Minha amada stalker

Sonho com uma cena de filme de terror. Minha professora de literatura faz uma breve atuação estilo novela mexicana.


Eu estava no palco. As pessoas me encaravam com expectativa e animação, todos os meus amigos e colegas da escola estavam ali gritando extasiados pela animação que aquele lugar continha. As luzes neon estavam espalhadas por todo canto brilhando e piscando freneticamente, aquelas máquinas de fumaça também estavam por ali. Eu olhei par o bar, Adrien me encarava com um sorriso brilhante de lá enquanto pegava uma garrafa de Coca-Cola para alguém. Eu respirei fundo e comecei a cantarolar uma música que me trazia certa nostalgia por ter sido responsável por um momento importante da minha vida:

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Você se lembra, não muito tempo atrás

Nós caminhávamos pela calçada

Inocentemente, se lembra?

Tudo o que fazíamos era cuidar um do outro

Eu mexia de acordo com o ritmo da música, tudo certo por enquanto, todos estavam gostando.

Mas a noite era aconchegante

Nós éramos ousados e jovens

Ao redor o vento soprava

Nós só nos seguraríamos pra deixar fluir

O sorriso de Adrien era grande, mas ele sumiu quando tudo deu errado: eu cai, o microfone foi ao chão provocando aquele ruído alto e agudo e tudo se tornou silencioso por alguns segundos. Eu estava tremendo, como olhar de desespero evidente impregnado no meu rosto. Então tudo piorou: as pessoas começaram a rir loucamente apontando pra mim, fazendo comentários que me constrangiam mais e mais. Eu tentei me levantar, mas não consegui, parecia que alguma coisa tinha me colado no chão. Eu comecei a chorar. Olhei novamente para a plateia e lá no meio, como se estivesse em uma posição especial, estava Lila Rossi de braços cruzados e posição superior com um enorme sorriso debochado e sínico, seus olhos brilhavam de divertimento pela cena terrível que tinha se passado. Eu tentei me levantar de novo e dessa vez consegui, mas assim que o fiz caí de novo, provocando mais e mais riso do publico. Tentei levantar de novo, mas só fiz cair mais umas trinta vezes. Olhei de novo para o bar e Adrien me encarava totalmente decepcionado pelo meu fracasso. Eu queria falar com ele, queria muito, mas minha voz só saia como gritos agudos de desespero. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa Lila caminhou triunfante até o meu loiro. Oh não. Ela passou os braços ao redor do pescoço dele e, mesmo que eu estivesse tão longe de um jeito estranho eu consegui ouvir a voz dela.

— Oh Adrien pare de encarar essa perdedora. Você já viu que ela não vale a pena não é mesmo querido? – Ela falava em um tom meloso e sedutor, completamente nojenta! – Vamos lá, eu sou muito melhor que ela. Pelo menos não sou desastrada a ponto de cair na frente de centenas de pessoas! – Ela riu. – Aliás, Marinette, você não é desastrada, você é o próprio desastre! Pra que Adrien iria te querer depois de você finalmente mostrar quem é de verdade? – Ela tinha se virado na minha direção para falar aquilo no tom mais venenoso que eu já ouvi, de repente só estávamos eu, Adrien e ela ali. Eu chorava mais e mais. Ela voltou a se virar para o meu gatinho. – Vamos Adrien? Temos lugar melhor pra ir não é meu amor? – Ela estava aproximando o rosto do dele. Oh não aquela prostituta de quinta não ia fazer o que eu estava pensando que ela ia fazer! – Adrien. – Ela sussurrou no ouvido dele. – Eu te amo. – Agora a direção do rosto dela mudou indo para os lábios dele.

— SAI DE PERTO DO MEU HOMEM SUA PUTA MALDITA! – Eu consegui forças não sei como para gritar com ela antes que sua ação fosse completa. – NÃO OUSE SE APROXIMAR MAIS NEM UM POUCO!

—Ora, ora ela consegue falar! Por que meu bem? O que eu deveria temer? – Ela perguntou cinicamente.

— Eu... Eu...- Sussurrei sem saber o que dizer.

— O que vai fazer se eu fizer isso daqui? – Ela voltou-se para Adrien, os lábios quase se colando, estavam tão próximos...

