Marotos no Futuro

Turn It Off


And the worst part is
Before it gets any better
We're headed for a cliff
And in the free fall
I will realize I'm better off
When I hit the bottom

E a pior parte é
Antes de ficar um pouco melhor
Nós somos encaminhados a um abismo
E na queda livre
Eu perceberei que estou melhor
Quando eu atingir o fundo

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Turn It Off — Paramore

E de repente, como se abrissem um enorme buraco aos seus pés, lhe puxando para baixo, Destiny notou que não haveria volta. Não havia um feitiço que concertasse o que estava quebrado. E havia tantas coisas quebradas em sua vida.

Ela desabou no chão ao chegar em seu quarto. A conversa com Draco fora o ponto final, a última gota para que ela transbordasse.

A raiva que sentira por meses, e que havia a ajudado a seguir em frente, não existia mais. A ideia de que havia gente que a amava e queria seu bem, não aquecia mais seu coração. E a tristeza, sua velha companheira, havia voltado com tudo. Como se nunca realmente tivesse ido embora. E não havia. Ela havia passado os últimos dias lutando contra a inegável verdade. Ela estava quebrada.

Não era a sua primeira crise. Não era nem a primeira desde a morte do pai. E a sua parte racional lhe dizia para chamar a Charlie, que ela lhe ajudaria, como sempre fazia. Mas de que adiantava? Se daqui há alguns dias, semanas ou meses, no máximo, ela se sentiria uma merda de novo. Ela sempre se sentia uma merda. Por mais que conseguisse disfarçar. Mas estava cansada disso.

Sua cabeça doía, igual ao resto do corpo. Sabia que deveria sair do chão, pois assim chamaria muita atenção, porém não conseguia arrumar forças para realizar os movimentos necessários. Só Morgana sabia como ela havia conseguido chegar ao quarto sem cair no meio do caminho. Agarrando-se a ideia de que demoraria para que alguém chegasse no quarto, ela continuou ali. Pensando em tudo, enquanto tentava não pensar em nada e se apagar da existência.

Passou as próximas horas ali, até que as outras duas companheiras de quarto chegaram. Destiny só as notou um pouco depois. Elas haviam estacando na porta, provavelmente sem saber o que fazer com a menina catatônica. Se fosse em outro momento, provavelmente Dest riria da situação. Ou correria para ser arrumar e não deixar ninguém ver aquele seu lado.

No entanto, não tinha forças para nada daquilo, então não se moveu minimamente. Logo uma delas — ela não conseguia identificar qual era, e nem se esforçou — veio para o seu lado, tentando lhe ajudar. Enquanto a outra saiu correndo, provavelmente para chamar Charlotte, que saberia o que fazer.

Suspirou internamente. Fora uma estupida. Deveria ter escondido melhor, mas agora não adiantaria mais de nada. Charlie contaria para Dulce, que a mandaria de volta para os médicos trouxas. E a amiga e Nico virariam duas águias para cima dela. Como sempre acontecia cada vez que ela surtava...

...

Elizabeth estranhou quando não viu a filha em companhia dos amigos, porém achou que era algo comum, já que eles não demostravam preocupação. Haviam resolvido jantar antes da conversa, que possivelmente seria bastante cansativa e desgastante. Todavia, Destiny não havia aparecido. Charlie disse que era algo normal, as vezes a garota simplesmente não estava com fome, e ela levava alguma besteira para que a outra não ficasse sem comer nada. Disse também que ela deveria estar na Sala Comunal os esperando. Assim que acabasse o jantar correria até lá para chama-la.

Liz aceitou os argumentos da melhor amiga da futura filha. Mas no meio do jantar, uma menina que ela nunca havia reparado antes, chegou correndo e falando nervosamente com Charlie, que se levantou num pulo, chamando os dois garotos que a acompanhavam — que aparentemente estavam bem a par de tudo que estava acontecendo —. Os três saíram correndo, deixando a todos chocados, já que não explicaram o que estava acontecendo.

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Harry tinha um olhar de medo, e isso, mais do que tudo, fez o coração de Liz gelar. Algo de ruim havia ocorrido.

Sem esperar pelos outros, ela também saiu correndo, tentando seguir Charlotte. Percebeu que os amigos vinham atrás dela. E não queria nem pensar em como aquelas... han, 15 pessoas — ?! — pareciam correndo por Hogwarts.

Ao chegar no Salão Comunal não achou Charlie em canto nenhum, porém os dois meninos estavam ao pé da escada que levava ao dormitório, e Liz supôs que Charlie havia subido. O que se confirmou pouco depois, ao escutar um grito vindo do alto.

Não aguentando, ela subiu praticamente voando pelas escadas.

