Love Story

Jogos de Azar


Parado perto de uma das máquinas do cassino onde ocorreu um crime que investigaria com seus CSI’s, Grissom apenas ouvia o barulho que os caça niqueis faziam, assim como as moedas que saiam deles, e lembrava de sua conversa com a doutora Karen quatro meses atrás.

“_ Claro que a maior parte da investigação criminal depende da visão, mas ouvir também é importante. Escutar e saber escutar. Não apenas o que as pessoas dizem, mas como dizem, como o tom de voz combina com a expressão do rosto ou a linguagem corporal. Mesmo que eu lesse lábios e entendesse as palavras, não seria o bastante.

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— Somos cientistas, senhor Grissom, então eu vou falar cientificamente. Você tem Otosclerose. Basicamente é um crescimento ósseo anormal na base do estribo. Esse crescimento impede que o estribo se movimente e passe as vibrações para o ouvido interno, o que neutraliza as ondas sonoras.

— É hereditário. Minha mãe.

— A maioria dos médicos acham que sim. Mas não dá pra prever quando vai se manifestar, e não há como reverter depois que aparecer.

— Tudo bem. - ele sorriu. _ Quanto tempo leva?

— Eu não tenho a resposta.”

Seus pensamentos foram interrompidos por Warrick que chegou atrás dele perguntando se ele estava perdido.

— Eu estou ouvindo. - ele respondeu.

— Ouvindo o que?

— Todas as máquinas tocam as mesmas notas, em perfeita harmonia, deixa as pessoas felizes.

— É, menos quando elas perdem. Aí ninguém ouve nada. - Warrick sorriu.

Seguiram para o local do crime e no caminho passaram por um paramédico que cumprimentou Warrick.

— E aí, Warrick!

— E aí, Hank!

— A Sara também veio?

— Já vai chegar.

— Diga a ela que eu falei “Oi” ...

Automaticamente, Grissom se virou pra ver quem era aquele "sujeitinho" que se atreveu a dar “Oi” para Sara.

— Deixa comigo! - o moreno respondeu.

— Quem é esse cara? - Grissom perguntou, pois não o conhecia, e depois do que ouviu nem queria conhecer.

— Ah, é um amigo da Sara. - Warrick se limitou a dizer apenas isso e focou no trabalho. Sara ia matá-lo se dissesse a qualquer um que Hank era namorado dela, porque não era.

Sara chegou alguns minutos depois e tratou de ajudá-los na cena. Gil não foi muito legal com ela ao cumprimentá-la, o que a fez ficar com uma interrogação na cara.

— Ah, Sara! Encontramos com o Hank quando chegamos e ele pediu pra eu te dizer “Oi” por ele.

— Ah, valeu Rick! Vou ligar pra ele depois.

“Como assim ligar pra ele?” - Grissom não conseguiu evitar esse pensamento. “Relaxa Gil! Warrick disse que eles são só amigos.” - sua consciência falava. “Mas mesmo que não fossem só amigos, o que você tem a ver com isso? Se concentra no seu trabalho aí e para de pensar na morena. Já tem mais de um mês que tu não para de pensar nela, homem!”

— Achei chocolate. - disse Sara se levantando do chão.

— De que cor? - perguntou Warrick.

— Verde. Você sabe o que dizem sobre os verdes.

— Embale separadamente. - disse Grissom.

— Isso é o que eu estou pensando? - Indagou Warrick passando a luz UV numa cadeira.

— Urina talvez. - Grissom falou. _ Num jogo desses, sair da mesa antes pode ser visto como um sinal de fraqueza.

— Tomara que impermeabilizem as cadeiras. - disse Sara.

— Vai descobrir depois de levar pro laboratório e analisar.

— Ok. - sorriu nervosa e tirou a cadeira dali.

“Oque que deu nele? Eu hein!”

Até Warrick achou estranho.

— Como é que você entende tanto de pôquer?

— Foi assim que banquei minha primeira fazenda de corpos na faculdade.

— Está brincado?! Nossa! Estou impressionado. Quer dizer que você sentava numa mesa com outros seres humanos?

— Bom, pôquer não é um jogo de interação, é um jogo de observação. Eu estudava as pessoas, aí eu acho que perdeu a graça. Hoje eu estudo evidências.

