Não dito

Fio


A primeira vez que o vi, senti meus olhos arderem. Sua intensidade se destacava entre o equilíbrio do verde e marrom da floresta, roubando minha atenção. Invadia minha retina, sobrepondo-se às outras cores. Ele balançou suave, levado por uma brisa gentil que o bagunçou um minuto, depois se agitou feroz com o movimento brusco do corpo ao dar as costas.

Passei a reconhecê-lo ao andar pelas ruas. Estava nos tecidos e enfeites, nos borrões que passavam por minha visão num segundo, levando-a consigo até eu perceber que não fora rápido o suficiente para segui-los.

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Tornou-se comum tê-lo por perto. Assim meus olhos se acostumaram.

Ele ficava a maior parte do tempo descansando sobre os ombros dela, acomodado deles à barriga, tendo seu fim na ponta que cobria parte das coxas. Às vezes era jogado de lado, formando uma cascata brilhante e volumosa, outras me ajudava a observá-la com mais discrição, escondendo um pouco seu rosto.

Tinha seus momentos de rebeldia que a deixavam irritada e provocavam a prisão dele num amontoado mal feito. Era engraçado quando isto acontecia, mas a graça logo se perdia ao perceber que eu não o veria solto até a próxima vez.

Ele era diferente dos outros.

O vermelho do cabelo dela não existia em mais ninguém.