Dimensional Adventure

Desvendando a Biblioteca


—Onde está, onde está... —Salye falava baixinho consigo mesma enquanto tentava se lembrar onde havia visto tal símbolo, andando entre os corredores com enormes estantes lotadas de livros.

—Esses corredores são tão parecidos... —Edu apanhou um dos livros que estavam jogados no chão e o devolveu a prateleira mais próxima. —É mais fácil se perder no meio dessa calamidade do que encontrar alguma coisa. —Ele bateu as mãos a fim de limpar o pó que ficara impregnado nelas.

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Mas a garota não parecia estar escutando. Totalmente concentrada, ela continuava examinado cada cantinho, intencionando chegar a...

—Aqui! —Ela parou tão de súbito que os garotos que estavam seguindo-a esbarraram uns nas costas dos outros.

Surpreso, Lucca indagou: —Mas aqui não foi o lugar e onde nós...

—Foi aqui onde eu tropecei e o Lucca tentou me salvar. —Salye completou. —Eu estava correndo e meu tênis enganchou numa tábua, acho... Mas quando eu me taquei no chão percebi que ele era irregular, com um tipo de baixo relevo... —Disse, enquanto se abaixava e tateava a concavidade com os dedos. —Tem alguma coisa aqui! —Ela virou o pescoço em direção a Lucca, o qual entendeu rapidamente:

—Rápido, tirem essas coisas! —O gordinho convocou os demais para limpar a área.

Os garotos afastaram todos os livros, papeis e folhas de árvore que jaziam jogados sobre a cava, e ao passo que o faziam iam revelando no chão, aos poucos, um enorme desenho entalhado no piso de madeira.

Eles se saíram de cima da estrutura, procurando observá-la por completo. A madeira parecia ter sido entalhada a muitos anos atrás com uma imagem que, falando de forma minimalista, assemelhava-se a um pesado veículo.

Glads pendeu a cabeça para o lado, confuso. —Parece... o desenho de um tanque...

—Besteira! —Lucca disparou para o amigo. —Quem liga para o que isso parece? O que importa é que a gente achou uma das cinco marcas que o pássaro maluco mostrou pra gente! —Ele disse, animando-se com a descoberta.

—Parabéns, pruuuh! Vocês encontraram um das chaves! —O pombo cor-de-rosa apareceu do nada em cima da cabeça de Salye, fazendo-a trincar os dentes e arrepiando-a inteira com o susto. —Mas ainda faltam quatro símbolos a serem descobertos. —O bicho levantou a pontinha da asa.

—SAI DAQUI SEU BICHO TOSCO! —A garota o espantou freneticamente, com medo que o NCP aprontasse mais alguma com ela. —EU QUE NÃO CONFIO EM VOCÊ AÍ EM CIMA!

Vai que esse infeliz inventa de dar uma castigada na porcelana logo em cima da minha cabeça... Como se já não bastasse o que fez antes!

—Beleza, agora só temos de encontrar as outras pra passar para a próxima fase. —Chan levantou os braços e cruzando atrás da nuca, estralou algumas articulações. —Agora vamos levar esse símbolo até a estante eee... —O garoto torceu o canto da boca.

Os meninos se entreolharam e ambos levantaram as sobrancelhas, como se estivessem comunicando-se por gesto.

—O que foi Chan? Pessoal? —A menina indagou preocupada com seus amigos, visto que ficaram sérios e pensativos de repente. —Aconteceu alguma coisa? PORQUE VOCÊS NÃO ME FALAM? —Ela inflou as bochechas, chateada por ser deixada de fora.

O altão assoprou e meio que rindo perguntou a companheira: —Salye, como mesmo que a gente vai levar esse troço até a sala principal? —Ele bateu uma palma na outra, desgastado.

Era mesmo! Além de não terem disponível nenhuma ferramenta que pudesse cerrar o piso, erguer um pedaço tão grande de madeira devia pesar bagaraio. Resumindo, os garotos estavam mais perdidos do que quando começaram.

—A gente pode fuçar por aí, vai que dá pra achar alguma coisa que corte e que dê pra mover esse cepo de madeira gigante. —Edu argumentou, tentando achar a saída.

—Ata! —Impaciente, o gordinho escorou a testa na estante. —Mesmo que tivesse alguma ferramenta escondida que pudesse cortar esse chão, a gente precisaria de um trator, pra levar isso daqui pra outra sala, coisa que a gente já viu que aqui não tem. Imagina pra levantar esse treco e colocar lá no alto? Você parece que não pensa!

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—QUÊ?

Furioso com a ofensa, o asiático partiu pra cima de Lucca, sendo necessário ser segurado por Salye, que ficou entre os dois, a qual já achava que o primeiro murro acabaria sendo nela.