— Eu não entendo uma coisa. A gente já conversou sobre jogos de azar, por que nunca falou nada?

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— Um bom jogador não mostra suas cartas.

...

No laboratório, depois da autópsia, Gil foi checar as câmeras do cassino e viu uma das jogadoras usando colírio, enquanto isso Sara ia buscar os resultados do drink de Doyle Pfeiffer com Greg.

— Ele estava bebendo Whisky Sour.

— Whisky Sour? Eu prefiro thug passion, a bebida do Two-pack.

— 2pac?

Trocaram um olhar um tanto profundo.

— O que o seu paramédico gosta de beber?

“Ih! Lá vem ele!”

— Eu aposto que um cara chamado Hank é chegado numa breja nervosa.

— Breja? Cerveja??- Sara perguntou em tom de surpresa. _ E nervosa? Olha, eu não vou nem comentar. E isso também não é da sua conta, aliás, isso não é da conta de ninguém pra falar a verdade.

— Eu não conto pro Warrick nem pro Nick sobre o Hank com uma condição... Conta pra mim o que ele tem que eu não tenho. - Greg deu aquela levantadinha de sobrancelhas, pois achava bem sensual, quem sabe conquistaria a morena.

Sara quis rir, mas se conteve.

Tadinho do Greg, mal sabia ele que Sara já havia sido conquistada por uma levantadinha de sobrancelha, e não foi a dele.

O resultado saiu e Sara pegou o papel.

— Tinha tetrahidrozolina no drink da vítima. - se direcionou a saída.

— Não vou ter minha resposta?

— Eu já tenho a minha. - abriu um sorriso. _ E você nem gosta do 2pac. - disse saindo da sala.

Greg fez um bico, decepcionado.

Chegou até a sala de áudio e vídeo onde Grissom e Warrick falavam do colírio de Lita Gibbons.

— Ela o matou com um colírio? - Warrick não acreditava.

— Não é tão absurdo. - comentou Sara ficando bem ao lado de Gil na mesa. _ Tetrahidrozolina é um ingrediente ativo dos colírios, é um vaso construtor, obviamente é ótimo para olhos vermelhos.

Enquanto Sara e Warrick conversavam, Grissom apenas escutava.

— É, faz sentido. Você ingere colírio, ele comprime os vasos sanguíneos do seu corpo, aumenta a sua pressão sanguínea e talvez até cause um derrame.

— É o veneno perfeito. O Doyle não tinha como saber o que estava bebendo.

— Só tem uma coisa. _ Grissom tomou a palavra. _ Lita Gibbons foi a última a se sentar a mesa e nunca se levantou. Então, como o colírio foi parar na bebida da vítima?

— Ah, é verdade. - Sara reconheceu. _ Droga.

— Vou com o Brass falar com a Lita e pedir o colírio dela.

— Tabom. - concordaram.

Como foi dito, Grissom foi até o cassino falar com Lita e quando voltou a laboratório, Gil entregou o colírio para Sara levar ao técnico.

Enquanto Sara esperava o resultado na sala de Greg, o mesmo tinha uma ideia pra mais uma tentativa. Ele iria ter uma resposta da morena, querendo ela ou não.

— Lita Gibbons não estava usando isso nos mamilos, estava?

— Você anda bebendo thug passions demais. Ela tem o dobro da sua idade, talvez o triplo, Greg!

— Caso antigo, desculpa. - ele sorriu.

O resultado saiu, pois o barulho da impressora denunciou, e Greg se levantou para ir conferir.

Como ele olhava o papel e não dizia nada, Sara perguntou:

— E aí?

— Bom, vai ter a sua resposta quando eu tiver a minha.

Sara não conteve o sorriso discreto e balançou a cabeça.

— Você acha mesmo que dá pra comparar o Hank com você? Greg, qual é! Me dá logo esses resultados, anda! - Sara tentou pegar o papel dele, mas ele não deixou. _ Greg!

— Qual é, Sarinha! Me responde, vai. Por que eu não tenho chance com você?

— Por que eu não gosto de você assim. Você é meu amigo.

— Amigos também viram namorados.

— Você está sonhando demais. - tentou novamente pegar o papel, sem sucesso.

Revirou os olhos.

— Aposta quanto que eu consigo te conquistar até o fim do ano?

— Se não me der esse papel agora, você nunca mais vai me levar pra jantar.

