— To atrapalhando? – a minha mãe perguntou quando colocou a cabeça pra dentro do meu quarto, já de noite.

— Não. - respondi fechando meu caderno e virando minha cadeira em direção à porta.

— Que estranho você em casa numa sexta à noite.

— Se eu quiser ser a primeira da turma, tenho de fazer alguns sacrifícios não é mesmo? - e apontei pros livros que estavam sobre a minha escrivaninha.

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— Isso inclui abrir mão da diversão? – minha mãe disse assim que me deu um beijo na testa e se sentou na beirada da minha cama, de frente a mim.

— Não toda, mas de parte dela.

Minha mãe estava olhando daquele jeito pra mim. O jeito analítico, o jeito que vê algum problema.

— Devo ficar tranquila com o seu empenho?

Eu sabia aonde ela queria chegar.

— Mãe, por favor, eu to fazendo isso pro meu bem. É claro que deve ficar tranquila.

— Não que eu duvide da sua palavra, mas é que da última vez que a vi empenhada desse jeito, olha… - ela optou por não terminar a frase.

— Não. Não é nada disso. Eu era uma criança na época.

— Não faz tanto tempo assim.

— Faz sim. - pelo menos a minha sensação era de que fazia muito tempo.

— Então posso ficar sossegada?

— Deve. - disse firme.

Ela se levantou e me deu mais um beijo na testa.

— Você tem o meu voto de confiança.

— E eu aprecio isso.