— NÃO!- Foi a única coisa que consegui gritar e antes que aquela cena nojenta se concretiza-se e depois disso levantei num pulo de desespero ainda gritando. O que tinha acontecido ali meu Deus? Ah sim, um pesadelo. O pior pesadelo da minha vida. Eu estava completamente suada de nervoso, ainda tremia e tinha lagrimas escorrendo pelo meu rosto.

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— Marinette de Jesus que foi isso aí menina? – Bridg falou se levantando da cama dela. Eu estava em um colchão no chão do quarto da minha irmã, pra caso ela precisasse de alguma coisa por causa da gravidez. – São três horas da manhã e você gritando!

— De-desculpa. Eu tive um pesadelo horrível. – Eu falei ainda em estado de choque.

— Eu também sonho com você todo dia nem por isso eu grito! – Ela falou ironicamente.

— Ah! Pelo amor né Bridgitte! Tô falando de uma coisa séria mesmo criatura! – Reclamei, finalmente conseguindo melhorar daquele estado deplorável.

— Vem cá pra maninha. – Ela me puxou fazendo eu me sentar na cama dela. – Conta o que aconteceu! Sonhou com o bicho-papão é?

— Não, sonhei com o capeta mesmo!

— Eita menina! Quem?

— Lila Rossi. – Só de pronunciar aquele nome eu já me arrepiei toda.

— Pfft, pelo que tu diz essa daí é o cão mesmo. – Ela falou. – Explique tudo.

Eu contei detalhadamente cada detalhe daquela coisa horrorosa pra minha irmã. Ela me consolou por tudo no final e me disse pra dormir ali na cama dela junto com ela naquela noite. Eu obedeci, mas a ultima coisa que consegui foi dormir naquela noite. Me remexia e isso provavelmente estava incomodando muito a minha irmã, mas ela não falou nada só me abraçou.

— Shh, tá tudo bem. Você vai arrasar. – Ela falou depois caiu no sono.

No dia seguinte me levantei fazendo tudo normalmente, na medida do possível. Na escola eu não falei quase nada com ninguém, mas mesmo assim as pessoas viram em monte em cima de mim pra falar do show. Pois é, a escola inteira já sabia e estava totalmente animada falando do nosso clube pra jovens, mas eu preferia deixar que o Nino, a Alya e o Adrien falassem, não tava com cabeça pra comentar daquilo não. Estávamos finalmente nas ultimas aulas que seriam de Literatura, mas a professora não tinha chegado ainda. Do jeito que Alice era deveria estar dormindo na sala dos professores ou coisa assim.

— Olá Marinette. – Eu levantei a cabeça da carteira onde estava debruçada pra olhar na cara de quem tinha falado comigo. Me arrependi bonito.

— Lila. – Falei simplesmente.

— Vai cantar né?

— É.

— Que bacana. Quem sabe eu não passo lá pra ver depois. – Eu fiquei sem palavras. Eu queria dizer um “É o que rapaz?”, mas nada saiu da minha boca e eu fiquei encarando Lila ir pra carteira dela no fundão, pensando se ela tinha falado aquilo sarcasticamente, simpaticamente, ou se era alguma espécie de ameaça. Eu só sei dizer que não entendi nada, mas não era como se aquilo me fizesse sentir um pouco menos de medo dela.

— Mari? – Alya disse depois de ter conseguido sair do embolado de alunos que estavam falando com ela sobre a Miraculous. – Cê tá bem? Eu vi a Lila aqui e você tá com essa cara esquisita... O que é que ela te fez hein?

— Nada... E isso é muito estranho. – Eu falei baixo. Alya assentiu.

— SENTA TODO MUNDO QUE EU NÃO TÔ DE BOM HUMOR HOJE NÃO! – A porta foi aberta com força e a nossa querida Alice entrou gritando com cara de muito, muito extremamente p da vida, coisa que não combina com ela.

— Oi? Ouvi direito? VOCÊ não está de bom humor? – Adrien perguntou sarcasticamente.

— Sim. Sem piadas. E se por acaso algum infeliz me perguntar o que me aconteceu eu reduzo a nota dele pela metade! – Ela resmungou seca e na hora todo mundo se sentou e calou a boca. Aquela aula de Literatura foi fora do comum. Ou seja, foi uma aula normal. Tipo, desde quando Alice Olivier dá aulas normais? Sem piadas, sem brincadeiras e coisas assim? Não, ela não era daquele jeito. Estava séria e qualquer coisinha já tava gritando muito nervosa. Parecia um clono da nossa querida professora de ciências. Pela primeira vez na vida todo mundo queria que a aula de Literatura acabasse rápido, mas estava mais lenta que nunca.