...

Charlotte não podia acreditar. Depois de semanas achando que Destiny cederia, mas vendo a amiga agarrando-se a raiva para manter-se firme. E depois de alguns dias vendo a menina voltar quase ao normal. Ela havia baixado a guarda. Pensara que tudo ficaria bem. Agora via o quanto havia sido tola.

A amiga ainda estava frágil. Muito frágil. E Charlie havia relaxado, pensando que tudo ficaria bem. Era a sua culpa Destiny estar jogada ali no chão.

Ela havia gritado ao entrar no quarto pois pensara que a outra havia feito alguma bobagem, mas após um rápido exame, viu que fisicamente ela estava bem. O problema é interno.

— Por favor, me ajude a tira-la daqui — pediu para colega, Anne. Que prontamente começou a ajudar a levantar Destiny.

— O que foi que aconteceu com ela? — Elizabeth perguntou correndo para Dest, e também ajudando a coloca-la de pé.

— Depois explico. Vamos leva-la lá para baixo, e os meninos me ajudarão a carrega-la para a Ala Hospitalar — informou Charlotte. Liz assentiu. As três conseguiram descer Destiny — que havia desmaiado —, e no final da escada Nico e Logan pegaram a menina.

— O que está acontecendo? — exclamou Sirius perplexo. Charlie cochichava com os amigos, que logo saíram correndo com Dest.

— Por favor, fiquem aqui e ajam normalmente. Logo voltarei e falo com vocês. Mas de novo, por favor, ajam normalmente. Não chamem atenção para isso — implorou e seguiu os amigos.

As poucas pessoas que se encontravam no Salão Comunal começaram a cochichar, muito provavelmente antes do horário de recolher aquela história já teria se espalhado.

Os oito se entreolharam rapidamente e se viraram para Harry.

— Você pode nos contar o que está acontecendo? — questionou James para o filho.

— Vamos subir para o dormitório — sugeriu meio que ordenando Hermione. Era um grupo muito grande e chamava muita atenção.

Meio a contragosto, eles subiram, em vez de seguir para a Ala Hospitalar.

— Será que podemos ficar a par do que está acontecendo? Por que eu não estou entendendo nada! — exclamou Liz nervosa.

— Olha, eu nem sei o que está acontecendo direito! — falou Harry perdido. — Só comecei a me aproximar da Destiny ano passado, entendem. E até hoje, nunca tinha visto isso. A melhor pessoa para explicar tudo, é a Charlie.

Eles não gostaram daquilo, mas não queriam chamar mais atenção do que o necessário. Então seguraram Sirius e Liz, que queriam sair correndo.

Não muito depois, os amigos de Harry saíram do quarto, para esperar por notícias de Destiny e avisar a Charlotte onde os outros estariam.

Os nove passaram o resto do tempo tentando se distrair com besteiras, preocupados demais para realmente relaxarem.

...

Algum tempo depois Charlotte voltou, trazendo Neville — afinal, passariam um longo período juntos, devido aos pais. Sem falar que eles tinham uma história em comum —, e estava com uma expressão séria e preparando-se mentalmente para o que viria a seguir. Era bem capaz que Destiny a matasse depois, por relevar coisas intimas dela. Mas não havia outra opção.

— Certo, por onde começo... — falou Charlie sentando-se numa das camas.

— Ah, que tal pelo começo... — Sirius respondeu grosseiramente. Dulce o olhou feio e ele levantou as mãos num pedido de desculpa. — Tudo bem, desculpa! — pediu.

— O que é que a Destiny tem? — perguntou Lily.

— Olha, antes de tudo, vocês precisam entender que nós quatro sofremos muito — Charlie falou. — Alguns enfrentaram mais coisa que os outros — disse mais para o Harry do que para os outros — Porém todos sofremos. E como todas as pessoas, alguns de nós são mais fácies de machucar. Nesse caso, é a Destiny. Não que ela seja fraca ou algo do tipo. É que tudo que aconteceu a atingiu de uma forma mais forte — ela parou um pouco para respirar. — Foi apenas ao entrar na puberdade que as crises começaram — contou olhando para a janela. — Em alguns dias ela estava normal, e no outro ficava triste, distante e irritadiça, perdia o ânimo e a fome. Se mantinha afastada de tudo e de todos. Não era mais ela. Falei para a minha mãe e a levamos num medico trouxa, o psicólogo...

— Desculpa interromper, mas o que é um psicólogo? Tipo, para que ele serve? — perguntou Alice.

— Ele meio que cuida da saúde mental das pessoas — explicou Lily. — Depois explico melhor. Continue, Charlotte — pediu.

