Ao Vivo

― Você, Tiago. Me conte no que você é bom?

― Eu? Bem, eu sou um bom ajudante na cozinha. Fora que sou uma cobaia muito boa e bonita ― Todos riam, inclusive André ― das minhas tias, por enquanto. ― O pessoal todo da quadra riram mais uma vez. ― Quando rola almoço na casa das minhas tias, elas me chamam sempre, porque gostam do que cozinho e das minhas dicas insanas sobre culinária. Então, eu sou bom nisso, em comida. ― Respondeu Tiago a Pandora.

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― Então você será um chef de cozinha? Gente! Vamos todos nos reunir e comer no restaurante do Tiago quando todos conseguirmos nossos objetivos? Sim, quero comer da sua comida, Tiago, e lhe apoio forte nisso. E a propósito, Tiago, você pode nos conseguir um bufê bom e barato para a nossa formatura?

― Sério? Mas é claro! ― Disse Tiago com um sorriso enorme nos lábios.

André até então estava pasmo com tudo aquilo. Se todos ali não estivessem prestando atenção em Pandora com seu discurso de encorajamento, com certeza notariam a cor esbranquiçada que André tinha no rosto. Aquilo era simplesmente incrível, mesmo vindo de Pandora, que o incomodava desde o começo daquele ano. Pensava em como Pandora era tudo aquilo e em como ela escondia bem, pois nem ele desconfiou de seus planos. Mas ao mesmo tempo ele já sabia de tudo, já que ela sempre estava lá, nas redes sociais, com algo novo e pensamentos novos ― além dela estar bem perto dele.

Tudo que ela disse ali conseguiu entrar na cabeça de André como uma luva de tecido entra em sua mão. Tudo o que ela disse fazia todo sentido para si. Só não conseguia assimilar muito bem que ela tinha tantos ideais pela frente, pois, pelo o que ele se lembre, ela era somente uma garota normal, ao seu ver, e que era diferente das demais garotas que já havia visto. Seria ela capaz de abrir os olhos dele para o futuro? É. Ela seria. E foi.

Ele quis chorar de verdade com todo mundo dos três terceiros anos ali, pertinho dele. Naquele momento, ele tinha raiva de si mesmo por não ter sido capaz de pensar nesses tipos de coisa, de ser prático como Pandora havia sido. André era realmente um idiota, mas parecia que dessa vez ele seria capaz de fazer algo, sabia até por onde começar.

A palestra havia acabado e agora Pandora era o centro das atenções. André diria que naquele momento Pandora estava tendo seus 15 minutos de fama. E ele viu que naquele momento sentia inveja disso, mas não era uma inveja ruim de querer que ela morresse ou de querer ignorar ela para sempre. Pelo contrário, gostaria de ser amigo dela para sempre, por ser tão tudo aquilo. Era uma inveja diferente; ele queria também ser como ela.

Deixou que todo mundo saísse aos poucos de perto dela. Ouvia muitos “parabéns” e encomendas do seu romance. Ficou tentado a fazer o mesmo quando fosse sua vez, porém, ele tinha um propósito diferente em ir falar com ela.

Tiago, seu amigo, tinha sido o último a falar com ela. Tiago queria saber se o que ela tinha proposto era verdade, e ela respondeu com um largo sorriso, dizendo que sim. André nunca tinha a visto sorrir ao vivo. O sorriso era tão radiante quanto seus olhos castanhos claros.

E finalmente chegou a vez de André. Ele estava observando tudo ainda da arquibancada, e quando Pandora virou-se para pegar sua mochila que estava no chão, André apareceu bem em sua frente a surpreendendo.

― André!

― Gostaria de abraçar ainda o seu rival virtual, Pandora2424? ― Perguntou André, com um sorriso. Pandora pareceu processar, mas por pouco tempo, pois abrira um sorriso mais enorme ainda e pulara em seu pescoço.

― Não acredito! ― Disse com suas mãos na boca depois de separar-se dele. André diria que se ele fosse mais expressivo, sua reação seria a mesma que a dela quando viu que ela era a palestrante e, ainda mais, quando ela falava sobre seus objetivos de vida. ― André! Era você? Zinthos?

― Ao seu dispor. ― Respondeu um pouco encabulado. A fitou, curioso sobre o que ela achava dele naquele momento em que descobrira que ele era zinthos.

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― Mas como? A gente mora um do lado do outro, André! Por que não me disse nada? ― Perguntou Pandora. Estava chocada, enraivecida (de mentirinha, mas estava) e emocionada. André, um de seus vizinhos e colega de classe desde o maternal, também jogava o mesmo jogo que ela. E ela desafiou o maior recordista da cidade e o venceu. E ele morava bem ao seu lado! Não conseguia acreditar. ― André! ― Quase gritara ao ver a face divertida de André expondo um sorriso engraçado, como se estivesse rindo da sua.

― É uma loooooooonga história.

― Ah! Mas eu estou disposta a ouvir tudinho.

E ele contou a loooooooonga história.

Começou pelo episódio em que se beijaram embaixo da mesa do professor, quando estavam na terceira série do ensino fundamental. A ruiva estranha, de sardas, beijando André, o arrumadinho. Todo mundo criticou ele por ter beijado a menina, mas até que ele havia gostado, mas isso ele não precisou contar para ela. Depois, para manter as aparências, teve que mentir para as pessoas, mesmo tendo aquela pouca idade, antes que todos soubessem que ele havia beijado a estranha.

Ele sentia muito por isso, e se achava um ridículo pelo o que fez e continuou fazendo com ela, e principalmente por contar justo agora, porém, continuou. E ele contou tudo, tudo que havia pensado sobre ela, até o momento em que Pandora abrira seus olhos num momento crítico de sua vida, mostrando não ser tudo aquilo que ele julgava sobre ela.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.