— Sacanagem! - Greg logo cedeu e lhe entregou o papel, sem demora.

— Obrigada! - sorriu, piscou pra ele e foi saindo da sala, mas não sem antes ouvir o pedido dele:

— Não faz isso senão eu morro de amores!

Sara riu.

Foi até a sala da mesa de luz onde Grissom estava com Ronnie Litre descobrindo que Lita trapaceou marcando as cartas do jogo. Sara disse a eles que isso foi tudo o que ela havia feito, pois não havia sulfato de zinco em nenhum dos colírios de Lita como havia na bebida da vítima.

Falaram com a garçonete, pegaram o colírio dela, falaram com Greg no laboratório, e sozinho da sala da mesa de luz, Grissom ouvia ópera lendo os papéis das bebidas que foram servidas naquela noite no cassino.

Sara foi até lá e como ele não a viu chegando, ela desligou a música, foi assim que ele olhou pra ela.

— O que achou? - sorriu.

— Garçonete suspeita. - ele respondeu.

Ele lhe informou o porquê de achar que a garçonete era suspeita e depois foi interrogá-la na sala de Brass, onde ela admitiu ter colocado colírio no drink da vítima por ele ser pão duro e nunca lhe dar uma boa gorjeta. Ela disse que só queria que ele tivesse uma diarreia, não que ele morresse.

Mas mesmo com essa confissão, a vítima não morreu por causa do colírio na bebida, e sim porque tinha chumbo em seu organismo. Agora, como ele havia ingerido chumbo? Assistindo aos vídeos das câmeras na sala de descanso com Sara, Warrick e Greg – que fez questão de sentar ao lado de Sara –, Grissom percebeu como. Com os chocolates que ele comia.

Em sua sala com Sara e Warrick, Grissom explicou a eles porque o chocolate havia matado Doyle.

— Sabiam que 70% do chocolate mundial é produzido na África Ocidental?

— Sério? - indagou Warrick.

— É. Costa do Marfim, Gana, Nigéria e Camarões.

— Não, eu não sabia disso. - Sara respondeu a primeira pergunta.

— Doyle Pfeiffer também não. O chocolate vem do Cacaueiro, mas na África Ocidental os carros ainda usam gasolina com chumbo. Então quando os gases de exaustão se dissipam na atmosfera e chove, o chumbo cai junto.

— Uma chuva ácida. - disse Sara sentando-se na cadeira em frente a mesa de Gil.

— Tudo o que está na atmosfera entra no solo, e entra nos cacaueiros. - Warrick continuou e também se sentou, ao lado de Sara. _ Ação capilar.

— O cacau é colhido, processado, refinado, vendido a granel e finalmente...

— Chocolate! - Sara concluiu.

— O apelido de Doyle Pfeiffer era formiga. Ganhou esse apelido quando venceu o campeonato mundial em 1986.

— Se ele já comia esse chocolate em 86, não parou, são como um amuleto.

— Pelos meus cálculos, ele pode ter consumido até meio quilo de chocolate por noite ao longo de 16 anos.

— Nossa! - exclamou Warrick. _ Isso explicaria todo aquele chumbo.

Sara virou para Warrick com um olhar divertido. Tipo, Caraca! O cara morreu de chocolate, véi! Não comam muito chocolate!

— No fim a tetrahidrozolina foi o catalizador, mas basicamente ele... morreu de chocolate.

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— Que loucura! - disse Sara.

— Pois é ... Cada caso uma informação nova sobre o mundo.

Sara sorriu para seu supervisor.

— Aí Sara! Não aceita os chocolates que o Greg comprou pra você! - Warrick riu e Grissom franziu o cenho não gostando nada daquilo.

— Greg comprou chocolate pra mim?

— Comprou. Nick quis até pegar um e ele não deixou.

— Ele e a ruiva já solucionaram o caso deles?

— Acho que sim.

— Vamos no Frank’s então?

— Bora!

— Quer ir com a gente, Grissom? - Sara o olhou e sorriu, o que desarmou Grissom mais uma vez.

— Não sei, acho melhor não.

— Vamos Griss! Vai ser legal! - Warrick insistiu.

— Está bem.

Sara o olhou com os olhos semicerrados.

“Por que quando Warrick pede ele aceita, mas quando eu peço não? Tem caroço nesse angu!”.