Eterno Anjo

Mundo Diferente


Minha semana tem sido uma correria. Stela recebeu alta e ficaríamos instalados na casa de minha mãe até eu conseguir me organizar. Gale me procurou desde então tentando se desculpar e o que eu fiz foi ignora-lo. Quase não tenho dormido direito e os pesadelos me visitam todas as noites.

O pedido de divórcio estava em andamento e tivemos uma reunião, onde Johanna queria impor algumas condições. Ela já havia retirado todos seus pertences do meu apartamento.

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— Você não conseguirá a guarda da Stela e dê graças aos céus por ela ter sobrevivido, se não a levaria até a justiça e faria com que ficasse presa para o resto da vida que te resta. – cuspi as palavras antes do meu advogado contestar.

— Acalme-se, Sr. Mellark.

— Quanto rancor querido. – como sempre me direcionou aquele olhar de alto piedade.

— Não brinque comigo Johanna. – estava furioso e desde o começo do dia meu advogado vem tentando me acalmar.

— Ou que? Vai me castigar, me algemando em sua cama? Ah, já sei deve ter arranjado outra para fazer isso, não é? – riu com sarcasmo e levantei com meus punhos fechados.

Não sei como tive paciência todo esse tempo com tanto cinismo.

— Sr. Mellark, acalme-se! – Darius diz com firmeza e acabo por fazer o que me pede – Como quer que cheguemos na frente do juiz assim?

— Não me interessa o que você pensa Peeta, eu quero a guarda da Stela. – ela bate a mão sobre a mesa.

— Só conseguirá isso por cima do meu cadáver! - quando fui abrir a boca novamente Darius dirige um olhar para Brutus.

— Posso fazer um pedido onde sua cliente poderá visitar a menina, mas com a presença do Sr. Mellark. Você sabe bem o que aconteceu. – novamente meu advogado diz com firmeza.

— Minha cliente é inocente, ela não tem o costume de levar a garota para canto algum por causa de seu itinerário que não bate com o da filha. – revida o advogado de Johanna.

— Sim, até acredito na inocência de sua cliente, mas precisamos chegar a um consenso ou o juiz decidirá por contra própria.

— Tudo bem, podemos aceitar essa condição...

— O que? Ficou maluco, Brutus? Eu não quero visitar minha filha e ter esse palerma por perto.

— Olha aqui sua... – levantei-me novamente e ia lhe dirigir ofensas, mas meu advogado me puxa dando-me mais uma advertência.

— Não temos escolha Sra. Mason, o juiz não permitirá que fique sozinha com a garota. – Brutus insiste com Johanna e por fim acaba cedendo.

— Estamos de acordo, então? – Darius pergunta aos dois que assentem – Sobre o contrato pré-nupcial, a Sra. Mason não tem direito a nada do Sr. Mellark. Então cada um pega o que é seu. – novamente concordam e mal sabe meu advogado que ela já fez isso.

Terminamos a reunião perto do almoço e eu me encontrava numa pilha de nervos que nem tinha apetite para almoçar.

— Não quer que eu peça algo leve para o senhor almoçar? – Victoria minha secretária pergunta pela terceira vez.

— Obrigado, mas se eu precisar de alguma coisa te chamo, não precisa vir a cada meia hora saber como estou. – falo um tanto rude e mesmo assim parece não se importar, pois apoia as mãos sobre minha mesa e começa a se insinuar.

— Quer que eu lhe faça uma massagem então, Sr. Mellark? Está parecendo tão tenso. – sua voz soa melosa que me provoca mais raiva ainda, de modo que deixo de ler e revisar contratos e caminho até o terraço que há frente a minha sala.

Sempre que quero refletir caminho até aqui. As vezes tenho a sensação de voar, as rajadas de vento são incríveis aqui de cima.

Olho para baixo e vejo as avenidas movimentadas e quando desvio meu olhar ao céu noto que está mais azul do que de costume. Puxo o ar com força e fecho meus olhos apenas apreciando a brisa. Sem ao menos perceber minha mente volta há alguns dias atrás quando tomava café na companhia da enfermeira que não saía do meu subconsciente.

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Flash on

— Até agora eu não lhe agradeci por ter ajudado minha filha assim que deu entrada no hospital. – ela sorriu desviando o rosto para o lado antes de voltar a me encarar.

— Agradeça ao rapaz que a trouxe.

— Que rapaz? Pensei que minha ex-mulher tivesse trazido minha filha. – ela nega com a cabeça.

— Tresh, é o nome do rapaz. Assim que estabilizamos Stela, eu mesma suturei o braço dele.

— Como assim, me conte mais. – fiquei curioso em saber da história, afinal achei que fosse Johanna.

— Tresh me disse que tinha muito medo de agulhas, hospitais, enfermeiros e médicos. Pedi que me contasse como encontrou Stela e ele relatou que, passava pelo local quando viu o alarme do carro disparado e avistou algo sinalizar de dentro do veículo e assim que se aproximou olhou sua filha à beira da inconsciência. Ele se desesperou e com uma pedra que encontrou por perto, estourou o vidro do lado oposto ao que Stela se encontrava. Os estilhaços machucaram o braço e o rosto de Tresh. Como as portas não destravavam ele passou pelo vidro quebrado e resgatou a pequena. Logo se desesperou e chamou por um taxi, chegou tremendo na emergência. – Katniss relatava a história com doçura na voz, tudo nessa morena era fantástico e eu me intrigava cada vez mais – Ele tinha ferimentos pela cintura e costela, mas no fim nem percebeu quando suturei 15 pontos em seu braço. – ela sorriu de lado – O mais incrível disso tudo foi o olhar tão puro que ele tinha. Um olhar que não costumo ver, sabe... – segurei sua mão notando quão quente e suave era.

