"Não te amo por causa de quem é, mas por causa de quem me torno quando estou com você"
— Autor Desconhecido

"Sentimentos", "emoções" ou qualquer palavra sinônimo dessas são algo que não existe no vocabulário de um Uchiha. Enquanto todos tem um sonho a seguir, Sasuke tinha apenas uma meta. Como se sua existência fosse uma questão sem resposta, como se, em vez de viver, apenas sobrevivesse.

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Um grande e simples exemplo disso era Naruto. Mesmo sendo ignorado e desprezado por quase toda a vila da Folha e por tanto tempo, ele tinha um sonho: de se tornar Hokage, de virar um ninja poderoso e honroso que protegeria todos aqueles que um dia o menosprezaram. Tinha convicção que um dia, com muito esforço e dedicação, conseguiria tornar esse sonho realidade, apesar dos pesares. E era isso que os diferenciavam, suas convicções e perspectivas. Enquanto um tinha uma visão diferenciada do futuro, o outro não acreditava que teria um.

Mesmo ambos - o Uchiha e o Uzumaki - fossem tão semelhantes, suas diferenças eram muito mais visíveis e constatáveis do que todas as suas igualdades juntas. Elas se destacavam com tal magnitude que seria tolo quem as negassem.

Talvez, apenas a solidão os ligassem.

Porém, talvez, fosse muito mais que isso.

A segunda vez foi após sua luta com Naruto, no Vale do Fim.

Essa era outra lembrança que quase nunca o abandonava: a sua partida.

Sabia que se continuasse em Konoha, brincando de ninja (como dizia) com seus companheiros de time, nunca ficaria forte o bastante para derrotar Itachi e conseguir sua vingança. Por isso aceitou a oferta de Orochimaru para adquirir poder.

Quanto mais via o desenvolvimento e o avanço das técnicas de Naruto, mais desolado ficava. Sasuke e Naruto eram rivais desde que se conheceram, quando entraram na Academia Ninja, e essa mesma rivalidade perdurou por anos. O Uzumaki nada mais era do que um idiota, cabeça oca, hiperativo número 1. Era um perdedor que sempre tentava alcançar o Uchiha e que queria ser reconhecido pelo mesmo e por todos da vila. Reconhecer Naruto era o mesmo que dar trela às suas divagações, e por isso Sasuke nunca o fez, por não querer incentivá-lo, além de que ele não passava de um imbecil.

Mas isso mudou quando o último Uchiha partiu.

Estavam no Vale do Fim, o mesmo lugar onde Uchiha Madara, seu antepassado, e o poderoso Senju Hashirama, o primeiro Hokage, tiveram sua batalha final. Era algo sem intenção, mas Sasuke e Naruto se encontravam lá, tendo uma luta decisiva. Teria lugar mais nobre do que este?

No momento em que aceitou lutar com Naruto foi quando o reconheceu, verdadeiramente. Com um ninja, como um oponente, como um igual. Foi quando viu que o Uzumaki era capaz sim de alcançá-lo, de até ultrapassá-lo, se não tomasse cuidado.

"Você sabem o que dizem, não?" falou Sasuke e um momento da luta, com desdém "Quando dois ninja de alto nível se enfrentam, conseguem se entender em uma simples troca de golpes".

Só poderia voltar a ver Itachi quando despertasse o Mangekyou Sharingan e isso só seria possível se matasse alguém próximo a ele. Nesse caso, seu melhor amigo, Naruto.

Tinha que fazer isso. Precisava fazer isso. Desde a tragédia, seu irmão colocara um fardo em suas costas: deveria ficar forte para vingar seu clã como dever de ser o último Uchiha. Mas por que não conseguia matar aquele loiro idiota e irritante que só lhe atrapalhava? Por que Naruto não o deixava ir?

Além disso, havia Sakura. Pensava que ela tinha um amor platônico por si, por seu exterior. Que se apaixonou pela máscara que lhe cobria desde o massacre. Mas pôde ver o quanto estava errado ao vê-la tentar impedi-lo de partir, que o amava de um jeito que nunca poderia compreender. Como ela conseguiu suportá-lo, mesmo sendo rude e indigente? Como tentava agradá-lo, mesmo após de tantos foras grosseiros? Como podia querer seu bem, depois de tantos anos de rejeição?

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O amor era, definitivamente, estranho. E, por mais que negasse, era isso que o impedia de matar Uzumaki Naruto.

Porque ele fora seu primeiro amigo. Um dos poucos que não o idolatrava e se importava mesmo consigo, apesar da rivalidade infantil. E isso era evidente, pois se lembrava muito bem do episódio do País das Ondas, onde sem hesitar o protegeu das agulhas de Haku, porque tinha ciência que o Uzumaki faria o mesmo por si. Por que sabia que era recíproco.

Também podia dizer que amava a irritante Sakura, a sua maneira, por não desistir dele e por persistir em tentar ajudá-lo. Por ensiná-lo o que é amor, ou quase isso. Kakashi também, que lhe ensinou que o trabalho em equipe é tudo e que não devemos nunca abandonar um companheiro, apesar das circunstâncias difíceis.

E era por isso que não poderia ficar, por amá-los demais, por se importar demais. Para que não os contaminassem com seu ódio crescente porque não havia volta para ele. Sabia o que devia fazer e não havia nada, nem mesmo a teimosia de Naruto que o faria voltar atrás.

Era isso que refletia enquanto via o rosto sem cor e machucado do loiro, deitado no chão com a expressão serena, a menos de cinco centímetros de distância de si; o Uzumaki nem parecia que desmaiara de cansaço e sim estivesse dormindo de tanta paz que exibia seu semblante. A chuva caia incessante e calma e em algum momento sentira sua bandana cair, mas não teve vontade de pegá-la de volta por ainda contemplar, com amargura e nostalgia, seu companheiro de time.

"Eu..." começou, mas não sabia o que dizer. Nem sabia se era certo dizer algo. Mas lá estava Naruto, seu melhor amigo, caído e machucado e era incrível como o Uchiha conseguia reprimir os sentimentos sobre isso, como se não se importasse. Mas era totalmente irrelevante agora.

Sasuke precisava de um novo começo, de uma nova vida. E para início de conversa, precisava desvincular todos os seus laços, primeiramente com Konoha. Vacilante, se afastou de Naruto e, então caminhou confiante, mesmo cambaleando pela magnitude de seus ferimentos, para o destino que o aguardava.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.