—Calma aí pessoas! —A morena argumentou, procurando acalmar os vulcões de testosterona dos amigos. —Pode ser que mesmo acertando o símbolo, talvez tenha uma versão menor desse desenho escondida por aí. Olhem, ta na cara que esse entalhe é muito maior que o da parede. Não tem como encaixar!

—ESPERA AÍ! —Glads deu um grito tão alto que fez todos o olharem surpreendidos. —Repete o que você disse!

A garota apontou o dedo para o próprio rostinho: —Quem? Eu? —Perguntou, aérea.

—É! —Mas vendo a expressão confusa da garota, balançou negativamente a cabeça. —Aff! Deixa pra lá! —Respondeu, andando até os Chan e Lucca. Então o moreno principiou a falar sobre o que passou na sua mente: —E se nós colocarmos os desenhos no entalhe, sem encaixarmos os objetos?

Pronto, esse é outro que endoidou de vez!

—Continue. —Lucca se interessou em ouvir o que para ele fazia mais sentido que a opinião do asiático.

O moreno apontou para o dispositivo em seu pulso. —Nossos braceletes tem recursos de holograma, né? E se a gente fotografar o símbolo e depois projetar ele na parece? —O moreno cerrou os punhos, animado.

—I-isso pode funcionar? —Salye arregalou os olhos ônix, maravilhada com a sugestão do garoto, que quase nunca dizia algo sensato.

—Dificilmente. —Chan deu um passo a frente. —Mas isso daqui é um jogo, certo? Vale a pena tentar. —O asiático acessou a câmera do seu dispositivo e apontou-o para o piso.

Logo uma rede de luz azulada saiu do bracelete do jovem e começou a ler o grande entalhe do chão.

—Ei, parece que está dando certo! —A menina deu um pulinho de alegria. Ao passo que os demais olhavam atentamente para aquela incrível tecnologia.

—Esse game não para de surpreender! Olha isso véi! Tá escaneando! O que mais será que essa belezinha sabe fazer? —Glads limpou a baba que lhe escorria do canto da boca.

Assim que o dispositivo terminou a cópia, Lucca indagou a Edu: —E agora? —Aproximando-se do rapaz.

—Temos de testar. —Ele respondeu. —O dispositivo salvou a figura como “Álbum”. Agora precisamos dar um jeito de projetar o holograma na parede... —O asiático mordeu o lábio. —Se estivéssemos numa biblioteca normal, poderíamos pegar emprestado o Datashow e conectá-lo ao bracelete.

—Se necessário, eu posso funcionar como um projetor também, pruh. —O NCP, que os vigiava desde cima da estante, tomou a palavra. —Venham comigo! Pruuuuuhhhhh! —E deu um rasante, rumo ao saguão.

—Sabem, bem que eu gostaria de arrumar esse lugar inteiro algum dia. Deve ter muita coisa importante aqui que pode nos ajudar a resolver os mistérios de Animon mais depressa. —A pequena falou, observando a beleza do prédio que apesar de tomado por heras e plantas crescendo no local, era tão bonito ou mais do que a biblioteca da sua cidade.

—Atá! —Respondeu o altão. —Todos nós já vimos o seu quarto pela cam. Não é como se você fosse fã de organização. —Ele riu escandaloso como de costume, fazendo a amiga inflar as bochechas, irritada.

Você vai ver Glads, um dia desses eu aproveito enquanto você estiver dormindo e risco sua cara toda!

As crianças seguiram a ave até a sala principal e ficaram diante da estante em cuja parede acima dela estavam os cinco símbolos.

—Conectem seus dispositivos a mim. Pruh!

Edu ficou estático.

—O que foi Chan? —Salye questionou-o preocupada, pois o amigo havia ficado estranhamente sério.

—Então...—Glads começou a dar voltas ao redor da ave, e percebendo que não tinha nenhuma entrada USB ou do tipo, indagou: —Onde a gente conecta as coisas num pombo?

Por mais que caçassem uma entrada, uma forma de se linkar ao pássaro, cada vez mais eles olhavam em direção ao rabo do pombo.

Todos entenderam a reação do asiático ter ficado tão nervoso. —Só pode ser brincadeira isso! —Salye fez cara de nojo extreme.

Percebendo o motivo da apreensão das crianças, o bicho as tranquilizou: —Please children, eu tenho bluetooth! —Disse revirando os olhos para os garotos. —Procurem por Spotli, que é o meu nome. Muito prazer, a propósito. Pruuh!

—Maldito NCP! —O asiático brigou furioso: —Se tinha como conectar sem fio, devia ter dito antes da gente começar a pensar besteira! —Disse, procurando em seu bracelete o dispositivo “Spotli”.