— ARGH! EU NÃO AGUENTO MAIS LER ISSO! – A professora gritou em meio a leitura que estava fazendo. Tínhamos terminado PJO e agora estávamos lendo um romance. – Por que é que a merda da vida desses personagens tem que ser tão perfeita? NGHAAA! EU QUERO MORRER! – Ela gritou dramaticamente se jogando de cara na mesa.

— Professora o que- Eu falei preocupada por que já fazia uns cinco minutos que ela não falava e eu já tava pensando que ela tava morta ali.

— Querem saber? QUEREM MESMO? O MEU NAMORADO TERMINOU COMIGO! – Depois de gritar isso ela começou a chorar e resmungar muito nervosa umas coisas naquela língua que eu não entendia.

Me virei pra trás em direção do Adrien.

— Hey o que é que ela tá falando? – Eu sussurrei pra ele.

— Er... Eu não acho que eu deveria repetir o que ela está falando... Basicamente tá xingando muito o tal do ex-namorado dela. Tipo xingando de um jeito que se eu repetir minha mãe vai limpar a minha boca com álcool, sabão e tudo que ela achar na sessão de limpeza do mercado. – Adrien falou encarando a professora abismado.

— Ah professora não fica assim. As coisas vão melhorar. – Rose, a menina mais fofa do mundo, falou pra professora naquele tom de voz gentil.

— Não vai nãaaaooooo... A minha vida é horrível! Eu vou ficar encalhada! Vou virar uma velha com uma casa cheia de gatos que nem a minha irmã! Aliás, que nem ela não por que agora até aquela maldita tá noiva e eu não! – Ela choramingou.

— Prof- Eu tentei consolar ela mas antes disso ela gritou.

— E QUER SABER! SE É ASSIM VAI FICAR TODO MUNDO AQUI NO FINAL DA AULA!

— O QUE? – A sala gritou junta.

— É! Se a minha vida é uma merda a de vocês vai ser também! – Ela ia mesmo descontar os problemas pessoais nos alunos? Bom eu acho que todos os professores fazem isso, mas ela estava sendo bem sincera hein.

— Espera, mas nós quatro precisamos ir pra Miraculous depois da aula pra organizar umas coisas que faltam ainda! – Nino falou apontando pra carteira dele e do Adrien e depois pra minha com a Alya.

— O problema não é meu! Se ferrem aí. – Ela deitou a cabeça na mesa. – Continuem a leitura. Eu vou chorar um pouquinho. Não me incomodem, pois seus pontos estão em jogo. – E assim fez e nós não tivemos outra escolha a não ser fazer o que ela mandou porque todo mundo sabe que a professora é louca a ponto de cumprir esse negocio de tirar metade na nossa nota.

— Profs posso ir no banheiro? – Alguém pediu.

— Não.

— Alice! Eu posso ir beber agua? – Outra pessoa perguntou depois de um tempo.

— Não.

— Ai meu Deus! Professora eu tô morrendo! Posso ir no hospital?

— Não.

Todo mundo deu um suspiro coletivo. É não tinha jeito. Ia ficar todo mundo ali até só Deus sabe quando... Ouvimos um barulho de alguém batendo na porta e eu percebi que a professora segurou ao impulso de começar uma piada de toc toc.

— Com licença a professora de Literatura tá nessa sala? – A porta foi entreaberta e um cara entrou.

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— Não pra você! – Alice resmungou.

— Ah... Ela tá. – O cara suspirou. Ele era bonito, mas parecia estar meio acabado sabe? Tipo cansado e com olheiras. – Lice podemos conversar lá fora?

— Não. Não vamos conversar lá fora, aqui dentro, ou em qualquer lugar! Vai embora daqui! – Ela resmungou virando o rosto de lado.

— Lice...

— Não me chama assim! E saí daqui! Já falei! Eu estou no meu local de trabalho! Por favor, seja profissional e vaza daqui agora! – Ironicamente ela não tinha sido nem um pouco profissional o dia inteiro, aliás, ela não age como uma profissional desde que chegou aqui, mas antes isso era uma coisa legal.