— Me conte mais sobre este rapaz que salvou a vida da minha filha? – perguntei e logo me lançou um olhar desafiador.

— Primeiro quero que saiba que, Tresh Moore não foi o único que salvou sua filha, Sr. Mellark. Tresh foi apenas um intermediário... acredita em anjos da guarda? – perguntou de repente.

— Claro que acredito. – respondi rapidamente.

— Mas não parece acreditar. – ela retira sua mão debaixo da minha e aponta seu indicador sobre o dorso da mesma.

— E por que acha isso? – inquiri.

— Você quer proteger a todos com suas próprias mãos e não é assim que funciona. – disse penetrando seus olhos nos meus.

— Não conhece nada sobre mim. – baixei a cabeça sentindo certo desconforto.

— Tem razão, não o conheço tão bem assim, mas quer saber como encontrar o rapaz? – ela mudou rapidamente de assunto.

— Quero sim, por favor diga-me.

— Ele reside na periferia do Brooklyn. Há pouco tempo perdeu a irmã caçula – a pequena Rue – e atualmente mora com a mãe que se encontra muito enferma. Consegue ver o quadro como um todo, Sr. Mellark? Como uma pessoa tão simples pôde salvar um ser tão indefeso quanto sua filha?

— Como sabe tanto sobre este rapaz?

Ela sorriu com um brilho diferente nos olhos e disse olhando para seu relógio de pulso:

— Meu intervalo terminou. Foi um prazer ter sua companhia, fique bem.

Katniss se levantou e ajeitou a bolsa em seu ombro e antes de se virar e ir a segurei pelo braço.

— Ainda não me respondeu.

— Faz muitas perguntas das quais teme a resposta. – ela se aproximou mais perto, tão perto que podia sentir sua respiração em meu rosto – Te disse que Tresh estava com medo e para distraí-lo fiz milhares de perguntas e assim que terminei o procedimento pedi pelo endereço e se o senhor quer tanto agradece-lo, por que não lhe faz uma visita? – retirou um pedaço de papel da bolsa e me estendeu.

— Obrigado enfermeira... será que podemos... – no mesmo instante em que olhei para o papel e em sua direção afim de convida-la para sair ela já adentrava o hospital.

Flash off

Depois daquele dia não a vi mais na ala de pediatria do hospital, pois Stela teve alta e nesse meio tempo Katniss não apareceu por lá.

Pensava que minha vida estava estabilizada, mas como ela pôde dar uma reviravolta em tão pouco tempo? Eu precisava resolver essas questões e começaria fazendo uma visita a Tresh Moore.

— Victoria, cancele meus compromissos que restam e os remarque para amanhã, preciso resolver alguns assuntos importantes. – passei pela sua mesa sem ao menos olha-la.

— Mas senhor...

— Cancele. – não deixei que falasse mais nada.

Desci até a garagem e logo entrei em meu carro. A essa hora do dia o trânsito não estaria tão caótico. Quando freei em um semáforo disquei o número da minha mãe.

— Peeta, está tudo bem? – perguntou ela com a mesma preocupação de sempre.

— Sim mamãe está tudo bem, estou ligando para saber da minha estrelinha.

— Ela está bem. Está aqui pintando um desenho para você, disse que quer muito te dar um abraço, pois disse que você saiu muito cedo daqui. – desde que Stela teve alta ela tem dormido comigo e hoje tive que sair mais cedo que o de costume.

— Diz para ela que assim que, eu chegar à noite poderá me abraçar o quanto quiser. – alguns carros passaram correndo por mim e logo minha mãe murmura algo que não consigo compreender – O que disse?

— Perguntei onde você está, pois escutei alguns barulhos?

— Estou no centro indo em direção ao Brooklyn.

— E, está conversando comigo enquanto dirigi, filho? – novamente sua voz de preocupação.

— A ligação está no alto-falante, mamãe. Minhas mãos estão sobre o volante, não se preocupe. – tranquilizo-a.

— E, o que está indo fazer no Brooklyn?

— Indo visitar um amigo.

Conversamos mais algumas amenidades e logo nos despedimos.

Paro em um cruzamento e começo a tamborilar meus dedos sobre o volante no ritmo de uma música tranquila que está tocando na estação de rádio. Assim que o sinal abre arranco já escutando uma buzinada vindo à minha direita e tudo acontece em uma fração de segundos.

Ao longe escuto sirenes e muitas vozes em volta de mim se iniciam. Uma dor descomunal fisga meu braço direito e também em outras partes do meu corpo que não consigo identificar.

— Senhor, pode me ouvir? – alguém pergunta mexendo em minhas pálpebras — Senhor, pode me ouvir? Ele está tendo uma parada cardíaca... corre!

Sou levado à inconsciência, mas logo sinto um choque em meu peito. Mais algum tempo e sinto novamente o choque. Minhas veias começam a arder por algo que serpenteia nela e quando abro meus olhos uma forte luz quase me cega a visão.

— Não se preocupe com mais nada Peeta, aqui estará seguro.

— Onde estou? – pergunto à doce voz que nem sei de onde vem.

— Todas questões serão respondidas. – a voz se aproxima mais e uma leve brisa desalinha meu cabelo.

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Finalmente minha visão se acostuma com a claridade e bem à minha frente vejo enormes asas brancas como as de um pássaro gigante.

— Quem é você? – pergunto para seja lá o que for.

— Seu anjo.