enquanto isso, Nick falava com a ruiva.

— Certo, eu estou aqui no apartamento do Greg com a Sara, nós três vamos juntos.

— Tabom, até mais.

— Até.

— O que foi? - Sara perguntou ao texano assim que ele finalizou a chamada.

— Grissom quer nós dois num caso enquanto ele e Catherine ficam em outro. Warrick está em um solo.

— Ok.

— Grissom me ligou pra eu ir pro laboratório, surgiram três casos que precisam do meu lindo laboratório de DNA.

Nick e Sara reviraram os olhos com o comentário convencido do amigo.

— Mas preciso trocar de roupa.

— Vamos do jeito que estamos mesmo, anda Greg! O dia hoje vai ser difícil, parece que esquentou mais uns 10 graus.

— E a tendência é aumentar. O caso da Catherine e do Gil é de um bebê morto dentro de um carro. Parece que esqueceram ele lá dentro e o pobrezinho morreu por causa da temperatura muito alta. - Nick informou.

— Que horror! Tadinho!

...

O caso de Nick e Sara era de uma garota que foi encontrada flutuando na baía de Windmill. As pessoas costumavam ir lá perto, no lago, pra andar de lancha, era um lugar bem amplo. Foram até o necrotério, analisaram o corpo da moça pra encontrar alguma evidencia, tiraram fotos, e acharam uma chave de armário no short dela. Deram pra um policial encontrar, e logo depois foram olhar.

Ela era estudante, e tinha algumas coisas pessoais no armário dela, normal, porém tinha uma carteira e uma blusa de homem lá também. Pegaram uma lista de clientes do lugar e descobriram o nome do garoto que estava com ela. Porém ele estava desaparecido. Falaram com o pai dele. Nick e Sara se desentenderam um pouco, pois Nick não tratou o garoto como suspeito, já Sara sim, e enquanto falavam com o pai do garoto, isso ficou bem claro.

Hodges identificou uma substância verde que Sara achou no cabelo da garota e era alga. Mas isso não ajudou muito. Greg ficou sabendo e foi falar com Nick e Sara na sala da mesa de luz.

— Essa alga cresce em tudo quanto é lugar! - lamentou Sara quase deitada na mesa, estavam quase sem saída.

— Pegaram uma lancha e aceleraram. - Nick suspirou. _ Como é que a gente vai saber pra onde foram?

Greg, que estava parado na porta os observando, se pronunciou:

— Soube que vocês reduziram a área de busca a 110 quilômetros. Vai demorar o que? Meses?

Sara o olhou com os olhos semicerrados.

— É, e pelo jeito você veio aqui pra ajudar a gente!?

Ele fez cara de convencido, como de costume, e se aproximou da mesa.

— É o caso de um cara e uma garota, não é? - Sara assentiu pra ele. _ O corpo apareceu na baía Windmill?!- Nick murmurou que sim. _ Essas duas baías ao norte, Cottonwood Island e Tequila são lugares ótimos pra curtir a dois. Mas é impossível chegar lá por terra.

— E ... como é que você sabe, Greg? - Sara provocou.

— Um cavalheiro não comenta. - ele respondeu. _ Enfim, eu achei que seria um bom lugar pra começar. Se precisarem de uma mãozinha...!

— Não, não. - Nick negou. _ Eu acho que por enquanto está ótimo.

Enquanto Nick falava, Greg ia se distanciando. O técnico olhou para Sara e, falou um “Me liga” inaudível e com mão fez o gesto.

Sara não aguentou e sorriu fazendo seu biquinho lindo em seguida.

Se o especialista sugeriu aquelas duas baías, era pra lá que eles iriam.

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E ele estava certo. Encontraram a lancha, um par de chinelos, uma toalha de banho com sinal de sexo, um protetor solar, e pegadas que levavam até uma colina de uns 15 metros de altura. Nick e Sara as seguiram e chegaram a conclusão de que Sophia e Mark saltaram de lá. Sophia primeiro, e como ela não voltou a superfície, Mark pulou depois. Mas não tinham como saber se ele a empurrou, se ela pulou por conta própria, ou se foi acidente. Pra confortar o pai do garoto – que acharam morto no lago depois que encontraram as pegadas no topo da colina e desceram pro local do “pouso” – Nick disse a ele que o garoto morreu como um herói, que pulou pra tentar salvar Sophia e morreu quando “aterrissou” na água. Sara achou aquilo um absurdo.

— O que falou pra ele? Que o filho é um herói? - Sara o questionou enquanto andavam pelo corredor do laboratório.

— Olha, eu só quero que o cara tenha um pouco de paz, entendeu?

— Quem você quer ajudar a se sentir melhor? Ele ou você?

“Quê?”

— Olha só, me responde uma coisa, Sara. Imagine que você é o pai. Gostaria de saber mais ou não saber de nada?

— Sabe, as provas não são suficientes. Um policial não devia fazer essa pergunta.