— Eu não terminei com você! Eu só disse que a gente precisava dar um tempo por causa desse seu ciúme!

A turma não falava nada, só observávamos como se fosse tudo uma novela mexicana.

— Meu querido deixa eu te contar uma coisa quando uma pessoa fala em “dar um tempo” pra uma mulher ela entende isso como terminar! – Ela resmungou irritada. – E eu não estaria com ciúmes se você não fosse um idiota que deixa de sair comigo pra sair com outras garotas!

- Lice elas eram minhas irmãs que eu não vejo faz três anos! – O cara bufou irritado.

— Ah... Eram?- Ela corou sem graça.

— Sim eram.

— Vacilei né?

— Sim.

— Desculpa?

— Sim.

Ele abraçou ela, tipo mega explosão de fofura!

— Owwwwwwwwwwnnnnnnnnt – A turma toda falou.

— Ah...Er... Hum... – A professora pareceu finalmente se tocar que todo mundo tava vendo. – O que é que vocês estão olhando? – Ela esbravejou corada. O sinal tocou. – Classe dispensada!

Todo mundo saiu comentando da cena que tinha acabado de ver e por um milésimo de segundo eu estava feliz, simplesmente andando ao lado dos meus amigos e rindo até que:

— Aí galera eu tinha esquecido o endereço do clube! Onde é mesmo? – Um colega nosso da outra sala perguntou.

— Ah aqui. – Alya entregou um daqueles nossos panfletos da Miraculous pra ele.

— Valeu! – O cara falou e saiu.

Eu me enfiei numa bolha de pessimismo e fiquei pensando no que iria acontecer hoje à noite. Tanta coisa podia dar errado, tantas possibilidades de dar ruim. Tantos e tantos erros que eu podia cometer em um palco... Em um lugar lotado... Todos me olhando...

— Mari? – Eu senti meu ombro sendo segurado. Adrien me despertou dos meus pensamentos. – Ô princesa cê tá bem? – Ele perguntou gentilmente.

— Tô. – Falei dando um sorriso amarelo.

— Esse é o sorriso mais forçado que eu já vi na minha vida. – Ele falou rindo. – Poderia me dizer a verdade senhorita? O seu gatinho está preocupado. Você tá esquisita desde o começo da aula.

— Adrien... – Eu não queria preocupar ele, principalmente com uma coisa idiota como um sonho! Não ele não precisava que eu ficasse enchendo ele com isso. –Não é nada mesmo. Vamos logo? Sim, sim! Vamos lá! – Falei sem nem deixar ele tentar falar alguma coisa e puxei ele pelo braço.

Nós ficamos a tarde toda arrumando algumas coisinhas que faltavam, de vez em quando parávamos para fazer algum lanchinho ou brincadeira idiota uns com os outros, isso me distraía um pouco, mas não o suficiente para tirar a imagem nojenta da Lila perto do meu Adrien! Sério! Aquilo era muito nojento! Você aí seu (sua) a toa que não tem mais o que fazer da vida e está lendo isso, tenta imaginar aí seu (sua) crush com outra pessoa bem na sua frente, sendo essa pessoa aquela que é meio que a sua rival no amor que te odeia com todas as forças de vida dela! Isso é bacana? NÃO É NÃO! Espero que agora vocês estejam me entendendo. Obrigada. Voltando, de vez enquanto eu parava, sentava no chão em um cantinho e refletia sobre a vida, aí alguém me chamava e eu voltava à programação normal. Quando já tava de noite assim nós quatro combinamos de voltar pra casa só pra pegar as nossas roupas e voltar o mais rápido o possível para não ter nenhum atraso inesperado. Eu fui pra minha casa e só ia pegar minha roupa e sair, mas fui interrompida por mim mesma quando vi um casalzinho dormindo no sofá abraçadinho, muito fofinho.

— QUE BONITO HEIN! – Gritei fazendo minha irmã e o seu, com tanto custo, namorado levantarem agitados pelo susto e me olharem confusos. – Que cena mais linda será que eu tô atrapalhando o casalzinho aí? – Cantarolei rindo no final só pra tirar uma com a cara dos dois.

— Ah Marinette vai se fu – Felix resmungou sendo rapidamente interrompido por sua amada babá.

— Olha a boca! – Bridg repreendeu. – Mas o que é que você tá querendo hein Marinette de Jesus?