Edu, agora sabendo que não ia precisar por a mão em nenhum lugar estranho, conectou o bracelete ao animal. Nesse instante, os olhos da ave reluziram em forma de faróis, projetando a imagem na parede. Então, o menino ajustou o foco e posicionou a projeção sobre a marca correspondente.

Assim que a luz tocou o entalhe, este acendeu-se como que queimando, dando a entender que a chave havia sido corretamente colocada.

—ISSO! —Glads vibrou ao ver que sua sugestão tinha dado certo.

Muito bem “Tropeço”! —Lucca deu um tapinha nas costas do altão, dando os parabéns pelo “Bom trabalho”. —Só faltam mais quatro chaves.

—Vamos lá! —Salye levantou a mão.

—OSSU! —Todos disseram entusiasmados, num high five coletivo.

Saíram correndo então para todos os lados, procurando em cada canto da biblioteca, o restante dos símbolos-chave, agora mais facilmente pois havia ficado claro que estes estariam também esculpidos no chão. Claro que eles não sabiam para que serviria acender cada um dos símbolos no saguão, ou a natureza deles, mas estavam convencidos de que esta missão os levaria a seu próximo objetivo.

—ENCONTREI UM! —Chan informou aos demais, do alto da escada.

Não querendo perder para o companheiro, Lucca gritou: —EU TAMBÉM!

—POIS MORRAM DE INVEJA BITCHES! —Glads não ia deixar os outros ficarem por cima de jeito nenhum. —ACHEI FOI DOIS! HUE!

Logo, todos os desenhos coletados estavam prontos para ativarem as outras fechaduras. A medida quem que o pombo rosa ia acendendo cada luz, os garotos ficavam atentos, preparando-se para qualquer que fosse o acontecimento que sucederia.

No momento em que a última marca foi iluminada, um grande estrondo tomou conta do lugar. As crianças viravam-se, tentando distinguir a origem do som quando na verdade este vinha exatamente da estante a sua frente.

Quando Salye deu por si, eis que o grande móvel ruia em pedaços, bem como a parede e os símbolos entalhados nela, dando lugar a um gigantesco portão duplo, parecido com aquele que ela viu antes quando perseguida no beco por Fabi e Pacco.

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—Que enorme! —A menina levantou o pescoço, admirada com a estrutura que se formava a sua frente. Os portões colossais que apareciam eram decorados com as mesmas arcas misteriosas que desabaram com a parede, inclusive aquela a qual Glads tinha apelidado de “Tanque”. —Como vamos entrar aí? Existe outro tipo de chave que precisamos encontrar?

O pombo cor-de-rosa planou rumo ao tapete, junto as crianças, e ordenou: —Rápido, pruuh, vocês já perderam muito tempo aqui. Precisam encontrar o Relojoeiro imediatamente. —O animal disse, esticando a asa na direção da entrada descoberta.

Com coragem, os garotos foram em direção a porta e Lucca tateou-a de leve a fim de examiná-la. Nisso, as duas bandas se afastaram um pouco, permitindo a passagem deles.

—Ué? Está aberta? —O gordinho recolheu a mão.

—O que a gente vai fazer? Vamos entrar mesmo sem saber o que tem aí dentro? E se for um desafio... um chefão super forte? —Salye perguntou aos demais, afinal, eles haviam decidido agir como grupo.

Salye tentou olhar para dentro do ambiente mas estava tão escuro que parecia a entrada de cratera sem fundo ou um buraco negro. A morena encolheu os braços para junto de si, receosa, mas não pela sua segurança, pois se estivesse sozinha, adentraria sem pensar duas vezes. Na realidade, estava mesmo preocupada com a segurança dos outros.

—Você está com medo? —Edu perguntou a menina. Pondo a mão sobre seu ombro, o amigo a incentivou: —Eu sei que você está em dúvida porque é impossível saber o que nos aguardava. Mas o único jeito que a gente tem pra saber é entrar aí e descobrir.

A morena deu um passo a frente e empurrou as portas duplas, abrindo-as por completo. —Tem razão, Chan. Isso é um jogo e ele não prossegue a menos que a gente saia do canto! —Ela se virou para os meninos e com um sorriso enorme de confiança estendeu um like para eles.

“Você tem certeza que quer isso, Salye?” Era o que Lucca queria dizer a amiga, mas era obvio que esta já estava mais do que convencida, e não importaria o que dissesse, ela havia decidido e nada mudaria seu caminho. É assim que ela era.

Desta forma, todos entraram na escuridão da sala desconhecida, mas antes que as portas se fechassem, eles puderam escutar um bater de asas, bem como a voz do pássaro Spotli ecoar:

—Não percam a hora, pruuuhh!