— Certo. Minha mãe a levou para um psicólogo, que notou que ela estava com um quadro de depressão. Fizemos o tratamento por um longo período e ela foi melhorando. Ela queria melhorar, já que os remédios trouxas causavam vários efeitos colaterais. Isso durou um tempo. Até que o pai morreu e outros fatos aconteceram. E então ela passou uma fase bem triste, se culpando de tudo. Depois veio a fase raivosa. Que foi a que vocês pegaram. Porém nos últimos dias ela estava lentamente voltando ao normal. E eu não sei o que a fez ficar assim de novo — terminou Charlie.

— E como ela está agora? — questionou Liz, preocupada.

— Relativamente bem. Ela desmaiou, provavelmente foi o subconsciente que achou melhor apaga-la. E na Ala Hospitalar acordou. Mas a Madame Pomfrey lhe deu uma poção para dormir sem sonhos. Nunca realmente sabemos como ela estará depois do pico da crise. Vocês precisam entender que isso não foi do nada. Provavelmente ela já estava se desgastando a semanas. Amanhã irei lá ver como ela está e se for preciso, ela voltará a frequentar o psicólogo. E no caso mais grave, terá que voltar a tomar remédios.

— Podemos ir com você? — perguntou Sirius.

— Acho melhor eu ir primeiro, e falar a sós com ela — respondeu. E levantou-se. — Não sei vocês, mas eu não aguento mais nada hoje, então me desculpem — disse encarando Dulce e dando uma leve olhada em Remus. — Porém irei dormir. Até logo — falou despedindo-se e saiu.

— Ela está certa. Quando tivermos certeza que está tudo bem com a Dest, podemos conversar em paz — Harry disse também se levantando.

— É. Hoje já esta tarde e não vamos conseguir conversar direito — acrescentou Neville. Eles se despiram e saíram do quarto, restando somente os oito.

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— Por que cada vez que as coisas começam a normalizar, vem algo e deixa tudo mais louco ainda? — Frank perguntou meio para o nada.

— Nós temos que mudar essas coisas. Não é certo nossos filhos passarem por tudo isso — falou Dulce.

— Não é certo um monte de coisa. Está tudo bem confuso — acrescentou Remus.

— Parece que tem algo impedido as nossas conversas — observou James.

— Eu estou seriamente preocupada com a Destiny. Depressão não é brincadeira, é uma doença grave — Lily falou. Era a que mais conhecia do mundo trouxa e já tivera uma conhecida com essa doença. A menina havia se matado, porque os pais não acreditavam na seriedade da doença da filha, achando que era só exagero.

— Amanha irei visita-la e não há nada que me possa me impedir — Liz sentenciou convicta.

— Nós iremos. Eu também preciso vê-la. E checar se tudo está bem — disse Sirius.

— Tudo bem. Amanhã pensamos nisso. Agora eu acho que deveríamos ir deitar. Pelo visto o dia será cheio — sugeriu Alice e eles concordaram. Naquele tempo, pelo visto, nunca poderiam esperar por momentos de tranquilidade. E se isso acontecesse, deveriam suspeitar.

As meninas saíram, sobrando somente os meninos. Frank foi o primeiro a ir tomar banho, deixando os marotos sozinhos.

— Amanhã irei procurar o professor Dumbledore — anunciou Remus baixinho, depois de um tempo em silêncio.

— Por que? — perguntou Sirius, ainda pensando em Destiny.

— A lua cheia está chegando — James respondeu no lugar do amigo. — E você quer saber onde ficará, não é?

— Sim. Preciso saber como será. Mas não é só isso — ele falou. — Desconfio que a Charlotte possa ter herdado meus problemas e preciso confirmar isso — Remus concluiu. James e Sirius se entreolharam, pensando a mesma coisa, que essa ideia não havia nem passado pela cabeça deles.

— Olha, Aluado. Temos muito que conversar. Pelo jeito que você tratou a Dulce, e escondeu esse romance da gente...

— Romance que ainda nem entendo direito. Com tudo isso, vocês acabaram nem se explicando — interrompeu James.

— É, amanhã dependendo de como for o dia, eles contam tudo, Pontas. E continuando, sobre a maneira que você reagiu a saber da Charlie. Você magoou a garota, Aluado.

— Vocês têm que entender que foi chocante para mim — Remus tentou se defender.

— Para todos nós! E nem por isso saímos gritando com nossos filhos — retrucou James.

Mas antes que a conversa continuasse, Frank saiu do banheiro, enrolado na toalha.

— Achei que vocês estivessem com vontade de tomar banho também, e fui mais rápido — ele explicou, pegando uma roupa. Remus assentiu e foi para o banheiro, encerrando a conversa.