— Tudo bem, essa é a sua opinião. - ele deu um pouco de ênfase em “sua” pra deixar claro que não era a dele.

— Se cuida. - ela parou de acompanhá-lo e entrou numa sala aleatória pra escrever seu relatório e sair dali.

Nick continuou andando.

...

— Sara?

— Oi. Pediu pra eu te ligar, eu te liguei. - a morena sorriu em ironia.

— Olha só, hein! Funcionou! - ele riu e ela o acompanhou. _ É verdade que você e o Nick discutiram?

— Nada passa despercebido nesse laboratório hein! - Sara estava impressionada. Quem foi que espalhou isso? _ Como soube?

— As notícias correm.

— Estou vendo!

— Vamos marcar um jantar no Frank’s pra vocês fazerem as pazes. Por mais que eu sinta ciúmes de você com ele.

Sara gargalhou.

— Eu não ouvi isso!

— Para besta! Vou ligar pra ele. Se arruma aí.

— Tabom.

...

— Muito bem. Eu sou o amigo que nunca briga e que nunca discute. Vou fazê-los ficarem de bem.

— Nós não estamos de mal, Gregori. - Sara sorriu.

— É, a Sara só não concordou com o que eu fiz. Já era.

— Ela não deu na sua cara?

— Não. - Nick riu.

— Eu sempre quis ver a Sarinha fazer isso com alguém.

“Já sei pra quem ligar pra assistir quando eu chegar ao meu limite e fazer isso com o Grissom!”

...

Na última semana de outubro, Nick e Sara trabalharam juntos novamente enquanto Grissom, Catherine e Warrick ficaram com o caso envolvendo um evento de pessoas que se vestiam de animais e muitos deles ficavam na orgia. O morto era um guaxinim, que namorava uma ovelha que descobriu que ele se esfregava numa gata. Essa tal gata que era toda glamorosa no azul, teve que ir para interrogatório e a pessoa – que era um homem – se recusava a tirar a fantasia pra falar com eles, então tiveram que levá-lo do jeito que estava, com a fantasia mesmo. Isso causou muito assunto no departamento inteiro e vários policias e funcionários presenciaram a gata desfilando pela delegacia. Foi épico.

Enquanto a gata dava um show, Nick e Sara apostavam um lanche.

— Oi Sara! Não achamos o carro, mas o Hodges analisou a cola da espingarda. É basicamente uma resina epóxi poliéster com traços de estireno, peróxido de benzuíla e terracota.

— Isso devia significar alguma coisa?

— Bom, é, a terracota é a chave. É massa plástica.

— Massa plástica?

— É. É usada pra colar dobradiças em grandes blocos de mármore.

— Tinta de parede no carro, massa plástica na arma...- Sara achava uma coisa estranha e até brega, sei lá.

— Ah, o cara usou o que tinha a mão, é o que as pessoas fazem.

— A tinta tudo bem, mas onde se compra massa plástica?

— É, eu já chequei. Não tem muitos lugares na região de Vegas especializados na instalação de mármore, então...

— Tá, eu aposto um duplo duplo com cebola grelhada, que um deles emprega um cara com um monte carlo 84 azul.

— Tá feito!

— Excelente! - ela sorriu e saiu andando.

Nick riu e a seguiu.

E Sara acertou, Nick teve que pagar o duplo duplo, porém como ela era uma pessoa superlegal, ela o deixou comer.

...

A semana seguinte não houve nada de importante. A equipe ficou sendo liderada por Catherine, pois Grissom havia ido para Jackpot, uma cidade pequena que não era conhecida para investigar um crime. Doutor Robbins recebeu uma cabeça, e ela veio de lá.

Grissom passou alguns dias lá, foi roubado e quase foi baleado. Foi por um triz. Passou muito estresse naquela cidade e esperava nunca mais voltar lá.

O caminho de volta foi tranquilo, mas estava morrendo de saudade da sua casa, do seu cachorro, do seu local de trabalho, de sua equipe. E como a ida, a volta também foi longa.

Quando já estava quase chegando em Las Vegas, Grissom avistou uma montanha das centenas que haviam ali em volta da estrada, mas em uma delas havia uma árvore no topo. A vista devia ser linda de lá de cima e Gil resolveu parar pra dar uma olhada. Precisava relaxar e largar o volante por alguns minutos.

Levou o carro em direção à montanha, subiu e saiu do carro assim que estacionou naquela grama verde linda, não deixando o carro muito distante dele porque da última vez foi roubado.

A vista era estupenda! Dali ele podia ver Las Vegas maravilhosamente bem e como era linda! As luzes da cidade do pecado deixavam a mesma ainda mais charmosa. Podia ficar ali durante horas contemplando aquela vista, entretanto só ficou lá sentado no topo encostado na árvore por alguns poucos minutos, depois voltou à estrada.

Teria a oportunidade de voltar àquele lugar mais vezes. Assim esperava.