— Que eu saiba você estava responsável por cuidar da padaria hoje que o pai e a mãe foram fazer entregas até tarde Senhora Felix Agreste. – Falei cruzando os braços. – Mas pelo que parece ficou o dia todo aí à toa..

— Ah vá atormentar a vida de outro! Me dá uma folga! – Ela resmungou se deitando no colo do namorado e fechando os olhos.

— A gente tava até trabalhando hoje à tarde, mas do nada essa esquisita começou a dar tonteira então resolvi fechar mais cedo. – Felix explicou olhando meio preocupado para Bridg. Ah se ele soubesse...

— Então Marinette você veio aqui só pra atazanar a minha vida mesmo? – Minha irmã perguntou claramente apressada pra mudar de assunto.

— Ah! A roupa! – Só disse isso e corri pro meu quarto, peguei a roupa que já estava separadinha no meu guarda-roupa há séculos e fiquei um tempo encarando ela na frente do meu corpo no espelho. Tão linda... Eu já ia saindo quando me lembrei de um certo pedido.

“- Mas e então? – Ele perguntou do nada.

— Então o que? – Eu disse.

— Vai ou não? – Ele falou e eu só olhei com cara de ponto de interrogação pra ele. – Com a calcinha Mari-meu-amor.”

Eu corei dos pés a cabeça. Abri de novo a porta do guarda-roupa e fiquei encarando a gaveta de calcinhas. Ela estava lá. A maldita calcinha que fez surgir o meu infame apelido de Ladybug estava ali só me encarando, eu fiquei olhando pra ela. Sem pensar muito eu resolvi só pegar ela de uma vez e juntei na mochila onde estavam as outras roupas. Pronto. Fiz. Resolvi sair dali de uma vez. Passei pela sala e me despedi rapidamente do casal que ali estava e corri de volta até a Miraculous, posso te garantir que foi só chegar naquele lugar que as minhas paranoias voltaram, e eu tenho umas paranoia pesada, vocês sabem muito bem disso. Eu sentei perto do bar num daqueles banquinhos que giram e fiquei girando, pensando, esperando o povo chegar, por que sim por incrível que pareça eu não me atrasei, mas eles sim. Lembrei que precisava ir lá trocar de roupa então fui para a “Sala dos funcionários”, que era basicamente um quartinho que nós tínhamos arrumado com um sofá, uma mesinha de centro e um minibar para a gente ficar de boa. Eu abri a mochila e tirei as roupas que estavam lá dentro conferindo se estava tudo ali e rapidamente me trocando. Quase tudo pronto, só faltava vestir a minha saia quando, assim do nada, sem aviso prévio a porta se abriu.

— Mari você tá aqui-? Ah... – Adrien falou e assim que notou o que estava acontecendo ficou sem palavras.

—Ah... – Eu me senti como uma das vacas sagradas de Apolo: lenta, burra e vermelha. – Hã...

— Então você veio mesmo com ela! Poxa você me ama mesmo né minha Ladybug? – Adrien falou depois de um tempo de silêncio constrangedor. Ele estava com aquele seu típico sorriso de canto maroto encarando sem a menor discrição a minha calcinha.

— ADRIEN! – Eu gritei corada.

— Que foi? Você veio com ela por minha causa né? Qual o problema em eu ver? – Ele dizia aquilo como se fosse a coisa mais simples do mundo.

— SAI DAQUI SEU GATO PERVERTIDO MALDITO! – Eu joguei a primeira coisa que esteve ao meu alcance, nesse caso a minha mochila que agora estava vazia, bem na cara dele.

— WoW! Pronto! Tô saindo! Pra que agredir? – Ele falou rindo e saiu fechando a porta. Eu dei um suspiro. Olha não era pra isso estar acontecendo não. Eu terminei o que tinha que terminar de arrumar ali e saí mais vermelha que um pimentão. Alya e Nino também já tinham chegado, estavam devidamente vestidos com a roupa que fiz pra eles. Adrien passou por mim e só deu um sorriso maldoso e entrou para se trocar na salinha atrás de mim. Sentei junto do casal no bar, eles estavam tão empolgados pra tudo aquilo que chegava a dar medo. Eu fiquei calada olhando para o teto, pensativa.

“[..]eu cai, o microfone foi ao chão provocando aquele ruído alto e agudo e tudo se tornou silencioso por alguns segundos. Eu estava tremendo, como olhar de desespero evidente impregnado no meu rosto.”

“Tentei levantar de novo, mas só fiz cair mais umas trinta vezes”

“- O que vai fazer se eu fizer isso daqui? – Ela voltou-se para Adrien, os lábios quase se colando, estavam tão próximos..”

— Hey levanta a cabeça se não a sua coroa cai minha princesa! – Eu ouvi Adrien falando e levantei a cabeça em direção a ele, seu sorriso iluminava tudo ali e eu simplesmente não conseguia suportar a ideia de ver ele sorrindo daquele jeito para outra pessoa. Sorri com a cantada ruim que ele me deu.

— Sério isso cara? Mano tem coisa mais tosca que esse meu amigo? – Nino falou rindo do Adrien.

— Pior que eu só você né meu amigo? – Adrien falou sem tirar o sorriso da cara.

— Ah posso garantir que não sou tão ridículo quanto você! Não sei como a Mari ainda te aguenta! – O moreno debochou ajeitando a armação dos óculos.

— Pois eu é que não entendo como é que a Alya consegue ficar com você há tanto tempo! – Adrien riu.

— Vocês dois parecem uns pirralhos! Pelo amor de Deus! – Alya falou entre risos. – Realmente não dá pra saber qual é o pior né Mari?

— ...

— Mari?

— Ah? Oi! Que foi? – Eu falei meio confusa, em meio a brincadeirinha deles eu tinha voltado para a minha bolha de pessimismo então estava meio perdida no assunto.

— Gente do céu o que foi que aconteceu com Marinette? Tá mais avoada que avião hoje! – Alya disse com um sorriso sarcástico.

— Não é nada não! – Falei.

— Não é nada não o cacete! Cê tava esquisita o dia todo e ficou me enrolando! Vai contar tudo agora! – Adrien falou meio bravo meio preocupado.

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— Mais que povinho insistente! Eu falei que não é nada então não é e pronto! – Tentei ficar séria, mas então os três ficaram me encarando tão profundamente que parecia que estavam tentando ler a minha alma ou coisa assim. Não teve jeito, nunca fui muito boa nesse jogo de encarar mesmo. Eu suspirei. – Não riam de mim!

— Não vamos! – Alya prometeu. – Agora fala!

Então eu contei, claro que evitando citar qualquer coisa sobre Lila Rossi aparecer e tentar roubar o meu Adrien, então ficou só na parte que eu pago micão mesmo. Ê vergonha da minha vida meu Deus!

— Ô Mari não fica assim não! Vai dar tudo certo! – Alya disse gentilmente passando a mão no meu cabelo.

— É isso aí nossa chinesinha! Eu já te vi dançar e cantar! Tu arrasa! E se você cair e alguém rir de você cê sabe que tem nós três pra socar a cara da pessoa! – Nino segurou meu ombro me passando confiança, coisa que ele tinha de sobra. Sério os olhos de Nino brilhavam e eu sabia que esse dia deveria ser mais importante pra ele do que pra qualquer um de nós, e como um dos melhores amigos que eu já pude ter na vida eu garanto que ele merecia que tudo fosse incrível na estreia do clube dele! Não podia dar vacilo logo agora!

— Galera eu posso falar com a Mari, tipo a sós? – Adrien perguntou, eu só vi o casal Alyno assentir e sair indo para a nossa salinha de funcionários para nos dar privacidade na conversa. – Mari meu amor você não falou tudo né?

— O que? – Eu perguntei completamente pálida. Como ele poderia saber?

— Você parece estar com medo, mas medo de algo muito maior que um tombo. – Ele falou me encarando como quem lê a palma da sua mão.

— E-eu não faço ideia do que você tá falando! Hehehehe. – Eu ri de nervosismo sem querer.

— Marinette! Eu vou contar até três e você vai me falar a verdade! – Ele falou sério em tom de ameça e eu não entendi.

— Hein?

— Ah é assim que a minha mãe falava quando eu tava inventando alguma coisa e não queria falar a verdade. – Ele deu de ombros. – Pensei que poderia funcionar.

— Adrien... – Eu sorri com o jeito fofo dele tentar resolver as coisas. Eu assenti meio apreensiva pelo que eu ia fazer. – Eu não contei tuuudo que t9inha no sonho...

— O que você escondeu?

— Lila Rossi.